quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Da Série Minha Ilha Deserta Privativa - Veludo Subterrâneo


Com poucas exceções, o rock até a década de 60 era música de festa, dançar, beber, simples, falava bobagem e era meio que vazio e adolescente (e muitas vezes legal por isso mesmo, mas divago). A década de 60 definiu a cultura jovem baseada na paz, amor, o mundo é muito belo, todo mundo é legal, os jovens vão mudar o universo. Um monte de mentira hippie. Os mesmos hippies que ficaram iguais ou piores que os velhos que criticavam.

Aí do nada me aparecem uns marginais from hell de NY que cantavam sobre tomar pico de heroína (heroin/it's my wife/it's my life), sadomasoquismo, ir aos bairros negros para comprar drogas, sobre viagens abstratas, o mundo marginal e que é dark e fedido e não feliz e florido como os hippies diziam. Formado por um dos melhores letristas da história do rock fácil (Lou Reed), que meio que criou todo um estilo minimalista de tocar guitarra e de cantar que não existia na época (tanto que uns bons anos depois eles passaram a ser reconhecidos como os avôs do punk); John Cale que até hoje é reconhecido como um dos maiores gênios da música experimental; Sterling Morrison, que mandou tudo às favas e foi viver em um barco; e Maureen Tucker, a baterista que ninguém sabia se era homem ou mulher, o Velvet Underground chamou a atenção do mr. Andy Warhol, e daí passou a chamar atenção de todo mundo (todo mundo que importa pelo menos). Tudo bem que ele socou à força a Nico na banda (mais porque ela era bonita do que tudo) o que deixou o Lou Reed puto, mas mesmo as contribuições dela (com o vocal feminino mais bizarro da história que você começa detestando e depois ama) comandam.

O Velvet fez só 4 discos que mal venderam. Para mim os caras impactaram tanto a história do rock quanto os Beatles e tinham que doar sangue por dinheiro ou vender fotos para revistas sensacionalistas (que publicavam que eles eram algum psicopata do interior) para viver. Duvida? A partir do Velvet que passou a existir "rock de adulto" (boa definição do Guto), música séria e bem escrita e que trata de temas pesadaços e não tem medo de experimentar. E como é um compositor foda Lou Reed sabe ser romântico para valer, assustador para valer, malandro, fazer músicas agressivaças e músicas lindas, usar humor ou te chocar.

Sabe aquele estilo que entendemos como "indie rock"? Começou aqui. Punk? Nasceu daqui. Qualquer cantor atual tido como "urbano" e que lida com temas marginais - deve algo. Música minimalista, música experimental, rock no geral - todos devem algo. Salvaram os anos 60.
Uma coisa que Velvet não é de jeito nenhum é uma coisa só. E uma coisa que o Velvet é com certeza é uma das minhas 10 bandas preferidas.

Comece por - é obrigação moral de todo cidadão ouvir os 4 discos do Velvet na ordem cronológica. E ouvir muito. Se eu fosse presidente estabeleceria batidas para parar as pessoas e ver se elas sabem de cor todas as letras da banda. E mandaria espancar quem não soubesse alguma.
Mas só para te dar noção:
Maiores clássicos e melhores letras - The Velvet Underground And Nico
O engenheiro de som abandonou o estúdio no meio da gravação se recusando a gravar "essa barulheira" (é sério!) - White Light White Heat
Lentinho e todo fofinho, na verdade clima de lentidão de dia de ressaca deprê - The Velvet Underground
Lou Reed começou a achar que é o Bob Dylan - Loaded
Nota de 1 a 10: 11 para cada um dos discos
Você - já está escutando ou não carai?!?!?!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Da Série Confissões - eu sei que não devia mas eu gosto

Quem não tem seus guilty pleasures?

Prince - ele é o não-gay mais gay do mundo, ele é horroroso e tem certeza que é sexy, ele fez tudo que é odiável em popstars da década de 80 (de balada farofeira até quase-metal farofeira, tirando os filmes ridículos/roupas ridículas/declarações ridículas etc), ele precisa comprar duas passagens de avião (uma para ele outra para o ego dele), tem as idéias mais babacas e erradas em relação a divulgação da obra dele (tipo de exigir - e conseguir - que o youtube retire do ar suas coisas). O Prince basicamente é um idiota. O Prince é um músico foda, tanto tecnicamente como guitarrista (e mais trocentos instrumentos que ele toca) quanto musicalmente falando. Eu gosto de (quase) tudo do Prince. INCLUSIVE das farofas.

Marilyn Manson - quase tão poser e marketeiro quanto a Avril Lavigne, adota a tática Gorda Gil de chamar a atenção sempre que pode com tudo que pode (exceto o que interessa, que é a obra). Deve muito da qualidade para o Trent Reznor - com quem tem um monte de briguinha de comadre públicas - e para o ex-baixista Twiggy. O vocal dele é mega manipulado no estúdio para ficar ouvível. Marilyn Manson é um rockstar no pior sentido da palavra. Apesar disso, é genuinamente inteligente e criativo. Para mim, o Antichrist Superstars e o Mechanical Animals são dois dos melhores discos da música pesada da década de 90. Mas não deveriam.

DMX - protótipo de gangsta rapper com conteúdo que se resume a pouco mais que "eu como todas as mulheres/eu mato os caras/eu sou muito louco/eu sou muito foda" (dito de 5000 maneiras diferentes), e uma onda completamente incoerente de fé em Deus (!?!?!?!), além de pouca abertura para arranjos originais e realmente interessantes, DMX contribui para o tipo de hip hop que está dominando e que definitivamente não é o hip hop que eu considero legal. DMX me agrada em algum nível primordial estranho ao qual eu não tenho acesso direto consciente (pelo menos os primeiros discos, depois ficou realmente MUITO ruim). Eu simplesmente não sei dizer porque. Ele tem uma performance carismática e consegue fazer a onda de "sou mal pra carai" de uma maneira convincente. Sabemos que não é o suficiente. Mas nesse caso, foi.

