quarta-feira, 30 de abril de 2008

Da série "Random Music" - It Fit Whean I Was A Kid

Já dei minha reclamada sobre a idéia clichê de "não existe música nova boa" no meu post sobre o The Knife. Nesse dia acabei me lembrando que sempre que eu escuto essa baboseira vem sempre uma banda na minha cabeça: Liars.

Eu escuto música o tempo todo. Eu escuto música praticamente o dia inteiro, todos os dias. Trabalho com ipod no ouvido e a primeira coisa que eu faço quando chego (atualmente no meu solitário hotel) é colocar mais música.Eu escuto no mínimo uns 4 discos novos por semana se eu estiver devagar; pode chegar a uns 10 se eu estiver empolgado com algumas coisas novas. Eu sou um viciado doente e devia ser internado em uma clínica.Bandas como Liars não aparecem todo dia. Dessa quantidade de discos novos que eu escuto, acho que uns 95% não resistem comigo à época em que eu estou conhecendo - no máximo umas 6 ou 7 audições. Se me perguntarem o que apareceu de novo de 2000 para cá que vai ficar para sempre no meu ipod, Liars vai estar na lista numa boa posição.

O começo deles não me interessou muito. Começaram em NY como (mais uma) banda de disco-punk, estilo que gerou uma ou outra coisa divertida (o mais famosinho é o Rapture) mas me dá certa preguiça. Os dois primeiros discos eu mal conheço.Aí os caras chutaram o balde, mudaram para Berlin (essa cidade faz alguma coisa com as pessoas, porque fica todo mundo meio doido lá?), resolveram mudar tudo e fazer música insana com o que der na cabeça, gravaram um disco inteiro e jogaram tudo fora, recomeçaram e fizeram um disco comandante do batatal.

Eles começaram a viajar na idéia de microfonar a bateria e colocar o som dela passando por um monte de efeito maluco, que normalmente é usado em guitarra. Fizeram o disco todo Drum's Not Dead explorando essa viagem, por isso é um disco muito percussivo que não tem nenhuma instrumentação convencional (as guitarras e os vocais são tão viajantes quanto, tem algumas coisas eletrônicas no meio), me lembrou inclusive um Neubauten mais moderno.Depois fizeram um disco na mesma onda só que mais rock e mais direto (chamado somente Liars) que também entrou direto na minha lista de melhores de 2007. O que me empolga no Liars é que são só 3 caras, quando eu vi eles num vídeo ao vivo me assustei em descobrir que são 3 moleques novinhos com camisa do Nirvana, são 3 caras tocando baixo, guitarra e bateria (com alguns lances eletrônicos ocasionais) que ainda conseguem provar que 50 anos depois do início do rock ainda tem como explorar só com isso.Eu sou fascinado com essa idéia: é fácil colocar um cara tocando oboé e outro tuba na sua banda de rock e falar que você está inovando. Eu quero ver o que você consegue extrair de novidade de poucos elementos simples que já foram usados até a exaustão. É um som ambíguo, muitas vezes você não sabe o que está sentindo, é meio claustrofóbico e agressivo, só que ainda assim é um pouco etéreo e viajante; o mais legal é que eles não se levam tão a sério, você vê que existe ironia e bom humor ali.

Se você tiver oportunidade de ir num show do Liars, vá, porque é rara; os caras vivem se quebrando no palco e indo parar no hospital, o negócio é selvagem.Não deixe a estranheza que você sentir no início te confundir: tem que escutar várias vezes. E lá na quinta audição cai a ficha e você descobre que esse disco vai ficar no seu ipod.

Comece por - Liars, depois vá para o Drum's Not Dead
Depois rache o bico no http://pitchfork.tv/ no programa Juan's Basement dos caras agitando tocando no porão de um cara
Não conheço bem os dois primeiros, escute ao seu próprio risco...

Deus vem no Brasil e passa em Belo Horizonte

http://glamurama.uol.com.br/notas/index.asp?mat_cod=1570

Será que ele traz a vaca de estimação dele?

Da Série "Minha Ilha Deserta Privativa" - You're one microscopic cog in his catastrophic plan

Assim como o Radiohead, eu tenho uma certa dificuldade de falar de Nick Cave. Um, porque gosto quase tanto quanto; e dois, porque é difícil mesmo. A figura é tão interessante e já fez tanta coisa diferente que tentar resumir ele em poucos parágrafos não faz juz.

Uma espécie de "resumo executivo" sobre o Nick cave: ele é Australiano, filho de um pregador, que é ele mesmo uma espécie de pregador lunático misturado com um demônio ao mesmo tempo. Só morou em cidade bacana deprê depois que saiu da Austrália - Londres, Berlin e São Paulo.Diz a lenda que já teve 16 overdoses; era um sério candidato a "morrer no palco" no início da década de 80; hoje é um senhor austero de terno que canta sentado no piano e faz isso ser tão intenso quanto a época mais rock dele.Além de músico é escritor (dá para ver pelas letras dele), muito bom com temas fortes como amor obssesivo, morte, religião, sofrimento ("there'll always be suffering - it runs through life like water"). É roteirista (se você viu o faroeste The Proposition, foi escrito por ele). A sua inconstância aparente é no fundo uma grande constância, porque ele é comprometido com o que está sentindo no momento: por isso sempre faz um disco diferente do anterior, e sempre faz um disco excelente.Nunca vi o mesmo artista ser usado para embalar fossa e colocado em festa ao mesmo tempo.Vou tentar acompanhar de forma geral as viagens dele:

Nick Cave 1.0
Produto de uma da épocas mais fodonas do rock para mim, a época do post-punk no início da década de 80, quando surgiram várias bandas que queriam aproveitar os conceitos do punk mas experimentar com o som em vez de ficar eternamente repetindo os Ramones, o Nick Cave começou a tentar destruir o mundo no Birthday Party.Ser muito barulhento e caótico é fácil (peça para todo mundo na sua banda espancar seu respectivo instrumento), mas ser muito barulhento e caótico de uma maneira realmente perturbadora, ao mesmo tempo visceral e interessante, é para pouquíssimos. O som do Birthday Party bem no fundo mesmo é baseado no blues, mas não tem NADA a ver com BB King: é um blues mais primitivão e basicão, sem nenhum daqueles clichês que vieram depois. Você escuta Birthday Party e parece que é alguma coisa prestes a explodir. A maioria dos shows deles terminava em quebra-quebra.Num show estavam jogando coisas na banda; eles gritaram "joga dinheiro" e piorou porque começaram a jogar moeda nos caras; eles gritaram "então joga drogas" e aí jogaram um monte de pílulas no palco. Eles tomaram e quase morreram :-)Imagine o Nick Cave nesta época: alto, pálido, magrelo, tocando sem camisa sangrando no palco com "HELL" escrito em vermelho no peito, parecendo um pregador alucinado te avisando que o mundo já acabou e você nem percebeu.

Nick Cave 2.0
Depois do Birthday Party desintegrar, começou uma carreira solo com sua banda (Bad Seeds). Era tão intenso e from hell quanto, mas em espírito; musicalmente falando, era mais contido, mais para tensão do que para explosão. Mas, pô, era tenso mesmo.O legal é que Bad Seeds não é bem uma banda de rock, é um som baseado em formatos mais antigos, a banda é baseada em piano e violino, guitarra nem aparece muito, e mesmo assim são mais pesados que muita banda de metal. Aliás o guitarrista dos Bad Seeds é o Blixa da banda alemã Einstürzende Neubauten, outra que eu gosto muito e ainda vou postar aqui.Dizem que no primeiro show do Nick Cave depois do Birthday Party um cara gritou da platéia "vocês deviam ter se matado no palco!" e ele respondeu "nós tentamos!".

Nick Cave 3.0
Mais ou menos na altura do disco Tender Prey o som dos Bad Seeds deu uma acalmada e se tornou o som que eu considero "mais Nick Cave" de todos. Parece música antiga (aliás, parece atemporal), é muito sóbrio, às vezes bem dark e muito bonito ao mesmo tempo.As letras são muitas vezes super desesperadas (e bem escritas) e lidam com aqueles temas que o Nick Cave é mestre. Aliás, ele também aprendeu a cantar de uma maneira bem bonita a partir dessa fase.O Nick Cave nunca deixou a bola cair, mas essa fase são os melhores discos. Ele inclusive deu uma semi-estourada com o disco Murder Ballads (que só tinha músicas sobre amor que termina em morte).

Nick Cave 4.0
Depois de namorar por pouco tempo a PJ Harvey (minha cantora favorita...) e terminar, na deprê do fim do relacionamento ele escreveu um disco inteiro só de baladas no piano (The Boatman's Call).Como tudo que o Nick Cave faz, até nesse formato ele é super intenso. O disco é um dos mais bonitos que eu conheço e inicia uma fase dele em que ele fica explorando esse som por alguns discos.Melhores músicas da história para ouvir com sua namorada ou para chorar sozinho no escuro.

