quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Vai ouvir Grizzly Bear!!!

Você já viciou em Grizzly Bear??????????????

De volta ao Punk

Jogando GTA IV (que tem uma estação de rádio que só toca hardcore e que não por acaso é a que eu escuto 90% do tempo) reparei que eu de certa forma abandonei o punk. Não foi pensado, intencional ou resultado de nada específico - eu simplesmente ando ouvindo muito pouco dos clássicos e "escavando" quase nada de novo interessante, apesar de ser o centro do meu universo musical quando estava crescendo - e só agora percebi que isso me faz falta.

Punk para mim está passando por um momento parecido com o hip hop - nunca teve tanta aceitação generalizada e hoje é parte do guarda chuva do que se chama "mainstream". E nunca esteve tão fraco e desinteressante e generalizado e diluído como o hip hop atual - basicamente vou fazer uma declaração adolescente dizendo que o punk se abaixou para a rádio fm. Green Day nunca foi bom nem relevante, e quanto mais pop e irrelevante mais aceitação consegue (apesar de dar pela primeira vez alguns pontinhos para o American Idiot, único disco que considerei tolerável). Bandas confiáveis como o Rancid saíram da trilha criativa para ficar cada vez mais pop (ainda bom, mas enfim), e por favor não me obriguem a comentar sobre emo. Emo NÃO é punk - é tão punk quanto Skank é reaggae, ou seja, no fundo é pop fm horrível, só que inegavelmente a base de sustentação é o punk, distorcido e estragado para ser aceitável por quem em resumo não gosta de música.

Não que eu tenha desistido de vez do punk - de vez em quando aparece algo bom assim como em qualquer estilo, os últimos destaques para mim foram The Thermals e Fucked Up, descontando algumas coisas que hoje tem outro nome (shitgaze) mas no fundo no fundo é punk (No Age, Wavves e Japandroids).

No GTA você passa sai correndo da polícia com uma ótima seleção de hardcore - Bad Brains, Agnostic, Sick of It All, Murphy's Law etc -que me deu uma reacendida no quanto o punk feito da maneira certa é empolgante, descompromissado e te faz literalmente pisar mais no acelerador.

Dediquei essa semana para procurar alguns clássicos do punk que por uma razão ou outra eu nunca havia ouvido e descobrir o que andam fazendo de novo especificamente na linha "punk chute direto no seu saco", sem frescura, sem firula, só pau quebrando, músicas de no máximo 2 minutos, vocal rasgadão e letras eu odeio tudo. Ainda está em absorção coisas legais como The Germs, Total Chaos, Die Toten Hosen e Thursday, mas já posso recomendar:

The Exploited - Punk's Not Dead - classicão de 81 da banda escocesa que começou errado (OI) e terminou errado (trash metal) mas que capta o momento exato em que foram representantes perfeitíssimos do punk de rua moicanão. Espírito Ramones com um bocadinho mais de agressividade e disco perfeito para parar no meio do mosh gritando refrões estilo "hino" tipo "I hate cop cars!". Escute bêbado e alto!

Paint It Black - Paradise - banda nova de hardcore americano pau quebrando que muitas vezes inexplicavelmente é classificada como hardcore melódico (é longe disso), o disco tem 14 músicas e 21 minutos (bem o que eu queria) e não traz nada revolucionário mas é mega direto e bem socão no estômago (mas muito bem tocado, sem tosqueira excessiva). 21 minutos no repeat!

Sabretooth Zombie - Mere Bears - só o nome já faz a banda merecer ser ouvida, mas a onda deles bem porrada mas com "desvios" da fórmula hardcore - imagine o Sick Of It All ainda mais gritado (encosta no metal) mas com uma banda que sabe improvisar e descamba alguns momentos para o rock and roll puro - e quando você acha que vai ficar ali a velocidade triplica de uma hora para outra. Destaque da semana!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Too Much Monkey Business

Com algumas coisas podemos contar na arte: nada começa do nada e ninguém cria nada sozinho. Um monte de desenvolvimento incremental em relação ao que já existe feito por um monte de gente diferente normalmente torna difícil ver de cara que está se fazendo algo novo mas dado certo afastamento no tempo fica cada vez mais nítido.

Na virada da década de 40 para 50 (a partir de mais ou menos 46) o pessoal que na época era underground começou a borrar os limites entre country e blues (ou entre música de branco e música de preto) de forma que muitas vezes não se sabia se uma música era um ou outro. Mesmo quando a mistura ocorria do ponto de vista estritamente musical normalmente se estava executando um ou outro, ou seja, tocando guitarra blues em ritmo acelerado de country. Só que alguém, em algum momento, realmente gerou uma maneira diferente de tocar - diferente o suficiente para começar a ser chamado de "guitarra rock", não era mais "guitarra alguma outra coisa" modificada. Esse cara também foi responsável por uma atuação anti-racista muito mais efetiva na prática do que ficar gritando e reclamando na rua - fez os negros e os brancos dançarem juntos quando isso era absurdo. Influenciou tipo TUDO (já até ganhou procesos de plágio contra os Beach Boys).

Chuck Berry para a época é o que seria chamado de punk posteriormente. Desafio às normas, mudanças tremendas nos costumes e na música ("I don´t want your moderation - this is too much monkey busines for me"), letras com duplo sentido sexual, música de alta energia e descompromissada sem arreios com técnica e preocupada em ser jovem e livre. Quando o punk começou na década de 70 eles próprios declamaram que não era novo - na verdade o rock havia ficado muito afrescalhado (progressivo, ugh) e queriam a volta ao básico dos anos 50. A volta ao Chuck Berry.

Hoje tem 83 anos e vou ver ele ao vivo depois de amanhã aqui em BH.

Nota: e Jerry Lee Lewis dia 20 de setembro :-)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Maldito o dia

Em que eu tive que ouvir o Fresno se comparar com o Fugazi. Posso processar por falsidade ideológica?

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Recomendation Week

Resolvi entrar na onda de dar uma chance para tudo que me recomendaram. Falaram para ouvir, eu fui lá e ouvi. A última onda de "recomendações de amigos" foi bastante positiva - aproveitamento de quase 100% e boas descobertas. Segue as que mais marcaram:

São os meus amigos Guto e Shibuco dois obcecados pela onda "menininha-indie-nerd-fofinha-em-carreira-solo-cantando-coisas-bem-pop-mas-um-pouquinho-excêntrica" e acho que isso é metade porque eles gostam de ouvir e metade porque querem casar com elas. :-) Por isso 80% das recomendações do Shibuco e 99% das do Guto me levam para o mundo da "garotinha indie pop" de novo. Costuma ser mais pop do que eu normalmente gosto, mas é claro que sempre aparece coisa boa (a começar por Cat Powers). As últimas deles foram:

Florence And The Machine - som bem variado e quase épico, arranjos grandiosos, mas não cheios de firula, mais para cheios de dramaticidade. Não é uma dramaticidade deprê mas um lance meio "eu sinto tudo que acontece com muita intensidade". Achei bem legal, tem uma voz diferentona (e potente), o disco vai de punk rock em música sobre bater no namorado até coisa orquestrada misturada com eletrônico e ótimas letras espirituosas para cacete. Não desceu bem na primeira audição mas logo na segunda saquei qual é a onda dela. Ela é meio feiosa então acho que nesse caso me recomendaram só pelo som mesmo :-)

Howling Bells - no fundo é uma banda bem indie-pop meio que tradicional, não tem nada de muito novo ou diferente mas fez um disco muito consistente (Radio Wars) que mantém sua atenção com basicamente todas as músicas boas e isso muitas vezes é suficiente. A voz da mina é muito bacana e a onda da banda me lembra um pouco um Garbage menos eletrônico (Garbage já foi muito bom inclusive), acho o clima parecido, um pouquinho de desespero romântico, um pouquinho de "sou sexy mas sou louca" e arranjos que poderiam tocar no rádio (no caso do Garbage, tocaram muito) mas não são pastiche-formuleta-Capital-Inicial. Pode ser uma ótima banda para iniciar alguém no indie - e isso é um grande elogio.

Meu amigo DJ Menorah soube do meu novo vício em jazz e me aplicou em músicas muito boas:

Jose James
- voz fodaça, estilo nota 10, classe nota 11, sem viadice-frescurice-nenhuma nota desnecessária. Desenvoltura moderna, é meio que um soul + jazz cantado de um jeito cool por um cara que provavelmente gravou isso bebendo gin puro em algum lugar com muita fumaça direto na garrafa. Clássico e classudo a ponto de seu pai gostar, mas já colaborou até com Flying Lotus (que é uma espécie de novo Aphex Twin).

Soil And Pimp Sessions - jazz feito por pessoas que perceberam que a década de 50 já passou, ou seja, essas músicas não existiriam se não tivesse existido o drum and bass na década de 90, porém não precisam usar de eletrônica para ficar moderno - está na sensibilidade e no estilo, o que é um puta feito e é tudo acústico. Jazz bem pau quebrando sem dó também - neguinho estava espancando os instrumentos - mas tão na veia e livre quanto os clássicos.

Já meu brother mano Juninho tem a onda totalmente "música é feita para te acariciar e te fazer dormir" e me aplicou também alguns discos crasse. Outro camarada que é viciado em jazz (acho que ele não percebe mas é) o que me acertou mais foi:

Cinematic Orchestra - imagine se o Massive Attack não quisesse fazer música para dançar e optasse por se tornar algo como uma big band de jazz. Ou se uma banda de jazz com uma vocalista de voz suave e viajante resolvesse fazer trip hop. Daria certo? Deu demais, e curti demais os 3 discos do Cinematic que eu escutei (destaque fácil para Every Day). Músicas lentonas e enormes com algo de frio e que de repente se tornam épicas e intensas, muita orquestração de bom gosto e clima de música para ouvir bêbado depois da festa - ou até durante se for um encontro mais light.

Wynton Marsalis & Ellis Marsalis
- são os jazzinhos que tocam no desenho do Snoop. Precisa mais?

Coitadinho do meu blog

Tão largado... hehehehehehe não abandonei não acho que a culpa é do PS3. Se bem que eu nem tenho tempo para jogar para onde diabos tem ido meu tempo???

