sexta-feira, 28 de novembro de 2008

só uma última idéia aleatória do nada

Sair para beber com amigo cirurgião toráxico que já teve que apertar um coração batendo na mão para parar um sangramento enquanto tentava costurar com a outra mão realmente coloca qualquer problema profissional que você esteja passando em perspectiva.

Um monte de idéias aleatórias do nada

Kanye West gravou um disco que não é de hip hop e se aproxima do R&B, que eu detesto. Mas é tão bem produzido e desesperado que está me exigindo formar uma opinião... ainda não consegui... gosto de ser desafiado por música nova

Cat Power realmente é muito bom, está merecendo o tempo que eu estou passando para conhecer ô mulherzinha deprê! Música deprê é sempre bem vinda

Fiquei assistindo Losc tocando no youtube me bateu uma tristeza nostálgica tremenda

Li o volume 2 da coletânea de contos do Conan escutando Nachtmystium... acho que nunca o que eu estava ouvindo se encaixou tanto no que eu estava lendo

Alguém se importa com o fato do Guns And Roses ter finalmente voltado? Eu não...

DEUS TOCA NO BRASIL

PQP RIO E SÃO PAULO EM MARÇO!!!!!!!!!!!!!!!

DSOADMNAS SD DSAJIDNF WIUFRH8Q345R23PÉL.23 ASDLKSA EWR4NPRSDJKLF EWIOR4BN GKÇDFN DUH43T98REFNLKSDF SDÇLKFN DOJGNREUINSDI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

RADIOHEAD

00:00 DO DIA 5/12 NO INGRESSO.COM

EU VOU QUEM VAI COMIGO??????????!?!?!?!?!?!?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Guia Rise From Your Grave para a discografia do The Cure

Three Imaginary Boys/Boys Don't Cry/Seventeen Seconds - os dois primeiros discos são respectivamente a versão inglesa e americana do primeiro disco do The Cure. Defino esses discos como o exemplo mais perfeito possível do que é post-punk - é exatamente o som que se espera do pessoal que estava envolvido com o punk no fim da década de 70/início do 80 e queria expandir as possibilidades do gênero (ou seja, simplicidade, audácia, um som direto e um pouco dark mas com uma onda mais pop substituindo a agressividade do punk - entenda "pop" como um pop não muito convencional nesse caso). Prefira o Boys Don't Cry que o Imaginary Boys - ele inclui os singles da época no lugar de músicas meio medianas que apareceram na versão inglesa.

O Seventeen Seconds é basicamente uma versão bem mais lentona, SUPER climática e instrospectiva do primeiro disco.

Ah, e a música Boys Don't Cry que você provavelmente conhece não é um bom exemplo da banda que o The Cure era - (gosto dela mas) é muito pop e muito feliz para a onda meio dark que eles já tinham no início e que depois ficou bem mais forte.

Não são as melhores obras do Cure, mas tem que se considerar que eu estou falando de uma banda excepcional - estão sem dúvida entre as melhores obras do post punk fácil e são muito bons para se entender essa época do rock.

O que é essa época do The Cure para mim: pop neurótico e excêntrico

Faith/Pornography - todo mundo quando pensa em The Cure sempre pensa em tristeza, gótico, dark, coisa from hell e deprê. Embora o The Cure seja uma das bandas mais criativas e variadas do rock (o que significa que já fizeram de tudo), eles possuem essa fama por causa dessa época. E que, não por acaso, é a época definidora (e a melhor) do The Cure.

Apesar dos discos anteriores serem com certeza cinza, a partir do Faith para mim o The Cure ficou preto. O Faith ainda tem muito de post punk - me parece por vezes uma versão muito mais bem acabada (e muito mais malvada) do primeiro disco. O Faith é estar na beira do abismo o contemplando. E o Pornography é a queda - rápido, raivosaço, para baixo sem dó, louco, agressivão. Para mim, além de ser o melhor disco The Cure, é o melhor para começar - esse disco te dá um soco na cara. Se você não gostar do Pornography desiste dessa banda e passa para a próxima. Mas não escute ele em qualquer hora. Escolha uma hora em que você precisa tomar uma porrada.

O que é essa época do The Cure para mim: único e de dar medo

The Top/The Head On The Door - Como não dava para ficar mais dark que o Pornography, viraram o carro para outro lado e ficaram completamente pop. Essa é a fase popzona do The Cure da década de 80, e não por acaso daqui vem várias das músicas mais conhecidas. O The Top é o Cure aprendendo a fazer pop (inclusive com muito da fase goticona ainda, escute a música "The Top" por exemplo), mas como ainda era muito transição - um pé aqui e outro lá - acaba acompanhando o Wild Mood Swings para mim como um dos discos menos interessantes.


O Head On The Door deve agradar à maioria das pessoas - é conhecido como "o único disco do The Cure que dá para tocar em uma festa" e é ótimo exemplo de bom pop oitentão, vai ser este o disco onde você vai conhecer previamente a maioria das músicas. Se você tem predileção pelo lado pop da banda este é O disco para você. Eu, inclusive, gosto bastante.

O que é essa época do The Cure para mim: familiar e fácil de ouvir e ainda assim muito bom

Kiss Me Kiss Me Kiss Me/Disintegration - após caminhar nos dois extremos, o Cure basicamente fez um "junta tudo", o que nem sempre funciona. A sorte deles foi que fizeram isso em uma época de extrema criatividade - o que resultou no ápice da banda. Aqui eles somaram maturidade + fome de fazer música boa + todas as tendências que eles tocaram na carreira até aqui e conseguiram fazer a soma valer mais que suas partes. O Disintegration é por excelência o documento definitivo do The Cure e vai sempre ser recomendado para você como o "melhor disco" - e merece. É épico e abrangente, mas é ao mesmo tempo focado e bonito. Em resumo: consegue te mostrar um pouco de cada lado da banda e o faz maravilhosamente bem.