Nick Cave 5.0 (atual)
Depois da saída do Blixa da banda, o velho endoidou e decidiu que queria tocar rock de novo. Isso começou no disco Abattoir Blues e depois ele comprou uma guitarra (nunca soube tocar antes) e fez uma banda com um som total barulhento de garagem (Grindermen), só que um milhão de vezes melhor que 99% das bandas barulhentas de garagem do mundo.Os discos recentes do Bad Seeds começaram a ter guitarra pra valer e a ficarem até dançantes - um lado mais pop mas como todo o resto, bem feito demais e intenso.

Além disso ele agora é bigoney e se o bigoney falou você tem que fazer.

Comece por - a maioria das pessoas começa a gostar do Nick Cave pelo Murder Ballads
Disco mais Nick Cave - difícil, talvez o Let Love In ou o Henry's Dream
Mais bonito - para mim o No More Shall We Part
Mais from hell - From Her to Eternity (ou então apela e pega o Birthday Party ao vivo logo)
Mais divertido - Dig Lazarus Dig
Não deixe de ouvir - todos!!!
Não comece por - Nocturama
(quando pegar algum disco dele não deixe de escutar sacando as letras é essencial)

terça-feira, 29 de abril de 2008

WTF??!?!

Isso aconteceu no último sábado.
Acreditem se quiserem.
http://www.youtube.com/watch?v=6u1ekw3LB0I

Da série "Random Music" - Funk do Sri Lanka


Você gosta da Mathangi Arulpragasam? Eu acho ela legal demais.

Conhecida pelo nome de guerra M.I.A (o apelido dela é Maya), ela é uma artista do Sri-Lanka-do-Paraguai (já que na verdade é inglesa).O dr. Arul Pragasam é um militante Tamil (para os americanos, terrorista) que lutou ativamente (deu tiro nos outros) contra o governo Sri Lanka para a criação de um estado independente. Para não morrer, ele, a mulher Kala e filhos mudaram de país muitas vezes, chegou a parar na inglaterra, voltou para o Sri Lanka no pico do conflito e teve que sair fugido de novo.A garota se interessou por artes visuais (já teve exposição da M.I.A na Inglaterra e chegou a desenhar capa para o Elastica). Aí a amiga Peaches (a mulher mais punk da atualidade para mim) ensinou ela a usar um sintetizador já que a menina era viciada em hip-hop. E criou uma das artistas mais relevantes da música atual.

A M.I.A sempre andou nesse meio inglês de hip-hop e electro podrão, e namorou o Diplo, que é um DJ gringo interessado em Miami Bass (leia-se funk carioca) e que incrivelmente consegue fazer algo interessante e bem feito com isso.Além dessas influências você tem que lembrar que ela morou na Índia e no Sri Lanka. Ou seja, a música dela é outsider por natureza.Quando ela ia gravar o segundo disco tentou agendar vários produtores americanos, mas como não conseguia visto por ser filha de terrorista tacou um "foda-se vou gravar na Índia". Por isso o disco dela é uma mistura maluca de hip-hop, funk, electro, bateristas Urumi do sul da índia que tocam em tambor de pele de cabra (sério), backing vocal de mulheres árabes, coro de criança, canto aborígene e por aí vai.Se eu lesse isso eu ia pensar "deve ser aqueles negócios chatíssimos de world music étnica". Nada mais longe. É ultra dançante e divertidaço (pergunta para a Mirian já que ela dança isso sem parar lá em casa e nunca deixa passar uma festa sem colocar).Não soa "étnico", na verdade soa muito moderno e experimental; e essa mistura insana gerou um som que não parece com mais nada. Eu fico ouvindo e cada música me faz soltar um "que diabos é isso???". Para mim isso é muito bom sinal.

Para completar é um dos poucos artistas que conseguiram fazer música muito dançante com conteúdo político real. Já teve até clipe banido da MTV (refrão da música Paper Planes: "All I wanna do is (barulhos de tiros de shotgun) And a (barulho de caixa registradora) And take your money!".Isso ela escreveu quando teve o visto negado e a letra é sobre como os imigrantes são vistos e tratados nos EUA. Sampleou uma música do The Clash e colocou um coro de crianças para cantar esse refrão.

O nome do primeiro disco é o apelido do papai (Arular) e do segundo é o nome da mamãe (Kala). Um dos 5 melhores discos de 2007 fácil para mim (pergunta para a Mirian então qual é a colocação dela) e se não fosse o In Rainbows perigava ganhar o primeiro lugar.

O meu dever de casa da semana é ficar bêbado e dançar funk do Sri Lanka.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Da Série "Minha Ilha Deserta Privativa" - Mr. Elvis Aaron Presley

Como é alguém que todo mundo conhece pelo menos razoavelmente, eu enxergo três categorias de pessoas atualmente no que se refere à Elvis Presley:

A - "É aquele cara que usava umas roupas brancas ridículas, tocava cheio de pose e tinha um topetão. Uahaauhauahaua já viu aqueles imitadores gordos? E essas histórias de Elvis não morreu? O quê? Ele tocava música??"
B - "É aquele cara que canta Hound Dog, Love Me Tender e mais uns rockzinhos aí que tocam no baile da mamãe."
C - "É um dos maiores cantores da história independente do estilo".

Elvis tristemente virou, com o passar do tempo, uma mistura de ícone Kitsch (e para alguns malucos quase um ícone religioso), com seus bonequinhos, imitadores, sátiras e filmes que o usam como uma figura bizarra, uma espécie de símbolo de rock star vazio e pronto para consumo de massa, até um ponto em que chegamos a esquecer que, antes de ser famoso por seu topete ou suas excentricidades de fim da vida ele ficou famoso assim por causa de música.
Trecho de uma música dos Dead Kennedys: "I wonder if Elvis will take the place of Jesus in a thousand years".Eu passei da categoria "A" acima para a categoria "C" nos anos recentes. Descobri que, indo além dos hits clássicos, Elvis fez muita (digo MUITA) música muito (digo MUITO) boa.

Qual era a do Elvis, então, além do topete?Elvis inventou o rock and roll? De jeito nenhum. Nenhum estilo de música é inventado por ninguém, normalmente surge espontaneamente de mudanças mais ou menos graduais de outros estilos da época. Isso significa dizer que quando ele começou (pense 1954) já tinha muita gente fazendo mais ou menos aquilo, em graus variados de proximidade com o que viemos a entender que é rock. Tem gente que aponta gravação até de 1946 que já era "rock".O que não tem dúvida é que o rock é produto e mérito dos negros, principalmente a partir da adaptação do country no blues (ou o inverso). O que o Elvis fez foi pegar um estilo que era obscuro, marginalizado e mal compreendido e colocou ele dentro da casa de todo mundo, para mim tornou ele o movimento cultural mais relevante do século 20 (no mínimo o que mais teve impacto direto na nossa vida). Ele conseguiu isso tirando muito dos negros sim: ele é sagrado como o único branco que conseguia cantar como um negro (o que naquela época mais racista ainda que hoje contou muito).

Antes do Elvis, havia música de preto e música de branco. Depois do Elvis, toda música era a música de todo mundo.
Antes do Elvis, você escutava a mesma coisa que seus pais, que escutavam a mesma coisa que os pais deles. Depois dele começou o "abaixa esse som menino!". Começou a existir a "música da juventude" e que confrontava de frente com as gerações anteriores.
Antes do Elvis, não existia nada. Palavras do John Lennon.

Para você conseguir ter noção de como era agressivo o que ele fazia para a época, ele foi banido de tocar em muitos lugares pelo simples fato de que não havia bateria neles (sim, o instrumento que a gente espanca com baquetas) porque é um instrumento muito "selvagem". Todo mundo já viu aquelas aparições do Elvis na TV em que eles só filmavam da cintura para cima (maldita dança pornográfica). Eu já vi a filmagem da moçada da época quebrando os discos do demônio ao vivo na tv e dizendo que Elvis estava "transformando os brancos em negros (!!!!)", total cabuloso.No fim da vida ele virou uma figura meio trágica e perdida mesmo. Leia a biografia dele e voce vai entender que qualquer um teria enlouquecido. Imagine que todas as cidades DECLARAM FERIADO só porque você vai tocar lá. Nunca ouvi falar de nada que chegou perto disso depois do Elvis (Michael Jackson? Blá!).

Tá, beleza, teve uma impacto cultural enorme, mas e a música?

Elvis se manteve porque, ao contrário de uma estrelinha que foi simplesmente criada pela TV (que influenciou muito sim), ou que é só bonito ou polêmico, as músicas eram muito boas (se provaram imortais), ele era um puta cantor e fez de tudo musicalmente falando.Elvis ERA música. Ele não estudou música, ele não era compositor (Elvis nunca compôs nenhuma música), não era super técnico. Mas Elvis ERA música. Era um cara que sentia tanto a música, que cantava tanto de DENTRO da música (além da voz foda que é estudada por ter a característica raríssima de ser barítona e tenor ao mesmo tempo) que foi de fato uma coisa inimitável. Já me perguntaram se o Elvis tem muita música ruim: eu diria até que ele tem muita música parecida (um milhão de rockinhos que são meio iguais, um milhão de baladas parecidas, umas fases meio Fábio Júnior que são meio chatinhas) mas a performance do camarada, meu amigo, é de excepcional para cima, quase sempre.Assistam a um DVD bacana do Elvis ao vivo (recomendo That's The Way It Is, pode pegar emprestado comigo) e HORRORIZE com a presença do cara no palco. O Elvis simplesmente andando no palco e fazendo nada é uma presença comandante. Você vê ele dançando e cantando e começa a entender o que é o conceito de entrega no que se refere a tocar música.

