terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Melhores Discos de 2011 do Rise From Your Grave - Hip Hop


Hip hop continua o gênero dominante na música jovem atual, para o bem e para o mau. O rock para a juventude dos anos 60 é o hip hop em 2000 para cá. Isso significa que tem muita gente fazendo grana com isso e atrai todo o tipo de oportunista em todas as posições da indústrias - de distribuidor, promoter, empresário até infelizmente o artista. Isso gerou um momento singular para mim - nunca se ouviu tanto hip hop e com raríssimas exceções nunca o hip hop que é realmente famoso foi tão horrível e formulaico. Por outro lado, gera naturalmente um contra ataque de gente que é boa no que faz e só para chutar o balde faz o questão de ir para o espectro oposto da forma mais criativa possível -  e aí você tem boas apostas como o Shabbazz Palaces.

Outros fenômenos interessantes: produtores interessados em hip hop mas focados no instrumental e que só ocasionalmente trabalham com vocais (tipo Flying Lotus e Clams Casino que estão entre os músicos mais interessantes da atualidade); e o uso liberal de mixtapes (que é basicamente um lançamento não comercial, ou seja, gravei umas músicas aqui sem muita frescura, baixa aí de graça).
A mixtape virou uma instituição do rap, todo rapper (do mais underground até o mais milionário) hoje lança seus discos e 5 mixtapes entre eles e tem gerado alguns dos melhores lançamentos do ano (A$ap Rocky por exemplo) - incrivelmente até o 50 Cent acertou (baixe The Big 10 de graça e confira).

Melhores Discos


Beastie Boys - Hot Sauce Committee Pt. 2


Sim, são os Beastie Boys fazendo mais do mesmo e de certa forma já está dando a sensação de que estão fazendo hora extra. Mas escute bastante e tente analisar friamente - é como reclamar que o Pelé estava fazendo mais do mesmo quando fez o milésimo gol. Quem tem batidas tão criativas e trabalhadas assim, principalmente no hip hop? Quem tem tanta personalidade e é tão divertido sem eforço, quem tem esse espírito solto de não te permitir antecipar como vai ser a próxima música porque pode sair um hardcore, um funk instrumental, um hip hop old school? Não surpreende mais perto da obra antiga deles (escutei de mais de uma pessoa "começo a escutar e gosto mas dou stop e coloco o Ill Comunication) mas dê uma chance real e você vai perceber que se a ordem de lançamento fosse inversa talvez você estivesse falando que dá stop no Ill Comunication para colocar o Hot Sauce.


Das Racist - Sit Down Man


Essa banda gera uma polêmica besta se eles são "sérios o suficiente". Parece a infinita discussão se determinada banda de metal é válida porque é ou não satanista o suficiente, para mim existe medo do Das Racist porque eles são mais criativos que você. É suficiente dizer que a banda é PHODA e não convencional no uso de humor, samplers inesperados (when you're strange dos Doors??), fazem referência a tudo possível - assuntos acadêmicos, coisa obscura que só nerd conhece, as viagens deles que são descendentes de indianos - mas mesmo se você estiver escutando somente a batida (perfeita) e os vocais para mim você é espancado pelo melhor disco de hip hop do ano fácil - prometa que se decidir ouvir somente UM disco dessa lista você vai para o Das Racist. Eles até lançaram um disco propriamente comercial (chamado Relax), este é uma mixtape, o que prova que o espírito não necessariamente habita onde está o dinheiro.

Danny Brown - XXX


Danny Brown é maluco, e eu adoro ele por causa disso. É um dos poucos discos atuais que geram o efeito Old Dirty Bastard - a sensação um pouco incômoda de "cara eu acho que esse camarada é louco de verdade". A começar pela voz - não tem ninguém com essa voz esganiçada fazendo rap e sendo levado a sério, parece que pegaram um mendigo louco na rua e pediram para ele falar da vida dele sem freios. O disco é bem pesado mas não soa forçado, nem sequer é gangsta, soa como deve ser se perder dentro de uma cabeça confusa piorada por um monte de drogas. As batidas são secas como as letras - o negócio funciona. Vou ficar de olho nesse camarada a partir de agora. Ah, e sente o visual absurdo:




Jay-Z e Kanye West - Watch The Throne


Guardadas as devidas proporções, Kanye West é o mais próximo de Michael Jackson que temos hoje - a onda dele é música pop, é possível que qualquer pessoa goste dele, toca na sua academia e é genial e excelente. Ele está num ápice de criatividade tem anos e este disco, apesar de dividido, é inegavelmente dele. E disco novo do Kanye West invariavelmente faz parte de toda lista de melhores do ano, mesmo que não focadas em hip hop.
Baixe também o GOOD FRIDAYS, as músicas que ele liberou de graça ano passado e que não tem em nenhum outro disco.

Esse ano detonou de músicas soltas


Mr. Muthafucking eXquire - The Last Huzza

Além de ser um dos melhores vídeos do ano essa música tem o camarado do Das Racist e o Danny Brown, assista para sacar qual é a do (bom) hip hop atual:



Esse maluco Future faz um hip hop dos mais toscos e eu curto talvez por isso:

Comercial até o osso mas adoro essa música:




Decepção do ano - Lupe Fiasco

Melhor rapper do mundo na minha humilde opinião pessoal fudeu tudo porque decidiu ganhar dinheiro e fazer o que a gravadora mandou e não os fãs. Eu vou fingir que o disco Lazers não existiu.
Se ver algum vídeo escroto desse aborto rolando aí finja que é o irmão gêmeo do mal do Lupe Fiasco.

Melhores Discos de 2011 pelo Rise From Your Grave - PAU QUEBRANDO



Continuando o post anterior, a categoria PAU QUEBRANDO inclui punk, hardcore, metal, industrial e tudo o mais que seu pai chama de "rock pesado". Parando para escrever este post percebi que fiquei meio que desapontado este ano, pouco entrou no meu radar e ficou. De qualquer maneira o que passou no filtro vale o seu tempo:

Melhores Discos

Fucked Up - David Comes To Life


Eu gosto de bandas de hardcore pesadão tipo Sick of It All mas o que é que estraga essa moçada? São supostamente bandas formadas por pessoas rebeldes que não se importam com as regras, vivem de fazer um som que não tem a menos chance de apelo comercial e portanto não deveriam ter limites. Na prática são tão cercadas por milhões de regras sobre o que se pode ou não fazer criadas por elas próprias ou pelo seu público limitado que acabam se tornando construtos mais artificiais e pequenos que o pior do pop. Por isso ajoelhe todo dia e agradeça pelo Fucked Up, que superficialmente é mais uma banda de hardcore gritadão acelerado e com duas guitarras altíssimas mas no fundo são uns malucos que não se importam com o que estão fazendo (ou talvez se importem mais que os outros). Resultado? Injeção de criatividade num gênero que precisa demais disso e melhor banda punk da atualidade.

Backing vocals femininos docinhos? Violino? Samplers? Arranjos de guitarra muitas vezes mais Pixies que Biohazard? Disco conceitual duplo gigante contando a história de um trabalhador em uma fábrica de lâmpadas e sua namorada? E de quebra um disco (David's Town) onde eles gravam como se fosse uma coletânea de bandas punks imaginárias que esse David escuta? Expulsem eles do punk!


