terça-feira, 30 de junho de 2009

A Looking In View

Alice in Chains colocou a música nova deles para download de grátis no site oficial. Uma música de 7 minutos. Pontos para o movi anti comercial.

Achei... from hell e obscura o suficiente. :-D

Aprovada pelo Rise From Your Grave e pelo Leandro adolescente que escutou esses caras até gastar o cd.

(só espero que o resto do disco faça juz)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Da Série Random Music- Come on baby won't you show me what you got

Rancid é uma banda conflituosa. Ao mesmo tempo em que é formada por um bando de punks from hell que já moraram em prédio abandonado e para comprovar o vocalista já teve o nariz quebrado nem lembro quantas X vezes antes (segundo ele uma vez por causa de uma discussão sobre I don't wanna go down to the basement) não tem vergonha nenhuma de ir para a trilha pop e vamos ganhar uma grana quando precisa. Como é uma das bandas que exercem o efeito "nostalgia cega" em mim porque fez uma parte forte da minha adolescência (a apesar de tudo sempre foi uma banda completa e interessante) mesmo quando descabam para o lado errado eu curto.

Lembra nos anos 90 quando toda banda punk que se preza começou também a fazer ska? E depois a onda passou rapidinho e não deixou quase nada para lembrar que isso aconteceu? Antes disso havia uma banda que na verdade era de ska e fazia um pouco de punk, absolutamente seminal e que influenciou (para e bem e para o mal) basicamente todo mundo: Operation Ivy. De curta duração (mais ou menos entre 88 e 92) foi A banda que fez ska de qualidade mesmo neste período - curto e grosso, sem firula, boas letras de protestão e espírito juvenil mas com seriedade - faça um grande favor a si mesmo e vicie na coletânea deles antes de voltar a ler isso aqui. Obrigado.

Depois do fim do Operation Ivy o guitarrista e o baixista (aliás, o baixista mais virtuoso do punk - quantos discos de punk rock na veia você já ouviu quem tem solos de baixo?) começaram o Rancid com um batera como mais uma banda punk-de-rua-eu-amo-Ramones-mas-sou-mais -from-hell e que felizmente tinha um puta talento e que foi se tornando mais complexa e surpreendente a cada disco. No segundo disco (o já clássico Let's Go!) incorporaram outro guitarrista/vocalista (Lars Frederikssen) que de cara foi um contraponto ao vocal bêbado-emboladão-caotiqueira do Tim Armstrong (que não dá para entender nada mas é muito foda) e já deu uma nova dimensão à banda.

A partir daí foram só rumos interessantes: começaram a retomar o trabalho com ska que faziam no Operation Ivy (aliás, fora o Operation Rancid é de longe a melhor banda punk e cair para o ska que existe, o comprometimento é tão real que o disco solo do Tim é mais reggae que qualquer outra coisa); foram abrindo o som de maneira criativa e incorporando rockabilly, reggae puro, pop, baladas e o que mais viesse na cabeça. A onda "experimental" do Rancid chegou no auge na época do (outro clássico) Life Won't Wait, que deixou uma interrogação na cabeça de todo mundo num efeito parecido com o que deve ter sido escutar o Sandinista! do The Clash na época que saiu - um certo "o que esses caras estão fazendo?" do público e um grande "o que estivermos a fim" da banda. E só para dar uma reguingada emendaram um disco mais punk que o punk depois - músicas de um minuto a mil por hora com as linhas de baixo cabulosas do Mr. Matt Freeman e os vocais embolação por cima. E com as letras temáticas da vida de punk de rua de sempre - apanhar da polícia, procurar coisas legais no lixo dos ricos, pessoas esquisitas que vão para a cadeia ou morrem cedo, mulheres selvagens, bebida, e música como o único alívio e salvação.

Na verdade você devia escutar Rancid porque é uma das melhores bandas punk da década de 90, porque é divertido para cacete e porque mesmo quando estouram uma música na MTV - sim, eles de vez em quando fazem isso - fazem um pop/punk centenas de vezes mais bacana e honesto (e sujão) do que outras bandas que acham que fazem punk/pop e na verdade estão fazendo pop/pop. Acho que entraram meio que num piloto automático nos últimos dois discos - mas eu estou escutando eles como um viciado assim mesmo.

Comece por - Let's Go!
Experimental e cheio de esquisitices (ou seja, do caralho) - Life Won't Wait
Cheio de hits - ...And Out Come The Wolves
From hell - Rancid (2000)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

You've Been Hit By - You've Been Struck By - A Smooth Criminal

UPDATE:
MICHAEL JACKSON the first 2 english words i eva spoke . the future sucx!
(M.I.A.)