Isso eu já meio que esperava desse disco porque ele tem essa fama, mas a grande surpresa mesmo foi o Kiss Me Kiss Me Kiss Me, que eu nunca havia ouvido falar antes de conhecer e me derrubou porque se provou mais ou menos com a mesma onda (e a mesma qualidade) do Disintegration, mas é mais longo e mais variado, o que o faz parecer ainda mais épico. Para mim, empate para os dois. E se o Cure tivesse acabado nessa época já ia ser lendário. Cada música desses dois discos funciona sozinha e te leva para um mundo diferente. Se tiver que escolher só um, por mim, qualquer um desses dois.

O que é essa época do The Cure para mim: provou ser uma das melhores bandas de rock da história

Wish/Wild Mood Swings/Bloodflowers/The Cure - isso aqui é o The Cure "maduro". Depois de destruir o mundo com os últimos dois discos (e ser reconhecido por isso na época do Disintegration), não havia mais nada para provar. Então a partir daqui (com alguns desvios) acontece o que acontece, por exemplo, depois do Technique (New Order) e depois do Goo (Sonic Youth): a banda chegou no seu ápice, sabe disso, e meio que nem tenta forçar a barra mais. Quase toda (boa) banda tem esse destino: o som se estabiliza, no sentido que não é tão eletrizante quanto o que veio antes mas por outro lado é consistente e normalmente não decepciona. Ou seja, são ótimos discos - e vou falar pela milésima vez, um disco mediano de uma banda foda bate o disco foda das bandas medianas - mas não vão mudar a vida de ninguém.

O Wish é bem a definição do que é o "Cure maduro", tendendo um pouco mais para o lado eletrônico (e tem uma das músicas mais famosas e bacanas, Friday I'm In Love, talvez o último hit relevante de verdade deles). O Wild Mood Swings é a tentativa de quebrar essa onda de "som estável" e tentar coisas diferentes - mas esses experimentos (com música latina por exemplo !?!?!) na minha opinião pouco tinham a ver com o The Cure e geraram o disco que eu menos gosto de ouvir, junto com o The Top.

O Bloodflowers foi uma espécie de "Death Magnetic" no sentido de que foi uma tentativa consciente de fazer um disco que soa como The Cure antigo. Isso fez a crítica pegar no pé do disco, na minha opinião injustamente, porque sinceramente foi uma boa opção depois das viagens erradas do Wild Mood Swings e na minha opinião é MUITO bom. E o melhor disco pós-disintegration do The Cure é o que se chama simplesmente "The Cure" - raivoso e intenso, surpreendeu um disco assim nessa altura do campeonato, fez o que para mim deveria ser a banda hoje (ou seja, não tentou repetir o passado nem assumiu nenhum desvio sem sentido, é simplesmente o crescimento natural - e bem porrada - do som deles) e acabou de supetão entrando na minha lista de discos preferidos- inclusive apesar de ser tardio é também um bom disco para começar.

Saiu a bem pouco tempo um disco novo, 4:13 Dream. Já está no meu itunes para ser escutado. Reporto quando puder!

O que é essa época do The Cure para mim: estável, no (bom) sentido de que disco após disco tende a manter a alta qualidade e no (mau) sentido de que tende a não surpreender mais.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Da Série Random Music - Cotonete Rapper

Tudo bem moçada, eu entendo vocês. Eu tento enfiar na cabeça de todo mundo que hip hop é bom e ninguém nunca acredita em mim. Mas não é culpa sua. Como eu já mencionei, hoje é o ritmo dominante da música pop (do ponto de vista comercial/popularidade/toca no multishow toda hora), mas não dominante do ponto de vista artístico ou criativo. Traduzindo, o hip hop que faz sucesso é um lixo, e o hip hop realmente bacana continua submerso. Mas bota fé que ele existe sim. E eu vou continuar tentando.

Recentemente saiu um disco novo de um camarada esquema "Portishead - Guns And Roses - Brian Wilsson", ou seja, sumiu por séculos e voltou com muita expectativa para cumprir. Antigo líder do A Tribe Called Quest - que eu acho fodástico e recomendei bastante aqui - o mr. Q-Tip (hehehehehehe "cotonete", na verdade ele tem esse nome porque tem a capacidade de "entrar dentro do ouvido das pessoas") não havia lançado nada desde 1999. Aparentemente não por culpa dele, porque era jogado de um lado para o outro pelas gravadoras e segundo ele gravou 3 discos inteiros que não saíram (um deles, "Kamaal The Abstract", que recebeu esse nome depois que Q-Tip se converteu ao islamismo e mudou o nome para Kamaal Ibn John Fareed, chegou a ser divulgado). Um rapper islâmico que teve 3 discos rejeitados por ser anticomerciais? Ótima notícia e bom indicativo que é coisa boa.

Estou citando o Q-Tip como bom disco para gostar de hip hop porque, no fundo mesmo não tenho muito como hip hop. A Tribe Called Quest misturava - com muito sucesso - jazz e hip hop de um jeito estiloso e dançante. Esse disco novo do Q-Tip (The Renaissance) é, para mim, um disco de soul. Tudo bem que soul + hip hop é a tendência do hip hop moderno (pelo menos do hip hop bom), como você viu (ou não :-) ) em bons discos do Kanye West, Lupe Fiasco, Wale e etc. Mas aqui é basicamente aquele soul bem na veia e dançante, muitas backing vocals, piano, guitarra funky, umas linhas de baixo bacanaças, tudo bem trabalhado e bem feito, muita coisa não é sampleada e ao vivo é tudo tocado com uma banda mesmo. E, em cima disso, rola uns vocais de hip hop. Ás vezes o Q-Tip deixa o pau quebrando no soul e só entra depois da metade da música. No fundo é um camarada que domina um monte de estilos, tem um ótimo senso de espaço e não se vê como rapper - se vê simplesmente como músico. Está sendo bastante aclamado por merecimento - e para entrar na lista de "participações surreais" na semana passada o Prince entrou no palco (para surpresa da própria banda), tirou a guitarra do guitarrista, tocou a música com eles e saiu também do nada sem dizer uma palavra. O Prince gosta, cara, o negócio é bom.