Blut Aus Nord - 777


Blut Aus Nord significa "sangue do norte" escrito errado em alemão e é um projeto de uma só pessoa de black metal francês. "Black metal" no seguinte sentido (declaração da própria banda):

"Blut Aus Nord is an artistic concept. We don’t need to belong to a specific category of people to exist. If black metal is just this subversive feeling and not a basic musical style, then Blut Aus Nord is a black metal act. But if we have to be compared to all these childish satanic clowns, please let us work outwards [from] this pathetic circus. This form of art deserves something else than these mediocre bands and their old music composed 10 years before by someone else."

Cabe o que eu disse anteriormente sobre o Fucked Up: o template é de metal-sinistro-pesadaço-com-vocais-de-gremlin, mas tem a cabeça aberta o suficiente para aumentar o conceito e deixar ele ir onde deve. Tem muito flerte com eletrônico e com música ambiente, aproximando o projeto de uma espécie de banda industrial/eletrônica do inferno. Com diversas passagens instrumentais repetitivas e que geram clima, o disco tem dinâmica, o que significa que o que deveria ser pesado é dez vezes mais pesado que o normal, e não um espancamento monótono sem fim. Apareceu em diversas listas de melhores discos de metal do ano, merecidamente.

Nota: 777 é uma trilogia, está no segundo disco, recomendo os dois principalmente o Desanctification.

Liturgy - Aesthetica


Este disco foi de certa forma a polêmica do ano no metal, porque foi lido como uma espécie de paródia do black metal: pessoas que não se importam com o cramunhão (e afirmam isso), não se vestem como zumbis saindo da tumba, a banda tem um instrumental completamente original e vocais gritados que aparentemente não tem letra (até acredito que tem mas...). Esqueceram de lembrar que são caras fodaços que fizeram um dos melhores discos de metal que eu já ouvi e com um som que apesar do pé no black metal no fundo é inclassificável. Verifique por si mesmo abaixo a capacidade de fazer uma música instrumental que além de ser bem bacana tem a característica interessante de ser a música de UMA NOTA mais difícil de tocar do mundo:





Don't believe the hype
Tombs - acho que é celebrado por ser uma espécie de ponto de encontro entre uma moçada que normalmente não se mistura tipo punk e metal, mas essa proeza sem fazer música boa não é suficiente para mim.
Iceage - tem tudo para ser legal no papel. É uma espécie de mistura de pós punk gótico com hardcore, formada por garotos que mal fizeram 20 anos mas cantam como se tivessem o peso de 100 - imagine uma mistura de Bauhaus com Cramps talvez. Lendo o que eu próprio escrevi me dá vontade de escutar, apareceu em diversas listas de melhores discos do ano, mas não consegui encontrar o que está ali. Quem sabe no futuro.

A banda mais pesada do mundo
Prurient - meu Deus e esse cara toca no Cold Cave que é basicamente um New Order dos anos 2010. Veja por si mesmo:


Melhores discos de 2011 pelo Rise From Your Grave - Indie Rock

(Note a definição ampla e inclusiva de "rock")

Direto na veia: são os discos que eu mais gostei e escutei durante o ano, sem nenhuma ordem particular de preferência. Durante os próximos dias vou postar os que se destacaram (pelo menos em meu ipod) em outros estilos - hip hop, eletrônico, e a categoria que vou chamar de "pau quebrando" onde vou incluir punk e metal.

Não entrou nesta lista o que não tem 5 estrelas para mim.

E aliás faço questão de citar um "don't believe the hype" - discos que estão sendo muito falados mas para mim não é isso tudo não.

Melhores Discos:

M83 - Hurry Up We're Dreaming


Ver post anterior.


Radiohead - The King Of Limbs (incluindo os singles e remixes)


Quando o novo do Radiohead saiu absolutamente do nada, de forma geral a reação foi de estranheza. Acabaram de vir de um disco bem orgânico (In Rainbows) e voltaram com um disco onde tudo é ritmo e só ritmo importa, bem eletrônico e experimental, e bastante curto (8 músicas). Eu gostei de cara e fizeram exatamente o que o Radiohead faz: qualquer coisa menos o que você estava esperando. Eu continuo fã incondicional. Para entender realmente este disco, você precisa penetrar no universo dele - explorar a extensa arte que vem com disco, ver as músicas serem executadas ao vivo no vídeo From The Basement, escutar o disco duplo de remixes, escutar os singles que saíram depois que já acrescentaram 4 músicas novas às 8 originais. Como a árvore que inspira seu título, foi uma espécie de semente de disco que vai crescendo e gerando outros ramos. E um disco pequeno que para mim já parece um mundo inteiro.


Wilco - The Whole Love


Este também ganhou seu post.
Ganhou a eleição de disco do ano entre meus amigos.


EMA - Past Life Martyred Saints


Um disco doído de ouvir mas que não soa exibicionista, artificial ou "tenham pena de mim" - soa ao mesmo tempo muito pesado mas muito sincero, como um exorcismo de demônios reais. Difícil explicar o som da EMA - a progressão do álbum me lembra uns clássicos como o Downward Spiral do Nine Inch Nails, onde o som é muito variado e pode atingir picos de barulho e de intensidade e do nada parar tudo em uma balada acústica. Mas não pense tanto em eletrônico, pense em uma artista que tem voz e personalidade próprias e fortíssimas e que busca o que a música pede para se expressar - seja o clássico baixo guitarra bateria, seja sintetizador, seja um simples violão. Prefiro que você assista a um dos vídeos mais bonitos do ano (e pertubadores se você estiver prestando atenção na letra):




TV On The Radio - 9 Types Of Light


Na minha humilde opinião pessoal, existem 3 bandas relevantes de verdade que fizeram um som que chamo de "isso é dos anos 2000" e que não podem ser confundidas com qualquer outra época (chega de 80 né): The Knife, Liars e TV On The Radio. Eu chamaria o TV On The Radio uma banda de funk mutante. O som é bastante original e ousado sem perder a facilidade de ouvir e processar, é inclusive bem dançante, o que é um milagre por si só. Imagine o que o Prince estaria fazendo se ele viesse do futuro e de outro planeta ao mesmo tempo. Gosto de todos os discos mas por alguma razão que não consigo explicar o desse ano me pegou de jeito e virou meu preferido. Escute no headphone - tem muito detalhezinho interessante que não pode passar.


Menções Honrosas:


Here We Go Magic - The January EP - onde o Here We Go Magic prova que embaixo de toda a doideira o que existe ali é muito talento para compor.
Girls - Father, Son, Holy Ghost - onde aprendemos que o Roy Orbison influencia positivamente o rock até hoje (a voz não tem nada a ver mas é espiritualmente bem parecido) e entendemos qual é a diferença entre um ÁLBUM e uma coleção de músicas qualquer.
My Morning Jacket - Circuital - onde o My Morning Jacket consegue ao mesmo tempo continuar fazendo o que fazia e não gerar uma sensação de repetição, e sim de "me dêem mais disso"
Dirty Beaches - Badlands - onde descobrimos que um Filipino que pensa que é o Elvis e grava na cozinha de casa é uma boa receita para fazer música legal.