Tudo bem que ele morreu lá para 1986 quando deixou de ser negão, mas nessa época ele chutava a bunda de quase qualquer um.

RIP!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Da Série Random Music - Give Up he Funk

Na década de 60 a Motown foi inegavelmente a força dominadora total atrás da música negra americana. Em todos os sentidos - desde artístico até comercial. Basicamente toda música negra pop que você conhece hoje deve alguma coisa em algum nível para eles, e todo artista negro fazia música popular próximo da época tem algum tipo de ligação com a gravadora, desde Stevie Wonder até Marvin Gaye. Eu particularmente não sou muito fã, exceto de artistas que eram geniais de fato não importa para quem estavam gravando. Mas ninguém imaginava que um doidinho que trabalhava como compositor contratado da Motown na década de 60e que não conseguia decolar com nenhum sucesso iria basicamente revolucionar a música funk e virar um camarada tão completo e fodaço - para não falar maluco.

George Clinton é conhecido por suas duas ótimas bandas clássicas e pela carreira solo dos anos 80. As bandas são Parliament e Funkadelic - que na verdade são basicamente a mesma banda (com um suporte de muitos músicos rotativos) gravando discos com nomes diferentes por questões bizarras comercias de relacionamento com a gravadora. Por causa do Parliament, Clinton declarou que o estilo que elas tocavam se chamava "P-Funk" e acabou pegando porque foram influenciais para cacete, ou seja, todo mundo que tocava algo parecido com esses camaradas toca "P-Funk". E porque isso é tão importante?

Ficou muito claro para mim qual é a onda um dia que tentei compor com a banda uma música estilo Parliament. No fundo funciona em um nível bem viajante mas é mega dançante ao mesmo tempo, e é muito mais difícil de fazer do que parece. Sabe aquela onda da música eletrônica de repetição infinita para gerar uma espécie de transe? Eu imagino um ensaio do Parliament onde o baixista mostrava uma linha de baixo bem bacana e dançante e o George Clinton dizendo "beleza, agora toca isso aí por 10 minutos", o baterista acompanhando, os metais improvisando em cima, as backing vocals jogando aqueles "give up the funk" (aliás os arranjos vocais são super ricos) e por cima Mr. Clinton pirando - tudo que ele canta parece improvisado na hora por alguém que tomou todo tipo de substâncias, o que provavelmente é verdade. Quando gravavam com o nome de Parliament, o foco era no funk, nos metais, no lado dançante; quando gravavam como Funkadelic (a minha preferida) era a mesma onda só que mais rock, muita guitarra, distorção, solos e barulheira.

E quando tocava com qualquer um a temática sempre é meio maluca - as letras variavam de
invasões alienígenas a protesto social a mulheres bonitas a "expandir a mente" a clones e por aí vai. Os músicos tocavam sempre vestidos da maneira mais exdrúxula que conseguiam - imagina um monte de velho barbudo tocando funk vestidos com fraldas geriátricas. No fundo é música única e malucaça construída a partir de um monte de elementos simples e repetitivos que se combinam para formam alguma coisa complexa e incrivelmente bem feita - o wikipedia lista 32 músicos que já foram parte da banda.

Me lembro quando eu comecei a me aprofundar em Funkadelic e ficar numa espécie de êxtase porque a banda te passa uma espécie de energia e vontade pura (ou prazer puro) simplesmente de estarem tocando por tocar que eu não consigo evitar ficar contagiado - simplesmente pelo som. É uma banda que você pode trancar por 5 dias seguidos em um estúdio que imagino que eles não sairiam nem para comer. E 5 dias depois ainda estariam improvisando. E saindo coisa boa.

Funkadelic - comece por: Maggot Brain - o mais viajeira de longe e guitarras absurdas
Parliament - comece por: Mothership Connection - essência deles muito na veia
Coletânea brutal e definitiva do Funkadelic - Motor City Madness
Fun Fun Fun com Parliament (soca nas suas festas) - Chocolate City

ps: a voz que fala "see the turtle go" no início da Yertle The Turtle dos Red Hot Chili Peppers é do trafica que vendia cocaína para o George Clinton (!) e a aparição dele no disco foi o pagamento da dívida que estava sendo enrolada até aquele dia e foi ser cobrada no estúdio.
ps2: George Clinton é (não por coincidência) o artista mais sampleado da história, tanto que ele lançou um cd só com pequenos pedacinhos de músicas justamente para você samplear
ps3: rola pensar em comprar um porque agora tenho uma tv full hd :-)

terça-feira, 16 de junho de 2009

SPORE

Finalmente resolvi atualizar meu PC de 2004 (coitado). Comprei um computador fuderoso comandante de batatal do além. E comprei The Sims 3 para minha mulher parar de ter crises de abstinência e agonia porque não estava podendo jogar ele. Pena que ela não consegue ficar rica nele igual no 2 :-D


Por sua vez a Mirita me deu úma cópia do Spore original. E esse post é só para dizer PQP.


