sexta-feira, 22 de maio de 2009

All That Muthafucking Jazz!!!!

Sempre gostei de jazz, achava legal, interessante, respeitoso, bacana de beber escutando etc. Achava uma saída bacana sair para escutar jazz e escutava um pouquinho - algo como 5 ou 6 artistas de vez em quando para descansar dos outros estilos. Basicamente, um interessado.

Este ano meu período Conan me fez fazer A PASSAGEM. A passagem de interessado mais ou menos para um cara que é de fato fã de jazz. Me deu um click do nada: parece que jazz é algo muito grande que você faz um download lento, lento, lento, anos, e um dia capum. Você começa a entender direito qual era a graça de verdade do negócio. Não que eu não achasse graça; mas agora não consigo ficar sem pelo menos um cd de jazz no carro. E se for um bom, não consigo tirar. Fica semanas direto.

Não mudei no meu quesito de detestar música excessivamente técnica e exibicionista. Jazz não é isso. Pelo menos o bom jazz não é isso. O bom jazz é a música verdadeiramente LIVRE. Jazz não é preso a vocais mastigando o sentido da música para você (música com vocal, mesmo sem letra, força o sentimento dela em você pela nossa relação com a voz humana). Jazz não é preso a ter que existir uma introdução, um verso, uma ponte, um refrão; jazz não é preso a música ter que durar pouco ou muito, a música ter um direção ou um sentido. O verdadeiro bom jazz é o jazz livre e descompromissado, que simplesmente vai para a direção que quiser (aliás, que deve ir) sem pedir desculpa nem licença para ninguém e acaba só quando chega lá.

Se músicos sem inspiração lerem o parágrafo anterior e tentarem fazer, vira algo sem graça, sem sal, sem direção, sem expressão, sem sentido. O jazz ruim é a famosa música de elevador. Se pessoas realmente talentosas partem para isso, o jazz é como escutar um monólogo legal de alguém. Você vê que, por ser basicamente improviso, tem muito das pessoas que estão executando a música sangrando, vazando do som. E se as pessoas forem pessoas interessantes, a música será boa também. Hoje eu tenho condição de ouvindo a música sacar que aquele ali é o Coltrane, porque é sempre ao mesmo tempo um pouco pertubador e desorientador, porém bonito. Muito do que provavelmente ele sentia por dentro. Assim você vê o caos que passava dentro do Charlie Parker, a vivacidade de um Lee Perry, a onda cool e de mente aberta de um Miles Davis. Para quem ainda não absorveu legal, é tudo mais ou menos igual. NADA MAIS LONGE DISSO.

Minha dica para ouvir jazz é a mesma que o David Lynch deu: NÃO PENSE. Não pense na música, não tente atribuir sentido a ela, não faça nada de forma ativa. Deixe a música passar por você da maneira mais passiva possível e tente ficar só com a sensação que ela te deixou. Isso é mais fácil falar do que fazer, mas é algo que se aprende. Não comece com nada do jazz que se aproxima do pop (as Norah Jones da vida). Comece com algo que realmente tenha liberdade e espírito. Não comece com coisa difícil de ouvir como o Coltrane ou o Coleman. Comece com alguma coisa tipo o clássico dos clássicos, o disco Kind Of Blue do Miles Davis ou com uma coletânea do Chet Baker.

Pretendo postar sobre jazz mais frequentemente agora. Note que disse que passei de interessado para fã. Estou muito, muito longe de ser um entendido em jazz.

Mas estou animadíssimo para fazer a jornada.

2 comentários:

Lucas disse...

Velho, a impressão que eu tenho é que ninguém escapa do jazz. Pelo menos ninguém que realmente goste e corra atrás de música.

Bitches Brew do Miles Davis é indispensável pra qualquer ser vivo que pense.

Não sei em que pé tá essa sua coisa com jazz, mas eu piro nas cantoras também. Nina Simone, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, etc, etc.

Caroline Gischewski disse...

lelê, conhece bill evans? ouve que vale a pena! jazz antigão do bom. tem vídeos lindos no you tube também...
beijoca!

(ah, passo por aqui sempre. muuuuito bacana seu blog.)