Don't believe the hype:
Bon Iver - Bon Iver, Bon Iver - inegavelmente bem feito mas emocionalmente distante, intelectual demais e numa boa, um bocado chato na maior parte do tempo. Não consegui entender a histeria que esse disco gerou. Toda vez que eu escuto ele esse artigo que prega que o nosso gosto musical ficou muito maricas faz muito sentido para mim -> http://www.nydailynews.com/entertainment/music-arts/stop-sensitive-burly-men-girly-men-turning-pop-music-a-wuss-case-scenario-article-1.132664#ixzz1QUemcxxN

Quer ouvir um disco absurdamente foda?


A década musical que menos me interessa é 70 (tirando 77 para frente por causa do punk), mas ela tem elementos legais que não são mais usados, entre eles fazer música paciente, trabalhada, que não se preocupa em "perder" tempo construindo climas porque a audiência tem a capacidade de concentração de uma formiga. Outras coisas legais incluem dar um nome cósmico para a sua banda e não ter medo de colocar até a pia da cozinha nas suas músicas - não confunda com rock progressivo, por favor. Este morreu de deveria continua bem morto mesmo.

Outro conceito que quando bem feito é sempre interessante é o da falsa infância, a forma misto romanceada/maluca/exagerada/verdadeira com que lembramos da nossa infância mas que no fundo não foi bem assim. O meu caso em particular é bacana não porque eu sou aquele amigo do seu pai que diz que teve a melhor infância do mundo, porém:
1-eu tenho a memória esburacada
2-eu sempre tive a imaginação hiper-ativa

Memória com buracos + muita imaginação = mundo muito louco e cheio de mistérios. Eu realmente achava que dormia um saci dentro da última caixa que ficava na pilha de tranqueiras da casa da minha avó. Eu realmente achava que é possível construir uma nave espacial no quintal se você for muito inteligente e tiver um computador. Tem algumas obras que captam esse sentimento de mistério infantil bem, pense no Steven Spielberg quando acerta. E foi um dos pontos que tornaram o Hurry Up We're Dreaming maravilhoso.

Conhecia o M83 só de nome mas a atenção que o disco deles de 2011 chamou me fez ficar curioso o suficiente para experimentar e agora sou basicamente um fã que só conhece um disco (já já corrijo isso). Basicamente é o projeto de um francês maluco chamado Anthony Gonzalez que começou como uma banda mais shoegaze e foi tomando uma direção mais misturada com, talvez, chillwave (não acho uma música como Midnight City tão distante de algo do Washed Out). Há eras o rock não é feito primariamente de guitarras e o instrumento do M83 é definitivamente o sintetizador, então o som tem bastante de eletrônico mas uma atitude sem medo nenhum de usar o que precisa - desde guitarra distorcida até saxofone e tudo que está entre eles. Porém não é necessariamente dançante - é mais pop e com uma onda agradável (quente talvez seja uma boa palavra) e com esse senso de excitação das crianças.

E é épico para cacete. Para mim o estilo do M83 deveria se chamar "rock épico para cacete". Uma música pode começar com um dedilhado quietinho no violão mas você sabe que sempre vai terminar com uma barulheira gigantesca e estourando sua caixa, duzentos instrumentos sentando a lenha, eu ouvi esse disco dirigindo sozinho na estrada e toda hora eu me via dentro de um universo sonoro intenso que baixava e subia de novo. Ah, e o disco é duplo - então é uma experiência legal tentar atravessar ele todo de uma vez.

Melhor disco de 2011.

Saca só:

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Minha playslist de hoje

Estou devendo uns posts vou postar até esses dias para compensar! :-)

Todo ano na semana de natal eu escuto essa playlist:

Elvis Presley - Blue Christmas
Elvis Presley - White Christmas
Elvis Presley - Here Comes Santa Claus
Elvis Presley - Silent Night
Elvis Presley - O Little Town Of Bethlehem
Elvis Presley - Santa Bring My Baby Back
Elvis Presley - Santa Claus Is Back In Town
Elvis Presley - I'll Be Home For Christmas

Bandas legais que também fizeram discos de natal:
Beach Boys
Squirrel Nut Zippers
Phil Spector
Sufjan Stevens
James Brown
...mas o mestre é o Elvis...

Disco de natal que foi a idéia mais errada do mundo:
Scott Weiland - vocalista do Stone Temple Pilots - está em turnê apresentando isso agora. Tipo, uma turnê junkie e lesada de um cara tropeçando no palco e cantando músicas de natal, Winehouse style. Eu vi o show do Stone Temple Pilots este ano e apesar de gostar da banda - não.

Quase empatou com a Simone.

Música imortal de natal que tocou em Jerusalém a 2011 anos atrás e tenho que ouvir depois das do Elvis:



Feliz natal you biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitch!!




terça-feira, 29 de novembro de 2011

Mais documentários musicais legais

Ando empolgado com documentários musicais e aproveitando o gancho do post passado seguem os últimos que gostei:


From The Sky Down

"Para aceitar uma nova versão de uma banda, você precisa primeiro rejeitar a anterior; e, entre as duas, você não é nada".

A citação acima (não completamente literal) define muito bem o quê exatamente torna esse filme interessante. Em 1990, o U2 ainda habitava aquela primeira encarnação super-séria, super-careta, super-vamos-salvar-o-mundo com muito pouco humor e senso de diversão. Percebendo que se tornou O INIMIGO (palavras deles próprios), ou seja, mais uma banda de rock chata, exagerada, gigante e que se leva a sério demais - perfeitamente o tipo de banda que o U2 foi formado para combater e numa versão que nunca me interessou particularmente - a banda entra em crise criativa. Sabem que tem que mudar, o problema é mudar para onde, mudar para se tornar o quê. Embarcam para Berlim inspirados pelos discos que o David Bowie gravou lá (ótima trilogia) quando passava por uma crise parecida e encontram - nada. Mas iniciam um processo esforçado e doloroso de descobrirem uma novo lado do seu trabalho e saem triunfantes com o melhor disco da carreira e um dos melhores discos da história do rock - o Achtung Baby. E não se restringe à música - muda tudo, visual, show, até declarações em entrevistas. É quando o Bono se torna uma espécie de paródia de rockstar que expõe todos os excessos do mundo do entretenimento no próprio ridículo, uma ironia que MUITA gente até hoje nunca entendeu. Esse filme documenta exatamente esse período turbulento e muito bacana de assistir. Chore vendo a primeira sequência de acordes que o Edge havia pensado para Mysterious Ways se transformar em One e se tornar o momento chave que salva a banda.

I am Trying to Break Your Heart

Sou fã desavergonhado de Wilco e esse documentário tem pontos em comuns com o acima - capta exatamente um momento chave de transformação que apesar de doloroso gerou um dos melhores discos da sua geração. Neste caso, é o Yankee Hotel Foxtrot, que deveria se chamar "Wilco chuta o balde do seu folkzinho" e sem dúvida é um dos 10 melhores discos da década de 2000. Para mim foi muito bacana ver o Wilco funcionando por dentro, e descobri-los como uma moçada meio tímida, até mais para baixo que para cima, mas geniais em relação à música. Toda hora que alguém pega um violão largado num canto de bobeira e improvisa qualquer coisa sai alguma coisa maravilhosa. Bônus para a história "porque as grandes gravadoras devem morrer" contida aqui, à medida que vemos um bando de executivos imbecis rejeitarem um disco brilhante por ser pouco comercial, basicamente pagar a banda pro gravá-lo e deixá-los ficar com o disco para depois ser vendido para outra gravadora que pertence ao mesmo grupo (!). Crássico!