Vou tentar resumiu o que houve de relevante no meu pequeno e limitado mas confortável mundo:

Para os fãs de Radiohead como eu: tem 4 músicas novas para curtir pós In Rainbows. E os FDP nunca deixam cair a qualidade, é tudo nota 1000 como sempre, como é que faz isso?? Considerando a entrevista que o Thom Yorke deu essa semana dizendo que estão desinteressados no momento do formato "album" e que entrar no estúdio para gravar outro está fora de cogitação no futuro previsível, a idéia é que a banda faça mais lançamentos pequenos (EPs e singles) prncipalmente por via digital e com mais frequência. Na verdade ele disse ter um "bom plano" mas não revelou o que é.
Logo após isso a banda lançou uma música no website em homenagem ao Harry Patch, último veterano da segunda guerra a ir para combate que morreu (Harry Patch In memory Of - linda, na verdade são só cordas orquestradas e o Thom cantando em cima palavras adaptadas do próprio). Depois aparece misteriosamente na rede uma música postada em um fórum chamada "These Are My Twisted Words" dizendo que é uma música nova deles, e escutando, SEM DÚVIDA É MESMO, E DAS BOAS, ou é uma banda que emula Radiohead com 100% de perfeição e compõe tão bem quanto eles. A banda não se pronuncia... será que tem a ver com o "plano"??

As outras duas são músicas novas do Thom Yorke solo, It's All For The Best (cover incluída no cd tributo a Mark Mulcahy) e Present Tense (apresentada ao vivo). Fino do fino.
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Até aqui tinha como certo que o disco de 2009 para mim foi o Veckatimest do Grizzlly Bear, até descobrir o jj que mandou ele para a segunda posição. jj (minúsculo mesmo) é uma banda da Suécia que... na verdade é só isso que se sabe deles. Não se sabe quem é da banda (nem quantos são, aliás, só se sabe que é uma banda porque a gravadora confirma) que lançou um single chamado jj Nº 1 e agora um disco chamado jj Nº 2. Não consigo explicar de forma racional porque (e já tentei) mas eu amo esse disco. Tem só 26 minutos e quando termina eu dou play de novo. E aí termina de novo e eu dou play de novo. Tenho vontade de ouvir isso em qualquer clima - tenso, nervoso, cansado, feliz, tranquilo. No fundo é meio que um indie-pop-world-music muito levinho e até flutuante e etéreo, mas sem ser abstrato demais, é até meio que ritmado, lembra muito vagamente um Vampire Weekend com vocalista mulher e um som menos dançante e mais relax. Estranho, não deveria ser tão bom no papel, tem que escutar para entender e nem precisa escutar muito. Desafio você a ouvir isso 3 vezes (é fácil porque é curto) e não querer ouvir a quarta e a quinta e a sexta...
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Sempre gostei de hip-hop e gosto bastante de Wu-Tang Clan mas nunca havia focado no Old Dirty Bastard. Respeito total pelo disco dele que eu estou ouvindo (Nigga Please) principalmente porque passa claramente que ali não tem nada de forçado nem ensaiado, o cara é doido mesmo, levou uma vida mega caótica e insana, arrumou confusão, morreu cedo e fazia o que dava na telha, e transparece no disco. Puta clima de sujeira + caotiqueira + bom humor até (ele é meio palhação) e som secaço, sinistro e direto na veia tipo Wu-Tang da época que era foda de verdade. Todos os MCs do Wu-Tang Clan gravaram pelo menos um disco bom (vários no caso do Ghostface), fiquei até a fim de procurar qual é o canal de cada um deles. Vão atrás do Liquid Swords do GZA, eu escutava esse disco junto com Gorgoroth (clima do mal de verdade).

terça-feira, 21 de julho de 2009

Da série playlist - o que anda queimando a bateria do meu Palm enquanto o ipod está lenhado

Mr. Bungle - Mr. Bungle/Disco Volante

Já comentei neste blog que todas as milhões de bandas do Mike Patton são legais. Conhecia Mr. Bungle superficialmente e finalmente parti para aprofundar no som. Basicamente, o propósito do Mr. Bungle é te deixar louco. Cada música cobre duzentos estilos diferentes - de jazz a death metal passando por música de circo e música árabe no caminho - e cada mudança dura poucos segundos e não faz sentido nenhum. Tudo extremamente bem executado por sinal - caos mais controlado que eu já vi. O disco Mr. Bungle ainda dá, fazendo um pouco de força, para considerar um disco de funk-metal muito excêntrico. Já o Disco Volante - que é enorme e estou considerando uma espécie de épico da música experimental - posso explicar assim: comentei com o vocalista da minha banda que eu passei a semana escutando o disco e ele me olhou com cara de preocupado de verdade - "não faz isso não cara".

Peaches - I Feel Cream

Apesar de continuar pornozona, a Peaches está ficando velha, o que significa que 1-está aprendendo a usar o sintetizador direito e 2-deu o primeiro passo para fazer talvez um dia um disco que possa se pensar em usar a palavra "maduro". Um pouco menos do espírito punkaço dos primeiros só que com batidas melhores. Funciona para mim.

Mos Def - The Ecstatic

O fato de estarmos em pleno auge comercial do hip-hop está fazendo com que os lançamentos realmente interessantes fiquem muito espaçados - o último disco que eu havia gostado antes desse foi o do Q-Tip. Mos Def faz a linha de boas letras políticas - o disco abre com um discurso do Malcom X - batidas bem tensas mas sem perder a verve dançante e influências latinas (música Chicanas e umas letras em espanhol). Discaço e literalmente água no deserto do hip-hop.

Grizzly Bear – toda a discografia no repeat

Se eu ainda não te convenci no post anterior: vá ouvir Grizzly Bear agora.

War on Drugs – Wagonwheel Blues

O nome péssimo talvez esteja fazendo essa banda receber menos atenção que merece. Me interessei por escutar isso depois de ler trocentas mil e uma entrevistas com artistas que eu gosto que quando perguntados o que andam ouvindo agora responderam “War On Drugs”. Pense (gaurdadas as devidas proporções de talento) no que aconteceria se o Bob Dylan fizesse uma banda hoje – voz esquisita e anasalada, ótimas e compridas letras e um som moderno com um pé no blues velho e outro no indie moderno. Não é coisa que se vê todo dia. Apesar do nome horroroso.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Da Série Random Music - All We Ask

Tem um tempo bom que eu não posto sobre bandas realmente novas aqui. Não parei de escutá-las - na verdade tem uma boa lista de coisas legais acontecendo que vou colocar num post daqueles estilos "playlist". Mas tinha um bom tempo que eu não fazia uma descoberta daquelas de banda que vai durar e que você vai ouvir um bocado de tempo, e empolga a ir atrás dos discos antigos e tudo mais. Dessa vez demorou mas enfim aconteceu de novo.

Tem um "gênero musical" que os americanos chamam de "dream pop". Não temos um termo bom para traduzir mas acho um termo ótimo e representativo do som. É basicamente música para te passar a sensação de sonhar acordado. Normalmente leve e "flutuante", solta, viajante, com pé no pop mas feito menos para ser cantada junto e mais para ser deixada passar por você como uma espécie de onda que não tem pressa, não tem preocupação em te balançar mas em te levar flutuando para cima bem devagar. Tem gente que define que é o ópio sonoro. Tem diversas bandas que já receberam esse título - Galaxie 500 me vem à cabeça porque encaixa muito na descrição e eu acho que funciona muito bem com esse intuito - e algumas que estão se engajando nisso por agora. Aliás, se pedirem para você definir onde está o indie rock em 2009 (não em 1999 ou 1989) para mim está claramente no folk experimental e no dream pop. E bati de frente com a banda que está melhor fazendo isso na atualidade.

Grizzly Bear era basicamente o nome que um rapaiz do Brooklyn, Ed Droste, escolheu para se apresentar com uma banda que era basicamente ele sozinho. E a onda do rapaiz é bem folkzinho - quase só voz e violão e alguns outros sons bem étéreos e delicados viajando por trás, tudo gravado sem muita definição sonora e feito com simplicidade que culminaram num disco incrivelmente atmosférico dado as limitações do formato - Horn Of Plenty. A partir daí ele sentiu que valia a pena investir no negócio e o Grizzly Bear virou uma banda de fato.

Porém "folk" é muito limitante para definir os camaradas. Folk funciona como a base e a cola para o som, tanto quanto metal e borracha é a base para fazer um carro - quer dizer, está ali, no fundo, sustentando tudo, mas o resultado final vai muito mais além, até porque a banda não se limita - faz barulho quando precisa, usa de música eletrônica, tem arranjos vocais maravilhosos estilo Fleet Foxes e ainda assim em agradou muito porque é muito "me leva longe" e tem um estilo de composição bem único. Ou seja, não consigo te dizer com o que eles parecem. O que para mim é um dos melhores elogios que um músico pode ganhar.

Não vá com pressa. Não é daquelas bandas que vão te dar um soco no estômago. Você não vai sacar de imediato o quanto é bom. Deixe o som rolar. Escute no fone bem alto e saque aos poucos quantas nuances existem ali - eles tem a fama de trabalhar os discos deles obssesivamente. E de repente vai te dar um clique. E quando você mudar de disco vai te dar outro clique igual. E aí, brother, assim como eu, você já era. Mais um fã de Grizzly Bear.

Comece por - na verdade por qualquer um, mas o mais "pop" e "fácil de ouvir" é o novo (Veckatimest)
Maravilhosamente cheio de detalhes - Yellow House
Não é bem o Grizzly Bear ainda mas muito atmosférico e bonito - Horn Of Plenty

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Eu quero ser o Beck

O Beck é o tipo de cara que ama música, vive de música e passa o tempo livre dele também fazendo música, e ainda tem o tipo de idéia maluca que eu adoraria levar para frente também.

A última viagem dele se chama record club e é uma idéia excelente.
Os passos são:
1-ele escolhe um disco;
2-ele chama alguns amigos músicos (tipo Devendra Banhart e os caras do MGMT);
3-eles passam um dia no estúdio e sem ensaio prévio nem trabalho de arranjo eles gravam covers de todas as músicas do disco;
4-eles postam vídeos dessas músicas no www.beck.com, uma por dia.

E começaram destruidoramente bem com o classicaço primeiro disco do Velvet Underground. Hoje inclusive postaram Femme Fatale.

Eu posso ser o Beck????

terça-feira, 30 de junho de 2009

A Looking In View

Alice in Chains colocou a música nova deles para download de grátis no site oficial. Uma música de 7 minutos. Pontos para o movi anti comercial.

Achei... from hell e obscura o suficiente. :-D

Aprovada pelo Rise From Your Grave e pelo Leandro adolescente que escutou esses caras até gastar o cd.

(só espero que o resto do disco faça juz)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Da Série Random Music- Come on baby won't you show me what you got

Rancid é uma banda conflituosa. Ao mesmo tempo em que é formada por um bando de punks from hell que já moraram em prédio abandonado e para comprovar o vocalista já teve o nariz quebrado nem lembro quantas X vezes antes (segundo ele uma vez por causa de uma discussão sobre I don't wanna go down to the basement) não tem vergonha nenhuma de ir para a trilha pop e vamos ganhar uma grana quando precisa. Como é uma das bandas que exercem o efeito "nostalgia cega" em mim porque fez uma parte forte da minha adolescência (a apesar de tudo sempre foi uma banda completa e interessante) mesmo quando descabam para o lado errado eu curto.