Figura estranha essa: caminhoneiro de uma cidade pequena, surgiu do nada, mudou o século 20 (não só musicalmente), chegou num nível de sucesso que eu acho que não se repete mais, morreu cedo e delirante, tinha perdido totalmente o controle de tudo, e me vira um símbolo de breguice. Final triste. Mas será que os Dead Kennedys tinham razão?

Comece, continue e termine por:
Elvis tem coisa demais. É difícil recomendar mas o santo graal para os fãs são as três caixas super remasterizadas que saíram recentemente.
Cada caixa tem 5 cds é dedicada a uma década (50, 60 e 70). Os nomes das caixas são "The King Of Rock And Roll" (50), "Fom Nashville To Memphis" (60) e "Walk a Mile In My Shoes" (70).
Ali tem tudo que importa e com o som excelente. Escute sem pressa e na ordem cronológica.
Eu levei mais ou menos um ano para chegar no último cd. E, sinceramente, foi um ano do caralho.

domingo, 27 de abril de 2008

Off-On-Off

Minha vida preto e branca e solitária de Volta Redonda se acendeu nesse fim de semana quando recebeu a visita de uma fada que apareceu no meu quarto no sábado, cuidou de mim e me deu um pacotão de amor. É pena que depois disso ela teve que ir embora e tudo se apagou de novo. Mas hoje eu vou dormir com o cheiro dela na minha cama e acreditando em fadas.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Da Série "Minha Ilha Deserta Privativa" - I'd like some milk from the milkman's wife tits

Na minha humilde opinião pessoal, o artista número 1 em se tratando de música eletrônica é o Mr. Richard D. James, que grava com diversos nomes, dos quais o mais conhecido é Aphex Twin.

O jornal inglês Guardian descreveu ele assim: "the most inventive and influential figure in contemporary electronic music."Eu já vi ele ser comparado com grandes compositores do passado (tipo, Mozart!). Isso um cara que anda num carro de 1950, mora numa agência aposentada do HSBC em Londres, comprou um submarino (!!), escreveu softwares que compõe músicas, toca piano numa afinação que ele inventou, dorme duas horas por noite e deu um show em Amsterdã inteiro "tocando" um liquificador.

Aphex Twin faz música de Marte. Segundo ele própria a indústria musical tem "muita ovelha e pouco pastor". Ele é meio que radical no sentido que música eletrônica tem que soar ELETRÔNICA. Você não escuta nenhum som nas músicas típicas do Aphex Twin que poderia ter sido gerado na natureza (exceções: músicas ocasionais feitas no piano e voz humana, sempre altamente tratada no computador). Isso combinado com a capacidade absurda de ser original e senso de ritmo e de melodia peculiar e desafiador faz a música dele não se parecer com música do planeta Terra. Eu acho que parece música de outro planeta.

Frequentemente ele é enquadrado no gênero IDM (Inteligent Dance Music) que é o rótulo mais idiota que eu já vi. Mas acho que no caso dele significa Impossible to Dance Music :-)

O cara fundou a Rephex que é uma gravadora que tem artistas (quase) tão fodas quanto ele (Squarepusher por exemplo). Quem foi no show dele aqui no Brasil (Tocha fdp) falou que ele só apareceu no palco por breves momentos, dançando usando uma máscara bizarra. Ele tocou fora da vista o tempo todo. Alienante - não mostra o rosto ao vivo mas se você passar a música "Equation" do disco Windowlicker por análise espctral ela gera o rosto dele.

Frequentemente faz vídeos (quase sempre estranhos e pertubadores) com o Chris Cunningham. Para quem não conhece é um dos artistas visuais mais fodas da atualidade. Todo e qualquer clipe do Aphex Twin (aliás qualquer clipe no Chris Cunningham) vale totalmente o seu tempo de conferir. Passe uma hora no YouTube de depois me agradeça.Aliás vou te poupar o trabalho e selecionar os que eu mais gosto:

O clipe dos ursinhos do mal
Joãozinho Borracha (bizarro tb)
A única maneira de tocar uma música do Aphex Twin com um instrumento acústico

Comece por: Selected Ambient Works
Disco mais Aphex Twin: polêmico, mas eu considero o I Care Because You Do
Música orquestrada relaxante + batidas nervosas e violentas (ao mesmo tempo): The Richard D. James Album
Mais variado: Drukqs
Mixando outros artistas: 26 Remixes For Cash

Se você ver por aí discos do AFX, The Tuss, Caustic Window, Q-Chastic, GAK, Polygon Window, Power-Pill (e ainda tem outros!!!) é tudo ele.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Da Série "Random Music" - Elephant 6


Você tem algum interesse na música dos anos 60? E se o rock não tivesse tomado outros rumos e continuado seguindo naquela linha 60 que é bastante pop feliz (backing vocals lálálá), guitarras limpas, teclados predominantes e vocais happy-happy-joy-joy mas que no fundo era bem baseada em alucinógenos, tinha letras boas e incorpora essas viagens psicodélicas?O pessoal da Elephant 6 tenta responder isso. No fundo era um bando de moleques nerds do Colorado - amigos de infância - viciados em coisas legais dos anos 60 tipo The Zombies, Byrds e Beatles do disco Rubber Soul em diante. Em 91 começaram um monte de bandas e projetos promíscuos (tipo todo mundo tocava na banda de todo mundo) e com uma onda lo-fi, ou seja, eles não gostam de firulas de estúdio e de discos mega-produzidos (em parte até por necessidade né). Poderia não ter dado em nada (aliás tinha tudo para não dar em nada) mas por total coincidência ali tinha uns compositores fodaços e saíram muitas bandas excelentes, sempre com uma onda 60 total mas sem medo de experimentar com o que vier na cabeça. Tipo no meio do disco pode vir qualquer barulho inesperado :-)É bem pop divertido mas introspectivo, eu acho que é um som de ouvir sozinho, prestando atenção nas letras e tal. O som da Elephant 6 influenciou demais o rock indie da década de 90 para cá (e continua sendo muito referência).Pena que acabou em 2002.Tem umas bandas deles que eu vim a gostar muito:

Of Montreal - para mim é a melhor. Tem um lance que costuma me agradar muito (não sei porque) que é a combinação de música muito feliz com letras muito deprês ao mesmo tempo. Também são os melhores músicos e é a banda mais dançante delas. Fui no show do Of Montreal em Berlim e fiz um mosh de duas pessoas com o Guto (huahauhaauha e descobri que os alemães não sabem se divertir).O disco que o vocalista Kevin Barnes escreveu sobre o divórcio dele tem algumas melhores letras que eu já vi, de fato te joga dentro da cabeça e do estado de espírito dele, imagino que deve ser um disco ótimo para você ouvir se estiver terminando um relacionamento. Recomendo demais de qualquer jeito.
Escuto qual? - Hissing Fauna Are You The Destroyer

Neutral Milk Hotel - são muito lembrados porque fizeram talvez O clássico do rock indie dos anos 90, o disco In The Aeroplane Over The Sea. Esse é um lado mais folk da Elephant 6, dá para sentir que essas músicas foram feitas somente com voz e violão, trancado em um porão escuro e revisando tudo que deu errado (e certo também) na vida.Pior que fui ouvir esse disco e merece o status de clássico. Escute num porão escuro.
Escuto qual? - Tem dúvida?

Olivia tremor Control - a primeira banda deles que eu gostei, é talvez a mais experimental. Tentam colocar um monte de ruído e barulho incidental nas músicas, o que combinado com o sonzinho pop deles dá um constraste muito interessante. São viciados em trabalhar com colagens e manipulação de fita, fazendo umas músicas longas que parecem um monte de pedaço de outras músicas misturado caoticamente mas tem um efeito viajante muito bacana.
Escuto qual? - Black Foliage

Beulah - a onda é o escopo das coisas, piraram em colocar mil negos tocando de tudo na banda, chegou a ter mais de 18 caras tocando no disco, um monte de instrumento misturado e vocal bem emocional.Normalmente eu detesto esse tipo de coisa, então o fato de eu gostar de Beulah é bom sinal.
Escuto qual? - The Coast Is Never Clear

Elf Power - é tipo a mais "bonitinha" de todas, é meio gayzinho até, bem folk-acústico-feliz, mas as músicas são bem feitas e salvam uma banda que poderia de ser chata e enjoada. Tem muita gente que gosta de folk-bonitinho-acústico-feliz, se você é um elfo é uma das melhores bandas para ti.
Escuto qual? - Pensando bem, nunca ouvi um disco do Elf Power inteiro, eu escutava uma coletânea com um monte de música aleatória espalhada. Essa você que me responde...