Izzy Stradlin - qual é a chance do EX-GUITARRISTA DOS GUNS ANS ROSES fazer um DISCO SOLO BOM? Zero. Só que eu ADORO esse disco. Por favor não vamos mais tocar nesse assunto e se você contar que eu falei eu nego.

Ingresso Cego

Esse ano vai ter um festival fodaço (Planeta Terra) e imperdível para eu ir e levar minha mulher gatinha: Spoon, Jesus And Mary Chain e Breeders (PQP) e ainda outras coisas bacanas tipo Bloc Party e Kaiser Chiefs. Só que eu li que a pegadinha vai ser: vão abrir um site do festival onde você compra o ingresso (com desconto) SEM SABER PARA QUAL É A PROGRAMAÇÃO.

Aí já fica a ansiedade desde já: compro agora com desconto e garanto meu lugar ou espero "oficializar" as bandas acima, compro mais caro e ainda fico com medo de esgotar? O que eu faço???? Tô pendendo a arriscar!!!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Guia Rise From Your Grave para a discografia do New Order

New Order:
  • não é o Joy Division, mas é outra banda diferente com tanto valor quanto;
  • não é pop efêmero de FM, mas é uma das poucas bandas que fazem o que eu entendo como POP PERFEITO;
  • música eletrônica no geral deve demais para eles;
  • quando se fala de pop eletrônico/synthpop ninguém consegue chegar nem perto. Nem o Depeche Mode;
  • se você estiver colocando som em uma festa, numa boate ou coisa parecida, eles estão na categoria de "bandas infalíveis" assim como o Daft Punk - não importa se o seu público é punk, gosta de eletrônico, é playboy, metal - todo mundo vai dançar e todo mundo vai gostar
  • é umas das 10 melhores bandas da década de 80 FÁCIL;
  • é uma das 10 melhores bandas pop da história FÁCIL;
  • assim como eu falei do Cut Copy, fazem algo que parece muito simples e espontâneo e fácil, até você ir lá e tentar fazer e ver que quase ninguém consegue fazer bem como eles;
  • sempre foram interessantes e criativos, nas capas de discos, nos vídeos, nos singles com embalagem legal, nos shows. Como diz o Bernard Summers "só não queríamos ser mais uma banda de rock chata".
  • entre as coisas que você escuta, muito mais delas tirou algo do New Order que você imagina.
New Order é daquelas bandas que você tem que ter tudo e escutar tudo. Não importa seu gosto musical - basta não ter preconceito com pop e eu acho quase impossível não gostar de New Order.

Esse é meu mapa particular da discografia do New Order - note que os melhores singles do New Order NÃO entram nos discos, então mesmo se você pegar tudo não pode deixar de procurar as coletâneas de singles tipo a clássica Best Of New Order da capinha branca:

Movement - o Movement é mais o terceiro disco do Joy Division do que o primeiro do New Order, e normalmente é meio que massacrado por isso. Injustamente na minha opinião, porque embora seja tipo um "Joy Division não tão bom quanto Joy Division" ou um "New Order que não é bem New Order" ainda assim é um disco muito bom. Abstrato, frio, distante, estranho, deprê, e com vocais graves que até dá para confundir com os do Ian Curtis.
Resumo: gótico dos anos 80 na veia. Me lembra The Cure do início.

Power, Corruption & Lies - tido universalmente como o disco em que o New Order virou o New Order, eu acho que isso só ocorreu no próximo, mas adoro o ponto onde a banda estava neste disco: exatamente no meio do caminho entre a gotiqueira do primeiro e o pop eletrônico um bocado menos sombrio do futuro. Esses discos de "transição" quase sempre são super inconsistentes, mas não é o caso aqui. Imagine o New Order que você conhece mas com um tom mais sério e viajante e você vai perceber que isso dá um som muito interessante.
Resumo: nem aqui nem lá, mas o meio do caminho é super bacana também. Synth pop viagem.

Low Life - aqui para mim foi o ponto em que eles descobriram qual é o seu som. New Order sempre foi bem eletrônico, mas nesta época ainda era bastante rock e o Low Life é o melhor disco "rock" deles para mim. Acho inclusive ótimo ponto para começar se você não animar a ouvir todos (mas devia). Se não fosse o Technique seria candidato a melhor disco deles.
Resumo: gostamos de eletrônico mas somos uma banda de rock. E esse para mim é o verdadeiro primeiro disco do New Order.

Brotherhood - não acho que eles estavam num período particularmente criativo aqui. Acho o Brotherhood basicamente o Low Life 2 mas as músicas tendem um pouco mais para uma fórmula um pouco genérica. Brotherhood é um disco que eu escuto, escuto, escuto e as músicas dele não ficam na minha cabeça. Mas para ser justo não é ruim, só empalidece diante dos outros (tirando que é o disco que tem Bizarre Love Triangle, então foi o disco que foi responsável por estourar eles de verdade). Vale uma coisa que eu já escrevi aqui no blog: disco mais ou menos de banda foda quase sempre equivale a disco foda da maioria das outras bandas.
Resumo: é meio que genérico de New Order, só que feito pelos próprios.

Technique: acho que perceberam que o público que os idolatrava era mais a moçada do eletrônico que a do rock, ou então simplesmente ficaram com vontade de experimentar mais. No Technique eles quase que largaram as guitarras e fizeram o disco mais eletrônico de todos. Por acaso ou não é o melhor disco do New Order. Só tem música forte e todas ficam eternamente na sua cabeça. Se alguém me perguntar o que é que eu chamo de "pop perfeito", basta escutar o Technique.
Resumo: dane-se desse negócio de rock, nós somos é eletrônico mesmo. Esse é melhor disco.