Dê uma chance ao hip hop com cabeça aberta. Se gostar de Q-Tip você está abrindo a porta tanto para o Marvin Gaye quanto para o Wu-Tang Clan. Mata dois cajados com um coelho só :-)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Da Série Random Music - A Química da Vida Comum

Bandas que são difíceis de entender e que acabam mistrando todos os elementos que normalmente não se misturam ou "não se deve" misturar na minha opinião na maior parte das vezes dão resultados mais legais mesmo que bizarros ou confusos do que aquelas que não arriscam nada. Dentro de gêneros mais limitantes e cheio de regras (aliás, justamente os gêneros que deveriam ser mais contra as regras que existem) como o hardcore isso costuma me empolgar ainda mais, porque demandam mais coragem e é menos comum de ver acontecer. Quantas bandas de harcore você conhece que descrevem seu disco como "um épico expansivo sobre os mistérios do nascimento, morte, e as origens da vida e de reviver"?? Pessoas toscas que fazem música toscona com intenções bonitas e intelectuais por trás comandam o batatal.

Essa banda é canadense e já começou a se avacalhar comercialmente pelo nome - Fucked Up. Na maior parte das vezes descartando o formato álbum (90% dos lançamentos do Fucked Up são através de singles, eles preferem lançar sua música duas de cada vez) torna a banda super difícil de acompanhar. E quando fazem aparições públicas é para causar terrorismo - toparam tocar na MTV, mas o show foi dentro de um banheiro e foi interrompido depois da primeira música quando a banda e os fãs basicamente começaram a destruir o prédio inteiro. Bacana de uns caras que apóiam explicitamente os anarquistas espanhóis (dentro dos singles vem um monte de material de propaganda deles) e a SI. Na verdade a postura da banda nem sempre é clara, e quando utlizaram material nazista em um single (como crítica e não como apoio) só se importaram em se explicar depois de apanhar no palco. UHAUAHAAHUAHHA viva para o movimento punk que apesar de adorar uma garrafada e uma facada continua peitando os nazis (ou mesmo os suspeitos de ser nazi).

Mas o que importa mesmo é o som, e é por isso que você deveria se importar com o Fucked Up. Um dia eu estava tentando recomendar ele para um amigo e para tentar explicar a banda chame eles de "Pixies fazendo cover de Sick Of It Al". Ele sorriu e disse "eu vou ter que ouvir isso". Não se engane: é punk hardcore pesado, guitarra distorcida, vocal gritado, e umas quebradas estilo o clássico de Nova York Sick Of It All (aliás, outra banda que merece um post), porém feito por pessoas de cabeça mais aberta que fazem com que a guitarreira e outros elementos (piano e assovios por ex., backing vocal feminino bonitinho) dêem um clima mais indie experimental e que mesmo encosta no pop às vezes. Música empolgante e energética mas não unidimensional e limitada, e sim criativa e aberta a experimentação, elementos que não costumam se combinar com frequência na mesma banda. Para quem é ferrado já no nome, bom trabalho para os rapazes.

Não deixe de escutar - The Chemistry Of Common Life

sábado, 22 de novembro de 2008

PORCO ROSSO

Um porco que não voa é só um porco normal.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Da Série Random Music - I Could Be Right I Could Be Wrong

Os Sex Pistols não morreram em uma explosão. Morreram em uma agonia triste e lenta, mais desapareceu que queimou. A última frase do último show dita por Johnny Rotten - "já tiveram a sensação de estar sendo enganados?" virou um dos epitáfios mais famosos do rock, dito por uma pessoa ao mesmo tempo intensa, perturbada, controversa e inteligente demais para se limitar a ser um "rock star" convencional e que se sentia um outsider na sua própria banda. E assim depois de dois curtos anos acabou os Pistols e ele ficou livre para fazer o que quiser.

Depois de quase virar o vocalista do Devo (!?), e de passar meses na Jamaica ajudando a gravadora e achar boas bandas de reggae (estilo que sempre amou) o agora John Lydon seguiu em frente com a idéia de ter uma porta para fazer o tipo de música que queria, sem limites, e com gente que se sentia tão outsider quanto ele. Essas pessoas foram Keith Levene (que tocou guitarra com o The Clash) e um baixista (Jah Woble) que não sabia tocar baixo, mais um batera que conseguiram com um anúncio. E se juntaram para fazer uma das bandas mais complicadas e problemáticas da história, que acabou sendo uma das poucas que merecem de fato serem chamadas de única. O som não é rock, e eu simplesmente não sei o que é.

A maioria das coisas do PIL (Public Image Limited) é densa, paranóica, esquisita, claustrofobica, mais improvisada que ensaiada. Uma música típica do início do PIL é uma viagem muito longa e improvisada de letras abstratas feitas em fluxo de consciência e cantadas fora do tom (o que dá um efeito bizarrão e meio desconcertante), baixo completamente de dub/reggae, guitarras também abstratas tocadas de um jeito agudo e climático que quase que criou sem querer a guitarra dos anos 80 - o The Edge do U2, por exemplo, se diz totalmente influenciado pela guitarra do PIL - e bateria de marcha militar. Isso quando tem guitarra na música, ou mesmo quando tem baixo. Dá para esperar tudo. Escutar um disco do PIL é uma experiência estranha: é um som meio sem dó de você, pesadaço sem ser rápido/bater forte/socar distorção ou tudo que se espera de "música pesada" e de certa forma deixa ouvinte exausto. Quando termina o disco parece que você passou por uma viagem ruim e difícil e que sua energia foi sugada.

Isso é bom??????????

Na verdade, é muito bom. São pouquíssimas - basicamente, quase nenhuma - bandas que conseguem fazer música que mexe assim com as pessoas, consegue te sugar tanto para dentro da viagem deles (estranha, mas é uma viagem) e realmente nessa brincadeira gerar música que é de fato nova e que não se enquadra em - pô, em NADA. Não tem muito mais que um artista pode querer.