Da Série "Minha Ilha Deserta Privativa" - And we ride through the moonlight far beyond

Uma frase que sempre se escuta sobre música é que "não tem nada de novo legal" e que bom era "a época X" (substitua o X por épocas diferentes de acordo com a idade do locutor). Já ouvi de um amigo de meu pai que "a última música boa foi composta no mundo em 1976". Escuto frequentemente isso inclusive de amigos que são muito interessados em música e sempre me oponho veementemente.Acreditar nisso é besteira. O fato é: o que fica, o que lembramos da música de outra época, é (na maior parte das vezes) o que era bom ou relevante de alguma maneira. Mas TODAS as épocas, igualzinho a nossa, foram DOMINADAS por música ruim e efêmera, o caso é que esses artistas somem com o tempo e fica a impressão que esse é um fenômeno exclusivo de hoje.Se duvida, entre no site da Billboard e dê uma olhada nas paradas de sucesso de um ano aleatório (por exemplo o próprio 1976). É sempre um monte de porcaria e a maioria você nem nunca ouviu falar.Some isso ao fato de que música ruim vem até você sozinha (créu créu créu créu) e música boa normalmente você tem que ir até ela e basta ficar um tempo curto sem procurar por música que essa sensação enganosa te pega na hora.



Estou falando isso tudo porque fico feliz de uma banda formada em 1999 e que só tem 3 discos hoje faz parte sem dúvida da minha lista de favoritos.The Knife é uma dupla de irmãos da Suécia que faz, dependendo da música, pop eletrônico dançante com uma camada de algo estranho e sinistro por trás, ou música estranha e sinistra com uma camada de pop eletrônico dançante por trás. O The Knife funciona com o Olof Dreijer (ô nominho) fazendo músicas de sintetizador para a Karin Dreijer cantar. No espírito do Mike Patton, eles gostam de manipular (muito) os vocais e a karen, que já tem a voz estranha por natureza, acaba soando como uma mistura de um anjo e um robô, quando não como um espectro de outro mundo.Os arranjos são geniais e não consigo ligar The Knife a nada, não se parece com outros eletrônicos - tem pitadas de várias coisas claro (techno e synthpop principalmente) mas tem personalidade suficiente para não se enquadrar facilmente num estilo. Eu escuto muito a mistura de velho e novo no The Knife, você nunca tem dúvida que está ouvindo alguma coisa muito moderna mas é cheio de anacronismos (umas coisas meio anos 80 do nada e escute a música Pass This On, aquilo é teclado de churrascaria).



Outros fatos legais: raramente mostram o rosto ou dão entrevista, normalmente aparecem com máscaras de baile ou com aquelas máscaras que os médicos usavam para tratar pacientes da peste negra na idade média; eles lançam tudo por uma gravadora própria desde o início (Rabid Records). Tratam o lado visual com tanta originalidade quanto a música (assista qualquer clipe recente deles no youtube - Marble House, Like a Pen, Pass This On, Silent Shout, etc). O DVD deles ao vivo é destruidor, parece que você está vendo um show acontecendo em outra dimensão.O disco Silent Shout é declaradamente inspirado em David Lynch, e como David Lynch é Deus e eles tem talento o suficiente para bancar essa afirmativa, me marcaram instantaneamente. Esse disco tem um dos climas mais sinistros que eu conheço, é pesadíssimo sem utilizar uma guitarra ou conter um grito em nenhuma música. Ao mesmo tempo dependendo do seu estado de espírito é até pop dançante. The Knife é cheio de contradições e é isso que faz a banda para mim.

Como a minha esposa tem bom gosto ela sempre coloca Marble House lá em casa :-)
Uma das músicas top 10 dos anos 2000. Me promete que vai ouvir pelo menos essa.

Eles ganharam o grammy em 2003; em vez de ir na cerimônia eles mandaram dois amigos vestidos de gorila para boicotar a cerimônia. Como você não é fã de uma banda dessas?



Comece por - Deep Cuts
Disco mais The Knife - Silent Shout
(confesso não gostar tanto do primeiro então recomendo contra, pelo menos escute os outros dois antes)


FCA

Será que eu sou a única pessoa da face da Terra que tenho vontade de dar um soco na cara quando eu escuto em qualquer conversa o clássico "fui criado assim"? Será que existe desculpa mais picareta para não ter que refletir sobre alguma coisa importante? Já parou para pensar em quanta baboseira já foi justificada por um FCA?

Como as pessoas parecem considerar isso de alguma forma razoável, decidi que não vou me conter em mais nada e resolver meus problemas com o poder da sabedoria popular.Fechei seu carro? Furei a fila? Passei a mão na sua bunda? Roubei um banco? Taquei fogo na sua casa? Foi mal, é que eu fui criado assim. Tapinhas nas costas, fim do problema.Porque o casal que (supostamente) jogou a garotinha da janela não declara logo que foi criado assim? Pronto, livres da cadeia! A opinião pública sofre uma mudança dramática!

Para cada pessoa que consegue o milagre de fazer qualquer coisa dar um passo para frente vem um milhão de "fomos criados assim" e empurram para trás de volta. Aposto que quando criaram o fogo e a roda a maioria dos homens da caverna ficaram putos de ter que mudar seu estilo de vida.

Pergunta de vestibular - traduza a fala do troglodita 2:
Troglodita 1: "Ei Kawabunga porque você ainda está comendo carne crua? Vem assar na minha fogueira!"
Troglodita 2: "Gabangundagumba!"

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Da Série "Commanders of The Potato Field" - Mike Patton

Quando eu sê grande, eu quero ser o Mike Patton.

As coisas funcionam ao inverso para o Mike Patton: quanto mais velho, mais doente.
Se bem que acho que quanto mais velho, mais moral para conseguir ser doente e não chutarem ele das gravadoras. Isso e o fato de ser um PUTA vocalista que vai de "vozeirão Frank Sinatra" a "berrão Death Metal" sem parar para respirar. Para mim é um dos músicos mais criativos e relevantes do fim da década de 80 para cá, e não só para quem se interessa por música alternativa.

O Mike Patton começou com a sua primeira banda (Mr. Bungle) já em 1985. Ele era um moleque e já estava chutando o balde. Uma música típica do Mr. Bungle começa com algo tipo, sei lá, música de circo, dentro de 30 segundos vira uma música árabe, de repente é metal, de repente é um baladão década de 50, isso tudo em algo como 3 ou 4 minutos. 100% esquisofrênico.

Depois disso ele substituiu o primeiro vocalista do Faith No More e isso teve três consequências:
  • ele apagou o outro cara da existência porque quando você lembra de Faith No More você está se lembrando dele;
  • ele fez a banda até então undergroundona virar mega estrelas;
  • ele ganhou a licença que ele queria para ser louco já no segundo disco (e melhor do Faith No More e um dos melhores da década de 90 na minha opinião, Angel Dust).
A partir do Angel Dust ele deixou de ser um vocalista e virou uma máquina de ruídos. A onda do Mike Patton é experimentar com o vocal fazendo barulhos que ninguém nunca fez, colocando efeitos que não são feitos para a voz e se esticando em qualquer estilo de vocalização que ele veio a conhecer.

Depois do Faith No More o cara sumiu do estrelato e ganhou a liberdade para tocar o projeto que quiser. E o homi trabalha. Olha só algumas coisas dele:

Dillinger Escape Plan -
Apesar de não "ser da banda" fez um disco com os caras do "show ao vivo mais psicopata do mundo". Duvida? ENTÃO OLHA ISSO! Nesse disco tem um cover de Aphex Twin. Você não precisa conhecer Aphex Twin (aliás ainda quero postar sobre ele) para ficar de cara com terem escolhido gravar essa música.

Peeping Tom - diz ele que essa banda representa "o pop que deveria tocar na rádio". Tá mais para trip hop mas perto das outras coisas dele...

Lovage - É o seu lado Fábio Júnior. O disco se chama "Music to Make Love to Your Old Lady By". Obviamente que vindo dele é irônico pra cacete, mas ele tem voz para isso. E, sinceramente, faz o que quer e tá cagando e andando.

Fantomas - Parece música do Galba. Sério. Cada disco tem um tema (tipo músicas para acompanhar uma história em quadrinhos italiana que vem com o cd ou covers de músicas obscuras do cinema). Apesar de tematicamente coerente, parece música do galba. Eu amo.

Tomahawk - Eu tinha para mim como uma espécie de continuação do Faith No More (pelo menos é meio que isso no disco Mit Gas) até eles gravarem um disco de músicas de índios americanos. Não é música meio indígena, é música composta por índio de verdade. Ani.

Mr. Bungle -
a banda continuou na época do Faith No More e foi ficando cada vez mais bizarra.

Participações bacanas -
gravou junto com Bjork até Sepultura.


