quarta-feira, 25 de março de 2009

Eu Estive Lá

A princípio era para escrever um texto longo sobre isso, mas numa boa, para quê colocar em palavras? Não vou falar do setlist, do lugar, do palco perfeito - tem até torrent para baixar e centenas de críticas para ler. E sou muito envolvido emocionalmente para fazer uma crítica de verdade. Vou falar de mim.

Fui em um show que esperava a 15 anos. Como todos os discos do Radiohead são muito vinculados à época da minha vida em que saíram, passou minha vida inteira na minha cabeça. Na hora que a banda pisou no palco meu olho encheu de água. Chorei de verdade em metade das músicas e gritei meu pulmão para fora. Passei duas horas e meia fora do mundo. Basicamente tive uma experiência religiosa.

Bom, foi isso. Acho que nunca mais vou ter uma experiência musical tão intensa. Triste? Na verdade, MUITO feliz.

Obs - o resto da viagem tb foi bacana, abraço a todos os amigos que acompanharam e aos novos amigos de SP.

sábado, 21 de março de 2009

Presta atenção

Presta atenção:

Nine Inch Nails e Jane's Addiction fazendo uam turnê juntos -> fodaço
Nine Inch Nails e Jane's Addiction gravam um EP com músicas novas para comemorar -> maravilhoso
Nine Inch Nails e Jane's Addiction colocam o EP online para baixar de grátis -> VTF!

Detalhe: saindo agora para o show da minha vida :-D

terça-feira, 17 de março de 2009

O Gerente e a revogação dos direitos

A palavra gerente é quase mítica, quase mística. Provoca sempre algum tipo de reação - ambição, inveja, antipatia, respeito, admiração. Provoca algumas associações genéricas parcialmente (ou em alguns casos) nada verdadeiras - respeito, competência, muito trabalho, muito dinheiro. O gerente é uma espécie de padre do capitalismo que reza a única missa que realmente importa ($).

O gerente existe em uma espécie de outro plano. Para quem está abaixo, o gerente é uma espécie de santo-ninja-salvador que vai organizar sua área, sua vida, suas idéias, suas roupas, vai resolver todos os seus problemas e os de todos os que estão do seu lado, mais os problemas corporativos e não deixar que nem uma mosca escape de sua onipotência absoluta na sua busca pelo funcionamento perfeito e infalível. Cadê a porcaria do gerente? Onde está a onipotência natural de todos os gerentes que dexiaram passar o mais ínfimo detalhe do meu dia-a-dia? Afinal ele ganha mais que eu. O gerente resolve.

Para quem está acima, a palavra gerente é um código para a partir do momento em que se aumenta o salário (ou pior, nem isso) todos os seus direitos básicos são revogados. Precisa de uma apresentação complexa para amanhã de manhã? E daí que são 9 da noite, o cara é gerente. O gerente não tem vida própria, o gerente não tem que reclamar, o gerente tem domínio absoluto de todas as esferas de conhecimento humano. Gerente, você não se atualizou no jornal?? Virou a noite trabalhando? Porque não trabalhou com a TV ligada? Todo gerente é uma espécie de Hiro Nakamura - manipula o tempo e espaço.

O que o gerente nunca é - simplesmente um cara humano, que como você tem um trabalho para fazer - muitas vezes de volume maior e stress nem se fala - que também está sempre aprendendo, que erra (você se permite errar mas nunca perdoa o gerente), que não sabe tudo, que tem limites e fraquezas e que quer sim, assim como você, ter uma vida fora do serviço (e ainda te digo que na maioria das vezes ganha menos que você pensa). A trajetória da maioria dos gerentes é a de um cara que simplesmente fazia seu trabalho direito. E agora tem que fazê-lo infalivelmente, maravilhosamente, sobre-humanamente, desumanamente. Afinal ele ganha um pouco mais não é? Você associa a palavra gerente com liberdade? Muitas vezes você é muito mais livre que seu gerente.

Mas o que esse carinha está reclamando de barriga cheia? Ele é gerente, ganha bem... fica quieto e vai trabalhar.

PS.: não te agonia perceber que nossas únicas escolhas são entre passar aperto de grana, se matar de trabalhar ou viver de forma desonesta?

domingo, 8 de março de 2009

Da Série Random Music - As Dores de Ser Puro de Coração

Rock é confrontação, e confrontação é crescimento. Por isso que o rock sempre muda e gera uns estilos malucos à medida em que confronta o que acontece, confronta a si mesmo, confronta a sua própria confrontação. Na época do hardcore, onde o que dominava a música alternativa eram bandas tipo Black Flag e Misfits e Bad Brains, bandas que surgiram para ser 100% contra a corrente principal do rock e se caracterizavam como ultra rápidas, agressivas, porrada e shows em que havia altíssima possibilidade de vocês levar um soco na cara (muitas vezes da própria banda, procure essa moçada no YouTube), nasceu uma corrente alternativa-ao-alternativo onde a idéia era ser o anti-hardcore, ou seja, bandas bonitinhas-assexuadas-fofinhas que cantavam música pop levinha e divertida e intimista e (literalmente) jogavam balas na audiência em vez de dar soco na cara. Essa corrente ganhou o nome de Twee-pop ("twee" seria como um neném pronuncia "sweet") e foi levada para frente por gravadoras hoje muito importantes como Rough Trade e K Records (aliás a tatuagem que o Kurt Cobain tinha no braço com a letra K era o escudo da K Records).