Spore é tão inovador e criativo que é difícil de explicar. Basicamente é mais uma criação absurdamente genial do mesmo doidinho que criou o Sim City e o The Sims. Mas para mim é a obra prima dele. Eu acho que ele partiu do princípio de que grande parte da diversão era criar as coisas e elevou esse conceito até a enésima potência. Spore é um jogo de criar coisas (principalmente mas não limitado a criaturas) e ver como essas coisas se viram no mundo.


Basicamente você começa como uma criatura unicelular (num dos gameplay mais psicodélicos e bonitos graficamente que eu já joguei), e precisa comer e não ser comido pelas outras criaturas. A medida que acumula alimento você ganha "DNA points" que são usados para evoluir a sua criatura. Ela fica maior e passa a comer (e ser comida por) outras criaturas maiores. E vai cada vez evoluindo mais - e a evolução é customizada por você.


Basicamente a maior parte da diversão do Spore é o engine de geração de criaturas. É ABSURDO. É absolutamente simples e quase que ilimitado. Simplesmente dê uma passeada no site do Spore (seção Sporepedia) e veja a flexibilidade dos seres que você é capaz de criar. E o mais importante, eles funcionam. Eles vêem com os olhos que tem, andam da forma que dá e comem com a boca onde tiver. Se você fizer uma criatura com 5 bocas, olhos em cima e pernas em lugares extranhos ela vai andar desajeitada, comer com as 5 bocas e só vai enxergar o que está acima dela. Mas vai funcionar.


O resto do jogo é basicamente você conduzindo sua criatura para disputar com as outras criaturas do mundo em vários estágios de evolução - ela se torna uma criatura terrestre, depois começa a fazer tribos, cidades, e assim vai até a era espacial. Dependendo do estágio evolutivo ela disputa com outras criaturas de diferentes maneiras - mas no geral socializando ou se matando. Funciona como um jogo de estratégia (Age Of Empires da vida) muito bem implementado.


Aí que entra o outro conceito bacana - e por isso que você precisa ter o Spore original: você joga conectado ao servidor do Spore e tudo que você cria vai para lá. E aparece no jogo dos outros. Ou seja:


  • As criaturas que aparecem andando no seu mundo foram (em sua maioria) criadas por alguém jogando Spore na casa dele. O Spore faz download delas automaticamente sem você perceber. O jogo não é multiplayer: você não está jogando com outros, mas faz uso do conteúdo que todas as pessoas que jogam Spore do mundo criaram;

  • O mesmo conceito vale para qualquer coisa customizável do jogo - edifícios, veículos, naves etc;

  • O conceito de compartilhar conteúdo é tão fortemente implementado que você pode simplesmente navegar no site do Spore (de qualquer lugar, nem precisa estar no seu computador) e buscar por criaturas feitos pelos outros e com um click incluí-la no seu jogo;

  • Criaram inclusive o conceito de "Sporecast", que é um "canal de distribuição de criaturas". Você cria um com 1 click de dentro do jogo e qualquer pessoa pode assiná-lo, o que significa que as pessoas que "assinarem" suas criaturas vão ter a probabilidade maior de vê-las no jogo delas.

Conceitos novos e originais e divertidíssimos. Spore comandou o batatal.


Essa é minha criatura "Bastardinídio":


Fica a recomendação! Quem comprar me avise para compartilhamos as criaturas!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Finalmente um para substituir o Kraftwerk


Este blog declara oficialmente neste momento o disco Nighthawks At The Dinner do Tom Waits como o melhor disco da história para se ouvir trabalhando.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Da série random music - AR


Bebidas fortes e bem caras. Lava lamp. Sofá. Pouca luz. Móveis coloridos. Pessoas bem vestidas gastando dinheiro. Conversando baixinho. E fazendo longas pausas para silêncio. Meio que desinteressadas e um pouco tristes mas relaxando e curtindo. Muito tarde da noite. Prazer + bebida + relaxamento + algum clima de tensão sexual + um pouco de melancolia. Calmo e lento e mais ou menos sexy. 4 da manhã.