Fora do palco a banda era mais difícil ainda. Estamos falando de uma banda que já deu show com baterista de jazz recrutado 5 minutos antes que nunca tinha ouvido a banda, que já provocou centenas de quebra quebra em show por insultar o público (teve um em que eles estavam tocando atrás de uma projeção e o púbico derubou eles puxando o tapete do palco, uhauahuahaua), insultava apresentadores de programas de tv em pleno ar, tacaram fogo em um cara do The Fall, gastavam metade do orçamento do disco em drogas e colocaram o segundo disco em 3 mini-discos que vinham dentro de um cilindro de metal de uma forma que era praticamente impossível retirar os discos da embalagem sem danificar eles - e isso foi feito por querer. Vai ser anti comercial assim lá na casa do Throbing Gristtle. Pelo menos no início da carreira, porque até eles ficaram mais pop depois.

Não é para qualquer um, mas se você estivesse gravando no estúdio e o Miles Davis aparecesse de repente e começasse a tocar trompete com você surgido do nada e sem falar uma palavra, você deve estar fazendo alguma coisa certa.

comece por - First Issue
estranho - Second Edition
mais estranho ainda - Flowers Of Romance
pop (??!?!?) - Happy?
meio metal (?!?!?) e com solos do Steve Vai (!!?!?) (que ele disse ser o melhor trabalho dele) - Album

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Da Série Random Music - O Gênio Supremo de King Khan e Seus Sensacionais Shrines

O que seria da música sem os canadenses inescrupulosos?

O que acontece se um canadense completamente louco e megalomaníaco que dá um show absurdamente energético (e muitas vezes simplesmente absurdo) praticamente sem roupas ou com roupas bizarras e sem sentido (um baixote gorducho e moreno com a barriga enfiada em um vestido curto usando uma peruca roxa por exemplo), fã declarado de Mayhen (black metal norueguês), e que nasceu com um problema genético que o torna desprovido da glândula escrupulal resolvesse mudar para Berlin e usar toda a sua energia e megalomania e excentricidade e piração numa banda que pode ser descrita como uma versão de Prince SEM o lado pop e com o lado meio maluco e energético com overdrive?

Acontece The Supreme Genius of King Khan and His Sensational Shrines!!

Estou completamente viciado nessa moçada que lançaram, para mim, o disco perdido do Prince, que se saísse com o nome dele ia direto ser considerado um dos melhores discos do cara. Funk na veia demais (funk bom moçada, Funkadelic, George Clinton, Sly And The Family Stone, não "cada um no seu quadrado") que explora teclado, saxofone, guitarra, baixo, backing vocals negonas e tudo o que tem direito MAS sem perder o espírito de garagem (aliás, esse King Khan é estilo Jay Reatard e tem mais uma pancada de bandas garageiras - King Khan & BBQ Show, King Khan & His Lonesome Guitar, The Spaceshits, uma mais doente que a outra) e com uma pancada absurda de energia, empolgação e paixão com a música que está fazendo e bom humor.

Isso é pegar um gênero legal mas que pode cair na caretice e na repetição de um bom tempo sem uma revolução relevante e injetar direto na veia dele um monte de adrenalina e criatividade, sem perder o bom humor e o espírito de festa dançante. E continua funcionando quando cai o tempo e resolvem fazer uma balada - aliás, funciona até mais do que deveria. Filho da puta. :-)

Eu viciei. Fica rodando no meu iPod no repeat - termina e eu deixo começar de novo. A próxima vez que vierem beber aqui em casa tratem de chegar com roupas estranhas e perucas roxas porque vamos dançar King Khan no repeat até o sol raiar. Ou desmaiar de bêbados, o que vier antes.

Disco que Recomendo - Mr. Supernatural

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Da Série Minha Ilha Deserta Privativa - A Cabeça na Porta

Sempre tive algum interesse por The Cure, e mais recentemente venho explorando a discografia inteira deles, me surpreendendo e tendo resultados ainda mais satisfatórios que eu esperava. The Cure é uma banda realmente única que conseguiu ser fodástica desde o primeiríssimo disco, existir desde 1976 e se manter relevante, colocar algumas músicas naquele hall de "música que todas as pessoas do mundo conhecem", influenciar tudo dentro do rock (já vi desde banda popzinha até metal from hell fazer cover de The Cure), nunca se tornar comercial, crescer sem desvirtuar apesar de ser notória como uma das bandas com mais treta e conflito interno do rock e, numa boa, quando você absorve eles mesmo percebe que é uma das melhores bandas da história. Definitivamente entrou na minha lista de bandas preferidas.

The Cure começou na Inglaterra exatamente na época da explosão do punk, mas de alguma maneira já era post punk mesmo antes do punk acabar (segundo o Robert Smith queriam ser os "punk Beatles"). Mesmo bem no início - quando ainda existia uma preocupação com fazer um som acessível que não saísse do reino do pop - já tinha muita personalidade e sempre entendeu o valor do clima (faziam músicas como não se faz mais, músicas que gastam tempo para construir clima e chegar onde querem, em vez de competir por impacto imediato dentro do seu ipod). Apesar de ser o ícone do ícone do gótico, nunca se limitou e, como eu vi um crítico falar uma vez, uma banda para conseguir fazer as pessoas se vestirem como ela não chegou lá oferecendo só uma coisa caricata, mas um mundo inteiro dentro daquela visão singular. O que significa que, sim, como todo mundo associa The Cure com tristeza, trevas e depressão, a banda tem muito disso a oferecer (e de uma forma maravilhosamente bem feita), mas é criativa e interessada em explorar o suficiente para não virar uma espécie de simplificação robótica do que uma banda gótica deprê deve ser. Portanto, algumas das músicas mais românticas e bonitas que eu já ouvi são do The Cure; diversas músicas serenas, leves e mesmo (!!) FELIZES.

Outra coisa é que eles não são bem representados pelos singles. Todas as músicas muito famosas da banda, com poucas exceções, não são bons exemplos do que aquele disco é (começando por Boys Don't Cry, que é centenas de vezes mais pop que qualquer outra coisa deles, inclusive que as músicas do próprio disco dela). The Cure é o perfeito exemplo de "banda álbum": se você conhece muito bem eles através de coletâneas no fundo não conhece nada da banda. Cada disco tem uma viagem muito bem definida e coerente e precisa ser ouvido do início ao fim e na ordem que está lá.