O João Gordo disse que ele é a pessoa mais louca que ele já conheceu na vida, e o João Gordo deve ter uma amostra grande para comparar. Ele declara que a única droga que ele usa é cafeína. Tem gente que realmente não precisa dessas coisas. Mike Patton espalha o caos. Eu aprovo.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Da série "Random Music" - Victory Records


De forma geral (acho que isso já foi um pouco mais verdade no passado) as gravadoras e selos pequenos e/ou independentes tem um conceito diferente das grandes gravadoras. Ao contrário das gravadoras que lançam "tudo que eu acho que vai vender" os pequenos seles têm (tinham?) a característica de serem focadas, especializadas mesmo, normalmente em algum nicho interessante. Então as pessoas que gostam daquele nicho tendem a seguir determinadas gravadoras que costumam contratar bandas que você costuma gostar. Tem várias que ficaram famosonas mesmo - Alternative Tentacles, Epitaph, Revelation, Rough Trade, Kill Rock Stars, Warp, etc. Uma dessas que eu já gostei muito e acompanhei durante o fim dos anos 90 (leia-se o fim da minha adolescência) é a Victory Records.

O nicho da Victory é punk hardcore, mas uma variedade um pouco mais pesadona, mais puxada para o lado do metal (claro que não é uma regra, tinha até pop e rockabilly no catálogo). Essa combinação gerou bandas muito boas e conseguiu dar uma renovada no já muito desgastado e repetitivo punk dessa época. Muita gente vai te dizer que a Victory é "aquela gravadora dos straight edge" já que era a casa tradicional de um monte de banda straight-edge-radical-militante-vamos-te-espancar-se-você-pedir-para acender-seu-cigarro. A minha relação com straight edge sempre foi de procurar colocar minha camisa com o rótulo do Jack Daniels e conversar com eles sobre churrasco. Mas assim como escuto black metal e não dou a mínima pro cramunhão nunca deixei isso me incomodar.

Não sei como eles andam hoje, mas segue as bandas daquela época que eu sigo escutando até hoje (várias já acabaram ou deixaram a gravadora):

Snapcase - um dos sons mais nervosos que eu conheço, e isso é um puta elogio. Note que "nervoso" não é necessariamente sinônimo de "pesado". Tudo no Snapcase é agudaço, as guitarras são agudas e investem em ruideira estilo Tom Morello, a bateria é aguda, o vocal é gritadão mas não é gutural, é mais para, sei lá, raivoso mesmo. A produção é totalmente diferente de bandas de hardcore tradicional e o som te afeta, você sai chutando coisas depois que escuta Snapcase. A banda mais legal da Victory junto com Guilt.
Disco que você deveria ouvir: Progression Through Unlearning

Guilt - Guilt é um Fugazi do mal. O que parece com Fugazi, eu gosto, e se for do mal ganha uns pontos a mais. Som denso e experimental, a gravadora dizia que era punk rock para ser ouvido no inverno. Tão foda quanto o Snapcase, pena que fez tão pouco e parou.
Disco que você deveria ouvir: Further

Refused - um pessoal da Suécia que depois acabou saindo da Victory e fazendo até um sucesso razoável, inclusive teve um clipe com alta rotação da MTV (da música New Noise, o clipe é excelente, saca só http://www.youtube.com/watch?v=K8MkVIe9xGc). Eu me lembro bem da época em que essa música tocava muito, todo mundo viciou em Refused, toca até hoje na Obra, mas eles já estavam fora da Victory. O disco deles na Victory tem a música mais legal do mundo de tocar do nada no ensaio da sua banda e ficar gritando seu pulmão para fora (Rather Be Dead).
Esses caras também tem uma banda ótima mais para o lado indie, chama International Noise Conspiracy, a música deles "Capitalism Stole My Virginity" também tocou muito por aí.
Disco que você deveria ouvir: Songs to Fan the Flames of Discontent e The Shape Of Punk To Come (esse é depois da Victory)

Integrity
- Formado por um cara de Ohio que era uma espécie de skatista adorador de Alester Crowley e outros ocultistas (confuso ele) é 10X mais do mal que Guilt. Os discos do Integrity sempre tinham tipo 75 minutos, com uma música de uns 60 minutos que era sinistra e ambiente até o inferno e o restinho um monte de música rapidaça de punk cabuloso. Ou seja, legal demais.
Disco que você deveria ouvir: Seasons In The Size Of Days

Iceburn - a mais experimental de longe, nem sei como classificar isso. É quase uma banda de jazzistas que gostam de distorção e de hardcore (!?). É instrumental na maior parte. Tornou muito mais suportável minhas duas horas diárias de ônibus quando eu estudava na PUC. Está na categoria de "discos que te sugam para dentro do mundo dele".
Disco que você deveria ouvir: Firon

Clássico da Victory que você NÃO deveria ouvir: Strife
Lembra um pouco o Snapcase, mas as músicas são tão idênticas uma da outra que quando alguém colocava uma música do Strife e te perguntava se você já ouviu você sempre meio que reconhecia e nunca tinha certeza se já ouviu.

domingo, 20 de abril de 2008

Da Série "Existe isso??" - Live Coding

Já ouviu falar em Live Coding?

É uma maneira relativamente nova de fazer música eletrônica. O DJ instala um software no laptop que permite gerar música em tempo real a partir de programação. Funciona mais ou menos assim: eu escrevo um código (é, tipo C++ mesmo) que faz, por exemplo, o som de um bumbo tocando - claro que completamente configurável, esse bumbo vai entrar na velocidade/tonalidade/timbre etc que eu programar - e mando esse bumbo para "máquina virtual". A partir daí todo mundo começa a escutar um bumbo tocando em loop. Aí escrevo outro código que gera um chimbal, outro que gera uma caixa, um sintetizador. A qualquer momento posso inserir ou remover quantos elementos eu quiser da máquina virtual, e eles vão sendo acrescentados/removidos da música em tempo real, e dessa maneira o DJ vai evoluindo o som e as pessoas vão se divertindo com as linhas de código dele. Tem festas de Live Coding em que eles colocam um telão exibindo para as pessoas o código que elas estão dançando.

Instalei no meu Linux o ChucK, que é um dos softwares mais utilizados para isso e o miniAudicle, que é uma interface para ele, no espírito vamos ver de qualé. Olha o exemplo de uma máquina virtual que eu coloquei para rodar tocando os meus códigos:

Está vendo esse "chimbal aberto" que está em loop na minha música? Olha o código que gerou ele (aquele "+" e "-" grandão lá em cima inclui ou remove esse código na máquina virtual):

Se a sua imaginação for capaz de conceber algo mais nerd que isso, você possui uma imaginação muito privilegiada.

http://en.wikipedia.org/wiki/Live_coding

sábado, 19 de abril de 2008

Da Série "Top 5" -Celebridades que deviam fazer o favor de morrer

5 - Emmerson Nogueira - Me recuso a gastar texto para explicar.
4 - Dani Carlos - ganhou do Emmerson Nogueira porque além de tudo fez o absurdo de gravar Placebo.
3 - O babaca dos Los Hermanos que falou mal de Ramones.
2 - Vanessa Camargo - todo ano minha mãe era convidada para ir numa festa junina bacana (leia: rango e birita de grátis) de um cliente dela e eu ia sapar. Numa dessas eu tive que ver o show da Vanessa Camargo. Eu fiquei na frente do palco gritando "praybaaaack! É mentira gente! Dá um solo de colocar disco pra tocar aí!". Entrei de graça e pedi meu dinheiro de volta.
1 - Gorda Gil - Se pergunte quantas vezes você viu a Gorda Gil pelada. Agora se pergunte quantas vezes você quis ver a Gorda Gil pelada. Eu encontrei com ela no Tim Festival. Pensei seriamente em chegar atrás e sem dizer nada dar um chute na bunda dela, me virar e ir embora. Não fiz. Por isso que nessa viagem foi a única vez que eu bati o carro na vida. Frustração acumulada.

Da Série "Top 5" - Truck Driving Music

Essas são as 5 músicas mais tocadas no meu caminhão:

5 - AC/DC - The Jack - A segunda banda mais caminhoneira do mundo (só perde para Motorhead) cantando sobre a experiência de pegar uma vadilanga que tinha gonorréia. Clássico.
4 - Motorhead - Bomber - O Lemmy do Motorhead não tem dente e tem uma verruga na cara que faz backing vocals para a banda. Aposto que ela compõe todas as letras.
3 - Matanza - Pé na Porta e Soco na Cara - Mataza é tipo um Motorhead brasileiro. Motorhead de terceiro mundo é mais caminhoneiro que Motorhead americano. Além do mais o título da música mereceu que ela fosse inclusa aqui (fiquei na dúvida entre ela e Maldito Hippie Sujo).
2 - Truck Driving Outlaw - Trucking - Na verdade essa eu não escuto no caminhão porque só tinha na jukebox do Stad Jever. Aí tiraram. Nunca mais fui lá.
1 - A-ha - Stay On These Roads - O caminhão é meu e eu escuito o que eu quiser.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Morte Por Áudio

Oliver Ackermann comanda o batatal. É um cara do brooklyn que deve ter uma vida legal demais. Ele é o fundador do Death By Audio.Death By Audio é, ao mesmo tempo, uma casa de shows alternativos (tipo uma obra gringa com uns recursos visuais), uma empresa que vende os pedais de guitarra com efeitos bizarrões que ele mesmo cria na porrada (até o U2 já comprou pedal dele) e uma gravadora.Esse cara fez uma banda que já começa bacanaça no nome: A Place To Bury Strangers. Parece um Joy Division mais moderno e barulhento (leia-se: rock que parece com música eletrônica, um tom meio desesperado e bonito ao mesmo tempo). Só tem um disco por hora (que eu recomendo muito).Já me disseram que é um disco que não dá para ouvir no headphone (olha os nomes dos pedais de efeito que ele fez: total sonic annihilation, fuzz war, soundwave breakdown, interstellar overdriver), concordo mas escuto. Vou terminar de assassinar minha audição por uma boa causa.