Lembra nos anos 90 quando toda banda punk que se preza começou também a fazer ska? E depois a onda passou rapidinho e não deixou quase nada para lembrar que isso aconteceu? Antes disso havia uma banda que na verdade era de ska e fazia um pouco de punk, absolutamente seminal e que influenciou (para e bem e para o mal) basicamente todo mundo: Operation Ivy. De curta duração (mais ou menos entre 88 e 92) foi A banda que fez ska de qualidade mesmo neste período - curto e grosso, sem firula, boas letras de protestão e espírito juvenil mas com seriedade - faça um grande favor a si mesmo e vicie na coletânea deles antes de voltar a ler isso aqui. Obrigado.

Depois do fim do Operation Ivy o guitarrista e o baixista (aliás, o baixista mais virtuoso do punk - quantos discos de punk rock na veia você já ouviu quem tem solos de baixo?) começaram o Rancid com um batera como mais uma banda punk-de-rua-eu-amo-Ramones-mas-sou-mais -from-hell e que felizmente tinha um puta talento e que foi se tornando mais complexa e surpreendente a cada disco. No segundo disco (o já clássico Let's Go!) incorporaram outro guitarrista/vocalista (Lars Frederikssen) que de cara foi um contraponto ao vocal bêbado-emboladão-caotiqueira do Tim Armstrong (que não dá para entender nada mas é muito foda) e já deu uma nova dimensão à banda.

A partir daí foram só rumos interessantes: começaram a retomar o trabalho com ska que faziam no Operation Ivy (aliás, fora o Operation Rancid é de longe a melhor banda punk e cair para o ska que existe, o comprometimento é tão real que o disco solo do Tim é mais reggae que qualquer outra coisa); foram abrindo o som de maneira criativa e incorporando rockabilly, reggae puro, pop, baladas e o que mais viesse na cabeça. A onda "experimental" do Rancid chegou no auge na época do (outro clássico) Life Won't Wait, que deixou uma interrogação na cabeça de todo mundo num efeito parecido com o que deve ter sido escutar o Sandinista! do The Clash na época que saiu - um certo "o que esses caras estão fazendo?" do público e um grande "o que estivermos a fim" da banda. E só para dar uma reguingada emendaram um disco mais punk que o punk depois - músicas de um minuto a mil por hora com as linhas de baixo cabulosas do Mr. Matt Freeman e os vocais embolação por cima. E com as letras temáticas da vida de punk de rua de sempre - apanhar da polícia, procurar coisas legais no lixo dos ricos, pessoas esquisitas que vão para a cadeia ou morrem cedo, mulheres selvagens, bebida, e música como o único alívio e salvação.

Na verdade você devia escutar Rancid porque é uma das melhores bandas punk da década de 90, porque é divertido para cacete e porque mesmo quando estouram uma música na MTV - sim, eles de vez em quando fazem isso - fazem um pop/punk centenas de vezes mais bacana e honesto (e sujão) do que outras bandas que acham que fazem punk/pop e na verdade estão fazendo pop/pop. Acho que entraram meio que num piloto automático nos últimos dois discos - mas eu estou escutando eles como um viciado assim mesmo.

Comece por - Let's Go!
Experimental e cheio de esquisitices (ou seja, do caralho) - Life Won't Wait
Cheio de hits - ...And Out Come The Wolves
From hell - Rancid (2000)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

You've Been Hit By - You've Been Struck By - A Smooth Criminal

UPDATE:
MICHAEL JACKSON the first 2 english words i eva spoke . the future sucx!
(M.I.A.)

Tudo bem que ele morreu lá para 1986 quando deixou de ser negão, mas nessa época ele chutava a bunda de quase qualquer um.

RIP!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Da Série Random Music - Give Up he Funk

Na década de 60 a Motown foi inegavelmente a força dominadora total atrás da música negra americana. Em todos os sentidos - desde artístico até comercial. Basicamente toda música negra pop que você conhece hoje deve alguma coisa em algum nível para eles, e todo artista negro fazia música popular próximo da época tem algum tipo de ligação com a gravadora, desde Stevie Wonder até Marvin Gaye. Eu particularmente não sou muito fã, exceto de artistas que eram geniais de fato não importa para quem estavam gravando. Mas ninguém imaginava que um doidinho que trabalhava como compositor contratado da Motown na década de 60e que não conseguia decolar com nenhum sucesso iria basicamente revolucionar a música funk e virar um camarada tão completo e fodaço - para não falar maluco.

George Clinton é conhecido por suas duas ótimas bandas clássicas e pela carreira solo dos anos 80. As bandas são Parliament e Funkadelic - que na verdade são basicamente a mesma banda (com um suporte de muitos músicos rotativos) gravando discos com nomes diferentes por questões bizarras comercias de relacionamento com a gravadora. Por causa do Parliament, Clinton declarou que o estilo que elas tocavam se chamava "P-Funk" e acabou pegando porque foram influenciais para cacete, ou seja, todo mundo que tocava algo parecido com esses camaradas toca "P-Funk". E porque isso é tão importante?

Ficou muito claro para mim qual é a onda um dia que tentei compor com a banda uma música estilo Parliament. No fundo funciona em um nível bem viajante mas é mega dançante ao mesmo tempo, e é muito mais difícil de fazer do que parece. Sabe aquela onda da música eletrônica de repetição infinita para gerar uma espécie de transe? Eu imagino um ensaio do Parliament onde o baixista mostrava uma linha de baixo bem bacana e dançante e o George Clinton dizendo "beleza, agora toca isso aí por 10 minutos", o baterista acompanhando, os metais improvisando em cima, as backing vocals jogando aqueles "give up the funk" (aliás os arranjos vocais são super ricos) e por cima Mr. Clinton pirando - tudo que ele canta parece improvisado na hora por alguém que tomou todo tipo de substâncias, o que provavelmente é verdade. Quando gravavam com o nome de Parliament, o foco era no funk, nos metais, no lado dançante; quando gravavam como Funkadelic (a minha preferida) era a mesma onda só que mais rock, muita guitarra, distorção, solos e barulheira.

E quando tocava com qualquer um a temática sempre é meio maluca - as letras variavam de
invasões alienígenas a protesto social a mulheres bonitas a "expandir a mente" a clones e por aí vai. Os músicos tocavam sempre vestidos da maneira mais exdrúxula que conseguiam - imagina um monte de velho barbudo tocando funk vestidos com fraldas geriátricas. No fundo é música única e malucaça construída a partir de um monte de elementos simples e repetitivos que se combinam para formam alguma coisa complexa e incrivelmente bem feita - o wikipedia lista 32 músicos que já foram parte da banda.

Me lembro quando eu comecei a me aprofundar em Funkadelic e ficar numa espécie de êxtase porque a banda te passa uma espécie de energia e vontade pura (ou prazer puro) simplesmente de estarem tocando por tocar que eu não consigo evitar ficar contagiado - simplesmente pelo som. É uma banda que você pode trancar por 5 dias seguidos em um estúdio que imagino que eles não sairiam nem para comer. E 5 dias depois ainda estariam improvisando. E saindo coisa boa.

Funkadelic - comece por: Maggot Brain - o mais viajeira de longe e guitarras absurdas
Parliament - comece por: Mothership Connection - essência deles muito na veia
Coletânea brutal e definitiva do Funkadelic - Motor City Madness
Fun Fun Fun com Parliament (soca nas suas festas) - Chocolate City

ps: a voz que fala "see the turtle go" no início da Yertle The Turtle dos Red Hot Chili Peppers é do trafica que vendia cocaína para o George Clinton (!) e a aparição dele no disco foi o pagamento da dívida que estava sendo enrolada até aquele dia e foi ser cobrada no estúdio.
ps2: George Clinton é (não por coincidência) o artista mais sampleado da história, tanto que ele lançou um cd só com pequenos pedacinhos de músicas justamente para você samplear
ps3: rola pensar em comprar um porque agora tenho uma tv full hd :-)

terça-feira, 16 de junho de 2009

SPORE

Finalmente resolvi atualizar meu PC de 2004 (coitado). Comprei um computador fuderoso comandante de batatal do além. E comprei The Sims 3 para minha mulher parar de ter crises de abstinência e agonia porque não estava podendo jogar ele. Pena que ela não consegue ficar rica nele igual no 2 :-D


Por sua vez a Mirita me deu úma cópia do Spore original. E esse post é só para dizer PQP.


Spore é tão inovador e criativo que é difícil de explicar. Basicamente é mais uma criação absurdamente genial do mesmo doidinho que criou o Sim City e o The Sims. Mas para mim é a obra prima dele. Eu acho que ele partiu do princípio de que grande parte da diversão era criar as coisas e elevou esse conceito até a enésima potência. Spore é um jogo de criar coisas (principalmente mas não limitado a criaturas) e ver como essas coisas se viram no mundo.


Basicamente você começa como uma criatura unicelular (num dos gameplay mais psicodélicos e bonitos graficamente que eu já joguei), e precisa comer e não ser comido pelas outras criaturas. A medida que acumula alimento você ganha "DNA points" que são usados para evoluir a sua criatura. Ela fica maior e passa a comer (e ser comida por) outras criaturas maiores. E vai cada vez evoluindo mais - e a evolução é customizada por você.


Basicamente a maior parte da diversão do Spore é o engine de geração de criaturas. É ABSURDO. É absolutamente simples e quase que ilimitado. Simplesmente dê uma passeada no site do Spore (seção Sporepedia) e veja a flexibilidade dos seres que você é capaz de criar. E o mais importante, eles funcionam. Eles vêem com os olhos que tem, andam da forma que dá e comem com a boca onde tiver. Se você fizer uma criatura com 5 bocas, olhos em cima e pernas em lugares extranhos ela vai andar desajeitada, comer com as 5 bocas e só vai enxergar o que está acima dela. Mas vai funcionar.


O resto do jogo é basicamente você conduzindo sua criatura para disputar com as outras criaturas do mundo em vários estágios de evolução - ela se torna uma criatura terrestre, depois começa a fazer tribos, cidades, e assim vai até a era espacial. Dependendo do estágio evolutivo ela disputa com outras criaturas de diferentes maneiras - mas no geral socializando ou se matando. Funciona como um jogo de estratégia (Age Of Empires da vida) muito bem implementado.