Get Ready: é bem a volta do rock no New Order, funciona mais como um disco de uma banda de rock que se interessa por eletrônico do que um disco de synth pop. Esse disco foi gravado na época que o Billy Corgan dos Smashing Pumpkins era da banda. Como foi um disco que demorou muito para sair decepcionou algumas pessoas que queriam um Technique 2. Eu tenho muitíssimo carinho por esse disco, até porque para ser sincero talvez seja o disco deles que eu mais escutei até hoje. Disco fácil para fazer alguém que não gosta ou não conhece muito de se ligar na banda.
Resumo: rock and roll!! (aliás pop and roll)

O Republic e o Waiting For The Siren's Call ainda estão na fila para eu ouvir. Se basear nos singles deles que eu conheço boto fé nos dois.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Zombiepod!

Eu agora tenho um zombiepod!!!!

Da Série Random Music - Pêlo e Ouro


Meninas com personalidade forte, boa voz e que fazem música interessante sempre vão ter lugar no gosto musical de todo mundo. Eu acho que todo mundo tem pelo menos uma mina estilo "cantora-toca tudo-faz tudo" que gosta, e geralmente gosta muito. PJ Harvey, Bjork, Patti Smith e etc. estão em uma das correntes mudicais da música pop que mais geram subprodutos. E raramente sai algo bacanão mesmo.

A primeira vez que eu vi essa mina foi num vídeo totalmente David Lynch + Donnie Darko onde ela anda sozinha em uma bicicletinha no meio de uma noite escura cantando uma música FODA - som eletrônico climático com vocais fortes e uma melodia meio soturna, meio que uma Bjork menos excêntrica mas também criativa - e que de vez em quando é acompanhada por outros bichinhos bizarros nas suas respectivas bikes. O vídeo é ótimo, a música mais ainda, fui procurar o disco dela e achei mais uma dessas raras mocinhas que fazem isso funcionar. Se chama Natasha Khan, é inglesa, artista visual, toca tudo (mas dá preferência para o eletrônico + piano), é autodidata e toca com o nome de Bat For Lashes.

E não é que a menina deu sorte - quase ganhou o Mercury Prize (que é tipo um grammy um pouquinho menos picareta), tocou no Glastonbury e tem aberto direto os shows recentes do Radiohead. Se o Radiohead falou que é bom você não vai discutir né. Por hora só tem um disco (Fur And Gold) e uma puta promessa.

Faça um teste: todo mundo que eu conheço que viu esse vídeo pegou o disco dela. Duvido que você vai ser exceção.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Experimento Bacanudo

Finalmente fiz algo que tinha muito tempo que eu queria fazer: comprei um HD externo razoável (160 Giga) com o único objetivo de finalmente guardar tudo que eu tenho de música digital em um lugar só. Estava tão enlouquecedor lidar com milhões de CDs e DVDs de mp3 que eu tive que fazer um banco de dados e um software para conseguir localizar minhas músicas (não é brincadeira!!). E mesmo assim fica aquela chatice de ter que achar o que você quer no software, achar o DVD, copiar para o computador, inserir no player... agora sou LIVRE :-D (ou pelo menos até o HD encher).

Deixei o Itunes processando todas as músicas de uma vez. O Itunes faz tanta coisa com as músicas que ele lê que tive que deixar o computador virando a noite, acordei de manhã e o pau ainda estava quebrando (por isso para mim o melhor player do mundo é o Amarok, faz tudo que o Itunes faz, faz mais ainda e é mais leve e mais rápido, porém ele é só para a moçada do Linux).

Além de ter tudo que eu gosto ao alcance de um clique e disponível para uma playlist, além de tudo que eu gosto ter possibilidade de aparecer em um random, além de tudo que eu gosto poder ser transferido imediatamente para o Ipod com dois cliques, tem outros lances tipo poder dar uma festa e colocar para tocar qualquer coisa qualquer hora, poder levar esse HD para a casa dos outros para copiar as coisas deles, poder mandar ele fazer café, lavar roupa e me levar em viagens espaciais.

Resumindo, quem gosta muito de música vai entender que eu estou no paraíso.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Da Série Random Music - A Mente é Algo Terrível de Se Provar


Uma banda com duas baterias (uma acústica e uma eletrônica) e que coloca uns 5 guitarristas no palco atrás de uma grade de arame (que a platéia frequentemente escala e se joga lá de cima) com um vocalista que parece uma mistura de um mendigo e um cowboy gritando cheio de efeitos esquisitos na voz e tocando sentando MUITO o cacete com distorção em TUDO, na frente de bandeiras dos Estados Unidos pegando fogo. Se você nunca viu um show do Ministry você não sabe o que é rock and roll.

Lá para 1981 o Mr. Alien Jourgensen (que faz mais ou menos uma banda nova por dia, todas legais - Lard, 1000 Homo DJs, Revolting Cocks, Buck Satan And The 666 Shooters) começou o Ministry como uma banda de synth pop meio gótica - uma espécie de Depeche Mode - que nunca estourou mas fazia um som até que interessante. Até que lá para 87 ele se lembrou que sabia tocar guitarra e virou a banda de cabeça para baixo: colocou distorção em tudo (baixo, bateria, vocal, guitarra!!) e começou a fazer um som que tinha como objetivo parecer o que seria o metal se fosse tocado por robôs e não por gente. Tacou o título de "The Land Of Rape And Honey" no disco e começou uma das bandas mais políticas que existem até hoje. O Ministry não inventou o metal industrial (estilo que foi imitado por trilhões de bandas depois deles). Mas, o Ministry inventou o metal industrial. Se é que você me entende.