A palavra chave do Twee é "intimista". O disco perfeito de twee seria (ou pelo menos teria que dar a sensação de) ter sido gravado por um(a) adolescente trancado sozinho no quarto cantando e tocando em um gravador para si mesmo - e nessa época essa obsessão com intimismo chegou a gerar fitas cassete circulando e disputadas a tapa que eram quase que literalmente isso. Na verdade para entender o que é que eles queriam basta ouvir uma disco que é uma espécie de "marco zero" do twee - o terceiro disco do Velvet Underground, gravado pelo Lou Reed numa época deprê onde ele dependia pesadamente de heroína e fez uma porção de música calminha, bonitinha, que andam leeentamente e criam um clima de alguém bem triste/exausto dedilhando um violão e cantando sem fazer muito esforço meio que para só ele mesmo ouvir. Aliás como tudo do Velvet é um disco perfeito e obrigatório.

Twee nunca foi um dos meus estilos preferidos - já me interessei um pouco por umas coisas derivados como Teenage Fanclub - mas me apareceram uns nerdzinhos (puts, e QUE BANDA NERD) do Brooklyn que entenderam muito bem qual é a idéia e como fazer isso funcionar muitíssimo bem. E a maneira deles de funcionar é pegar todo o espírito do twee - ser meio que fofnho e inocente e bem adolescente sonhador romântico no quarto - e botar esse espírito para fora sem medo nem vergonha nenhuma. Porém embaixo de uma levada punk bem fácil e cativante (pop até) e umas guitarras barulhentonas mas melódicas, algo como o Jesus and Mary Chains fazia, tirando umas gramas de agressividade. Não sei se essa fórmula foi um acidente, mas se foi, foi feliz - fizeram um disco curto e direto (único da banda e saiu tem pouco tempo) que por pouco mais de 30 minutos te leva sem culpa de volta a seus sentimentos adolescentes e não cai em vícios que podem ser chatinhos do twee já que a moçada não paga pau para distorção nem para microfonia. E só para fechar escolheram um nome muito foda - The Pains Of Being Pure At Heart, título de um livro infantil não publicado escrito por um deles.

Coloque na lista junto com os primeiro disco dos Strokes e do Vampire Weekend - bem aquele estilo que não te derruba de primeira, mas que tem uma certa leveza que torna ele muito viciante. Eu escutei esse disco no repeat por pelo menos umas 3 horas seguidas.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Da Série Playlist - o que anda queimando a bateria do meu Ipod

Sumi de novo. Agora fui efetivado como CONAN FULL TIME, ou seja, o que foi temporário em Janeiro agora sou CONAN FOREVER.
O que significa que o blog não vai acabar, porém vai inevitavelmente andar beeem mais devagar. Quero postar pelo menos uma vez por semana, quand der mais, muito mais com certeza não vou conseguir.

Aqui vai um apanhado do que eu andei ouvindo enquanto estava no limbo:


Pavement - tudo, e muito

Onde eu estava que eu não escutava muito Pavement antes? Agora preciso de uma dose de Pavement diária e uma mais cavalar no fim de semana.
NÃO ESCUTE ESSA BANDA - vai acontecer o mesmo com você e depois você vai parar numa clínica de reabilitação onde vão tentar curar seu vício do Pavement com um monte de subprodutos indies que eles geraram. E você vai fugir para escutar o Wooe Zooe escondido.

Yo La Tengo - I Can Hear The Heart Beating As One

Melhor disco do Yo La Tengo e tipo de disco que só aparece de 10 em 10 anos. Fiquei de cara com esse disco. Tem desde música indie-chorosa-bonitinha até ataques violentos de 10 minutos de nada além de guitarra fazendo (muito) barulho. Tem músicas mais sóbrias e marginais que você jura que são do Velvet Underground até bossa nova (que eu não gostei aliás). Tem instrumental e baladinha e pau quebrando e pop puro e experimentalismo esquisito, tudo executado com perfeição do seu jeito e acontecendo dentro de uma hora do disco. Aliás, quando o disco termina parece que se passaram 4, mas não porque é chato, mas porque é rico e denso pra cacete. Vale realmente por 4 (bons) discos de quase qualquer outra banda.

Superchunk - Here's Where The Strings Come In

Peguei esse disco do Superchunk aleatoriamente para conhecer melhor a banda, e achei a fama deles merecida. Superchunk é uma espécie de Fugazi fazendo pop e essa é uma fórmula que tem tudo para funcionar (e funcionou). Impressionante como a banda se comunica - escutar esse disco com um fone só em vez de 2 transforma ele em um outro disco completamente diferente. Gostei do espírito punk mas pop, gostei das letras meio angustiadas meio absurdas, gostei bastante das guitarras, achei a banda madura na proposta e com uma química interessante entre o ex-casal que toca nela e inclusive colocou todos os detalhes do divórcio em letras da banda. Não me impressionou como o disco do Yo La Tengo, mas consigo enxergar porque é a banda preferida de muito nego.

Franz Ferdinand - Tonight

Assim como aconteceu com o Bloc Party, era uma banda que eu colocava na categoria "legalzinha" até o terceiro disco, que foi o primeiro que eu gostei de verdade mesmo. Esse disco me deu aquela impressão boa de "acharam seu som" - me parece que é o primeiro disco que o Franz Ferdinand conseguiu se aproximar do que o Franz Ferdinand pode de fato ser sem forçar a barra para ser o que não é. O espírito ainda está ali - aquela onda meio inescrupulosa meio intelectual que é até bastante irritante para muita gente - mas mais trabalhada de uma maneira que em vez de encher o saco realmente vira música forte, e dançante, e divertida, e para cantar junto e tocar de noite mas com conteúdo e espírito. Muito mais eletrônico também (como o disco do Bloc Party), de alguma maneira lidaram com esse mundo muitíssimo bem.

E aguardando - o Iggy Pop fez um disco de jazz (!!!) sobre um escritor francês (!!!). Confira a data do post, NÃO É primeiro de abril.