Aí que entra o outro conceito bacana - e por isso que você precisa ter o Spore original: você joga conectado ao servidor do Spore e tudo que você cria vai para lá. E aparece no jogo dos outros. Ou seja:


  • As criaturas que aparecem andando no seu mundo foram (em sua maioria) criadas por alguém jogando Spore na casa dele. O Spore faz download delas automaticamente sem você perceber. O jogo não é multiplayer: você não está jogando com outros, mas faz uso do conteúdo que todas as pessoas que jogam Spore do mundo criaram;

  • O mesmo conceito vale para qualquer coisa customizável do jogo - edifícios, veículos, naves etc;

  • O conceito de compartilhar conteúdo é tão fortemente implementado que você pode simplesmente navegar no site do Spore (de qualquer lugar, nem precisa estar no seu computador) e buscar por criaturas feitos pelos outros e com um click incluí-la no seu jogo;

  • Criaram inclusive o conceito de "Sporecast", que é um "canal de distribuição de criaturas". Você cria um com 1 click de dentro do jogo e qualquer pessoa pode assiná-lo, o que significa que as pessoas que "assinarem" suas criaturas vão ter a probabilidade maior de vê-las no jogo delas.

Conceitos novos e originais e divertidíssimos. Spore comandou o batatal.


Essa é minha criatura "Bastardinídio":


Fica a recomendação! Quem comprar me avise para compartilhamos as criaturas!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Finalmente um para substituir o Kraftwerk


Este blog declara oficialmente neste momento o disco Nighthawks At The Dinner do Tom Waits como o melhor disco da história para se ouvir trabalhando.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Da série random music - AR


Bebidas fortes e bem caras. Lava lamp. Sofá. Pouca luz. Móveis coloridos. Pessoas bem vestidas gastando dinheiro. Conversando baixinho. E fazendo longas pausas para silêncio. Meio que desinteressadas e um pouco tristes mas relaxando e curtindo. Muito tarde da noite. Prazer + bebida + relaxamento + algum clima de tensão sexual + um pouco de melancolia. Calmo e lento e mais ou menos sexy. 4 da manhã.

Imaginou a cena? Agora imagine ela de novo e coloque uma trilha sonora.

Você está ouvindo Air.

Air é uma dupla francesa mega afetada (leia-se meio bichosa) que faz música eletrônica desde 1997. Faz EXCELENTE música eletrônica ambiente desde 1997, que se traduz nas imagens acima na minha cabeça e que serviriam com perfeição para acompanhar essa cena. A música do Air se move lentamente, mas nunca é chato nem frio (aliás, não é instrumental); é um clima quente e um pouco melancólico sim, mas aquela melancolia de criança descobrindo que o mundo é mais feio que sua inocência supunha.

Outro onda importante para entender o Air é a palavra vintage. O som eletrônico deles é feito utilizando sons de sintetizadores da década de 70 e mesmo as harmonias e outros elementos que circulam pela música parecem vir de outra época, mais simples e mais glamourosa. Aliás, eles já transcederam o eletrônico tem tempo - utilizam com maestria a mescla de acústico e robótico e do nada aparece desde flauta doce no som (que eu detesto) até bandolim, violão, violino e o que mais vier na cabeça. É indiscutivelmente bem feito e sofisticado, um pouco afetado sim, mas gera um clima sonhador que se você não for levado junto deve ter um coração de pedra ou uma alma meio seca. Ótimo som para afundar nele no escuro de olhos fechados.

Na verdade, as pessoas esperam tanto isso do Air (e o recebem em doses tão generosas) que quando eles se atreveram a desviar um pouquinho disso para um veia um pouco mais sinistra e tensa (no disco 10 000 Hz Legend, que é ótimo mas injustiçado coitado) as pessoas quase espancaram os garotos. Voltaram correndo para o mundo do Air e todo mundo respirou aliviado. :-) até eu

Exemplo raro de som que funciona tão bem sozinho quanto acompanhado. Coloque no início e no fim das suas festas. Escute de madrugada quando chegar da rua. Ou coloque a qualquer momento que quiser sonhar acordado.

comece por - a maioria das pessoas diria para começar pelo Moon Safari, mas para mim atingiram o auge no Talkie Walkie
e depois - vá para Moon Safari se gostou mais do lado afetado ou para o Pocket Symphony se quiser um som mais orgânico e menos eletrônico. Os dois são tão bão quanto
não é BEM air mas é bom - escute depois dos outros o 10 000 Hz Legend
100% instrumental - trilha sonora das Virgens Suicidas é toda do Air

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Véio doido is back

O novo projeto do David Lynch se chama The Interview Project. Ele saiu viajando por todo o território dos EUA tentando captar pessoas aleatórias na rua (imagino que em companhia de sua vaca de estimação) e fez diversas entrevistas curtas com todo o tipo de pessoa em todo tipo de lugar contando todo o tipo de história de vida sobre eles mesmos. A cada 3 dias ele posta um novo vídeo, e está em tempo de você acompanhar porque o primeiro foi postado hoje. É com o Mr. Jess, um velho que foi encontrado sentado no canto da estrada no meio do dia e conta uma curta (os vídeos tem só 3 minutos) biografia triste. Achei o conceito do projeto bem interessante e pretendo acompanhar, e é filmado e editado de uma maneira bem humana - basicamente, trabalho bem feito, nada menos que eu espero dele. O primeiro vídeo está aqui.

Em outras véio-doido-related-news (e já recomendado por anônimos neste blog ;-) ) escutem o ótimo Dark Night Of The Soul. É o projeto novo do Danger Mouse - aquele dj mermo - porém não é de música elketrônica, é indie na veia e tem a participação de diversos vocalistas bacanas, cada um em uma música. Qualquer disco que junta Iggy Pop, os vocalistas dos Strokes, Flaming Lips, Pixies, Superfurry Animals, Sparklehorse (que foi a banda que executou as músicas) e outras figuras interessantes tem grande chance de ser bacana e o disco é ótimo. Basicamente é uma coleção de músicas centradas no tema de auto-descoberta dolorosa, que tem a ver com a tal "noite negra da alma", que é uma jornada interior pesada e dolorosa que os católicos acreditam que precisam passar para se conectar com Deus. Acompanha um livro de 100 páginas de fotos tiradas pelo David Lynch, que inclusive é responsável por duas músicas do disco. Que foi lançado como um cd em branco + o livro para você baixar ilegalmente e gravar as músicas no disco, numa atitude bem punk do Danger Mouse peitando a EMI de tora e que daqui a pouco vai fazer ele desaparecer por aí para dentro de uma limusine preta misteriosa e nunca mais ser visto.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Coisas velhas são novas de novo

Alice in Chains vai lançar um disco novo em setembro - o primeiro em 13 anos.
Faith No More voltou.
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ATUALIZAÇÃO: VOLTOU E TOCA EM SP EM OUTUBRO, BORA???!
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Stone Temple Pilots voltou.
Até os Guns And Roses lançaram o disco.

Estamos em 2009, na cara de 2010 - o ano em que vai começar a obsessão com a década de 90. E a onda com 80 já está dando enfado.

Pode esperar:
- Nirvana vai virar mania de novo;
- Vão aparecer bandas novas fazendo big beat (aquele som dos Chemical Brothers, Prodigy, Fatboy Slim que ninguém faz mais);
- Vão aparecer bandas novas fazendo trip hop (aquele som do Portishead, Massive Attack, Tricky que ninguém faz mais);
- Chico Science vai virar uma espécie de santo aqui no Brasil, ainda mais porque morreu cedo;
- Pearl Jam vai virar uma espécie de Led Zeppelin;
- Se voltar as tendências dos anos 90 hip hop vai ficar bom de novo;
- Algumas coisas bem merda vão voltar do nada (tipo Ace Of Base);
- E como sempre vamos andar em círculos correndo atrás do próprio rabo.

A onda dos anos 80 já encheu, mas teve sua utilidade. Citando a Cláudia, fizemos as pases com a década, porque tinha coisa boa sim e foi a década mais execrada e enojada depois que terminou.

Agora quando é que vamos lembrar que estamos em 2000? Ou em 2010? Acho que só em 2020-2030. Citando um doidinho que eu não lembro o nome mas que vi a entrevista dele com a Mirian na tv, quando me chamam para churrasco onde vai tocar "músicas do nosso tempo" eu digo para o cara, seu tempo é HOJE, você está vivo em 2009. A maioria das pessoas se paralisa no tempo da adolescência, tipo um dia da marmota eterno. Basta ver como se vestem, como cortam o cabelo e principalmente o que escutam.

Mas divago.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

All That Muthafucking Jazz!!!!

Sempre gostei de jazz, achava legal, interessante, respeitoso, bacana de beber escutando etc. Achava uma saída bacana sair para escutar jazz e escutava um pouquinho - algo como 5 ou 6 artistas de vez em quando para descansar dos outros estilos. Basicamente, um interessado.

Este ano meu período Conan me fez fazer A PASSAGEM. A passagem de interessado mais ou menos para um cara que é de fato fã de jazz. Me deu um click do nada: parece que jazz é algo muito grande que você faz um download lento, lento, lento, anos, e um dia capum. Você começa a entender direito qual era a graça de verdade do negócio. Não que eu não achasse graça; mas agora não consigo ficar sem pelo menos um cd de jazz no carro. E se for um bom, não consigo tirar. Fica semanas direto.

Não mudei no meu quesito de detestar música excessivamente técnica e exibicionista. Jazz não é isso. Pelo menos o bom jazz não é isso. O bom jazz é a música verdadeiramente LIVRE. Jazz não é preso a vocais mastigando o sentido da música para você (música com vocal, mesmo sem letra, força o sentimento dela em você pela nossa relação com a voz humana). Jazz não é preso a ter que existir uma introdução, um verso, uma ponte, um refrão; jazz não é preso a música ter que durar pouco ou muito, a música ter um direção ou um sentido. O verdadeiro bom jazz é o jazz livre e descompromissado, que simplesmente vai para a direção que quiser (aliás, que deve ir) sem pedir desculpa nem licença para ninguém e acaba só quando chega lá.

Se músicos sem inspiração lerem o parágrafo anterior e tentarem fazer, vira algo sem graça, sem sal, sem direção, sem expressão, sem sentido. O jazz ruim é a famosa música de elevador. Se pessoas realmente talentosas partem para isso, o jazz é como escutar um monólogo legal de alguém. Você vê que, por ser basicamente improviso, tem muito das pessoas que estão executando a música sangrando, vazando do som. E se as pessoas forem pessoas interessantes, a música será boa também. Hoje eu tenho condição de ouvindo a música sacar que aquele ali é o Coltrane, porque é sempre ao mesmo tempo um pouco pertubador e desorientador, porém bonito. Muito do que provavelmente ele sentia por dentro. Assim você vê o caos que passava dentro do Charlie Parker, a vivacidade de um Lee Perry, a onda cool e de mente aberta de um Miles Davis. Para quem ainda não absorveu legal, é tudo mais ou menos igual. NADA MAIS LONGE DISSO.