O Ministry tem 3 chaves para mim: repetição, peso e saber rir de si mesmo. Uma típica música do Ministry é basicamente música eletrônica (um monte de elementos se repetindo infinitamente), porém estes elementos são batidas bem fortes e rápidas, guitarras distorcidas e barulheira. Para quem não conhece é impactante para cacete - sempre que eu escuto Ministry saio com vontade de chutar alguém. E as letras são bem políticas mas não de um jeito mal humorado "apontando o dedo" - são na veia satírica e irônica dos Dead Kennedys. Combinação que nunca varia muito mas que também nunca te deixa na mão. E a banda tem momentos em que deixa tanta porrada e faz umas coisas inusitadas - tipo gravar um cover de Bob Dylan (fodaço aliás) ou dos Doors ou dos Stones (tudo convertido para o estilo porradão eletrônico deles).

Se você não gosta de música pesada, nem passe perto. Mas se tem qualquer pequeno interesse em música porrada e não escuta Ministry resolve isso rápido. Me lembro nitidamente de me sentir super impactado as primeiras vezes que eu escutei, e o impacto não diminuiu muito com os anos. Acabou tem pouco tempo e foi bom do início ao fim. Também fique de olho nas outras bandas do Al Jourgensen.

Comece por - In Case You Didn't Feel Like Showing Up (ao vivo curtinho mas mostra muitíssimo bem o que é o Ministry, se prepare para ser isolado da cadeira quando ouvir)
Disco mais Ministry - Psalm 69
Um dos melhores discos de música pesada da história - Psalm 69
Clássico do industrial - The Land Of Rape And Honey
O disco "lento" do Ministry - Filth Pig
Mais para o lado metalzão - Rio Grande Blood

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Auto promoção!

Moçada vai ter show do Hellvis na Velvet neste domingão!
Deve ser de tardinha tipo 18:00 mas eu confirmo o horário aqui.
Vai porque semana passada foi anviersário da morte do homi!!!

Post aleatório de 3 perguntas das quais não sei a resposta *

* em homenagem a um mega show que bombou em São João Del Rey esse fim de semana

Por que os crentes do Brasil só podem fazer música religiosa com a sonoridade mega cafona?
Afinal: qual seria o grande problema ou impeditivo de se fazer um som bom com temática religiosa?
Será que Deus é tipo fã de música brega?

Nota: existe música "boazinha" que não é cafona -> Flaming Lips, Fleet Foxes, Beach Boys, as músicas religiosas do Elvis e Johnny Cash, Sufjan Stevens, Panda Bear...

Da série random music - Eu te amo mas escolhi as trevas


Eu detesto academia e acho que todos os esportes (exceto mexer o gelo no copo de whisky) deveriam ser proibidos. Porém, caminhar é bacana. Ótimo momento do dia para escutar música nova é caminhando perdido nos seus pensamentos (na verdade isso é muito romântico né, na maior parte do tempo você está pensando sobre nada e fingindo estar profundamente meditando). Teve uma época longa em que eu andava pelo menos por uma hora - muitas vezes mais - na praça da liberdade em BH e essa era minha hora de descobrir coisa nova legal.

O lance é que, vai saber porque, passei uma fase maluca nesta época em que eu meio que larguei o rock, que por bem ou por mal no fundo sempre foi o centro de gravidade do meu gosto musical. Não queria ouvir Radiohead. Não queria ouvir Sonic Youth, nem Pixies, nemRamones. Não queria ouvir The Clash nem Interpol. Estava viciado em eletrônico, jazz e hip hop. Escutava Squarepusher, John Coltrane e cloudDead. Escutava Gorillaz mas não escutava Blur. Não me passou despercebido. Eu reparei que entrei numa zona de estranheza com o rock, tentava sair e não conseguia. O desespero se apossou de minha alma enquanto eu lutava contra os pesados grilhões que me mantinham distante das minhas velhas paixões (uahauhauahauhaua trecho gótico de graça do dia em homenagem ao Príncipe Elfo).

Bastou uma música para me trazer de volta.

Quando eu comecei a ouvir essa banda nova de nome legal no Ipod (I Love You But I've Chosen Darkness) eu dei stop. Lembro de ter percebido de cara que isso TINHA que ser ouvido num som bom e bem alto. Cheguei em casa, coloquei o som na altura de tremer o vidro da janela e deixei rolar The Ghost. Começa bem devagar e bem climática, tem um clima bem soturno, um vocal meio enterrado embaixo dos instrumentos como se fosse alguém tentando falar de baixo de escombros. E cresce sem parar, e cresce sem perder o clima. Aliás, tudo na banda é clima, desde as guitarras lentinhas com os timbres bonitões e frios até a bateria meio percurssiva e os teclados que NÃO barangam o negócio. O papo aqui é frieza e deprê, mas também é muito bonito e envolvente. Se quiser, imagine um Interpol mais lento e mais deprezão.

E depois das duas primeiras frases do disco (A fire swept through/Everyone rushed for the door) eu estava de volta, o rock começou a dominar de novo, e todos foram felizes para sempre.

Essa banda foi meio tipo um furacão. Surgiu do nada (lá de Austin, no Texas), fez um disco em 2006 (Fear Is On Our Side) que chamou a atenção de todo mundo e também sumiu do nada, ninguém mais ouviu falar. Acho que voltaram para o planeta deles. Mas estou aqui na esperança de ouvir mais coisa, fica de olho. E escuta alto.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Da Série Random Music - todo mundo que fingia gostar de mim se foi


Walkmen é uma banda de álcool. Feita por quem bebe muito e para quem bebe muito. Eu não bebo muito hoje, mas vamos dizer que eu sei beber e qualquer um que já tenha tomado uns porres tem grande facilidade de identificar os sentimentos que passeiam (gloriosamente) pela música deles. Mas não é uma banda de álcool estilo Motorhead ou Go! Team (feitas para ouvir no auge da euforia da birita) mas feita para ouvir no momento em que você está caminhando bêbado para casa tarde da noite, sozinho, um pouco melancólico e já antecipando a ressaca. Uma certa falta de compromisso, arranjos que são no geral meio que lentos e trôpegos (a grande maioria das músicas me faz sentir exatamente caminhando sozinho de madrugada), cantadas por um cara que eu tenho certeza que está bêbado.