1991: The Year Punk Broke

Este não pode ser chamado de documentário, aqui são poucas cenas de bastidores e rock and roll baby! Basicamente registra muitas cenas da turnê feita pelo Sonic Youth e Nirvana juntos em 1991, ou seja, basicamente Sonic Youth no auge total e o Nirvana ainda não destruído por dentro pela fama absurda e pelas tendências autodestrutivas. Ou seja, PQP!! Imagem tosca (acho que foi gravado em VHS) até a pouco tempo era meio difícil de achar e meio que lendário (aqueles filmes que são trocados por todo mundo e cada um tem uma cópia pior que o outro). De quebra vemos outras bandas que acompanharam tocando de forma absurda - Dinosaur Jr., Babes In Toyland, e Deus (também conhecido como Ramones). Como um camarada muito mais conectado à música dos anos 90 do que qualquer outra época, esse filme me fez pensar que 1991 foi o auge da história da música mundial e não venha defender o ano em que Mozart gravou sei lá o quê ou o ano do Sgt. Peppers. Vale a pena ver só para lembrar o quanto Kurt Cobain era maníaco - é desse filme a cena clássica em que ele se joga com força com guitarra e tudo dentro da bateria, que é basicamente um monte de ferro. Dói!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

DIG

Uma banda formada por pessoas mal ajustadas da cabeça, viciados em drogas pesadas, completamente confrontacionais (saem na porrada entre eles no palco na metade dos shows, na outra metade é com o público mesmo), que grava 3 discos por ano, tem um tocador de pandeiro (tem nome isso?) e escrevem música boa como se fosse fácil. Revisionistas dos anos 60 mas não ignorando que o Jesus And Mary Chain existiu depois, enfiando distorção na guitarra mas sem perder a melodia e com ótimas letras, eterna promessa mas nunca estourou. Porém, como um Velvet Underground moderno, influenciou um bom pedaço do indie atual e ninguém percebeu. Continuam obscuros tocando para 40 pessoas por noite e sempre que uma gravadora encara arrumam tanta merda que desanimam de trabalhar com eles. "Não estou à venda" - Anton Newcombe, guitarrista, vocalista e pincipal (ótimo) compositor declara o tempo tempo, normalmente poucos segundos antes de chutar alguém. Falta saber se ele se auto sabota por isso mesmo ou porque não quer carregar o peso de não levar uma vida completamente sem noção. Essa banda é o Brian Jonestown Massacre, e fora alguns poucos pedaços que de vez em quando vêm para a superfície (a música de abertura da série Boardwalk Empire, ou o fato do fundador do Black Rebel Motorcycle Club ter vindo desta banda) eles estão por aí fazendo música boa sem ninguém notar.

Eles começaram mais ou menos juntos com os amigos Dandy Warhols, uma banda que sempre adorei. Para mim os Dandy Warhols fazem uma espécie de Glam Rock (pense em T Rex e David Bowie e não em Motley Crue) irônico e divertidaço com letras bacanas e um som que é daçante e divertido sem perder o punch. E são compositores fodas, consigo te apontar para ótimas músicas deles para empolgar e músicas muito bonitas também. Um bocado mais obcecados com a fama a ponto de quebrarem o pau com o diretor do vídeo deles porque eles não ficaram bonitos o suficiente, também junkies mas com a cabeça no lugar o suficiente para não serem 100% auto destrutivos (ver a moçada acima) saíram da mesma obscuridade para se erguer violentamente na fama e deixarem os amigos-depois-rivais-depois-ninguém-sabe-o-quê bem para trás.

Conhece alguma dessas bandas? Se importa em conhecer? Gosta de música indie? Costuma assitir documentários? Nada disso importa meu amigo. Se você simplesmente gosta de cinema ou tem o mínimo interesse por música (qualquer tipo de música), assista o excelente Dig! de 2004. O diretor Ondi Timoner passou 7 anos com essas duas bandas - e foram os 7 anos iniciais, onde todo mundo apostava que as duas seriam enormes nos anos 90 e ninguém sabia no que ia dar e compilou um filme tão bem montado, contado e dirigido que extrapolou a promessa e ficou um programa bacana mesmo para quem não se importa nada com esse povo. Excelente oportunidade de acompanhar a indústria da música funcionando por dentro, com altíssimas doses de drama - sacaneadas de gravadora, bastidores de shows, viagens jambradas de turnês improvisadas, milhões de brigas e acima de tudo música foda. 5 estrelas.

Trailer abaixo:



E de quebra uma música dos Dandy Warhols que não sai da minha cabeça tem uma semana


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Quer ouvir um disco bom? + a síndrome do artista angustiado


No início da década de 2000 entre diversas direções (ou falta de) que a música tomou - e somando a tendência predominante de só olhar para trás que a década de 2010 ainda não conseguiu dar um jeito - tivemos uma volta forte do folk. Sempre que alguém pôde pegar num violão e cantar uma música simples o folk existiu, mas no formatinho que conhecemos se tornou forte na década de 60 e é o tipo de estilo que por possuir um modelo tão simples sempre terá coisa interessante para oferecer. Excluindo o chamado freak folk (ver os Devandra da vida) que eu detesto porque é tentativa de ressuscitar o que fez muito bem em ter morrido  (HIPPIES) eu no geral gosto do som e de muitos derivados.

O que tem me causado reflexão é o famoso mito do artista sofredor que gera boa arte. Tem toda a cara de lenda urbana mas estou chegando à conclusão que isso é verdade. Conheço uma série de bandas formadas por pessoas complicadas, depressivas, desesperadas, raivosas, angustiadas, que exorcizam tudo isso para fora em ótimos discos. O problema é que por natureza é um jogo auto destrutivo: ou você vai permanecer ferrado na cabeça o resto da vida e continuar produtivo de alguma maneira ou um dia você vai fazer paz consigo mesmo e ter que achar um novo caminho para a sua arte, que vai necessariamente mudar.

Bright Eyes é um projeto de indie-folk que está entre minhas bandas preferidas desde a adolescência e é dos sons mais desesperados que eu conheço, até recentemente - quem ouviu o People's Key deste ano se surpreendeu com um disco otimista, bonitinho, equilibrado, até mesmo pop. E não muito bom, aliás, tem seus momentos, mas muito distantes dos discos realmente memoráveis deles. Desde exemplos recentes (Battle For The Sun do Placebo) até mudanças lá atrás (acho que parcialmente é o que tornou o Lou Reed muito menos interessante com o passar dos anos), "se achar como pessoa" literalmente destruiu o Weezer e acho que foi o que fez o Trent Reznor aposentar o Nine Inch Nails. Ou seja, sofram artistas. Por favor.

(ou será que o problema é comigo e eu é que procuro música desesperada sempre?)