Minha dica para ouvir jazz é a mesma que o David Lynch deu: NÃO PENSE. Não pense na música, não tente atribuir sentido a ela, não faça nada de forma ativa. Deixe a música passar por você da maneira mais passiva possível e tente ficar só com a sensação que ela te deixou. Isso é mais fácil falar do que fazer, mas é algo que se aprende. Não comece com nada do jazz que se aproxima do pop (as Norah Jones da vida). Comece com algo que realmente tenha liberdade e espírito. Não comece com coisa difícil de ouvir como o Coltrane ou o Coleman. Comece com alguma coisa tipo o clássico dos clássicos, o disco Kind Of Blue do Miles Davis ou com uma coletânea do Chet Baker.

Pretendo postar sobre jazz mais frequentemente agora. Note que disse que passei de interessado para fã. Estou muito, muito longe de ser um entendido em jazz.

Mas estou animadíssimo para fazer a jornada.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Redescobertas bacanas

Pela primeira vez eu tenho um carro com um som decente. Cheio de frescura, lê pendrive, mp3, ipod e bla bla bla e um efeito colateral muito bacana foi: até comprar um gravador de DVD (sei lá, tipo em 2006) eu guardava meus MP3s todos em CD. Bati mais ou menos em 56 cds de mp3s e comecei a armazenar em DVD. Mas como o leitor do som não lê DVD resolvi ir atrás dos meus cds velinhos e escutar o que estava neles, peguei uma pilha aleatória e comecei a socar no carro.

Excelente maneira de se surpreender novamente com coisas que tem muito tempo que você não escuta e que não sabe porque. Talvez seja até mais legal que descobrir bandas novas porque é um sopro de ar fresco + familiaridade + nostalgia (cujo poder não pode ser subestimado, já comentei aqui).

Até me proponho a fazer uma coisa legal: hoje consegui reunir grande parte da minha música num HD externo - nem toda, esses cds mesmo foram meio que abandonados. Qualquer dia vou deixar ele uns meses com alguém e escutar só coisa nova - quero ver o que vai rolar quando eu pegar ele de volta.

Algumas coisas que estavam abandonadas mesmo porque eu sou um canalha injusto:

dEUS - excelente banda indie da Bélgica, guitarreira, estilosa e experimental, se quer uma referência lembra um pouco Spoon se Spoon fosse mais agressivo. Ou seja, bem construído, bem tocado, criativo e variado, bem cool e cheio de estilo mas sem medo de partir para a violência quando necessário. Já vi eles tocando na tv a muito tempo atrás e é o tipo de banda que você nunca imagina onde a música vai parar porque pode começar bem pop e bonitão e terminar com a banda esfregando as guitarras nas câmaras de tv (bem Sonic Youth) e se jogando na platéia. Recomendo demais. Descobri no AudioGalaxy (!!!) lembram??

Soulwax - coincidentemente também da Bélgica, a maioria das pessoas conhece Soulwax como "a banda de rock dos 2 Many DJs", dupla de djs que fazem música eletrônica estilo big beat só que com muito bom humor e foram um dos criadores do mashup (misturar músicas dos outros para fazer música nova), inclusive já tocaram no Brasil. Quando eles querem ficar mais rock eles lançam discos como Soulwax e acertam a mão, no fundo é uma espécie de indie bem feito mas que claramente não se leva a sério (o que a melhor coisa deles) então tem arranjos meio que leves e bem humorados, o que os deixa interessantes, e não tem medo de destruir nada - escutem a música "Saturday" que é Billie Jean com outra letra e outra melodia de vocal. Comanda!

The Pillows - tenho muitos amigos que adoram, eu particularmente tinha um bocado de tempo que não escutava, mas me lembrei que punkzinho pop feliz cantado em japonês e meio que fofinho-mas-de-vez-em-quando-rápido-pra-cacete e (pelo menos soa) bem honesto e inocente pode funcionar. A melhor banda do Japão ainda é Boredoms e esses caras provavelmente apanham dos caras do Melt Banana na rua mas se quiser indiezinho feliz descompromissado dá para ir bem pior.

Tom Waits - eu sempre adorei Tom Waits e ele NÃO ficou esquecido durante esse período, mas especificamente o disco Rain Dogs que começou a tocar inesperadamente no meio do cd é uma puta de uma obra prima e tinha muito tempo que eu não escutava. Tom Waits basicamente é aquele cara velho bêbado que você vê na sua rua em boteco sujo 7:00 da manhã perto da sua casa tomando alguma coisa tipo rum. Só que impecavelmente vestido de uma maneira meio sinistra com um sobretudo preto, uma voz agressivamente rouca e ritmos que sempre parecem alguma música velha e suja que só toca em bares muito empoeirados de algum bairro esquecido do leste europeu. É aquele cara que você vai ouvir quando estiver deprê e realmente se sair melhor, porque ele basicamente vai te escutar até o final e ficar no bar mais tempo que você, contando histórias de hotéis baratos, mulheres baratas, como "toda a bondade do mundo cabe dentro de um dedal e ainda sobra espaço para você e eu", e você escuta aquela voz acabada e pensa "ah, pro inferno com tudo mesmo, é tudo fudido de qualquer jeito, vou me divertir". Tom Waits é um guru.
Por favor não morra antes de ouvir pelo menos um disco dele
!

Mastodon - Mastodon é uma banda de metalzão que pega um pouco de cada estilo de metal moderno - guitarras afinadas em MUUUU, bateria com bumbo duplo destruidora, vocal gritadão e toques de detah/black metal mas com andamento menos rapidão e mais groove; caramba, que difícil de explicar. É um metalzão pesado e balançado tipo um Biohazard menos punk e mais from hell. Eu perdi o interesse neles depois do disco Blood Mountain, que começou a ficar muito complicado e progressivo e eu odeio isso em qualquer estilo de música. Mas tinha esquecido o tanto que o disco Leviathan é destruidor. Disco temático feito em cima do Moby Dick (livro que eu amo inclusive), meio que me fez perceber o quanto Moby Dick é intenso e brutal, as músicas soam obsessivas e de coração escuro igual o capitão Ahab. Nessa época parecia que Mastodon ia ser a melhor banda de metal do mundo. Ainda torço por isso.

terça-feira, 19 de maio de 2009

No More Conan!!!!!!

Dei o primeiro passo para resolver minha vida.

Downgrade é sempre ruim, mesmo quando foi um downgrade que você pediu.
Mas... voltei a ser uma pessoa, a ter uma vida, a ter uma esposa, a respirar, poder estudar, ler, pensar um pouco em mim mesmo, ouvir música e caber alguma coisa dentro da minha cabeça.

Ou seja, prometi mil vezes retomar atualizações direito... e tudo indica que agora vai ;-).

No more Conan times!

domingo, 26 de abril de 2009

Resuminho básico bem rápido do que anda acontecendo de interessante

Wavves é um doidinho americano com um cabelo esquisito que está tocando por aí - fica no palco ele tocando uma Fender Jaguar e um batera e mais nada. E é barulhento, avacalhado e tosco demais. O cd parece gravado no banheiro dele. Parece um Nirvana bem mais barulhento e com backing vocals fazendo uh-uh em falsete - sem saber cantar em falsete. Ou seja, legal demais. Pegue o segundo disco dele (chama Wavvves) e não me espanque se achar barulhento demais.

As PJ Harvey está com disco novo (A Woman A Man Walked By). É o segundo com o John Parish e é melhor que o primeiro. A mina está mais doente do que ela é normalmente (escute Pig Will Not). Achei bem orgânico e bacana, curto e direto na veia. É a PJ Harvey pô nem precisa falar que é o hit atual da minha casa.

Outro que vem monopolizando é uma coletânea dupla que faz parte de um projeto de caridade chamado Dark Was The Night. Só tem banda no mínimo interessante e é meio que focada (mas não limitada a) essa geração atual de indie-folk. Ótimo disco e boa porta para te dar um panorama geral de música moderna. Tem música nova de bandas que eu amo (Arcade Fire, Spoon, My Morning Jacket etc), coisas malucas tipo uma quase ópera de uns 10 minutos do Sufjan Stevens, bandas novas legais tipo Beirut e umas coisas irritantes também que eu fiz questão de não guardar o nome (pule a primeira música por exemplo).

É isso aí, curto e direto! Daqui a pouco solto mais...

...

Hello darkness, my old friend,
Ive come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence.

In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone,
neath the halo of a street lamp,
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of
A neon light
That split the night
And touched the sound of silence.

And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more.
People talking without speaking,
People hearing without listening,
People writing songs that voices never share
And no one deared
Disturb the sound of silence.

Fools said i,you do not know
Silence like a cancer grows.
Hear my words that I might teach you,
Take my arms that I might reach you.
But my words like silent raindrops fell,
And echoed
In the wells of silence

And the people bowed and prayed
To the neon God they made.
And the sign flashed out its warning,
In the words that it was forming.
And the signs said, the words of the prophets
Are written on the subway walls
And tenement halls.
And whisperd in the sounds of silence.

sábado, 18 de abril de 2009

UUUF

1- Estou vivo
2- Não desisti do blog
3- Aos pouquinhos vou ficando mais Conan, apanhando menos e com mais chances de voltar a escrever
4- Essa pausa não será eterna
5- Não vou escrever mais agora porque estou indo tocar em Ubá!
6- tomara que dê tudo certo e eu volte a escrever pelo menos um post por semana a partir da semana que vem
7- vão escutar Wavves!!!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Eu Estive Lá

A princípio era para escrever um texto longo sobre isso, mas numa boa, para quê colocar em palavras? Não vou falar do setlist, do lugar, do palco perfeito - tem até torrent para baixar e centenas de críticas para ler. E sou muito envolvido emocionalmente para fazer uma crítica de verdade. Vou falar de mim.

Fui em um show que esperava a 15 anos. Como todos os discos do Radiohead são muito vinculados à época da minha vida em que saíram, passou minha vida inteira na minha cabeça. Na hora que a banda pisou no palco meu olho encheu de água. Chorei de verdade em metade das músicas e gritei meu pulmão para fora. Passei duas horas e meia fora do mundo. Basicamente tive uma experiência religiosa.

Bom, foi isso. Acho que nunca mais vou ter uma experiência musical tão intensa. Triste? Na verdade, MUITO feliz.

Obs - o resto da viagem tb foi bacana, abraço a todos os amigos que acompanharam e aos novos amigos de SP.

sábado, 21 de março de 2009

Presta atenção

Presta atenção:

Nine Inch Nails e Jane's Addiction fazendo uam turnê juntos -> fodaço
Nine Inch Nails e Jane's Addiction gravam um EP com músicas novas para comemorar -> maravilhoso
Nine Inch Nails e Jane's Addiction colocam o EP online para baixar de grátis -> VTF!

Detalhe: saindo agora para o show da minha vida :-D

terça-feira, 17 de março de 2009

O Gerente e a revogação dos direitos

A palavra gerente é quase mítica, quase mística. Provoca sempre algum tipo de reação - ambição, inveja, antipatia, respeito, admiração. Provoca algumas associações genéricas parcialmente (ou em alguns casos) nada verdadeiras - respeito, competência, muito trabalho, muito dinheiro. O gerente é uma espécie de padre do capitalismo que reza a única missa que realmente importa ($).