Ficou com impressão de algo meio que avacalhado? Impressão errada. Walkmen está entre as mlehores bandas que surgiram de 2000 para cá fácil. Favorecendo instrumentos antigos - aliás, de forma geral timbres e sonoridades antigas, até formatos de canção antigas - pode-se dizer que este estilo que eu estou chamando de descompromissado na verdade é extremamente bem tocado, o perfeito caos controlado - mas não é um caos furioso. De certa forma é um caos delicado. Passa um sentimento de pouco esforço enquanto na verdade pode ter certeza que tiveram que ralar para fazer. A atmosfera é bem convincente, até porque não é unidimensional - escute a música "The Rat" e me diga se ela não capturou com 100% de perfeição o sentimento que ela tentou passar (nem vou escrever ele aqui, deixo para você interpretar). Aliás, uma das melhores músicas feitas de 2000 para cá na minha opinião.

Se não está escutando Walkmen ainda, se considere um felizardo, porque tem um som perfeito ainda para descobrir. Mas escolha o momento certo para absorver eles pela primeira vez. A próxima vez que comprar uma garrafa de Jack Daniel's passe a noite bebendo ela devagar e escutando o som estilo música de tocar em bar escuro para gente meio que deprimida deles. Vai terminar a noite em melhor estado de espírito que você pensa. E me chame para dar uma força com a garrafa. :-)

Comece por - Bows + Arrows
Disco mais Walkmen - Bows + Arrows
Mais deprê - Everyone Who Pretend To Like Me Is Gone
Mas variado - A Hundred Miles Off
Saindo hoje - You And Me

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Da Série Random Music - Navegando o Mar de Queijo

Esse cara é, antes de tudo, um maluco. Imagina um cara excêntrico que cresceu entre as bandas de metalzão da Califórnia (aliás quase entrou no EXODUS) mas que preferiu levar as idéias excêntricas dele para uma banda de som próprio e maluco. Viciado em psicodelia, virtuosismo (do tipo bom e não chatão como eu discuti num post passado), música antiga, metal, desenhos animados, polka, piadas escatológicas e personagens bizarros e sem sentido e que acontece de ser (para mim) o melhor baixista do mundo. O cara me faz uma banda que com um som que não se parecia com nenhuma, continua muito único e provavelmente vai continuar.

Essa banda é meio que metal mas é bastante funkeada, de uma forma original totalmente baseada no som do baixo - todos os outros instrumentos são coadjuvantes (bem incomum no mundo "guitar-cêntrico" do rock). A música é, de fato, levada pelo baixo - tocado de forma incrível - a bateria só existe para acompanhar o baixo, e a guitarra para fazer sons estranhos que pontuam o que o baixo está fazendo e de vez em quando mandar um solo bizarrão. Consegue ser isso ao mesmo tempo em que soa como formas de música antigas (o Les Claypool, que é esse baixista doidão, já chamou o som deles de polka psicodélica - e eu já passei uma tarde ouvindo eles com o meu avô!) e, acima de tudo, bizarra. E os vocais parecem cantados por um personagem de desenho animado, cantando sobre temas que interessariam a alguém que habita um universo de desenho animado.

Essa banda é o Primus e já lançaram discos como Pork Soda (que começa com a música My Name Is Mud, que faz com que a platéia jogue lama na banda!), Sailing The Seas Of Cheese (com músicas sobre pilotos de corrida e a história de um gato recitada pelo Tom Waits) e estouraram com uma música sobre a precheca da Wynoma Ryder (Winona's Big Brow Beaver).

Tem um amigo meu que me disse que escutava de tudo muito alto mas sempre que colocava Primus por algum motivo até hoje desconhecido o gato dele fugia da sala desesperado. Primus não adianta ficar lendo, tem que escutar para entender. Eu recomendo.

Comece por - Sailing The Seas Of Cheese
Disco mais Primus - Pork Soda
Mais divertido - Tales From The Punchbown
Menos bizarro - Antipop

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Da Série Random Music - Corta-Copia


Cut Copy é uma banda simples que pode te enganar com facilidade. 3 camaradas da Austrália que começaram recentemente (2001), estão no segundo disco e são de certa forma super stars lá (o segundo disco ficou em número 1 na parada de lá, enquanto aqui no Brasil os tops da semana são Wanessa Camargo, Leonardo, Bruno e Marrone e Daniel - nós merecemos). O som deles é extremamente descomplicado e fácil de gostar: pop eletrônico divertido e bem tocado, com muita influência de indie rock e de synth pop dos anos 80. Ou seja, parece New Order.

Só que, esse som é simplesmente muitíssimo mais difícil de fazer do que parece. Embora soe totalmente natural, sem esforço e espontâneo, me surpreendeu a capacidade desses caras de se aproximar do que eu entendo na minha cabeça como "pop perfeito". Fácil de gostar, dançante, divertido, dá para cantar junto, para colocar numa pista à noite, e é tudo isso sem ser superficial e nem enjoativo (pelo contrário, quanto mais eu escuto mais me dá vontade de escutar - anda no repeat o dia inteiro). É mais ou menos a arte que o New Order dominou (quando eles perceberam que não eram o Joy Division) e para qualquer banda (especialmente uma de pop eletrônico) ser comparada com o New Order tem que suar MUITO. Honra, de fato.