No fundo, evoca muito a adolescência - é a melhor banda do mundo para ser ouvida (obssessivamente de preferência, como quase sempre o é) por adolescentes sozinhos e melancólicos e conflituosos em quartos escuros, viajando na sequência do disco e entrando naquele universo - que como eu disse não é nada simplório nem caricato, mas oferece todas as emoções que passam pela cabeça de todo mundo - filtradas por uma ótica original e sim, mais para o escuro que para o claro, mas essa é toda a graça. Quando escutar aqueles elementos tão particulares que se encaixam tanto - a voz passional e inconfundível (aliás uma puta presença), os baixos melódicos que acham que são guitarras, as baterias bem percussivas e sombrias que muitas vezes incorporam eletrônica, e as guitarras com pé no punk mas com intenção de emocionar e não de agredir, as letras lindas e poéticas mesmo quando são cabulosamente agressivas - lembre que aquilo foi muito mais pensado que parece de primeira, e que aquilo foi feito de forma real e emocional e não para tentar te agradar. Apesar de agradar um bocado.

Aguarde para breve um post com comentários sobre toda a discografia do Cure.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Poder da nostalgia

Quando se fala da nossa relação com a cultura, NADA, NADA, é mais poderoso que nostalgia.
Repare como a grande maioria das pessoas estaciona (no MAL sentido) na música que ele gostava quando era adolescente. "No meu tempo que era bom". Li num blog um comentário certeiro que quem estava curtindo o Jesus And Mary Chain morto no Planeta Terra era bem mais por nostalgia do que por estar na presença de um show bom. E o pior é que ninguém pode falar nada: qualquer música que toque que fazia sucesso quando você tinha 13 anos (mesmo as que você não gostava) mexe com você de alguma maneira. Ah, mexe sim, seu mentiroso.

Lembram daquela música "Informer" de um tal de Snow que tocava no início da década de 90? Estava tocando quando dei meu primeiro beijo. A música é horrível, mas me dá um senso de nostalgia tremendo. Acho que meu top 10 "músicas que eu meio que não deveria gostar mas não consigo evitar por causa do poder da nostalgia" é esse:

1-Snow - Informer
2-Oingo Boingo - Stay
3-EMF - Unbelievable
4-George Michael - Faith
5-Aerosmith - Crying
6-Culture Club - Karma Chameleon
7-Information Society - Run
8-Inner Circle - Da Bomb
9-The Housemartins - Build
10-Double - Captain Of Her Heart

Hoje eu estava ouvindo o Acid Eaters e senti um nó na garganta (realmente quase chorei) quando tocou Somebody To Love.

Fique Feliz

Radiohead confirmou show no Chile em 27 de Março/2009!
Radiohead CONFIRMA Brasil na mesma época só não tem data ainda!
Se prepare para flutuar por mais de uma hora!!!!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Festival Planeta Terra 2008

É isso aí amigos, mais uma vez bato em SP para pegar shows bacanas que muito raramente vem aqui na África - ops - Brasil.
Estive no Planeta Terra e apesar de ter me decepcionado com minha maior expectativa fui positivamente surpreendido pelos shows que eu tinha uma expectativa (um pouco) menor. O saldo então foi mais que positivo. Vou tentar passar um pouco da experiência.

São Paulo

Não é a primeira vez que eu vou à São Paulo e a cidade é foda. São Paulo é outro país. São Paulo são 5 Belo Horizontes avaliando do ponto de vista cultural. Porém, em SP não cabe mais gente. Acabou. Lotou. Encheu. Acho que se mudar mais uma pessoa para lá a cidade explode. A 30 km da cidade já estava parado em engarrafamento na estrada - e isso era 22:00. Tudo é lotado demais, tudo é complicado demais, tudo tem fila demais. Mas não é suficiente para estragar a experiência - Liberdade (tivemos que amarrar uma corda no Shibuco para ele não sumir lá), galeria do rock, beber Guiness na rua Augusta. Wooohoow.

O Festival

Fica em um lugar nada a ver total (vi todos os paulistas reclamando), literalmente no fim do mundo, saí da Av. Paulista e tive que trocar de metrô 3 vezes e trocar de trem duas vezes - uma hora e meia para conseguir chegar. O palco principal era horrível - alto demais, distante demais do púbico e o som tosco e horroroso e embolado. Nota zero para ele. A favor: bem organizado, TODOS os shows começaram na hora exata. O espaço físico era violento - gigantesco, não vazava som de um palco para outro, o palco indie era fechado e não tinha os problemas do palco principal (dava para ver a banda bem de perto e o som estava ótimo), mesa, praça de alimentação, dava para usar o banheiro. Do festival em si, pouco a reclamar. Diz a Mirian que o público do Tim Festival era mais gente boa... vai saber. É um show de rock.

Jesus And Mary Chain

Sente a distância do palco em relação ao público

Já comecei chateado porque cheguei atrasadaço nessa brincadeira de troca de metrôs e peguei só metade da banda que eu mais queria ver. E só para dar uma reguingada estavam no lixo do palco principal - lotado demais, som bem ruim, banda bem distante tanto fisicamente quanto espiritualmente, a banda simplesmente não estava lá. Show totalmente bate cartão - entraram no palco, tocaram o mais desinteressadamente possível, foram embora. Sem sangue, sem alma, frio e esquisito e profissional e distante. O negócio é que o Jesus And Mary Chain tem músicas maravilhosas que falam por si - então apesar do show deixa-eu-ir-embora-para-o-
hotel-ver-novela que a banda deu mesmo assim rolou uma emocionada em umas músicas épicas tipo Just Like Honey. Mas no geral, decepção. Se for para voltar com a banda sem tesão nenhum melhor que continuasse terminada. Apesar disso gostei da música nova total Echo And The Bunnymen.