O gerente existe em uma espécie de outro plano. Para quem está abaixo, o gerente é uma espécie de santo-ninja-salvador que vai organizar sua área, sua vida, suas idéias, suas roupas, vai resolver todos os seus problemas e os de todos os que estão do seu lado, mais os problemas corporativos e não deixar que nem uma mosca escape de sua onipotência absoluta na sua busca pelo funcionamento perfeito e infalível. Cadê a porcaria do gerente? Onde está a onipotência natural de todos os gerentes que dexiaram passar o mais ínfimo detalhe do meu dia-a-dia? Afinal ele ganha mais que eu. O gerente resolve.

Para quem está acima, a palavra gerente é um código para a partir do momento em que se aumenta o salário (ou pior, nem isso) todos os seus direitos básicos são revogados. Precisa de uma apresentação complexa para amanhã de manhã? E daí que são 9 da noite, o cara é gerente. O gerente não tem vida própria, o gerente não tem que reclamar, o gerente tem domínio absoluto de todas as esferas de conhecimento humano. Gerente, você não se atualizou no jornal?? Virou a noite trabalhando? Porque não trabalhou com a TV ligada? Todo gerente é uma espécie de Hiro Nakamura - manipula o tempo e espaço.

O que o gerente nunca é - simplesmente um cara humano, que como você tem um trabalho para fazer - muitas vezes de volume maior e stress nem se fala - que também está sempre aprendendo, que erra (você se permite errar mas nunca perdoa o gerente), que não sabe tudo, que tem limites e fraquezas e que quer sim, assim como você, ter uma vida fora do serviço (e ainda te digo que na maioria das vezes ganha menos que você pensa). A trajetória da maioria dos gerentes é a de um cara que simplesmente fazia seu trabalho direito. E agora tem que fazê-lo infalivelmente, maravilhosamente, sobre-humanamente, desumanamente. Afinal ele ganha um pouco mais não é? Você associa a palavra gerente com liberdade? Muitas vezes você é muito mais livre que seu gerente.

Mas o que esse carinha está reclamando de barriga cheia? Ele é gerente, ganha bem... fica quieto e vai trabalhar.

PS.: não te agonia perceber que nossas únicas escolhas são entre passar aperto de grana, se matar de trabalhar ou viver de forma desonesta?

domingo, 8 de março de 2009

Da Série Random Music - As Dores de Ser Puro de Coração

Rock é confrontação, e confrontação é crescimento. Por isso que o rock sempre muda e gera uns estilos malucos à medida em que confronta o que acontece, confronta a si mesmo, confronta a sua própria confrontação. Na época do hardcore, onde o que dominava a música alternativa eram bandas tipo Black Flag e Misfits e Bad Brains, bandas que surgiram para ser 100% contra a corrente principal do rock e se caracterizavam como ultra rápidas, agressivas, porrada e shows em que havia altíssima possibilidade de vocês levar um soco na cara (muitas vezes da própria banda, procure essa moçada no YouTube), nasceu uma corrente alternativa-ao-alternativo onde a idéia era ser o anti-hardcore, ou seja, bandas bonitinhas-assexuadas-fofinhas que cantavam música pop levinha e divertida e intimista e (literalmente) jogavam balas na audiência em vez de dar soco na cara. Essa corrente ganhou o nome de Twee-pop ("twee" seria como um neném pronuncia "sweet") e foi levada para frente por gravadoras hoje muito importantes como Rough Trade e K Records (aliás a tatuagem que o Kurt Cobain tinha no braço com a letra K era o escudo da K Records).

A palavra chave do Twee é "intimista". O disco perfeito de twee seria (ou pelo menos teria que dar a sensação de) ter sido gravado por um(a) adolescente trancado sozinho no quarto cantando e tocando em um gravador para si mesmo - e nessa época essa obsessão com intimismo chegou a gerar fitas cassete circulando e disputadas a tapa que eram quase que literalmente isso. Na verdade para entender o que é que eles queriam basta ouvir uma disco que é uma espécie de "marco zero" do twee - o terceiro disco do Velvet Underground, gravado pelo Lou Reed numa época deprê onde ele dependia pesadamente de heroína e fez uma porção de música calminha, bonitinha, que andam leeentamente e criam um clima de alguém bem triste/exausto dedilhando um violão e cantando sem fazer muito esforço meio que para só ele mesmo ouvir. Aliás como tudo do Velvet é um disco perfeito e obrigatório.

Twee nunca foi um dos meus estilos preferidos - já me interessei um pouco por umas coisas derivados como Teenage Fanclub - mas me apareceram uns nerdzinhos (puts, e QUE BANDA NERD) do Brooklyn que entenderam muito bem qual é a idéia e como fazer isso funcionar muitíssimo bem. E a maneira deles de funcionar é pegar todo o espírito do twee - ser meio que fofnho e inocente e bem adolescente sonhador romântico no quarto - e botar esse espírito para fora sem medo nem vergonha nenhuma. Porém embaixo de uma levada punk bem fácil e cativante (pop até) e umas guitarras barulhentonas mas melódicas, algo como o Jesus and Mary Chains fazia, tirando umas gramas de agressividade. Não sei se essa fórmula foi um acidente, mas se foi, foi feliz - fizeram um disco curto e direto (único da banda e saiu tem pouco tempo) que por pouco mais de 30 minutos te leva sem culpa de volta a seus sentimentos adolescentes e não cai em vícios que podem ser chatinhos do twee já que a moçada não paga pau para distorção nem para microfonia. E só para fechar escolheram um nome muito foda - The Pains Of Being Pure At Heart, título de um livro infantil não publicado escrito por um deles.

Coloque na lista junto com os primeiro disco dos Strokes e do Vampire Weekend - bem aquele estilo que não te derruba de primeira, mas que tem uma certa leveza que torna ele muito viciante. Eu escutei esse disco no repeat por pelo menos umas 3 horas seguidas.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Da Série Playlist - o que anda queimando a bateria do meu Ipod

Sumi de novo. Agora fui efetivado como CONAN FULL TIME, ou seja, o que foi temporário em Janeiro agora sou CONAN FOREVER.
O que significa que o blog não vai acabar, porém vai inevitavelmente andar beeem mais devagar. Quero postar pelo menos uma vez por semana, quand der mais, muito mais com certeza não vou conseguir.

Aqui vai um apanhado do que eu andei ouvindo enquanto estava no limbo:


Pavement - tudo, e muito

Onde eu estava que eu não escutava muito Pavement antes? Agora preciso de uma dose de Pavement diária e uma mais cavalar no fim de semana.
NÃO ESCUTE ESSA BANDA - vai acontecer o mesmo com você e depois você vai parar numa clínica de reabilitação onde vão tentar curar seu vício do Pavement com um monte de subprodutos indies que eles geraram. E você vai fugir para escutar o Wooe Zooe escondido.

Yo La Tengo - I Can Hear The Heart Beating As One

Melhor disco do Yo La Tengo e tipo de disco que só aparece de 10 em 10 anos. Fiquei de cara com esse disco. Tem desde música indie-chorosa-bonitinha até ataques violentos de 10 minutos de nada além de guitarra fazendo (muito) barulho. Tem músicas mais sóbrias e marginais que você jura que são do Velvet Underground até bossa nova (que eu não gostei aliás). Tem instrumental e baladinha e pau quebrando e pop puro e experimentalismo esquisito, tudo executado com perfeição do seu jeito e acontecendo dentro de uma hora do disco. Aliás, quando o disco termina parece que se passaram 4, mas não porque é chato, mas porque é rico e denso pra cacete. Vale realmente por 4 (bons) discos de quase qualquer outra banda.

Superchunk - Here's Where The Strings Come In

Peguei esse disco do Superchunk aleatoriamente para conhecer melhor a banda, e achei a fama deles merecida. Superchunk é uma espécie de Fugazi fazendo pop e essa é uma fórmula que tem tudo para funcionar (e funcionou). Impressionante como a banda se comunica - escutar esse disco com um fone só em vez de 2 transforma ele em um outro disco completamente diferente. Gostei do espírito punk mas pop, gostei das letras meio angustiadas meio absurdas, gostei bastante das guitarras, achei a banda madura na proposta e com uma química interessante entre o ex-casal que toca nela e inclusive colocou todos os detalhes do divórcio em letras da banda. Não me impressionou como o disco do Yo La Tengo, mas consigo enxergar porque é a banda preferida de muito nego.

Franz Ferdinand - Tonight

Assim como aconteceu com o Bloc Party, era uma banda que eu colocava na categoria "legalzinha" até o terceiro disco, que foi o primeiro que eu gostei de verdade mesmo. Esse disco me deu aquela impressão boa de "acharam seu som" - me parece que é o primeiro disco que o Franz Ferdinand conseguiu se aproximar do que o Franz Ferdinand pode de fato ser sem forçar a barra para ser o que não é. O espírito ainda está ali - aquela onda meio inescrupulosa meio intelectual que é até bastante irritante para muita gente - mas mais trabalhada de uma maneira que em vez de encher o saco realmente vira música forte, e dançante, e divertida, e para cantar junto e tocar de noite mas com conteúdo e espírito. Muito mais eletrônico também (como o disco do Bloc Party), de alguma maneira lidaram com esse mundo muitíssimo bem.

E aguardando - o Iggy Pop fez um disco de jazz (!!!) sobre um escritor francês (!!!). Confira a data do post, NÃO É primeiro de abril.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Afinal o que é indie?


Como quase qualquer estilo de música, onde começa e onde termina o "Indie Rock" é mal definido, misterioso, polêmico e cada um vai ter sua opinião, assim como se determinada banda X ou Y é "indie" ou não é. ESTE estilo, em particular, é mais complicado de se definir ainda, porque é relativamente novo, conceitualmente nebuloso, musicalmente vasto e variado e sofre muito preconceito. O que eu tneho a oferecer aqui é minha visão, que não necessariamente vale mais que a sua.

No fundo o conceito em si é abreviação de "independente". Então, como princípio básico seria o rock feito por bandas que atuam de maneira independente, sem gravadora. Isso significa que o Jota Quest passa a ser indie se resolver ficar sem gravadora? Sim e não, e é por isso que o conceito é polêmico. Teoricamente um Josta Quest sem gravadora é uma banda "indie" sim, mas o termo já ganhou conotações históricas, populares e culturais de forma que essa noção seria completamente absurda.