Em alguns momentos o Cut Copy sai um pouco do eletrônico e começa a gravitar mais para o indie (mais guitarra e vocalzinho feliz). Nesses momentos tende um pouco para o genérico. Não destrói a banda mas não procure esses caras por causa de rock. Procure esses caras para ouvir música de sintetizador bem intencionada e feita por pessoas legais. Vai entrar no meu top 2008 com muita facilidade, principalmente se eu for pelo número de vezes que eu escutei. Quem sabe Wanessa Camargo e Daniel aprendam que pop pode funcionar e ser tão válido e bem feito quanto qualquer outro estilo.

Qual disco - pega o In Ghost Colours

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

E minha teoria é provada no mesmo dia...

Conversa ontem 00:00 h no estúdio onde eu estava tocando, com o dono (que se encaixa totalmente na categoria Técnica 10 X Musicalidade 0):
Ele: -Quer comprar esse amplificador da Fender?
Eu: -O quê? Você não acha esse timbre dele maravilhoso?
-Ah sim, mas não serve para o que eu toco.
-Mas é porque você não gosta de música. Você gosta de farofeiro e punheteiro, você gosta de ciência e competição.
-Eu escuto é Van Halen. O que é farofa?
-Van Halen.
-Mas eu não gosto da banda dele, eu gosto é DO Van Halen.

Ok. Você escuta um MÚSICO de quem você não gosta das MÚSICAS dele.

Post bobo mas me apeteceu a coincidência de ver na prática minha teoria ser provada no mesmo dia. Confiem neste blog. Ele ainda vai ganhar um prêmio de "mais generalizações corretas sobre cultura inútil e coisas corriqueiras que ninguém se importa" :-D

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Mas eles tocam pra carai véio!

Eu queria postar sobre Primus (e ainda vou), porém como eu estava iniciando o assunto falando de quanto eu desprezo virtuosismo vazio (também conhecido como masturbação musical) achei que merecia um post.

Ponto: técnica e musicalidade são das habilidades distintas. Uma pessoa pode possuir nenhuma delas, as duas ou somente uma. Não confunda. Já expliquei tudo que eu penso sobre o assunto.
Frequentemente vejo:
  • artistas punheteiros que se vendem como grandes músicos e que de fato possuem uma técnica super apurada fazendo malabarismos impressionantes nos seus respectivos instrumentos porém tocando um som que é, pura e simplesmente, desinteressante e irrelevante;
  • gente defendendo esses ditos artistas que você "tem que ouvir" porque "tocam pra carai" ou falando que determinada banda é boa porque "toca pra carai";
  • só para ser justo, gente que também radicaliza para o outro lado e despreza qualquer coisa que seja um bocado mais técnica automaticamente, como se excesso de técnica automaticamente destruísse musicalidade.
O que isso significa na prática? Na prática significa que cada um procura o que quer da música. Eu quero musicalidade e ponto final. Eu escutaria alguém com técnica nota 10 mas musicalidade nenhuma? Nunca. Eu escutaria alguém com bastante musicalidade e técnica nenhuma? Sem dúvida. Você pode talvez pensar o contrário. Mas eu vejo isso em gente que enxerga a música como ciência (ou quase como esporte) e pouco como arte ou como um instrumento para gerar resposta emocional.

Generalizando:

Técnica 0 X Musicalidade 0
Música para quem não gosta realmente de música, tipo picaretagens de rádio FM em geral(de Josta Quest até a banda KY)
Música feita para ser gostada e não para ser música, música feita para ser fácil e não para ser boa.

Técnica 0 X Musicalidade 10
Música simples e perfeita, tipo Ramones e Chuck Berry, Blondie e Strokes, Nirvana e Public Enemy. Música feita por quem quer fazer música e faz do seu jeito. A maioria das minhas bandas preferidas estão aqui.

Técnica 10 X Musicalidade 0
Musica para gente chata e esnobe e que também não gosta de música, mas sim de ficar impressionado com o fato de estarem tocando em tempo 17/13 ou com a velocidade dos dedos do guitarrista ou com a virada de bateria cabulosa que o batera consegue fazer. Música para quem acha que música é esporte ou ciência, tipo punheteiros em geral (Rush, Dream Theater, rock progressivo em geral, os jazzistas ruins, os Steve Vai da vida etc)
Também entram aqui os picaretas que se importaram em se desenvolver tecnicamente mas tacaram foda-se para talento - tipo Sandy e Junior e Christina Aguilera (é assim que escreve?)

Técnica 10 X Musicalidade 10
Gente que realmente "toca pra carai" mas não precisa ficar esfregando isso na sua cara de forma óbvia o tempo todo (Radiohead) , os jazzistas bons, e gente que sabe ser complicada mas interessante (tipo Tool e Frank Zappa).

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Good Evening Mr. Lynch

Foi mal Kubrick, foi mal Buñuel, foi mal Bergman, mas abaixo sou eu (olha minha cara de pouco satisfeito) com o cineasta mais foda da história da humanidade, em foto tirada pelo brother André Amarred.


Deprimente é ouvir na fila gente idiota que leu no Estado de Minas que ele é importante e foi lá sem ter nem idéia de quem é o cara. Tive que ouvir uma mulher falar que o David Lynch tinha que fazer um filme no Brasil porque a Bahia é a cara dele (sim, Bahia é extremamente dark e perturbadora e surrealista) e quando ela viu o livro dele na mão de alguém (que é sobre meditação) ela disse "vai virar filme né, lóóóógico". Se você foi e não conseguiu lugar na fila (era limitado) saiba que sua vaga ficou com essa mulher.