Spoon

ISSO foi um show

Cheguei para o show do Spoon e peguei a última música do Foals, o pau estava quebrando no palco, com certeza foi uma opção muit melhor que o JAMC.
Spoon deu um show brutal. Engraçado que nem é uma banda muito pesada ou especialmente energética - Spoon é indie rock puro na veia mas mutíssimo bem feito e musical e trabalhado. Ao vivo é bem rock - agitaram bastante, gritaram no microfone, se jogaram no chão, arrumaram umas barulheiras infernais de guitarras, tocaram muito bem - aliás ao vivo você vê que os arranjos do Spoon são fodas mesmo - e privilegiaram o Ga Ga Ga Ga Ga, que era o que eu queria (e a platéia toda também pela resposta que as músicas do disco recebeu). Aliás, tinha bem mais público do Spoon que eu esperava, muita gente agitando e muita música sendo cantada junto. Foi o oposto do primeiro show - deram sangue e pareciam estar se divertindo horrores no palco. Saí mais fã ainda da banda e acordei no dia seguinte com as músicas do Spoon na cabeça.

Breeders


Breeders ESPANCA o batatal do além. Ponto.

Breeder é destruidor. Quem tinha dúvida matou ela nesse show. Com um público bem cheio - muito fã de Breeders mesmo, cantando todas as músicas - postura simpática - aliás a Kim Deal é uma das figuras mais carismáticas do rock e por isso mesmo tinha muito fã quase desmaiando de felicidade com ela lá - o show das Breeders foi bem em cima do Last Splash (só 3 músicas do último disco) e foi punk. Rolou Kim Deal picaretando a guitarrista da banda fingindo que ia mostrar a bunda - e a garota foi na dela só que realmente mostrou :-) - rolou música dos Beatles, rolou "a musiquinha que a mamãe ensinou a gente a cantar", rolou country com a irmã dela no violino, rolou MOSH (SELVAGEM) em Cannonball. A banda foi recebida literalmente com amor - moçada fanática mesmo - e correspondeu.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Da Série Playlist - O que anda torrando a bateria do meu ipod para o bem e para o mal

Melechesh - Emissaries

Quando eu estive em Amsterdã, pedi para o camarada da loja de discos me mostrar alguma coisa legal que eu só conseguiria comprar lá e em mais nenhum outro lugar. Ele me falou dessa moçada que é de Israel - são árabes na veia mesmo - e que fizeram uma banda de black metal from hell. Obviamente isso não dá muito certo e eles foram meio que banidos de lá, então estavam morando em Amsterdã e lançaram esse cd por lá. Escutei na loja e pirei na hora - metalzão from hell do cramunhão porém misturado com música árabe - as percussões, sons de sítara, estruturas e melodias bem orientais no meio do pau quebrando. É MUITO FODA. Já tinha me ocorrido antes que essas melodias árabes poderiam funcionar num contexto mais sinistrão e achei bacana ver alguém fazendo. Não perca se gosta de metalzão (pare de ouvir Death Magnetic e vai ouvir metal de verdade :-D).

Libertines - Up The Bracket

Conheço desde a época que saiu, porém tinha meio que largado esse disco pelo segundo e mesmo os segundo tinha um bom tempo que eu não ouvia. Agora retomei e me lembrei o tanto que o primeiro disco dos Libertines é fodaço. Claro, é derivativo - lembra The Clash, parece muito com The Jam e é também um pouco "resposta inglesa aos Strokes" - mas é tão largado e zoado e passa tanto a sensação que as pessoas se divertiram muito tocando isso que na terceira música você desencana disso. Retomando o comentário de ontem sobre a imprensa, esse é o tipo de banda que o hype atrapalha - são tanto falados por fazer merda e etc. que todo mundo esquece que antes de tudo havia música ali, e música bacana.

PJ Harvey - Dry

Da discografia da PJ Harvey foi o que eu menos ouvi e é um dos mais fodas. Tudo dela é essencial e o Dry é da época em que a menina era bem selvagem e furiosa (de vez em quando ela retoma esse lado dela), obsessiva, melodramática e na veia demais. Trilha sonora da TPM mais rock do mundo feita com 3 acordes espancados numa Fender Telecaster. Coitado de quem ainda não escuta PJ Harvey - não sabe o tanto que o desespero pode ser divertido.


Throbbing Gristle - DOA Third And Final Report

Escutei porque saiu na minha amostragem aleatória do livro (1001 discos). Throbbing Gristle foi um dos criadores do som industrial - junto com Neubauten e aquela moçada toda - e foi muito importante historicamente, ousado, chocante, marcante, influencial etc. Pena que eu encaixo naquele tipo de música que é 99% conceitual - é tipo "que legal que você está gerando música de um aspirador de pó", "olha eles estão fazendo sexo no palco", "veja só ele fez uma música com as ameaças de morte que deixaram gravadas na secretária eletrônica" mas para ouvir mesmo, não dá.

L7 - Bricks Are Heavy

L7 para mim sempre foi meio que um Motorhead de mulheres. Pesadão, agitado e com espírito muito rock-cerveja-diversão-vão-se-fuder deu um show histórico no Brasil e ainda tinham uma veia melódica (meio melódico lesado mas...) que torna a banda irresistível. Na verdade eu nem precisava elaborar: só o simples conceito de "Motorhead de muié" já é motivo suficiente para escutar. 100% garantido de aumentar a diversão (e de diminuir o nível :-D) de qualquer festa sua.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Don't Believe The Hype Again

Lição do dia: simplesmente ignore tudo que o jornalismo musical diz. Se depender da New Music Express nasce um novo Beatles todo semana, sempre tem algo muitíssimo relevante acontecendo, só nessa década o rock já passou por umas 4 revoluções - e o povo vai lendo e os festivais vão lotando. Dois discos depois a mesma banda é derrubada sem dó quando não tem a sorte de ser ignorada. Tem bandas que viram deuses antes do primeiro single (isso não é jeito de dizer - acontece de fato). Bom exemplo: tem anos que a Inglaterra ENDEUSA Klaxons - é a nova revolução, fundador de um novo estilo (que chamaram de New Rave para parecer algo moderninho), é a melhor banda da atualidade, se você não escuta Klaxons você é que está errado. Você já ouviu? Para mim Klaxons é, no máximo, e com muita boa vontade, legalzinho. "Legalzinho" não é bom o suficiente nem sequer para ocupar espaço no meu ipod. No fundo é um indiezinho um pouco mais eletrônico e dançante (mas nem de perto tão legal quanto as bandas que fazem isso direito, como o Hot Chip e o Cut Copy) com umas letras que tem citações ao Aleister Crowley - nada que faça muito sentido, devem ter comprado um livro e sorteado umas frases de vez em quando. Nunca teve nada de mais nem vai ter - a não ser na Inglaterra, onde acreditam nessa pregação e o show deles lota.