Toda essa introdução é para comentar que é o que vinha acontecendo com o Wilco. Para mim sem dúvida entre as melhores bandas da atualidade, o Wilco sempre teve a base forte no folk mas nunca teve medo de ir além e experimentar para caramba, a ponto de já ter sido chamado de "o Radiohead americano", não porque o som se parece mas porque é uma banda sem medo nenhum de mudar e arriscar, mas não perde a essência, e por isso o público anima a acompanhar. O Yankee Hotel virou um disco lendário. Tem uma história interessante envolvendo rejeição total da gravadora por ser muito anti comercial e levou a banda a ter que lutar por anos para lançá-lo ao mesmo tempo em que é maravilhoso. Tem até um filme sobre isso, chamado I Am Trying To Break Your Heart. A voz de Jeff Tweedy é das minhas vozes preferidas no rock e o típico momento Wilco para mim é uma barulheira caótica from hell rolando e a voz dele plácida e bonita cantando no meio como se nada estivesse acontecendo.

E é a banda que eu mais toco no violão, por um motivo ou outro.

O disco de 2011 (The Whole Love) foi um bom passo na direção de voltar com o Wilco que eu gosto. Muito mais rock que folk, não entrou (ainda) na lista dos meus preferidos do Wilco (o próprio Yankee, A Ghost Is Born, Being There) porém foi satisfatório o suficiente para me fazer voltar em um disco que eu não havia gostado (Sky Blue Sky) e redimi-lo. Passei a semana passada inteira escutando ele no repeat. Cheguei a colocar outra coisa e parar no meio da primeira música.

Escute Art Of Almost (para mim de cara uma das melhores músicas deles) e veja se eu não tenho razão:






segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Você gosta de industrial?


MÚSICA INDUSTRIAL era por um certo tempo na década de 80  - bem durante a explosão do post punk - a "música do futuro" e causou um impacto considerável.
Teve uma trajetória mais ou menos padrão para estilos de música relacionados ao rock - começou bem puro, underground, ácido e descompromissado e muito aos poucos foi se modificando para algo mais comercialmente aceitável, terminando como algo que pouco tinha a ver com o seu começo.
Porém, é um caso raro de história que (na minha humilde opinião pessoal) não destruiu com o negócio e em alguns casos gerou uma criaturas híbridas muito interessantes que não seriam tão boas caso não dessem algum nível de abertura para o pop (caso clássico: Nine Inch Nails).

O estilo de música tem esse nome porque foi originado de uns malucos que naquele clima vamos-revolucionar-tudo-acabaram-as-regras que se seguiu à explosão do punk (quando até mesmo o próprio punk não tinha mais forma nem lei) decidiram descobrir até onde vai o extremo e declararam que iam fazer anti música: qualquer som ou ruído é válido como instrumento musical, e foram selecionados a dedo os mais agressivos.

Coisas quebrando, serras elétricas, grandes máquinas funcionando (ou falhando), fita K7 enrolando no deck, explosão, vidro espatifando, serrote serrando. Caos, barulho, ruído. É neste momento que te dou uma pausa para dizer "mas isso não é música" e decidir se quer parar de ler neste parágrafo.

Não parou? Então vamos lá. O que era feito no início era gravar tudo quanto é barulho de fontes diferentes (quase sempre agressivas) e organizar estes barulhos em padrões repetitivos através de sintetizadores, sequencers e outras ferramentas de música eletrônica. O resultado é escutar alguma  coisa semelhante a ouvir uma fábrica trabalhando ou uma construção em andamento em loop, o que gera uma espécie de efeito hipnótico e te coloca em um clima diferente e pesado, tenso. Não estou aqui para debater o que é ou não é música, mas minha humilde concepção pessoal qualquer produto de áudio desenhado para quando ouvido afetar o estado do ouvinte se chama música.

É música textural - é para a música alguma coisa semelhante a pinturas abstratas que não tem significado, são somente texturas jogadas em uma tela. E é pesado, razão pelo qual foi adotada pelo pessoal do metal e do punk. Ou seja, não é para todo mundo de forma alguma, mas para quem se interessar pode ser um verdadeiro portal para um universo diferente.

Note que esse efeito de "usina trabalhando" só existe primariamente nas primeiras obras das bandas mais radicais (Throbbing Gristle, Neubauten), e mesmo essas bandas mudaram muito e se tornaram cada vez mais "musicais" com o passar do tempo. Na verdade o fato de ser baseado em música eletrônica E ser considerada música pesada fez com que o estilo gerasse filhos que se aprofundavam cada vez mais em um dos lados - posteriormente você teve bandas que são basicamente uma forma de metal eletrônico (Ministry), que são até dançantes (Meat Beat Manifesto), e as anomalias que estão exatamente no meio entre metal pesadão e house de pista de dança (KMFDM), e tudo era chamado de industrial. Se tornou a música padrão para tocar em clubes góticos porque dá para dançar mas não deixa de ter um clima soturno.
Mesmo bandas que eram basicamente metal puro mas incorporavam samplers e repetição foram consideradas uma espécie de "industro-metal", caso do Fear Factory e do Nailbomb. Eu não sou purista e não tenho nada contra essa distorção, gosto da maioria dessas bandas.

Hoje é tido como um gênero meio morto, você nem ouve falar de novas bandas de música industrial que estão revolucionando o estilo. Você vê o impacto em todos os lugares - desde Chelsea Wolfe até Slipknot - porém acho que os conceitos foram mais banalizados que assasinados, a partir do momento que quase tudo virou uma espécie de música industrial por causa da predominância do eletrônico ele não existe mais.

Estou no espírito fiz uma playlist brutal para ouvir durante a semana. Um breve comentário sobre o quê eu coloquei nela para que interessar por dar uma explorada também:

Neubauten - já falei deles aqui. É semelhante a colocar os alunos de medicina abrindo cadáveres no primeiro período - ou aguenta ou desiste logo. Para mim é o grande ícone e tem diversas fases interessantes - começando com quase ruído puro mas chegou a fazer coisas até mesmo mesmo muito BONITAS posteriormente. Lê meu post, vai!

Throbbing Gristle - já falei de leve aqui, e não muito bem :-). É muito importante historicamente, porém é MUITO difícil de ouvir, até mais que o Neubauten, pesado demais, estressante demais, intelectual demais, em todos os sentidos. Vale conhecer e se souber selecionar algumas coisas vão - um disco inteiro, sei não.

Ministry - imperdível e fez alguns dos meus discos preferidos. Ministry dá vontade de chutar alguma coisa, de quebrar uma janela. Tem um poster do Ministry no meio da minha sala e a Lola adora. Falei legal deles aqui.

Nine Inch Nails - basicamente é a banda que viabilizou o industrial como estilo comercial, ou seja, pegou algo que era obscuro e dava medo nas pessoas, misturou com um pouco de pop e fez funcionar para todo mundo (isso é um elogio, demanda uma quantidade brutal de talento). É engraçado visualizar o início synth pop deles - começou como um Depeche Mode do mal -  e ver até onde isso deu. Reparem como em discos recentes como o Year Zero e o Ghosts voltaram a incorporar muito barulho puro. Até hoje está entre as 5 bandas que eu mais gosto. Falo deles sempre.