No fundo, meio corrido, formal e seguranças te empurrando, mas agora eu tenho uma cópia de Twin Peaks assinada pelo homi (além do Blue Velvet e o Homem Elefante). Minha mulher tirou umas fotos simpáticas dele tambem. Apesar de tudo me parece um velinho bonzinho. :-)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

É VERDADE

DAVID LYNCH HOJE EM BH LANÇANDO O LIVRO NA LEITURA DA SAVASSI 20:00 HORAS VOU LEVAR UNS DVS PRA ELE ASSINAR E VOU TOMAR UMA CACHAÇA COM O DAVID LYNCH E VOU EXPLICAR PARA ELE A MINHA TEORIA SOBRE A ESTRADA PERDIDA E ELE VAI ME CHAMAR PRA ESCREVER O ROTEIRO DO PRÓXIMO FILME E AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Da Série Random Music - Árvores Gritalhonas


Pixies é frequentemente lembrado como exemplo de banda que tinha tudo para fazer muitíssimo sucesso e nunca estourou porque os membros da banda não eram bonitinhos. Para mim exemplo melhor ainda são os Screaming Trees.

Screaming Trees para mim é: eu gosto é de rock + uma certa névoa branca de heroína (um lado sóbrio/viajante/tristonho) + guitarras devem ser usadas e não escondidas no mix + vocais bonitaços e classudos (a carreira solo do rapaz parece com Nick Cave) + banda de rock direto sem muita experimetação mas extremamente bem feito e muito estiloso + também sabemos fazer baladas de tirar lágrima + letras sobre sofrer, sofrer e sofrer. Como eles eram de Seattle e começaram em 85 (mas a carreira desenvolveu mesmo na década de 90) ganharam de bônus um rótulo de "grunge" apesar desse ser o rótulo mais sem sentido que eu conheço - já que Nirvana e Mudhoney não parecem com Alice In Chains que não parece com Pearl Jam que não parece com Screaming Trees - mas o que eles NÃO ganharam foi se dar bem com a carona do tanto que essas bandas ficaram em evidência nesta época. Tiveram um sucesso limitado e com certeza não se compara o nível de reconhecimento atribuído a um Pearl Jam por exemplo. Aliás, algumas das melhores bandas do tal do "grunge" (e as que foram de fato pioneiras) foram as que menos ganharam crédito - Mudhoney e Melvins da vida.

No fundo o som dos Screaming Trees gravita bastante em torno do vocal. O Mark Lanegam (que você deve conhecer como membro "semi oficial" do Queens Of The Stone Age, é aquele cara que aparece de vez em quando em todos os discos para gravar umas músicas com o vocal gravão bonitaço - por exemplo, Autopilot - checa a carreira solo dele, também comanda). Visto que o cara tem uma voz foda, um senso melódico de bastante bom gosto e escreve letras marcantes o "complemento" para sua voz nem precisava ser bom - mas os dois guitarristas gordões tem tanta personalidade quanto. Só não tinham a aparência. O fim do Screaming Trees foi tão melancólico que gravaram um último disco que nunca saiu porque nenhuma gravadora se interessou.

Agora te desafio a escutar "Nearly Lost You", "Shadow Of The Season" ou "All I Know" e não gostar da banda. Vai lá e me ajuda a chorar pelas injustiças do mundo da música.

Comece por - Sweet Oblivion
Disco mais Screaming Trees - Dust

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Respeita os mais véio, minino!

Todo mundo que gosta de música eternamente terá mais música para descobrir. Isso é uma das coisas mais legais de todas. Por mais música boa que você conheça, tem um oceano de coisa boa ainda para você desbravar. Dá para crescer lateralmente (tipo abrir mais bandas dentro de um estilo que você já gosta) ou verticalmente (indo para trás e descobrir qual som gerou esse que você gosta hoje).

Por experiência própria eu diria que crescer verticalmente é uma das coisas mais prazerosas que existem para quem aprecia música. É muito comum descobrir que as bandas que faziam coisas parecidas com as que você gosta hoje eram muito melhores do que os seus "pupilos", e fica claro que sem elas as novas não existiriam. Até um ponto em que as bandas novas amadurecem o suficiente para entrar num território realmente único. Mas isso é outro assunto.

Uma das grandes dicas é: preste atenção nas "influências". Sempre que alguém pergunta numa entrevista "quem influenciou vocês" não é só para constar, serve para você saber o que vale a pena procurar se você gosta daquela banda. Vou mais longe ainda para dizer que uma estratégia muito bacana é ir até a raiz do que você gostava e crescer "lateralmente" a partir daí. Sempre descobre muita coisa foda. E, de boa, no fundo acho que é de certa maneira "errado" você por exemplo gostar de Strokes se você não conhece Velvet Underground. Mas isso é meu lado "polícia da música". :-D

Exemplos de como isso funciona:
Você gosta de Interpol, que é uma (excelente) banda nova.
Então você procura Joy Division, que é claramente a base do som deles. Nessa você já descobriu uma banda mais legal e mais significante que o próprio Interpol.
Aí resolve crescer "para o lado" e procurar quem fazia coisa parecida com o Joy Division na mesma época, e cai em Echo And The Bunnymen, The Cure, Nick Cave.
Então começa a crescer "verticalmente" de novo e vai atrás do que inspirou o Joy Division e aí você cai no início do punk, David Bowie da década de 70, Velvet Underground. Ou vai "para frente" e começa a ouvir as coisas que vieram entre o Joy Division e o Interpol e fazem parte da mesma "linha evolutiva" - aí você está escutando desde New Order até Jesus And Mary Chain.
E tudo tem uma boa chance de você gostar, partindo do simples fato de "eu gosto de Interpol". E você já construiu na sua cabeça todo um cenário da música que teve como filho essa - e de quebra muitas outras - bandas que você gosta.