Aqui está a minha visão: associamos a "indie rock" não o fato puro e simples da banda não ter gravadora, mas as implicações teóricas desssa condição - maior liberdade, maior espírito aventureiro, menos regras, maior proximidade com o público, nenhuma concessão para se tornar mais "comercial", no fundo um som que em teoria seria mais "honesto" (se o é na prática foge ao que eu quero discutir aqui). Esses fatores podem existir em bandas que tem gravadoras e podem estar ausentes em bandas independentes; além disso, podemos ter uma banda de metal ou samba-rock que se encaixa em tudo isso e ainda assim dificilmente seria chamado de "indie". Portanto, existe também um determinado som que associamos historicamente a essa palavra.

E associamos porque era o som feito pelas bandas dominantes em cada época que, além de preencher os requisitos acima, constrastavam claramento com o que era dominante comercialmente, com o que era "mainstream". E acabou que culturalmente as bandas que derivaram desses "faróis" ou que no mínimo não se afastaram muito do que essas "figuras principais do rock independente" faziam ganharam esse rótulo, e quem se afastava ganhava - sei lá - algum outro. Quando alguém diz que gosta de indie rock, você pode assumir com certa segurança que ele provavelmente gosta de Smiths e Radiohead; você não está tão seguro assim para assumir que ele gosta de Skinny Pup, que é rotulado de "industrial" (apesar de preencher todos os "requisitos" do indie") ou que ele gosta de Mastodon, que cai no rótulo de "metal" (mesmo caso). Lembre também que o termo "indie" só entrou em circulação para valer depois da ascensão do Nirvana, que serviu para abrir as portas para muita gente que o que estava no rock aternativo podia dar certo para um público maior, mesmo que associemos bandas bem anteriores ao termo com este rótulo.

Eu enxergo (como exemplos) bandas que servem de referência para quem gosta deste som (claro que não é uma lista definitiva - e claro queé uma lista totalmente calcada na minha opinião pessoal):

década de 60 - Velvet Underground, Modern Lovers
década de 70 - o início da década foi o auge do tipo de rock que o punk e o indie vieram a combater (super bandas que enchiam estádio, Led Zepelin e Deep Purple e progressivo etc) - o que cai no rótulo é o que principalmente derivou de punk e new wave, no fim da década, como Blondie, mas a ascensão dessas bandas foram na década de 80
década de 80 - Joy Division, New Order, Smiths, Sonic Youth
década de 90 - Pixies, Radiohead, Pavement, Yo La Tengo, bandas do britpop (Blur, Pulp, Manic Street Preachers...)
década de 2000 - no início normalemente o que parecia punk véio (Strokes) e no fim coisas mais experimentais, como Deerhunter, TV On The Radio, Liars

Determinada banda é ou não é indie? Em muitos casos é difícil de responder e depende demais da opinião pessoal, mas eu diria como referência que se você não consegue aproximar o som dela de nenhuma das bandas acima provavelmente ela não será culturalmente tida como "indie". Inclusive eu diria que quem eu citei acima serve como um roteirinho mega-básico (superficial e incompleto, eu sei) para quem não conhece o estilo e quer começar a entendê-lo. Pelo menos é fato que você verá pessoas com as camisas dessas bandas em festas e shows ditos "indie". Como outros estilos de música, o negócio não morre só no som, mas tem todo um visual, valores e estilos de vida associado, o que daria pano para manga em outro post...

Mas se você não quiser "entender" e "conhecer" o estilo claro que você pode picaretar aprendendo a fingir aqui :-)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

FIQUEI DE CARA

1- Você instala no seu PC um software que é de grátis e mole de instalar e configurar chamado ORB
2- Você cria uma conta no site do Orb e indica para o software em que pastas do seu PC você tem mídia (foto/vídeo/música/etc)
3-Você loga no site do Orb a partir do seu browser do Nintendo Wii
4-Você assiste seus filmes, escuta suas músicas, vê suas fotos etc na sua tv a partir do seu Wii.

Horrorizei o tanto que é fácil e o tanto que funciona bem. Consegui assistir a vídeos que estavam em DIVX, MPEG, RMV e etc.

Outra: você pode acessar seu conteúdo através do Orb não só do Wii mas de qualquer dispositivo que consiga executar stream de Flash - do seu Xbox/PS3/Celular/Palm/PC etc.

Mais um pasos em direção da famosa torradeira que tem que dar boot!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O futuro do punk rock...

...obviamente pertence a esses caras dos quais já falei um bocado aqui...

Para meus amigos publicitários...

A (excelente) dupla francesa de música eletrônica (não é o Daft Punk) Justice bolou o design de uma garrafa de Coca Cola. Eu particularmente achei da hora, mesmo que seja para apoiar um produto que é feito de sangue de criancinhas recém-nascidas.

Não é só um conceito: de fato essa garrafa será vendida, porém só em boates da Europa.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Alice acorrentada de novo!

Apesar de algumas outras bandas terem bem mais relevância na minha vida hoje - tipo Radiohead ou Fugazi ou Ramones - na minha pré-adolescência não teve para ninguém, provavelmente a banda que eu passei mais horas ouvindo entre 1991-1995 foi Alice In Chains, a qual até hoje sei todas as letras de cor e eternamente vai ter um espaço especialmente reservado no meu coração :-)

Eles vão voltar com outro vocalista, não sei se isso é bom ou ruim ainda, mas para quem interessar eles estão postando vídeos da gravação do disco novo no estúdio, o primeiro não mostra nada mas a medida que avança os episódios rola mais pedaços de músicas. Dá para ver que vai ser bem from hell. Para quem interessar:

http://vids.myspace.com/index.cfm?fuseaction=vids.individual&videoid=45602204

Ainda faço um post decente sobre eles...

Da Série Random Music - Oh My God Oh Your God

No final da década de 90 enquanto o rock alternativo inglês caminhava abaixo da sombra inegável do Radiohead no lado americano estava todo mundo olhando para o Pavement. Só agora na minha vida parei para aprofundar legal neles e ando me dando uns socos na cara pelo tempo perdido.


Pavement iniciou pequenininho - e com intenção de ser pequeno mesmo - em 92 quando fez um disco que era uma espécie de leitura moderna menos suja e mais bem humorada do Velvet Underground - um pop meio minimalista só que com melodias esquisitas e excêntricas (sem deixar de ser cativante) e ótimas letras meio cantadas meio faladas e bem irônicas. Entendo o rótulo de slacker que a banda ganhou e que virou praticamente um estilo de música porém assim como o primeiro disco dos Strokes é um puta esforço para soar simples. Pavement é tudo menos preguiçoso e essa formulinha (além de praticamente definir o indie rock americano) não gera discos do estilo "uau-olha-isso" mas gera discos do estilo "não-consigo-parar-de-ouvir". Mas que dá a sensação que o Stephen Malkmus acabou de levantar da cama pegar a guitarra do lado e começado a improvisar, dá. O que poderia ser horrível se ele não fosse um puta cara inteligente e sarcástico e um dos melhores compositores da sua geração.


A banda acabou depois de 5 discos, ter flertado com o grande sucesso na época do single Cut Your Hair e tacado foda-se e nunca ter feito nenhum disco mais ou menos - só excelente para cima. Quando perguntado sobre o que foi o Pavement Malkmus segurou um par de algemas em uma entrevista. Pena, mas vá atrás da carreira solo dele que é bacana. Nesse janeiro sinistro que eu passei ter Pavement no iPod foi como carregar um amigo portátil no bolso que me lembrava de vez em quando a não levar tão a sério e rir dos meus problemas. O dia que você precisar disso lembre de iluminar os cantos.

Comece por (obra prima) - Crooked Rain Crooked Rain
Aula de pop perfeito - Brighten The Corners
Atirando para todo lado - Wooe Zooe

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Viva o Shuffle

Escutar ipod no shuffle é uma excelente maneira de refletir sobre como expectativas são uma merda. Tipo, como já escutamos tanto uns filhos da égua geniais como o Nick Cave que já esperamos que tudo que ele faça seja foda. Que fica parecendo fácil. Escute Do You Love Me imaginando que é uma música de uma banda nova que você nunca ouviou e avalie o tanto que você iria DAR TELA AZUL com esses caras.

Ah, e quando o Fugazi gritou I gonna fight for what I wanna be apesar de não ter nada demais e ser até um pouco clichê essa frase me deu uma certa energia que eu estava precisando. Então amigos, I gonna fight for what I wanna be.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

LUX INTERIOR R.I.P

O vocalista dos Cramps morreu.
Um dos vocalistas mais legais de uma das bandas mais bacanas da história.
Era o tipo de cara que você jurava que ia se matar no palco, naquela noite.
Cramps merece um post para eles.
Por enquanto moçada, respect.

A Lo Cubano


Orishas é uma das bandas que eu ia ouvindo lá para 1999 nas minhas duas horas diárias de busão para faculdade torrando 4 pilhas em um discmanzão (que me fazia detonar metade do meu parco salário da época em pilha). Hip hop cubano é legal, ponto. Só de ser cubano é legal, mesmo se fosse muito ruim. E como ainda por cima é bacana mesmo Orishas comandou.

O foco do Orishas se comparado com, por exemplo, Control Machete (mexicano) é que existe tanto salsa - por vezes até mais - do que rap na banda. Ou seja, sempre dançante, violão e maracas, metade dos vocais é latinão melódico. Eu mapeei a banda para 1999 porque é a época do ótimo primeiro disco A Lo Cubano - a partir daí a banda tomou alguns rumos que não me interessaram muito, inclusive uns escorregões para o pop ruim - mas isso não me desanimou a ir no show de Belo Horizonte (ainda mais de grátis :-) ).

E numa boa, PQP. Musical para caramba, carismático, bem mais energético que minha expectativa, o tempo todo muito dançante e divertido, momentos hip hop hardcore e momentos salsa na veia, banda muito simpática com o público, público com bom astral, bandeira de cuba no palco. Mesmo o lado que eu não gosto dos Orishas não passou de 10% do show - e como foi bem executado não atrapalhou a vida.

Hip hop latino é um estilo que já teve muito desenvolvimentos bacanas e me animou mais a explorar. Fica a dica para a moçada - e não perca um show do Orishas se puder.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Da Série Playlist - o que anda queimando a baetria do meu Ipod

John Frusciante - The Empyrean

John Frusciante é o maior talento dos Red Hot CHili Peppers (fácil), um dos melhores guitarristas da atualidade, uma das maiores influências pessoais na guitarra e um doidinho que se não mandarem ele parar de melhorar não se sabe onde ele vai parar. O som dele solo se enquadraria mais dentro do indie mas não parece com outras bandas - tende a desenvolver musicas com muito espaço e meio que abstratas (além de lindas) e o lado "guitarrístico" é simplesmente perfeito. O vocal do Frusciante é bem esquisito - eu gosto, mas se dê um tempo para acustumar antes. Vindo de um cara que já se tornou quase um mendigo por causa de heroína, julgando pela obra atual dele imagino que ele esteja em um lugar plácido e com muita calma espiritual Ou pelo menos tem um bom talento para passar essas sensações. Gostei muito do disco.