KMFDM - os reis do industrial alemão (famoso Kill MotherFucker Depeche Mode heheheh), é uma espécie de Ministry interessado em tocar nas pistas de dança e incorporar elementos como backing vocals femininas negonas e batidas retas misturadas com guitarras pesadaças ultra repetitivas. Não parece legal no papel mas é MUITO BACANA :-).
Destaque para as capas dos discos - não deixe de clicar aqui!

Skinny PupPY para o anônimo antipático) - como o próprio Trent Reznor admite, Skinny Puppy é o proto-Nine Inch Nails, alguma coisa que tem doses iguais de barulho, guitarra pesada e synth pop. Misture Sepultura, Daft Punk e Eurythmics peça para uns góticos tocarem isso que sai o Skinny Puppy (que é o que está tocando no meu ouvido neste exato momento e é sempre a primeiríssima coisa que vem na minha mente quando eu ouço falar em industrial). Se a voz do vocaliste OGRE não fosse tão estranha tinha feito sucesso antes e mais do quê o Nine Inch Nails. O disco Singles Collected é obrigação, se vire aí agora.

Coil - Uma espécie de "música ambiente industrial", Coil faz alguma coisa ainda mais textural e constante que as outras bandas citadas aqui, é a banda mais "quieta" e "calma" que eu citei aqui porém é capaz de gerar um clima absurdamente sinistro. Sério, eu já tentei e nunca consegui ouvir Coil dirigindo no carro, eu sempre fico com a sensação que vou bater (!). Esses caras fizeram a trilha sonora do primeiro Hellraiser - que foi rejeitada por ser muito sinistra. Deu para entender?

Nailbomb - projeto industrial do Max Cavalera, fez só um disco mas deixou um dos DVDs ao vivo mais legais que eu já vi na vida. Minha mãe entrou no meu quarto correndo perguntando se estava tudo bem comigo na primeira vez que eu vi.

Também recomendo: Front 242, Meat Beat Manifesto, Pop Will Eat Itself, os discos de remix do Fear Factory

Dá uma brincadinha aí embaixo:
Skinny Puppy - Testure
Nine Inch Nails - Happiness In Slavery
KMFDM - Juke Joint Jezebel
Ministry - Thieves
Neubauten - Kalte Sterne

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Dica de tecnologia - Google Music

A dica hoje não será diretamente sobre O QUÊ ouvir, mas COMO ouvir. E de bônus uma pequena reflexão sobre o como afeta o quê você ouve.

A morte do Mr. Steve Jobs (um designer tão genial que fez o "design" perfeito inclusive da sua imagem pública, mas isso é assunto para outro post) me fez pensar em uma das suas grandes evoluções - ele literalmente mudou a indústria da música. O caminho é longo e tortuoso - fonógrafo, gramofone, vinil, K7, CD, iPod - cada formato carrega consigo uma experiência própria. A Lola (filhota) vai rachar o bico quando ouvir falar que eu ainda vivi o vinil quando ele não era uma opção cult, mas O jeito de ouvir música.

Não tenho mais vinis ou aparelho para ouvi-los, mas faz parte da minha lista de desejos ainda comprar uma vitrola. Sim, vitrola, peça única. Isso é muito discutido e tenho pouco a acrescentar - só vou registrar que acho a experiência de sentar com um disco de vinil, capa grandona, olhando a arte, de preferência daqueles que abrem e tem mais arte e as letras dentro, a fisicalidade de colocar um disco para rodar e agulha em cima, fantástica, quase um ritual sagrado. Aliás, você senta só para OUVIR MÚSICA? Eu sento.

O trabalho de gravar uma fita K7 - ter que esperar a música inteira tocar, pausar, trocar o CD ou vinil, gravar de novo - é muito mais carinhoso e intenso que arrastar músicas para uma playlist do iTunes (não disse melhor, mas é sim mais emocional). Gravei muitas fitas para minha mulher no início do namoro e se um dia eu achar elas e conseguir tocá-las tenho certeza que vou ter uma sensação muito foda.

No outro espectro, temos o ápice tecnológico da experiência musical, o tocador de mp3, onde reina o iPod, certo? Errado! A ponta tecnológica da arte de ouvir música é ainda mais etérea que colocar seus arquivos em um tocador, é utilizar de cloud computing, ou seja, colocá-los "na nuvem". Para isso, minha escolha natural foi o serviço do Google Music, porque tenho dois dispositivos que são 100% integrados com a minha conta do Google, um telefone e um tablet, ambos Android. Funciona basicamente assim:

  • como os demais serviços do Google, você acessa com a mesma conta, este fica em http://music.google.com
  • Ao entrar na primeira vez, você irá baixar um agente, que é basicamente um programinha que fica rodando no seu system tray sem você nem ver (ali onde fica seu relógio e outros ícones). Quando você o instala ele pergunta onde você mantém suas músicas - iTunes, Media Player, num conjunto determinado de pastas etc. 
  • A partir daí, sem incômodo ou intervenção nenhuma sua, e inclusive captando as mudanças na sua biblioteca de músicas, esse bichinho vai "subir suas músicas para a nuvem", que é um termo bonito para "copiar seus mp3 para os servidores do Google". O limite não é de espaço, de quantidade, são 20.000 músicas. Eu tenho mais que isso, já enchi tudo, mas por hora ainda não existe opção de aumentar este espaço.
Uma vez alimentada sua biblioteca online, de qualquer lugar onde você estiver conectado você acessa e escuta suas músicas e playlists. Funciona no browser e em dispositivos que tem o software do Google Music. Obviamente, o tocador de música nativo do Android já lê tudo de lá sem você ter trabalho algum, porém sei que existe o software para o iPhone e Windows Phone. O poder disso é que de um lugar centralizado você carrega tudo, muda sua biblioteca, sobe música nova, não precisa copiar nada para seus dispositivos (eles inclusive armazenam por um tempo localmente as músicas que você ouviu). 

Hoje eu levo o meu tablet para festas, ligo no som, conecto no wifi da pessoa e morreu, a maior parte do que eu tenho simplesmente está ali. Ou poderia ligar qualquer notebook e acessar o music.google.com. Não existe nenhum botão do tipo "sincronizar minhas músicas"; quando você navega no music player, simplesmente seus discos estão lá, você nem sequer consegue saber o que está online ou offline. Coisa linda de Deus!

A Amazon e a Apple tem serviços parecidos (o Cloud Player e o iCloud), aqui tem uma comparação bacana para você decidir o que quer usar. Ah, só um detalhe: quando você entrar no Google Music ele vai te informar que ainda não está disponível no Brasil. Por isso você vai entrar no http://hidemyass.com/ primeiro. :-)

Próximo serviço: google mind reader, onde você vai pensar em uma música e o som mais próximo vai executá-la. Já está em beta.

Obs nada a ver com o post: escrevendo isso ouvindo pela sétima vez no repeat o disco Father, Son, Holy Ghost do Girls. Absurdo! Aguarde um post futuro.

sábado, 1 de outubro de 2011

Quer ouvir um disco bom?

Se você já não ama Grizzly Bear, deveria.