Dá uma sacada na loja dele - http://www.deathbyaudio.net/
A Place To Bury Strangers ao vivo no Death By Audio, imagem e som muito superior que o YouTube: http://pitchfork.tv - procura na seção "Pitchfork Live"

O Dia em Que Deus Ganhou na Loteria

Deus acordou de uma bebedeira. Milagrosamente, não estava com ressaca nenhuma.

Abriu os olhos com preguiça e olhou o dia lindo lá fora. Sua mulher lhe trouxe café na cama e fizeram um amor intenso e carinhoso por um longo tempo.Mais tarde, aproveitando o dia agradável em um churrasco com seus melhores amigos, todos riam e comentavam o assunto do dia: a loteria estava 7X acumulada.O carteiro apressado que interrompeu o churrasco para dar a grande notícia (Deus havia ganho!!) nem voltou ao trabalho. Foi convidado para o churrasco e ganhou um pedaço do prêmio para não ter que trabalhar nunca mais.

De noite, sozinho em seu quarto, após esse dia feliz, Deus cantarolava uma musiquinha infantil que ele inventou na hora:

hoje não vai tremer o chão
hoje não tem maldição
hoje não vai ter tufão
vou fazer de coração

Deus chamos os arcanjos, as musas e os grandes renascentistas que estavam de bobeira por lá. Após alguma discussão e bastante trabalho manual, chamou até o seu amigo Cramunhão para dar uma sopradinha de fogo para finalizar o trabalho.

Naquela noite um padre de Roswell, no Novo México nos EUA, teve um sonho onde anjos o orientavam a subir uma linda colina na manhã do dia seguinte.O padre seguiu seu sonho. Lá encontrou, em perfeito estado deitada no meio de um campo de flores, http://www.fender.com/products//search.php?partno=0110500738, a luz divina incidindo diretamente sobre ela e enquanto um vago coro de anjos podia ser ouvido ao fundo.

É por isso que até hoje se discute um suposto incidente alienígena lá.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Da série "Minha Ilha Deserta Privativa" - Radiohead for Dummies

Eu queria que meu primeiro post fosse sobre o Radiohead. Mas tenho dificuldade de escrever sobre eles. Quando alguém me fala que não gosta ou não conhece eles, eu tenho dificuldade de recomendar ou de indicar quais músicas ouvir.

Isso é porque, porra, não consigo colocar muito em palavras. É meio que para minha humilde opinião pessoal, Radiohead é o ápice musical de qualquer estilo e qualquer época. Tipo, se fosse para eliminar todas as bandas do planeta exceto uma, fica eles.

Mas é justamente esse tipo de afirmativa que afasta (para não dizer enche o saco) as pessoas que não conhecem da banda. É meio intimidante e aumenta demais a expectativa. Se você escuta e não consegue achar tão espetacular assim, vai para o oposto, ou seja, acha ruim. Eu acho que eles são tão falados e elogiados e endeusados que se eu não conhecesse ou não gostasse ia ter antipatia da banda.

Esse post é para quem não conhece, não gosta, tem antipatia ou só teve um contato muito passageiro. Meu objetivo é sim fazer você dar uma chance, porque se alguém lê esse blog para recomendações, se for para levar uma só a sério é essa.


Afinal, qual é a do Radiohead e porque tanta gente fica babando o ovo desses caras? Em uma só palavra: musicalidade. É só isso mesmo. É simplesmente porque as músicas são fodas.

Não precisa trazer nenhuma bagagem ou expectativa antes de ouvir Radiohead, nem ser interessado nesse ou naquele estilo: simplesmente preste atenção nas músicas. Não é um "preste atenção" de músico, que fica dissecando o quanto aquela virada de bateria foi bem feita. Você faz até melhor se você se desligar e deixar o conteúdo emocional da música passar por você. Esse é o forte deles, puta carga emocional.

Mas esse tipo de música não é óbvio na primeira audição, é de digestão lenta. Na quinta vez que você escutar vai começar a fazer sentido o que eu estou falando.Eles são muito elogiados porque são criativos, porque são experimentais, porque tem coragem de mudar radicalmente quando dá na telha, porque tocam bem etc. Isso é tudo muito legal mas não é o que importa. Os fãs de Radiohead escutam Radiohead porque é a música mais emocional de todas, sem ser piegas, sem ser repetitiva, mas sendo rasgante.

E variado: quando querem fazer uma música triste, é TRISTE; quando querem fazer algo dark, dá medo; quando querem fazer algo bonito, é lindaço. Isso quando não é ambíguo e você não sabe bem o que está sentindo, mas está patentemente sentindo algo. Sempre. Por isso que a audiência permanece com a banda estando eles fazendo música só de voz e piano ou completamente eletrônica ou acústica ou quebrando tudo no estúdio. Já transcederam o formato tem muito tempo.

Para mim, em particular, transcederam a música. Aquilo ali já é algo mais. Mas não fique com isso na cabeça na hora de ouvir. Simplesmente escute.

Comece por - The Bends
Disco mais Radiohead - OK Computer
O quê? Isso é Radiohead mesmo?? - Transatlantic Drawl (b-side)
Eu gosto é de Pixies - Pablo Honey
Eu gosto é de Aphex Twin - Kid A
Tá muito viajado me passa um mais direto - In Rainbows

Bitchney

Eu tenho aquele livro "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer". Eu me propus a fazer um experimento maluco: entro no http://random.org, mando gerar um número aleatório e baixo o disco que estiver naquela página. Eu disse O QUE ESTIVER NA PÁGINA. A idéia é me forçar a ouvir o que eu provavelmente nunca ia baixar e assim descobrir coisas legais.

Nessa brincadeira descobi coisas bacanas (já tinha ouvido falar na Ute Lemper?) e me forcei a ouvir coisas que eu detesto (Kate Bush (!)).

Ontem saiu a página 853 - Britney Spears.Para manter o espírito do jogo, baixei e escutei ...Baby One More Time. Inteiro.

O que talvez seja surpreendente é que ouvir o disco dela inteiro não equivale a ficar 40 minutos sendo torturado. Equivale mais a ficar 40 minutos no silêncio. Tipo, o disco vem e vai e parece que você não escutou nada, você está no mesmo lugar que antes.

O disco me deixou algumas perguntas:
- pq a mídia nunca comenta que ela tem voz de pato fanho?
- se ela trata tanto a voz no computador, porque eles não usam o efeito do Pro Tools "corrigir voz de pato fanho"?
- qual é o nome do software que eles usam para compor arranjos genéricos? Ou será que quem compõe para ela são ex alunos da Pro-Music (se bem que se fosse esse o caso ia ficar mais genérico ainda, deve ser um software mesmo)?
- como eles escreveram aquelas letras? Meu chute: junte um monte de expressões românticas também genéricas (I miss you, my heart is broken, I was born for you, I need you etc), escreva cada uma em um papel. Misture num saco e sorteie umas 10. Você escreveu uma letra desse disco.
- como é que isso foi 14X platina? Tipo, se eu gravar um disco com 40 minutos de silêncio e fazer um clipe vestido de colegial eu também vou ser 14X platina?

Respostas por favor...