Fever Ray - Fever Ray


Fever Ray é o projeto solo da Ms. Karin Dreijer, que é a maluca que é a vocalista do The Knife. Como The Knife é uma das 5 mehores bandas da atualidade e o disco dela é obrigatório. Basicamente funciona como se fosse o disco novo do The Knife, porém um pouco menos agressivo e um pouco mais ambiente - mas tão sombrio, climático, misterioso, e estranhão quanto. Banda essencial para sentir que a música não está estagnada e ainda tem para onde ir, disco ótimo para escutar sozinho no fone e sair um bocado da sua consciência - passe um tempinho em um universo alternativo que não é tão convidativo -porque assusta - mas vale cada segundo investido.


Animal Collective - Merrywheater Post Pavillion

Eu já tinha comentado aqui que gosto muito do Panda Bear mas não conheço quase nada da banda dele, e quando saiu este disco novo a crítica deu tanto tela azul que eu achei um ótima oportunidade. Meu comentário: PQP! Imagine uma espécie de Fleet Foxes mais amalucado e com bastante eletrônico misturado com acústico, ou talvez o que o Beach Boys estivessem fazendo hoje se ainda fossem ativos, e estivessem com a mente bem aberta para experimentar bastante e socar elementos eletrônicos bem bizarros ao memso tempo em que não abrem mão da melodia - sempre inesquecível - e de simplesmente fazer boa música, não música feita só para ser excêntrica. FODAÇO. Bonito para cacete e criativo, parece bem velho ao mesmo tempo em que é inegavelmente atual. Vai escutar agora. Enquanto isso eu vou atrás dos discos velhos.


Of Montreal - Skeletal Lamping

O último disco do Of Montreal (Hissing Fauna Are You The Destroyer) foi o melhor da banda, daí a grande expectativa em cima do disco novo deles. Não conseguiram atingir de novo o pico que foi o disco anterior, mas ganharam pontos por simplesmente não tentar repetir ele de novo. Esse disco novo do Of Montreal é cabuloso: parece com uma espécie de ópera rock em que cada música é feita de milhões de pedaços pequenos de músicas diferentes que vão se transformando, ou seja, você pode ouvi-lo como se fosse uma faixa só de um monte de movimentos igual acontece na música clássica. Ambicioso? Um bocado. Mas o que estão tocando? Uma espécie de funk do Prince só que mais gay (sério!!) e com os toques de som da Elephant 6 (ou seja, rockinho dos anos 60) e de novo, bastante eletrônico. Que mistureba insana é essa? Uma mistureba que confesso que foi difícil de gostar a princípio, mas que de repente teve um momento "quer saber, isso é genial" na minha cabeça. É possível que você odeie este disco, não diga que eu não avisei. Mas eu vou continuar escutando muito. A música Gallery Piece é a música de amor mais psicopata que eu já ouvi na minha vida.

Pavement - Tudo

Só agora na minha vida eu parei para aprofundar para valer em Pavement, e virei um fã. Onde eu estava que eu não estava escutando isso? Vu falar deles em um post próprio, merece.

VORTEY

Caramba! 6 posts em Janeiro? Que blog vergonhoso. Cadê o cara que não atualiza esse negócio?

Eu vi ele por aí esses dias, acho que agora vai... tá meio lesado coitado mas ainda consegue escrever.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Conan Times Final Report

AAAAAAAAAAAAAARRRGH


Quase lá

Semana que vem voltamos à programação normal!!!!!!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Conan Times Report

Estou vivo. Trabalhando até 11 da noite, respondendo a 200-240 emails por dia, apanhando igual cachorro, o blog está em coma controlado (mas vivo) com data para ressucitar. Me deram um soro zumbificador que faz efeito até dia 4 de fevereiro. Por algum motivo inexplicável só consigo escutar Pavement. Aliás, escute Pavement.

Peguei o carro e dirigi até Twin Peaks (também conhecida como São João Del Rey) e toquei um dos melhores shows da minha vida. Saí do palco semi morto e parecendo que caí em uma piscina - com guitarra e tudo. Deu um Ctrl-Alt-Del na minha cabeça que já se encheu de novo. Mas essas coisas garantem minha sanidade. Ou não.

escrito no Palm correndo entre reuniões

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

It´s Conan Time Again

Meu gerente está e férias e sobrou para mim. Estou recebendo dois emails por minuto, literalmente. Sobre assuntos que eu não estou por dentro e para tomar decisões que eu nunca tive que tomar antes. Até o fim de Janeiro esse blog vai andar devagar, mas vou tentar não parar de tudo. Ou não. Fiz um arquivo chamado sanidade.xls com as pendências para poder sobreviver. Mais ou menos.

Sorte para mim.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Construidor de altares

Um dos membros do Neurosis (uma banda from hell e muito boa que eu já defini uma vez como o "Fugazi do metal") com outros camaradas de bandas bacanas (Melvins, St. Vitus etc) fizeram uma espécie de "super grupo" do doom metal chamado Shrinebuilder que ainda não lançou nada mas que pelos envolvidos provavelmente vai fazer coisa boa. Mas legal mesmo é que ao mesmo tempo o rapaiz do Neurosis (Scott Kelly) começou um blog para falar da experiência... mas ele leva o blog dele com liberdade total, e até hoje não postou nada sobre a banda em si, mas pensamentos aleatórios, experiências de vida, e até contos. O bacana é que vai saber porque mas o cara escreve muito bem e eu achei o blog muito bacana. We burn through the night!

http://weburnthroughthenight.blogspot.com/

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

We're the Pistols no one likes us and we don't care

Escuto frequentemente música derivada do punk mas já tem algum tempo que eu não ando em uma fase punk crássico. Me reconectei com esse som a pouco tempo quando lembrei o quanto o BOM punk no fundo é um gigantesco FODA-SE. E é um foda-se dos bons, um foda-se natural e necessário e dito com vontade. Todo mundo que tem olha para o mundo e sente uma grande falta de paciência com tantas idéias e convenções e regrinhas e conclusões prontas e é porque é e faça porque tem que fazer tem um pouco de punk em si. E todo mundo que colocou esse sentimento em música deve algo aos Sex Pistols. Eu escuto esse foda-se hoje quando escuto Northern Light - que toca electro - e quando escuto os Liars. Eu escuto esse foda-se quando escuto Dizzee Rascal e se bobear até na Amy Winehouse. Eu NÃO escuto esse foda-se quando escuto, tipo, Offspring. O verdadeiro punk não está na superfície.

Foram uma banda montada? Foram sim, mas com genialidade. INCLUSIVE comercial porque fez um bocado de grana picaretando as gravadoras assinando contratos e recebendo multas recisórias porque ninguém aguentava segurar as merdas deles - e ainda por cima documentaram isso na cara na música EMI e no (obrigatório) filme The Great Rock and Roll Swindle. Os Pistols fizeram tudo errado na hora certa e foram relevantes não só para o rock, mas para a cultura e por extensão lógica a sociedade.

Sabe aquela imagem icônica do punk de cabelo colorido espetado e colorido? Esses são os Pistols, não os Ramones. A banda não tocava em casas de show, mas em qualquer outro lugar, incluindo prisões e hospícios. A primeira vez que palavrões foram ditos na história da TV britânica foi em uma entrevista com eles, que pelas notícias de jornal foi o nascimento do punk para o grande público (e a maldiçãd dos Ramones por associação, que estavam meio que estourando com Sheena e foram sabotados nas rádios). Você imagina uma banda hoje chegar ao número 1 da Billboard e a parada ser publicada com o número 1 EM BRANCO? Era nesse naipe, e hoje isso não acontece mais, em parte porque os caras dos Sex Pistols (mais de um vez) já tomaram facada na rua por isso.
Conheço bandas mais pesadas, rebeldes, radicais e polêmicas que os Sex Pistols, mas não com tanta inteligência e ironia e nem de longe conseguiram marcar ou ser tão relevantes. Fenômeno desses é um a cada 20 anos. E olhe lá.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Da Série Random Music - Stand Up Tall

Tem duas correntes bacanas acontecendo no hip hop hoje (e umas 54 correntes horríveis): uma é o hip hop com pé no soul que tende a ser bem trabalhado e estiloso e vem primariamente de artistas americanos - Kanye West, Lupe Fiasco, Wale, Q-Tip - e o grime. Se quiser entender direito entre neste link, mas resumindo um bocado, grime é a variedade do hip hop feito quase que só na Inglaterra que usa batidas muito mais insanas e aceleradas e trabalhadas e quebradonas e sonoridades bem mais experimentais nos samplers. Costuma ser música com umas batidas quebradonas tipo Chemical Brothers e sintetizadores mais graves que sua caixa aguenta mandando uns arranjos bem sinistros enquanto um MC canta de maneira muito rápida (até para o rap) por cima. Ou seja, comanda demais o batatal.

O grime ainda é tido como um estilo underground, mas o cara que chegou mais próximo de popularizá-lo é um camarada sujeira do lado pobre de Londres que literalmente deixou o crime por causa da música chamado Dylan Mills ou, para o público, Dizzee Rascal. Antes membro do Roll Deep (que junto com So Solid Crew teve muito crédito em estabelecer os alicerces do grime) o camarada - que é tanto produtor quanto mc, ou seja, basicamente faz tudo sozinho - já ganhou um bocado enorme de respeito com o primeiro disco e continua lenta e gradualmente subindo até hoje. Quem é mais espertinho já sacou que não tem nada mais legal acontecendo no hip hop em 2008.

Porque o Dizzee comanda? Porque é literalmente um puta de um artista. Independente do estilo de música. Aliás, independente de trabalhar com música. Isso significa que tem visão e personalidade, tem talento e não tem medo de porra nenhuma. As letras são total desesperantes e mapeiam a infância e juventude que ele (e boa parte do público) tem que passar: falta de direção, treta, envolvimento com crime, deprê, pau quebrando. E são cantadas de uma maneira intensa e rápida e com influência de ragga em uma voz totalmente incomum só que super legal (tem que ouvir, é inconfundível, você sempre sabe que é o Dizzee Rascal cantando). As batidas são grime na veia, nem sempre dançantes porque é muito louco e quebrado, mas sempre interessantes e fortaças na veia. E os arranjos tem desde guitarra death metal e barulho de videogame até música japonesa. Escutar o cd do Dizzee Rascal é basicamente entrar em um mundo novo. E tomara que o resto do hip hop preste atenção, ou vai comer muita poeira. Ignore se você gosta de rap, escute esse camarada se você gosta de música.

Mais fun fun fun e portanto mais acessível (comece por) - Maths + English
Melhor define o artista - Showtime
Mais sinistrão - Boy In Da Corner
Gostei e quero ouvir outro rapper legal no estilo - escute o Kano