quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Vai ouvir Grizzly Bear!!!

Você já viciou em Grizzly Bear??????????????

De volta ao Punk

Jogando GTA IV (que tem uma estação de rádio que só toca hardcore e que não por acaso é a que eu escuto 90% do tempo) reparei que eu de certa forma abandonei o punk. Não foi pensado, intencional ou resultado de nada específico - eu simplesmente ando ouvindo muito pouco dos clássicos e "escavando" quase nada de novo interessante, apesar de ser o centro do meu universo musical quando estava crescendo - e só agora percebi que isso me faz falta.

Punk para mim está passando por um momento parecido com o hip hop - nunca teve tanta aceitação generalizada e hoje é parte do guarda chuva do que se chama "mainstream". E nunca esteve tão fraco e desinteressante e generalizado e diluído como o hip hop atual - basicamente vou fazer uma declaração adolescente dizendo que o punk se abaixou para a rádio fm. Green Day nunca foi bom nem relevante, e quanto mais pop e irrelevante mais aceitação consegue (apesar de dar pela primeira vez alguns pontinhos para o American Idiot, único disco que considerei tolerável). Bandas confiáveis como o Rancid saíram da trilha criativa para ficar cada vez mais pop (ainda bom, mas enfim), e por favor não me obriguem a comentar sobre emo. Emo NÃO é punk - é tão punk quanto Skank é reaggae, ou seja, no fundo é pop fm horrível, só que inegavelmente a base de sustentação é o punk, distorcido e estragado para ser aceitável por quem em resumo não gosta de música.

Não que eu tenha desistido de vez do punk - de vez em quando aparece algo bom assim como em qualquer estilo, os últimos destaques para mim foram The Thermals e Fucked Up, descontando algumas coisas que hoje tem outro nome (shitgaze) mas no fundo no fundo é punk (No Age, Wavves e Japandroids).

No GTA você passa sai correndo da polícia com uma ótima seleção de hardcore - Bad Brains, Agnostic, Sick of It All, Murphy's Law etc -que me deu uma reacendida no quanto o punk feito da maneira certa é empolgante, descompromissado e te faz literalmente pisar mais no acelerador.

Dediquei essa semana para procurar alguns clássicos do punk que por uma razão ou outra eu nunca havia ouvido e descobrir o que andam fazendo de novo especificamente na linha "punk chute direto no seu saco", sem frescura, sem firula, só pau quebrando, músicas de no máximo 2 minutos, vocal rasgadão e letras eu odeio tudo. Ainda está em absorção coisas legais como The Germs, Total Chaos, Die Toten Hosen e Thursday, mas já posso recomendar:

The Exploited - Punk's Not Dead - classicão de 81 da banda escocesa que começou errado (OI) e terminou errado (trash metal) mas que capta o momento exato em que foram representantes perfeitíssimos do punk de rua moicanão. Espírito Ramones com um bocadinho mais de agressividade e disco perfeito para parar no meio do mosh gritando refrões estilo "hino" tipo "I hate cop cars!". Escute bêbado e alto!

Paint It Black - Paradise - banda nova de hardcore americano pau quebrando que muitas vezes inexplicavelmente é classificada como hardcore melódico (é longe disso), o disco tem 14 músicas e 21 minutos (bem o que eu queria) e não traz nada revolucionário mas é mega direto e bem socão no estômago (mas muito bem tocado, sem tosqueira excessiva). 21 minutos no repeat!

Sabretooth Zombie - Mere Bears - só o nome já faz a banda merecer ser ouvida, mas a onda deles bem porrada mas com "desvios" da fórmula hardcore - imagine o Sick Of It All ainda mais gritado (encosta no metal) mas com uma banda que sabe improvisar e descamba alguns momentos para o rock and roll puro - e quando você acha que vai ficar ali a velocidade triplica de uma hora para outra. Destaque da semana!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Too Much Monkey Business

Com algumas coisas podemos contar na arte: nada começa do nada e ninguém cria nada sozinho. Um monte de desenvolvimento incremental em relação ao que já existe feito por um monte de gente diferente normalmente torna difícil ver de cara que está se fazendo algo novo mas dado certo afastamento no tempo fica cada vez mais nítido.

Na virada da década de 40 para 50 (a partir de mais ou menos 46) o pessoal que na época era underground começou a borrar os limites entre country e blues (ou entre música de branco e música de preto) de forma que muitas vezes não se sabia se uma música era um ou outro. Mesmo quando a mistura ocorria do ponto de vista estritamente musical normalmente se estava executando um ou outro, ou seja, tocando guitarra blues em ritmo acelerado de country. Só que alguém, em algum momento, realmente gerou uma maneira diferente de tocar - diferente o suficiente para começar a ser chamado de "guitarra rock", não era mais "guitarra alguma outra coisa" modificada. Esse cara também foi responsável por uma atuação anti-racista muito mais efetiva na prática do que ficar gritando e reclamando na rua - fez os negros e os brancos dançarem juntos quando isso era absurdo. Influenciou tipo TUDO (já até ganhou procesos de plágio contra os Beach Boys).