Da Série "Top 5" - From The Mouths Of Abominations

Top 5 bandas de black metal
ou "top 5 bandas que resolvem levar super a sério uma onda que é claramente absurda e ridícula mas eu acabei achando divertido justamente por isso"
ou "eu sei muito bem que é ruim gente agora pára de me encher :-)"
5 - Burzum
Dadonde? Noruega,lógico.
What tha fuck...?
Banda de um cara só que tipo matou um cara que era da outra banda dele a facadas. Também andou queimando umas igrejas por lá. Tá na prisão até hoje.Ao contrário da regra do black metal, é mais interessado em paganismo que no cramunhão e faz longas músicas ambiente sinistraças. É mais para ambiente que "metal".Boa música para ouvir lendo Berserk.
4 - Gorgoroth
Dadonde? Noruega,lógico.
What tha fuck...?
Gorgoroth é uma planície de Mordor no universo do Sr. dos Anéis.Muito direto e frio. Resumindo, mal pra carai. Os caras foram processados por colocar cabeças de ovelha de verdade pregadas em espetos no palco. Passam mais tempo dentro da cadeia do que fora tocando e gravando.Dá para ouvir porque as guitarras são muito boas e tem personalidade. Não repetem o que os coleguinhas deles fazem. A professora de guitarra deles deu uma estrelinha no caderno. Depois eles, sei lá, mataram ela e pregaram a cabeça no palco.
3 - Emperor
Dadonde? Noruega,lógico.
What tha fuck...?
Bem feito, compreenderam o quanto o clima é importante para esse tipo de música, mas descem o cacete assim mesmo. Nesse sentido é meio Burzum + Gorgoroth mas é melhor que as duas juntas. Lógico que o baterista também matou um cara e está na prisão até hoje.
2 - Watain
Dadonde?
Noru...não, esses são da Suécia. Ou seja, a mesma coisa.
What tha fuck...?
Apesar de rotulada de "black metal", pode ser vista como uma boa banda de metal, porque não se prende demais nas expectativas do estilo. As bandas acima eu escuto meio que de zoeira, essa até que eu acho legal mesmo. Enfiaram na cabeça que o conceito de "dinâmica" na música existe e serve para alguma coisa, ou seja, não ficam só martelando sem parar, tem uma boa variedade e isso mantém o interesse.Que eu saiba nunca mataram ninguém mas jogam carne e sangue (de verdade) na platéia durante o show. Fracos.
1 - Asmodai
Dadonde? Inferno.
What tha fuck...?
A banda de black metal mais do mal de todas. Chacinou populações inteiras de crianças para beber seu sangue e compor suas músicas em latin arcaico. Venderam milhões de discos na escandinávia e depositaram todo o dinheiro na conta do cramunhão. Você não vai encontrar ninguém que foi no show deles porque ninguém sobrevive.www.myspace.com/asmodai666

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Enquete

Favor contribuírem com a enquete ao lado.

Grato,
DOCZAS
(Departamento Oficial de Controle de Zumbis e Ameaças Similares)

Da série "Top 10" - all my niggas get down like what!

Top 10 discos para você se convencer que hip hop é legal sim:
(esse post é dedicado ao Shibuco, japonês que se recusa a ouvir só porque é japa)

10 - Lady Sovereign - Public Warning
De qualé?
Garota inglesa que canta com a voz esquisita em cima de batidas de grime (estilo de hip hop que incorpora batidas que vieram do breakbeat de música eletrônica, para mim o mais interessante da atualidade).
É do mal?
Mais para fun fun fun...
Dá para dançar?
Com certeza, inclusive num passo mais rápido que a maioria dos outros discos aqui.
Se eu ouvir na obra como vou saber se é isso que tá tocando?
Se tiver uma menina cantando parecendo que tem um prendedor de roupa no nariz e toda música tiver um "make way for the SOV!"

09 - Kano - Home Sweet Home
De qualé?
Mais um grime, com batidas fodaças e pegada mais pessoal e sinistra.
É do mal?
A produção é, grime tende a ser do mal, as letras tendem para o pessoal.
Dá para dançar?
Lógico, bêbado de preferência.
Se eu ouvir na obra como vou saber se é isso que tá tocando?
As letras estão babando o ovo de londres e as batidas são muito boas

08 - Beastie Boys - Ill Comunication
De qualé?
Um dos poquíssimos hip hoo de branco que presta, os caras são músicos completos, hj estão mais para jazzistas que rappers.
É do mal?
Nada mas é desprovido da glândula escrupulal!
Dá para dançar?
Dependendo da música dá para dançar, moshar, relaxar...
Se eu ouvir na obra como vou saber se é isso que tá tocando?
Ah qualé que você não reconhece essas vozes esganiçadas!

07 - A Tribe Called Quest - The Low End Theory
De qualé?
Hip hop extremamente bem feito com influência de jazz.
É do mal?
Mais para intelectual mas é bem divertido.
Dá para dançar?
Tirando onda.
Se eu ouvir na obra como vou saber se é isso que tá tocando?
Os baixos estão muito graves e estão fazendo umas levadas meio jazz muito legais.

06 - Wu Tang Clan - 36 Chambers
De qualé?
Bando de criminosos que fizeram uma banda gigante (são 9 camaradas) e que fizeram um disco tão foda que mudou a indústria do rap.
É do mal?
O FBI chegou a infiltrar um cara entre eleÉ tão mistura de gans. Viraram milionários e estão sob investigação até hoje. Tem ligações comprovadas com uma das maiores famílias da máfia dos EUA (Gambinos). Dá para continuar...
Dá para dançar?
Eu acho mais para lento e climático, mas a Mirian vai discordar e vai falar que dá sim.
Se eu ouvir na obra como vou saber se é isso que tá tocando?
Batidas meio baixinhas e minimalistas, com quase nada acontecendo... e 9 nego diferente entrando na música!

05 - Pharcyde - Plain Rap
De qualé?
Estiloso e bem feito, meio que herdeiro do A Tribe Called Quest. Eu acho ainda mais legal.
É do mal, dá para dançar, se eu ouvir na obra como vou saber se é isso que tá tocando?
Veja as respostas do item 7...

04 - Public Enemy - Power To The People And The Beats
De qualé?
Praticamente inventaram o hip hop moderno. As melhores letras e 100% espírito malaco. Música de pivete de verdade!
É do mal?
Sim mas no sentido de contextador e irônico pra cacete.
Dá para dançar?
Se você souber break dancing vai detonar.
Se eu ouvir na obra como vou saber se é isso que tá tocando?
"YEEEAHH BOOOOY"

03 - Dizzee Rascal - Maths + English
De qualé?
É tipo o Elvis do grime.
É do mal?
Inglês marginal, quebra a corneta do guerreiro presepeiro!
Dá para dançar?
Total, algumas coisas são rapidaças, dance freneticamente.
Se eu ouvir na obra como vou saber se é isso que tá tocando?
Quando ele pronuncia o nome dele sai "Dízi Rascúl" não estranhe que é ele mesmo...

02 - Lupe Fiasco - The Cool
De qualé?
MC novo que ficou popular por cantar com o Kanye West, superou o mestre dele. É outro cara que faz uns arranjos fodaços que você nem acredita que é hip hop (e por outro lado não perde o espírito, muito pelo contrário).Ganha extra pontos porque faz referencias legais a anime e quadrinhos nas letras.
É do mal?
É contra esse lance de hip hop tem que ser do mal, ele diz que detestava hip hop quando era novo porque os caras são cheios de idéia errada.
Dá para dançar?
Prefiro ouvir no carro.
Se eu ouvir na obra como vou saber se é isso que tá tocando?
Se você tirar a voz do mc vira uma banda de soul muito boa.

01 - NWA - Niggaz4Life
De qualé?
Praticamente inventaram (junto com o Ice-T) o gangsta rap. É de longe o ápice da inescrupulosidade no hip hop. A banda chama Niggas With Attitude.
É do mal?
É o mais do mal de todos. Tem uma faixa no disco que é um repórter acompanhando um tiroteio durante o show deles (não é real mas deu para você sentir o espírito).
Dá para dançar?
Brancos não podem dançar NWA senão apanham.
Se eu ouvir na obra como vou saber se é isso que tá tocando?
Se for inescrupuloso demais tem boa chance de ser eles. Easy-e em ritmo de musiquinha de criança:"I'm a nigga he's a nigga we's the niggas would you like to be a nigga too"?Ou o Easy-e na música de natal dele"Merry motherfucking Christmas and a fuck up new yearyou biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitch"

Outros que comandam:
De La Soul - 3 Feet High And Rising
Ghostface - Fishscale
El-P - I'll Sleep When You're Dead
The Roots - Phrenology
Clipse - Hell Hath No Fury

Da série "Música do Cramunhão" - If you see your mom this weekend, make sure you tell her, SATAN

Um cara era contador e outro fazia MBA na época. Eles largaram isso para viverem de lavar pratos, passar fome e ficar seguindo os caras do REM na rua. Ao vivo eles tocavam com os pratos da bateria pegando fogo, o palco cheio de fumaça, o vocalista gritando num megafone enquanto eles exibiam vídeos atrás com closes de cirurgias (reais) e outras coisas desagradáveis. O show deles devia dar medo, dizem que era caótico, violento e imprevisível. Esses caras fizeram uma capa de disco que até hoje eu mal consigo olhar (uma lápis enfiado dentro de um ouvido), isso numa época em que eles estavam com um clipe em alta rotação na MTV - ou seja, prestes a "estourar". Uma banda bizarra assim você já saca pelos nomes dos discos - Another Man's Sac, Rembrandt Pussyhorse, Locust Abortion Technician, Hairway To Steven (uhauahuaha Stairway to Heaven).