Princípios simples e básicos:
Se tem interesse em punk tem que conhecer Ramones.
Se tem interesse em metal tem que conhecer Black Sabbath.
Se tem interesse em indie tem que conhecer Velvet Underground.
Se tem interesse em eletrônico tem que conhecer Kraftwerk.
Se tem interesse em funk (não funk carioca, funk de verdade!!) tem que conhecer James Brow.
etc, etc, etc,etc.

Sacou? O "óbvio" só virou "óbvio" um dia por algum motivo. E vivo me surpreendendo com como essas coisas tidas como "clássicas" e que dão a maior preguiça (último caso pessoal, Stevie Wonder) fizeram por merecer serem chamados de clássicos.
Assim como quando você lê Shakespeare você vê que ele é cheio de clichês. Mas só viraram clichês DEPOIS que ele os escreveu.

Note que para mim é importante conhecer. Gostar o não já é outro terreno, porém normalmente a chance é boa.

Óbvio e clichê igual esse post, que só foi escrito porque eu vejo direto gente que escuta hardcore mas não conhece Black Flag, escuta indie mas nunca ouviu Velvet, gosta de folk mas não conhece Bob Dylan e outros graves crimes contra a polícia da música.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Da Série Playlist - O quê NÃO anda queimando a bateria do meu Ipod porque ele foi pro saco (2/2)

Health - Health
Lado Bão:
banda interessantíssima e comandante do batatal. Bastante experimental mas sem dúvida rock, é bem noise (barulhentona mesmo), não segue estruturas convencionais de música (introdução-verso-refrão blá blá blá) e tem um vocal bem gelado e distante mas limpo e bonito. Me lembrou Liars e nos momentos mais pesados Fantomas, costumam comparar também com Boredoms (achei que tem bem mais a ver com o primeiro). Visto que eu amo Liars e amo Fantomas e amo Boredoms fui presa fácil. A música Crimewave do Crystal Castles que é uma das mais legais do disco é um remix de uma música deles. Recomendo bastante se você gostar de coisa experimental pesada. Pega fácil se gostar de Fantomas.
Lado Ruim:
achei a produção meio toscona, provavelmente foi intencional mas o som já é meio confuso e se a produção não ajuda... mas isso não estragou o disco não.
Gostei: bastante mesmo, já coloquei eles na lista de banda que eu fico aguardando fazer coisa nova.

Les Savy Fav - Let's Stay Friends
Lado Bão: outra banda de rockão que tem a ver com o Hold Steady, mas são mais malucos e variados, tem uns arranjos que me lembram Fugazi e outros bem indie (mas o lado mais rockão maluquice e menos introspectivo do indie), às vezes é bem dançante, é muito eclético e muito criativo e muito energético e muito divertido. Tem a fama de ser uma banda que começou um monte de tendência no indie sozinha (tipo, fez disco-punk antes do Rapture) e quando os outros começam a ganhar dinheiro com o negócio eles já estão em outra e portanto nunca ficam com o crédito. O show ao vivo deles é lendário, retineiramente leio algum review de festival falando que eles demoliram o show de todas as outras bandas. Ouvindo no repeat esse disco também.
Lado Ruim: assim como o Hold Steady, só achei ruim de ter descoberto esses caras só nesse disco que é o quarto já. Vou correr atrás da discografia dessas duas bandas.
Gostei: o mundo precisa de menos rockinho idêntico subproduto de Strokes e Franz Ferdinand e de mais bandas assim.


One Day As A Lion - One Day As A Lion
Lado Bão:
é a banda nova do Zack de La Rocha (junto com o batera do Mars Volta), e ele é um cara foda desde o Inside Out que pouca gente conhece (mas conheço muito pouca gente que gosta de rock e não gosta de Rage Against The Machine). O vocal tem (um pouco) menos de rap e (um pouco) mais canto normal, o som está (um pouco) mais moderno e eletrônico mas ainda parece (bastante) com Rage Against The Machine.
Lado Ruim: e esse é justamente o lado ruim, esperar muitos anos para ver ele voltar à ativa para ouvir um Rage Against The Machine 2, assim como os caras do Rage não evoluíram quase nada enquanto tocavam no Audioslave. Evoluiu sim. Mas não o suficiente.
Gostei: apesar das reclamações o som é indiscutivelmente muito bom. Se você gosta de Rage - e nunca vi uma mesma banda polarizar assim quem gosta de punk, de metal, de hip hop, de eletrônico, de indie, até os prayboy - tá vacilando muito se ainda não escutou.


Primal Scream - Beautiful Future
Lado Bão:
gosto bastante de Primal Scream, mas não consigo me livrar da sensação que eles são um pouco super valorizados e são muito calculados - estão sempre fazendo o que é mais "cool" no momento (era meio que um Happy Mondays no início, depois fica mega eletrônico, depois fica mega rock, depois mais indie etc). Apesar disso não discuto que é uma banda top, dá um show muito bom e os discos de forma geral não decepcionam. Esse disco novo eu levei meio como "o disco pop do Primal Scream", apesar de umas músicas meio exceção o tom do disco é bem pop feliz (às vezes até meio 80). Gostei mais dos 3 últimos discos que desse, mas um disco mediano de uma banda boa costuma ser bem melhor que um disco bom de uma banda mediana.
Lado Ruim:
não fiz minha cabeça ainda se consegui absorver essa onda mais pop deles. E tem uma música com a mulherzinha do Cansei de Ser Sexy e isso é errado (e o pior é que a música é boa).
Gostei:
sim. Vale seu tempo se você já gosta da banda e quer ouvir coisas novas, mas se não conhece Primal Scream ainda tem coisa bem melhor deles para ouvir.