Aí "New Rave" (que nunca foi um "estilo" ou um "movimento" apesar das revistas forçarem a barra para você acreditar nisso) deixou de ser novidade e escolheram um bocado de bandinha meio "indie-pop-tristonha-subproduto de Interpol mas que não passa nem perto" para ser a nova "revolução do rock", são bandas que estão tocando um "novo estilo", "mudando a música", "assustando a Inglaterra com sua onda dark", "impactando o mundo" e etc. Eu digo: bleeeeergh. Que pancada de baboseira. Escolheram como grande representante desse "estilo" (que chamaram forçadamente de "new grave") o Glasvegas. Peguei o disco do Glasvegas para escutar. Não vi:
- nada de originalidade
- nada de personalidade
- nada de dark
- e nada de interessante

Nada mais é que mais uma bandinha indie nova que é igualzinha a um milhão de outras que você já ouviu, não é boa, não é marcante e nem consegui entender porque é considerada tão dark. Resumindo, uma puta perda de tempo. E 10X mais deprimente é ver a imprensa brasileira babando ovo desses caras porque deu na NME e eles simplesmente repetem.

Escutei Glasvegas até a quarta música e troquei para Public Enemy só para escutar o crássico "don't believe the hype". Bem que poderia ter algo tipo Public Enemy hoje.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Guia Básico Para Iniciação em Filmes de Zumbi

Como todas as pessoas de diferentes nacionalidades sabem e reconhecem, o ápice musical da humanidade é Radiohead e o ápice cinematográfico são os filmes de zumbi. Como se trata de um gênero em que frequentemente quanto pior melhor, é quase impossível (quase) fazer um filme de zumbi ruim, porque os bons são bons e os ruins são bons também. Eu particularmente prefiro aqueles em que as pessoas morrem e os zumbis vivem (vivem?).

O Guto me pediu uma lista de filmes básicos de zumbi para ele baixar e se divertir. Como percebi ser tal lista de utilidade pública, resolvi publicar aqui no blog. Meus critérios:
- não vou tentar listar todos os filmes de zumbi que eu já vi, porque não vou conseguir me lembrar e a lista deve bater nos 100 fácil;
-abaixo são so preferidos pessoais, simplesmente são os que me marcaram mais. Dane-se a relevância deles para o gênero;
-não vou adentrar em outras mídias (quadrinhos, jogos, etc) porque senão este post não tem fim;
-não está na minha ordem de preferência, mas não está longe dela;
-todos os filmes abaixo são obrigatórios para qualquer pessoa de respeito e sua família assistir;
-boas sessões zumbi!


Tetralogia do Romero

Romero não fez o primeiro filme com zumbis (esse é o White Zombie, de 1929), mas fez o primeiro filme de zumbi, pelo menos o que entendemos por filme de zumbi, em 1968, Night Of The Living Dead (Noite dos Mortos Vivos, preto e branco e tudo), que basicamente criou o gênero (os filmes mais antigos no geral eram de zumbis haitianos e outras coisas menos legais) e incrivelmente ficou pouco datado, até porque é um filme que depende mais de interação entre personagens do que de visual: com certeza é um dos filmes mais tensos que você já viu e à medida que os zumbis vão se empilhando - beeem gradualmente, quase sem você perceber - lá fora a tensão sobe dentro da casa e você é absorvido pela história. Os filmes do Romero são bons mesmo - independente de gênro - e sempre tem uns comentários sociais e personagens interessantes. O final é simplesmente lendário. Começar a ver filmes de zumbi sem ver antes a tetralogia do Romero é como escutar rock sem nunca ter ouvido Beatles, ou Elvis. Simplesmente errado.

Depois do ótimo Night Of The Living Dead, o Dawn Of The Dead saiu na década de 70 e para mim é o melhor filme de zumbi da história, ponto. Tem muitos clichês - mas note que só viraram clichês depois do filme, ele é o mais imitado de todos. Envolvente e sujeiraço, indispensável.
O Day Of The Dead é o mais gore, se move num ritmo mais lento, introduz novos conceitos e vale muito ver apesar de demandar mais paciência. O Land Of The Dead é mais recente e é o mais social de todos, é um pouco polêmico mas eu gosto bastante - simplista nas idéias mas é um ótimo filme de zumbi. Coma tetralogia do Romero não se discute - nem leia o resto do post se ainda não viu os 4, e na ordem.

Ano passado o Romero filmou o Diary Of The Dead - um lance meio Bruxa de Blair/Cloverfield aplicado aos zumbis. Infelizmente, foi o primeiro filme do Romero que eu não gostei, mas não sei explicar porque. Talvez tenha visto no momento errado.

...e as suas refilmagens

Caso raríssimo de filmes que se prestam a boas refilmagens, tanto o Night Of The Living Dead quanto o Dawn Of The Dead foram refilmados e valem a pena ser vistos (passe longe da "refilmagem" picareta do Day Of The Dead). A refilmagem do Dawn fez até um bom sucesso recentemente e é no fundo mais um filme de ação que um filme de zumbis, e não é nada fiel - na verdade só reaproveita o conceito de shopping + zumbis. De qualquer maneira é um dos melhores filmes de ação que você já viu - já comentei que todos os filmes do mundo tinham que ter em algum momento invasão de zumbis? Comédia romântica - o casal vai dar o primeiro beijo e é interompido pelo alarme que avisa a todos que zumbis estão tomando a cidade (toda cidade tem um, sabia? O de Bh fica na Praça 7).