Chuck Berry para a época é o que seria chamado de punk posteriormente. Desafio às normas, mudanças tremendas nos costumes e na música ("I don´t want your moderation - this is too much monkey busines for me"), letras com duplo sentido sexual, música de alta energia e descompromissada sem arreios com técnica e preocupada em ser jovem e livre. Quando o punk começou na década de 70 eles próprios declamaram que não era novo - na verdade o rock havia ficado muito afrescalhado (progressivo, ugh) e queriam a volta ao básico dos anos 50. A volta ao Chuck Berry.

Hoje tem 83 anos e vou ver ele ao vivo depois de amanhã aqui em BH.

Nota: e Jerry Lee Lewis dia 20 de setembro :-)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Maldito o dia

Em que eu tive que ouvir o Fresno se comparar com o Fugazi. Posso processar por falsidade ideológica?

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Recomendation Week

Resolvi entrar na onda de dar uma chance para tudo que me recomendaram. Falaram para ouvir, eu fui lá e ouvi. A última onda de "recomendações de amigos" foi bastante positiva - aproveitamento de quase 100% e boas descobertas. Segue as que mais marcaram:

São os meus amigos Guto e Shibuco dois obcecados pela onda "menininha-indie-nerd-fofinha-em-carreira-solo-cantando-coisas-bem-pop-mas-um-pouquinho-excêntrica" e acho que isso é metade porque eles gostam de ouvir e metade porque querem casar com elas. :-) Por isso 80% das recomendações do Shibuco e 99% das do Guto me levam para o mundo da "garotinha indie pop" de novo. Costuma ser mais pop do que eu normalmente gosto, mas é claro que sempre aparece coisa boa (a começar por Cat Powers). As últimas deles foram:

Florence And The Machine - som bem variado e quase épico, arranjos grandiosos, mas não cheios de firula, mais para cheios de dramaticidade. Não é uma dramaticidade deprê mas um lance meio "eu sinto tudo que acontece com muita intensidade". Achei bem legal, tem uma voz diferentona (e potente), o disco vai de punk rock em música sobre bater no namorado até coisa orquestrada misturada com eletrônico e ótimas letras espirituosas para cacete. Não desceu bem na primeira audição mas logo na segunda saquei qual é a onda dela. Ela é meio feiosa então acho que nesse caso me recomendaram só pelo som mesmo :-)

Howling Bells - no fundo é uma banda bem indie-pop meio que tradicional, não tem nada de muito novo ou diferente mas fez um disco muito consistente (Radio Wars) que mantém sua atenção com basicamente todas as músicas boas e isso muitas vezes é suficiente. A voz da mina é muito bacana e a onda da banda me lembra um pouco um Garbage menos eletrônico (Garbage já foi muito bom inclusive), acho o clima parecido, um pouquinho de desespero romântico, um pouquinho de "sou sexy mas sou louca" e arranjos que poderiam tocar no rádio (no caso do Garbage, tocaram muito) mas não são pastiche-formuleta-Capital-Inicial. Pode ser uma ótima banda para iniciar alguém no indie - e isso é um grande elogio.

Meu amigo DJ Menorah soube do meu novo vício em jazz e me aplicou em músicas muito boas:

Jose James
- voz fodaça, estilo nota 10, classe nota 11, sem viadice-frescurice-nenhuma nota desnecessária. Desenvoltura moderna, é meio que um soul + jazz cantado de um jeito cool por um cara que provavelmente gravou isso bebendo gin puro em algum lugar com muita fumaça direto na garrafa. Clássico e classudo a ponto de seu pai gostar, mas já colaborou até com Flying Lotus (que é uma espécie de novo Aphex Twin).

Soil And Pimp Sessions - jazz feito por pessoas que perceberam que a década de 50 já passou, ou seja, essas músicas não existiriam se não tivesse existido o drum and bass na década de 90, porém não precisam usar de eletrônica para ficar moderno - está na sensibilidade e no estilo, o que é um puta feito e é tudo acústico. Jazz bem pau quebrando sem dó também - neguinho estava espancando os instrumentos - mas tão na veia e livre quanto os clássicos.