Na falta de um disco novo desses fdp perfeccionista que demoram séculos para fazer qualquer coisa, se você acha a idéia de um Grizzly Bear eletrônico feito pelo baixista da banda (que também foi o produtor do disco do Twin Shadow) interessante deve escutar o disco do CANT.

Nenhuma grande novidade ou revolução, soa exatamente como você espera que soaria uma mistura dessas duas bandas. Mas misturar leite condensado com chocolate derretido também dá o que você esperava e nem por isso não é bacana certo mano? CRASSE!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Gang Gang Dance Bitches


Determinadas bandas são verdadeiros universos auto contidos. Elas não se resumem a escutar o(s) disco(s) ou ver alguns vídeos no youtube; algumas bandas são mais como coletivos de arte. São bandas que possuem conceito e identidade muito forte, e que normalmente para realmente absorvê-los existe um quebra cabeça para ser montado: discos, vídeos, filmes, o próprio show ao vivo. Sonic Youth, Boredoms, Flaming Lips: se você só escutou a música só entendeu parte da história.

O Gang Gang Dance é peculiar e interessante do início. Veio do fim de outras bandas mais ou menos bem sucedidas, mas foi montado por um pessoal que sempre seguiu conceitos interessantes:

  • música tem uma função espiritual e portanto eles sempre buscam algumas coisas de culturas que relacionam espiritualidade à música (normalmente orientais)
  • música não precisa ter forma nem estrutura, não precisa se limitar a o que entendemos como "canções"
  • a música mais primitiva e portanto a mais forte é a batida do coração
  • música deve dar prazer e o maior prazer que a música traz é dançá-la
Se você levar esses conceitos ao pé da letra já consegue visualizar um pouco do Gang Gang Dance: é profundo e dançante, música eletrônica com muita percussão e elementos primitivos misturados. Normalmente num disco do Gang Gang Dance é difícil saber quando terminou uma música e terminou outra, não existem refrões nem formatos manjados. 

Eu sei o que você pensou: mais uma banda estilo intelectualóide chato UFMG que faz música experimental esquisitinha que normalmente é tocada por eles para eles mesmos e serve mais para ser admirada do que curtida. ERRADO meu brother. A banda leva a sério a idéia de que música precisa dar prazer: é dançante, tem vocais (não faço questão mas pô o lance é humanizado e não abstrato pra caramba como deve ter parecido), e acima de tudo, tem senso de humor. É profundo, mas não carrancudo; é música boa.

E também é uma experiência interessante. Shows improvisados, discos completamente diferentes um do outro, todo mundo batendo em tambor, a banda entrega os instrumentos para a platéia tocar (e às vezes deixa com eles até o fim do show e vai dançar). O disco Eye Contact de 2011 vai aparecer em tudo quanto é lista de melhores do ano, confia em mim.

Acho que comecei a entender qual é a viagem da banda quando li uma entrevista com eles onde comentaram a morte de um membro da banda que foi atingido por um trovão:

"We recorded our first record after about a year of doing this, then shortly after recording, Nathan was struck by lightning on a rooftop in Chinatown and died. This was obviously a very intense thing for us, but very joyous in many ways as well because he had always wanted to be struck by lightning. When this particular storm rolled into the city, he made a point of going to the roof and offering himself to the sky, as he always did, and this time the sky obliged. After Nate moved from earth to elsewhere is when something began to drive us to really work harder on the band and to buckle down a bit and begin really bashing it out. It seemed very unconscious in a sense, as if Nate was pushing us from the heavens, telling us that it was urgent and important to do this. And really from then on we have been playing quite militantly and have immersed ourselves in Gang Gang."

Não preciso comentar mais nada.





sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Você gosta de chillwave?


O que é: estilo musical que apareceu de forma mais definida em 2009 e foi crescendo, crescendo, crescendo e agora parece que vai ser o primeiro "movimento", "tendência" ou algo parecido (difícil escolher uma palavra para usar aqui, nenhuma é realmente boa) identificável com a década de 2010. Ou seja, o primeiro som que é candidato - muito cedo para ter certeza agora - como "música de 2011" quando ouvida em, sei lá, 2025. Porquê? Porque tem acontecido com o chillwave o que aconteceu com todas as outras "tendências" ou "movimentos musicais" que acabaram considerados relevantes: uma sequência de muitos lançamentos muito bons saindo na mesma época.

Como estamos na época do hipster chato e esnobe, se você jogar "chillwave" no google você verá mais opinião negativa que positiva, na verdade está sob forte ataque, é ridicularizado e não levado a sério, e considerado "velho" ou "morto", lembrando que começou em 2009. Minha interpretação simples: está crescendo muito e ficando em evidência e a reação automática dessas figurinhas será de esnobismo porque eles já conhecem isso a pelo menos 20 anos e já estão curtindo o post-post-chillwave. Resumindo, ignore.

Mas você não explicou realmente o que é -> vamos lá, o que é que tem a ver com chillwave:
  • é música eletrônica, praticamente toda feita no sintetizador
  • a onda é pop, com vocais
  • não é agressivo nem necessariamente dançante - é mais relax
  • nostalgia, anos 80 (nada de 2000 para cá pode não ter algo a ver com anos 80)
  • é lo fi (tradução, de forma geral é música mal gravada por querer)
  • quase sempre os vocais são bem claros e bem colocados porém passam por um efeito para parecer que você está ouvindo alguma coisa velha (reverb pra cacete também)
  • pense em alguma coisa que você colocaria em uma praia bem no final da tarde, com um clima bem ameno, para ouvir sentado olhando o mar
  • normalmente é associado ao brooklyn, que é para os anos 2000 o que seattle foi para os anos 90
O urbandictionary.com tem a melhor definição:

sounds like the radio being played in the car during an episode of Miami Vice recorded on a crappy VHS tape and played back after said tape's been melting in the attic for a few years

Você gosta? já comentei aqui neste blog que tenho como regra não julgar música por estilo, para mim TODOS os estilos são feitos de 99% música ruim ou desinteressante e ao mesmo tempo TODOS tem um 1% legal. Indico 3 discos que tem ligação com chillwave que eu gosto muito:

Neon Indian - Psychic Chasms: na época eu não sabia dar nome para isso e meio que considerei um formato mais original de synth pop, sem falar um disco muito foda. O Neon Indian é a melhor banda de chillwave, apesar de eles terem tentado lutar contra o rótulo (falharam). Acabou de sair o segundo disco e ainda preciso absorver melhor, mas nas primeiras audições também achei muito bacana.

Washed Out - Within and Without:  melhor banda para entender o que é o estilo. Já ouvi esse disco no repeat uma vez durante 3 horas seguidas. Vai aparecer na minha lista de melhores de 2011, e nos primeiros lugares.

Toro Y Moi: Underneath The Pines: tem chamado bastante atenção, é a maior candidata a banda a extrapolar o rótulo e o estilo. Tem corrido bastante dos clichês, esse disco já sai muito do chillwave, mas ficou parecendo uma tentativa de fazer o estilo injetando influências de disco. Legal demais.

Bônus: escute Ducktails, parece uma banda de chillwave onde os sintetizadores foram trocados por (muita) guitarra. Sem contar que você ficou a fim de escutar só por causa do nome, pode falar.