Imaginou a cena? Agora imagine ela de novo e coloque uma trilha sonora.

Você está ouvindo Air.

Air é uma dupla francesa mega afetada (leia-se meio bichosa) que faz música eletrônica desde 1997. Faz EXCELENTE música eletrônica ambiente desde 1997, que se traduz nas imagens acima na minha cabeça e que serviriam com perfeição para acompanhar essa cena. A música do Air se move lentamente, mas nunca é chato nem frio (aliás, não é instrumental); é um clima quente e um pouco melancólico sim, mas aquela melancolia de criança descobrindo que o mundo é mais feio que sua inocência supunha.

Outro onda importante para entender o Air é a palavra vintage. O som eletrônico deles é feito utilizando sons de sintetizadores da década de 70 e mesmo as harmonias e outros elementos que circulam pela música parecem vir de outra época, mais simples e mais glamourosa. Aliás, eles já transcederam o eletrônico tem tempo - utilizam com maestria a mescla de acústico e robótico e do nada aparece desde flauta doce no som (que eu detesto) até bandolim, violão, violino e o que mais vier na cabeça. É indiscutivelmente bem feito e sofisticado, um pouco afetado sim, mas gera um clima sonhador que se você não for levado junto deve ter um coração de pedra ou uma alma meio seca. Ótimo som para afundar nele no escuro de olhos fechados.

Na verdade, as pessoas esperam tanto isso do Air (e o recebem em doses tão generosas) que quando eles se atreveram a desviar um pouquinho disso para um veia um pouco mais sinistra e tensa (no disco 10 000 Hz Legend, que é ótimo mas injustiçado coitado) as pessoas quase espancaram os garotos. Voltaram correndo para o mundo do Air e todo mundo respirou aliviado. :-) até eu

Exemplo raro de som que funciona tão bem sozinho quanto acompanhado. Coloque no início e no fim das suas festas. Escute de madrugada quando chegar da rua. Ou coloque a qualquer momento que quiser sonhar acordado.

comece por - a maioria das pessoas diria para começar pelo Moon Safari, mas para mim atingiram o auge no Talkie Walkie
e depois - vá para Moon Safari se gostou mais do lado afetado ou para o Pocket Symphony se quiser um som mais orgânico e menos eletrônico. Os dois são tão bão quanto
não é BEM air mas é bom - escute depois dos outros o 10 000 Hz Legend
100% instrumental - trilha sonora das Virgens Suicidas é toda do Air

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Véio doido is back

O novo projeto do David Lynch se chama The Interview Project. Ele saiu viajando por todo o território dos EUA tentando captar pessoas aleatórias na rua (imagino que em companhia de sua vaca de estimação) e fez diversas entrevistas curtas com todo o tipo de pessoa em todo tipo de lugar contando todo o tipo de história de vida sobre eles mesmos. A cada 3 dias ele posta um novo vídeo, e está em tempo de você acompanhar porque o primeiro foi postado hoje. É com o Mr. Jess, um velho que foi encontrado sentado no canto da estrada no meio do dia e conta uma curta (os vídeos tem só 3 minutos) biografia triste. Achei o conceito do projeto bem interessante e pretendo acompanhar, e é filmado e editado de uma maneira bem humana - basicamente, trabalho bem feito, nada menos que eu espero dele. O primeiro vídeo está aqui.

Em outras véio-doido-related-news (e já recomendado por anônimos neste blog ;-) ) escutem o ótimo Dark Night Of The Soul. É o projeto novo do Danger Mouse - aquele dj mermo - porém não é de música elketrônica, é indie na veia e tem a participação de diversos vocalistas bacanas, cada um em uma música. Qualquer disco que junta Iggy Pop, os vocalistas dos Strokes, Flaming Lips, Pixies, Superfurry Animals, Sparklehorse (que foi a banda que executou as músicas) e outras figuras interessantes tem grande chance de ser bacana e o disco é ótimo. Basicamente é uma coleção de músicas centradas no tema de auto-descoberta dolorosa, que tem a ver com a tal "noite negra da alma", que é uma jornada interior pesada e dolorosa que os católicos acreditam que precisam passar para se conectar com Deus. Acompanha um livro de 100 páginas de fotos tiradas pelo David Lynch, que inclusive é responsável por duas músicas do disco. Que foi lançado como um cd em branco + o livro para você baixar ilegalmente e gravar as músicas no disco, numa atitude bem punk do Danger Mouse peitando a EMI de tora e que daqui a pouco vai fazer ele desaparecer por aí para dentro de uma limusine preta misteriosa e nunca mais ser visto.