Já meu brother mano Juninho tem a onda totalmente "música é feita para te acariciar e te fazer dormir" e me aplicou também alguns discos crasse. Outro camarada que é viciado em jazz (acho que ele não percebe mas é) o que me acertou mais foi:

Cinematic Orchestra - imagine se o Massive Attack não quisesse fazer música para dançar e optasse por se tornar algo como uma big band de jazz. Ou se uma banda de jazz com uma vocalista de voz suave e viajante resolvesse fazer trip hop. Daria certo? Deu demais, e curti demais os 3 discos do Cinematic que eu escutei (destaque fácil para Every Day). Músicas lentonas e enormes com algo de frio e que de repente se tornam épicas e intensas, muita orquestração de bom gosto e clima de música para ouvir bêbado depois da festa - ou até durante se for um encontro mais light.

Wynton Marsalis & Ellis Marsalis
- são os jazzinhos que tocam no desenho do Snoop. Precisa mais?

Coitadinho do meu blog

Tão largado... hehehehehehe não abandonei não acho que a culpa é do PS3. Se bem que eu nem tenho tempo para jogar para onde diabos tem ido meu tempo???

Vou tentar resumiu o que houve de relevante no meu pequeno e limitado mas confortável mundo:

Para os fãs de Radiohead como eu: tem 4 músicas novas para curtir pós In Rainbows. E os FDP nunca deixam cair a qualidade, é tudo nota 1000 como sempre, como é que faz isso?? Considerando a entrevista que o Thom Yorke deu essa semana dizendo que estão desinteressados no momento do formato "album" e que entrar no estúdio para gravar outro está fora de cogitação no futuro previsível, a idéia é que a banda faça mais lançamentos pequenos (EPs e singles) prncipalmente por via digital e com mais frequência. Na verdade ele disse ter um "bom plano" mas não revelou o que é.
Logo após isso a banda lançou uma música no website em homenagem ao Harry Patch, último veterano da segunda guerra a ir para combate que morreu (Harry Patch In memory Of - linda, na verdade são só cordas orquestradas e o Thom cantando em cima palavras adaptadas do próprio). Depois aparece misteriosamente na rede uma música postada em um fórum chamada "These Are My Twisted Words" dizendo que é uma música nova deles, e escutando, SEM DÚVIDA É MESMO, E DAS BOAS, ou é uma banda que emula Radiohead com 100% de perfeição e compõe tão bem quanto eles. A banda não se pronuncia... será que tem a ver com o "plano"??

As outras duas são músicas novas do Thom Yorke solo, It's All For The Best (cover incluída no cd tributo a Mark Mulcahy) e Present Tense (apresentada ao vivo). Fino do fino.
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Até aqui tinha como certo que o disco de 2009 para mim foi o Veckatimest do Grizzlly Bear, até descobrir o jj que mandou ele para a segunda posição. jj (minúsculo mesmo) é uma banda da Suécia que... na verdade é só isso que se sabe deles. Não se sabe quem é da banda (nem quantos são, aliás, só se sabe que é uma banda porque a gravadora confirma) que lançou um single chamado jj Nº 1 e agora um disco chamado jj Nº 2. Não consigo explicar de forma racional porque (e já tentei) mas eu amo esse disco. Tem só 26 minutos e quando termina eu dou play de novo. E aí termina de novo e eu dou play de novo. Tenho vontade de ouvir isso em qualquer clima - tenso, nervoso, cansado, feliz, tranquilo. No fundo é meio que um indie-pop-world-music muito levinho e até flutuante e etéreo, mas sem ser abstrato demais, é até meio que ritmado, lembra muito vagamente um Vampire Weekend com vocalista mulher e um som menos dançante e mais relax. Estranho, não deveria ser tão bom no papel, tem que escutar para entender e nem precisa escutar muito. Desafio você a ouvir isso 3 vezes (é fácil porque é curto) e não querer ouvir a quarta e a quinta e a sexta...
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Sempre gostei de hip-hop e gosto bastante de Wu-Tang Clan mas nunca havia focado no Old Dirty Bastard. Respeito total pelo disco dele que eu estou ouvindo (Nigga Please) principalmente porque passa claramente que ali não tem nada de forçado nem ensaiado, o cara é doido mesmo, levou uma vida mega caótica e insana, arrumou confusão, morreu cedo e fazia o que dava na telha, e transparece no disco. Puta clima de sujeira + caotiqueira + bom humor até (ele é meio palhação) e som secaço, sinistro e direto na veia tipo Wu-Tang da época que era foda de verdade. Todos os MCs do Wu-Tang Clan gravaram pelo menos um disco bom (vários no caso do Ghostface), fiquei até a fim de procurar qual é o canal de cada um deles. Vão atrás do Liquid Swords do GZA, eu escutava esse disco junto com Gorgoroth (clima do mal de verdade).