Zombi, Zombi 2 e City Of The Living Dead

Lucio Fulci é um diretor italiano que fez alguns dos mais clássicos filmes de zumbi. Os filmes de zumbi da Itália são legais porque são muito mais from hell - os zumbis são tipo apodrecidos mesmo, vermes saindo de dentro dos olhos, vomitando os órgãos internos, rock! - e os filmes são sobrenaturais mesmo e não vem com essa de "explicação científica" - os zumbis levantaram do cemitério porque um padre se enforcou nele porra! O Zombi foi vendido como "continuação do Dawn Of The Dead" na Itália - picaretice na veia mas o filme é tão legal que todo mundo perdoou.

Shaun Of The Dead e Fido

Comprovando minha teoria que todo e qualquer filme deveria ter uma invasão de zumbis, Shaun Of The Dead é literalmente uma comédia-romântica-perdi-minha-namorada-e-vou-tentar-reconquistá-la - com zumbis! Apesar de se vender como comédia é um dos melhores filmes de zumbi da atualidade - comentário do próprio Romero! E Fido também comprova minha teoria porque é um "filme de cachorro" - sabe aqueles filmes do garoto que tem um cachorrinho que ele gosta e que normalmente são tristes porque ele se perde ou coisa que o valha mas acaba salvando o menino e a família acaba finalmente o aceitando? É a mesma coisa - só que o menino tem um zumbi de estimação. Conceito foda e execução melhor ainda.

A Volta dos Mortos Vivos

Talvez o mais famoso, feito por um parceiro do Romero que se separou dele e meio que vendeu o filme na picaretice como se fosse continuação do Night Of The Living Dead, todo mundo já viu esse filme quando era pequeno - é aquele que todos os personagens tem um visual de punk mas escutam metal no cemitério (punk-gothic-metal?). Apesar de picareta é tão bacana que a moçada perdoou e hoje é um grande clássico também obrigatório. O 1 é 60% terror e 40% comédia - e tem umas novidades tipo os zumbis falam (daqui que vem o famoso "braaaaaaaaains!!") e não morrem nem com tiro na cabeça. O 2 é 70% comédia e 30% terror e vale ver tb. Por favor IGNORE do 3 para frente - o 4 foi o único filme de zumbi que eu parei de ver no meio, para você ter idéia.

Braindead

Filme do Peter Jackson da época que era desconhecido (ele mesmo, o que dirigiu Senhor dos Anéis), eu lembro que quando a moçada que gosta de filmes de zumbi ficou sabendo que seria ele que iri dirigir o Frodo já tinha certeza que ia ser bom. Esse filme tem: padre ninja (que morre e vira padre zumbi), enfermeira zumbi com a garganta cortada que come pelo buraco da garganta, e dá para o padre zumbi e eles fazem um neném zumbi :-) , vovó zumbi que come o cachorro da casa, o macaco rato do Sumatra e uma cena onde uns 50 zumbis são mortos por um cara segurando no alto um cortador de grama. É o filme que mais usou sangue na história. Precisa de mais?

28 Days Later e 28 Weeks Later

Praticamente redefiniu o gênero zumbi (não são tecnicamente zumbis mas são né moçada) e foi sozinho responsável pelo ressurgimento e a nova popularidade que os zumbis tem hoje (muitos neófitos que tem muito para aprender :-) ), Extermínio é simplesmente excelente como filme de qualquer gênero e um dos top 5 filmes mais tensos que eu já vi - e olha que eu quase só vejo filme tenso. Ótima maneira de introduzir filmes de zumbi para quem não conhece/não gosta/acha que não gosta. Uma das visões mais viscerais e realistas do apocalipse que eu conheço, não tem senso de humor e marcou todo mundo na época. A continuação não é tão legal quanto o primeiro mas também é boa.

Biozombie, Junky e Wild Zero

Biozombie é coreano e é uma espécie de Dawn Of The Dead na Coréia (se passa num Shopping) e é um dos tops filme de zumbi que eu já vi - é o filme que tem um zumbi sushimen que mantém sua paixão pela garotinha até depois que morre e salva eles na garagem.
Junky é japonês e mistura zumbis com yakuza. E Wild Zero é o filme de zumbis do Guitar Wolf, que são basicamente os Ramones do Japão. E eles transformam as guitarras em Katanas. E tem
Alienígenas. É tipo o filme mais legal do mundo.

City of Rott

Animação feiosa que conta uma história surpreendente boa de zumbis, engraçado e pertubador ao mesmo tempo. Você acompanha um velinho tentando achar seus sapatos no meio de um mundo cada vez mais acabado e na sua senilidade meio alheio ao que está acontecendo - e vai entrando na loucura dele. Recomendo muito.

Dead Meat e Undead

Dois filmes de baixo orçamento tentando ser modernosos, e bem legais por isso. O Dead Meat é Irlandês - ous eja, todo mundo doente, sotaque pesado e tem uma vaca zumbi (YES!). O Undead tem uns efeitos especiais e tal e tenta ser um Matrix de zumbi, só que com pouca grana. E é o filme que tem peixe voador zumbi. Veja os dois.

Zombie Strippers

Feito com atrizes pornôs (mas não é pornográfico), fazia bastante tempo que eu não via um filme de zumbi bom assim. As strippers que se tornam zumbis viram o hit da boate fazendo com que as vivas, na inveja, peçam para ser mortas por elas, enquanto o porão vai se enchendo com as vítimas das garotas (que por sua vez também viram zumbis). Muito bom e vou acompanhar os próximos filmes desse diretor.


Moçada tem muito mais na lista mas acho que dá para começar... quando assistirem tudo isso me procurem que eu indico mais!!! E mais... e mais... maiiis... braaaaaaaains!!!