A chave para entender os Butthole Surfers é o humor. Se você olhar por alto, de passagem, ou não parar para pensar direito eles vão parecer só uns caras grotescos tentando te chocar. Mas aí você perde o que a banda é: uma grande piada irônica e um grande "foda-se" para convenções, especialmente as comerciais. E o melhor é que essa falta de limites é levada para a música: baixe uma música aleatória deles e pode sair uma música de mais de 10 minutos com o som incessante de gente vomitando por trás (inclusive essa fecha o disco), punk rock, pop bonitinho (inclusive foi música de abertura de seriado da Sony), música árabe, eletrônico viajeira, country psicopata e acho que qualquer outra coisa. Música para deixar sua mãe preocupada com você :-)

Comece por - Eletric Larryland
Disco mais Butthole Surfers - Locust Abortion Technician
Eu tenho medo dessas coisas - calma, você pode ouvir o Weird Revolution
Rockão - Independent Worm Saloon
Música cujo refrão fica mais na cabeça da história - Pepper, e o clipe é muito do caralho, assiste no youtube, vai por mim

Da série "pq mais gente não escuta isso" - Echo And The Bunnymen

in starlit nights I saw you
so cruelly you kiss me
your lips and magic words
the sky a hundred jews
and the killing moon
will come too soon

Fala sério... precisa dizer mais alguma coisa??

Começa por - Ocean Rain
E continua por - Ocean Rain
Um dos melhores discos da década de 80 - Ocean Rain
Lado mais from hell - Crocodiles
Lado mais bonitão - os recentes tipo Siberia ou o Flowers
Quero baixar só uma música para ver de qual que é - Killing Moon e anda logo!

And now the end is near...

99% da população do mundo tem certeza que vai poder cantar "My Way" do Sinatra no seu leito de morte. Não vai. Você não fez "do seu jeito". Foi mal.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Da série "Música do Cramunhão" - beware the water

Eu amo música deprê. Meu sentimento com as clássicas bandas melancólicas é mais ou menos assim: Joy Division é um "tento ser puro num mundo num mundo que já acabou", The Cure é um "porque não tem mais gente que me ama", Jesus And Mary Chains é aquela deprê de dia de ressaca, Echo And The Bunymen é total "so cruelly you kiss me".

Mas uma vez eu perguntei para um cara o que ele estava ouvindo, e ele me respondeu "Deftones. Agora só escuto música de dar desespero". Música de dar desespero é a melhor definição que alguém podia dar para eles.

Deftones é METAL. Já adianto que aprendi a duras penas a julgar nada pelo estilo. Estilo serve para te ajudar a economizar palavra na hora de explicar uma música, mas no âmbito pessoal só existem dois estilos, música boa e música ruim. Portanto, Deftones é metal, e muito imbuído de agressividade, mas não é nada clichê como você deve ter pensado. Estou rotulando eles de deprê mas é aquela deprê "agora todo mundo morra por favor e dá licença que eu vou ali bater a cabeça na parede". Estou rotulando eles de metal mas só porque tem uma guitarra distorcida até o talo. Eles gravaram uma música do Duran Duran. Eles gravaram Sade e Smiths (!)

Eu acho que o que faz a banda extrapolar é o componente sexual. Como diz minha esposa, Deftones é a melhor banda do mundo para ouvir fazendo sexo. Como esse parágrafo não faz sentido nenhum em relação a tudo que eu falei nos anteriores, isso é um bom sinal que a banda é interessante; com certeza não uni-dimensional e é única pra cacete. As músicas tem uma onda sexual/sinistra ao mesmo tempo e depois explodem em angústia e agressividade - poético :-) gostaram?- e ao mesmo tempo dá para moshar ouvindo isso.

Agressividade + sexo + desespero - me fala se isso não daria uma banda foda. E deu.


Para começar - Around The Fur, mas só se você me prometer que vai ouvir o White Pony depois.
Disco mais Deftones de todos - White Pony
Pessoas que vão perder essa banda por puro preconceito - pessoas muito presas a rótulos que acham que metal é necessariamente música ruim e tudo igual
Não comece por - vão discordar porque o Adrenaline é muito bom, mas ele não passa a idéia do que a banda é hoje. Deixa para escutar depois.
Aguardando - Eros :-) esse ano tem disco novo!

Da série "Minha Ilha Deserta Privativa" - I Am a Patient Boy

Fugazi é esquisito pra caramba. Basicamente é um carequinha berrando frases que os punks gostam de escrever com liquid paper na jaqueta ("you are not what you own", "language keeps me lock down and repeating", "promisses are shit", "I dont wanna be defeated") ao mesmo tempo em que um cabeludo de voz esquisita ignora o careca e entra em alguma viagem abstrata ("hey we want our violence doubled/no but really in a loving way"); esses dois tocam na guitarra algo que eu só consigo entender como uma mistura de punk com jazz (!) enquanto o baixista toca reggae (!!). Parece horrível não é? Mas é só perfeito. Parece complicado no papel mas foi levado para frente de um jeito tão direto e natural que me deixa intrigado. Fugazi é esquisito pra caramba.

Os caras do Fugazi lançaram todos os discos desde o primeiro por uma gravadora própria (Dischord) e cobram em torno de 10 dólares por cada um. Os caras do Fugazi não deixam os lugares onde tocam furar o olho da moçada no preço do ingresso (média entre 5-10 dólares, em Washington eles só tocam de graça). Os caras do Fugazi detestam drogas mas não gostam de ficar discutindo isso pq "cada um faz o que der na telha". Os caras do Fugazi não dão entrevista para veículos que propagam qualquer coisa com a qual eles não concordam. Os caras do Fugazi topam tocar até no boteco do Seu Carlos se ele chamar. Os caras do Fugazi fizeram tudo ao contrário. Como o som da banda parece complicado no papel e na prática simplesmente funciona.

De vez em quando eu escuto todos os discos do Fugazi de uma vez só. Se eu pudesse tocar na banda que eu quisesse eu seria do Fugazi. Ia ser mais alguém fazendo alguma coisa totalmente diferente dos outros :-)

Para começar a entender: o ideal é o DVD Instrument, mas como ele é difícil escute o 13 Songs.
Disco mais Fugazi do Fugazi: Repeater
Quando eles chutaram o balde e começaram a fazer música REALMENTE esquisita (e fodaça): Red Medicine
Não comece por: Steady Diet Of Nothing

Da série "Minha Ilha Deserta Privativa" - we're the Ramones and this one is called Rockaway Beach!

Desde que eu me entendo por gente frequento a casa dos meus tios em São João Del Rey. Eu gostava da música que tocava lá porque não dava sono, as capas dos vinis tinham desenhos de monstros e tocava Ramones.

Quando eu tinha uns 9 anos de idade peguei com eles o vinil amarelão e todo arranhado da coletânea, o Ramones Mania. Eu deixei o disco tocando no vinil e gravando numa fita k7 e saí para fazer alguma coisa. Ele tinha um arranhão no refrão de Sheena Is a Punk Rocker que fez com que eles repetissem a frase "a punk rocker" umas 25 vezes. Eu ouvia a fita assim sem saber que era um arranhão e achava a música genial.

Eu devo metade da minha adolescência aos Ramones. Metade das pessoas que eu conheci, dos lugares que eu fui e das coisas que eu fiz (principalmente as erradas) tinha alguma ligação com o fato de gostar de Ramones. Vai saber o rumo bizarro que minha vida iria tomar sem eles. Aposto que eu seria uma pessoa pior.

Reduzem os Ramones a pessoas burras que não sabem tocar. Quase todo o rock que veio depois deles deve algo a eles. Ramones era quase um manual de como ser marginal e como abordar a música de uma maneira zen: somente o mínimo necessário, nada mais. O jeito de tocar deles, que hoje é banalizado, simplesmente não existia antes deles, especialmente em relação à guitarra. E se são burros, são maravilhosamente burros. Escreviam as letras com a mesma abordagem e como diz meu amigo Kirat, falam em 3 frases tudo que você precisava ouvir. O dia que o Joey Ramone morreu eu chorei numa mesa de bar.

Uma vez minha irmã namorou um rapaz que não gostava de Ramones. Eu sabia que não ia dar certo.

Para começar a entender: It's Alive
Disco mais Ramones de todos: Rocket To Russia
Um lado mais romântico: Pleasant Dreams
Não comece por: Animal Boy nem o Subterranean Jungle

Rise from your grave and welcome to your doom!

Criei um blog. Eu tinha certeza que nunca ia fazer isso. Traidor do inferno.
Idéias simples e sem compromisso (não prometo nada) :-)

- nunca vai ser um diário (vc não quer saber da cor da cueca que eu coloquei hoje);
- muita gente gosta de me perguntar o que eu ando ouvindo/lendo/assitindo/jogando, e eu gosto de saber o que você está lendo/ouvindo/assistindo/comendo/vestindo/lavando etc. Isso eu vou gostar de postar aqui principalmente para ver seus comentários. Me façam recomendações tb! ( mas se alguém pela milésima vez cismar que guitarrista tem que gostar de Dream Theater eu vou pessoamente lá bater nos caras dessa banda);
- algumas idéias aleatórias podem vir parar aqui se me der na telha. Normalmente elas não servem para nada então agora vão passar a servir... encher linguiça no blog!
- eu amo todos vocês. O mundo é belo e tem coelinhos brancos pulando. E zumbis. Abraço!