Bônus 2 nada a ver: se você estiver se sentindo mais 1966 que 2011 escute o Roger the Engineer dos Yardbirds :-)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Post mal humorado

O som de 2011 é o som do passado. Não necessariamente dos tão em voga e já encheram o saco anos 80, mas QUALQUER passado. Hoje de qualquer banda nova a única coisa que se pergunta é "que coisa velha isso parece"? Já provamos que conseguimos emular som antigo, incluindo os últimos detalhes de produção e má gravação. Essa novidade foi legal por um tempo, eu também curti. Agora vambora para frente moçada. Espero que isso seja o significador da década passada que a nova década vai tentar assasinar.

Estou tentando lembrar o que eu ouvi esse ano que se parece com música de 2011 e não de qualquer outro número. Acho que só o Kanye West está interessado nisso. Para quem estranhou o disco novo do Radiohead, pelo menos se parece com coisa nova. O quê mais? Washed Out, Liturgy? Tenho que fazer esforço para lembrar. Isso é triste.

Ps mal humorado: porra Red Hot Chili Peppers, que disco ruim!!

Hip Hop Sul Africano na veia

Voltando de carro após um dia absurdamente tenso de trabalho, preso em um trânsito fudido, ainda fazendo projeto na Cemig (ô período traumático), ouvindo My Bloody Valentine e pensando "isso é maravilhoso mas é muito cabeça, não quero cabeça agora, já gastei todo o fosfato de hoje". Mudo para o Die Antwoord e sou transportado para um mundo surreal onde tudo que você relaciona com hip hop é escalado e exagerado a um ponto em que não faz mais sentido algum. E racho o bico sozinho no carro.

Die Antwoord significa "a resposta" em africâner (acho) e são uma sacada muito foda do vocalista Ninja que já participou de várias bandas de hip hop na África cada vez encarando um personagem diferente. A onda dele foi criar uma espécie de paródia do hip hop esticando todos os clichês ao máximo e ver no que dá, com letras cantadas numa mistura de inglês com uns dialetos africanos, uma vocalista (Yo-Landi Vi$$er) que só canta com Pitch-Shifter aumentando o agudo dela para uma espécie de esquilo maluco e batidas trashonas - sério, tem que ouvir para entender - criadas por um tal de DJ Hi-Tek, que fez com que o estilo da banda fosse chamado de rap-rave. Temática? Não importa, porque metade do tempo você não tem idéia em que língua estão cantando mesmo que dê para sacar que você está sendo xingado (quer aprender uns palavrões no dialeto xhosa?). Na outra metade o mc está dizendo que "vive como um ninja dentro de um videogame matando todo mundo que aparece na frente" ou mesmo te informando que esta é a música mais legal que ele já ouviu (!?!??).

Ah sim, e se você for ZEF essa é a SUA banda. Absolutamente adoradores deste estilo de vida (hmmm?) toda a banda tem como objetivo te convencer a viver como um zef, gíria da áfrica do sul para algo que talvez aqui no Brasil fosse chamado de ZN antigamente. Vou deixar eles mesmo explicarem:

Both Ninja and Yolandi have offered definitions of zef. Yolandi was quoted as saying, "It's associated with people who soup their cars up and rock gold and shit. Zef is, you're poor but you're fancy. You're poor but you're sexy, you've got style."


Eles dizem que a banda é um projeto multimídia e estão inclusive produzindo um filme. Os clipes são imperdíveis; dedique uns minutos seus no youtube quando você estiver no espírito de ver BABOSEIRA.

Trash? Demais, mas esse é o propósito; coloque na lista de podreiras feitas por quem sabe muito bem o que está fazendo e no fundo tem muita inteligência por trás.

Comece por - só tem um disco, $O$. Mas prometa que vai ver os clipes!


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CUIDADO COM O ECLIPSE

Eu jurei que nunca ia transformar esse blog em mais um indexador de vídeos do youtube mas me diverti tanto que vou abrir uma exceção

domingo, 4 de setembro de 2011

Ramones vivem


Tem uma gravação ao vivo famosa da versão do Joey Ramone de what a wonderful world em que o anunciador começa dizendo "aqui está o cara que inventou vocês". Se você observar o quanto o punk é influente até hoje para o bem e para o mal, especialmente seus dois valores mais fortes - faça você mesmo e não se preocupe se você é perfeitamente técnico - não parece tão exagero. Nada na indústria cultural e da moda permaneceu o mesmo até hoje. Eu acho que o Bob Dylan inventou os anos 60 e os Ramones inventaram o fim do século 20 (e início do 21 pelo jeito).
Musicalmente, o punk como todo estilo é feito de 99% de porcaria e 1% de música realmente relevante. Essa abominação do emo está fazendo esse percentual passar para 99,9% de porcaria, na minha cabeça está acontecendo com o punk o que aconteceu com o metal na década de 90, virou mais uma forma de música pop rádio fm onde o que realmente importa é seu cabelo. Claro que tem coisas maravilhosas atualmente, já citei algumas aqui - esse ano saiu o melhor disco da melhor banda punk da atualidade, o Fucked Up do Canadá, procurem também essa banda nova chamada Iceage. Repare também como uma banda como o Bad Religion (que eu gosto) tem um trilhão de clones. Os Ramones como conceito influenciaram o mundo, mas musicalmente eu dificilmente vejo uma banda fazendo juz verdadeiro ao espírito deles.
Daí minha gratíssima surpresa no ano passado quando eu estava com vontade de ouvir mais bandas na onda do Wavves (também já falei deles aqui no blog) e taquei o nome deles na last.fm. Depois de passar umas boas horas escutando uma porção de coisas que variam entre irrelevante e legalzinho eu escutei uma banda bem punkzinho chiclete com uma vocalista mulher naquele espírito direto na veia - não gritava, não tinha muita técnica, mas era super simpática e as melodias ficavam na sua cabeça até o seu leito de morte depois da segunda vez que você ouvia. O som era COMPLETAMENTE Ramones - 4 acordes é muito, não tem firulas na produção, o som é exatamente como soa na garagem do pai dela (tenho absoluta certeza que eles gravaram na garagem ou em uma casa da árvore) mas não é sujo e é altamente viciante. Sabe aquela onda do primeiro disco dos Strokes ou do Vampire Weekend? É um som simples e até difícil de explicar no papel o que é que tem demais ali, na verdade porque não tem nada. Não é uma banda que você recomenda para os amigos dizendo "ouvi um negócio fooooooda, melhor disco do ano, mudou minha vida"; é capaz de você nem se lembrar deles quando te perguntarem o que você anda ouvindo. Mas toda hora que você põe um fone na orelha você distraidamente coloca ele de novo. E sutilmente, sem você perceber, quando dá por si foi o som que você mais quis ouvir durante todo o ano. Essa banda se chama Best Coast, deram uma estourada depois que eu descobri eles por acaso nesse dia (deve ter sido eu hehehe) e listei eles junto com o Twin Shadow como as duas melhores bandas novas de 2010.
A banda tem alguns outros detalhes simpáticos e que também remetem aos Ramones: a minha mulher diz que as letras levaram ela direto para a adolescência dela (são todas escritas pela Bethany Cosentino, a mina que canta e toca guitarra, basicamente reclamando do namorado), o show é como todo show de rock tinha que ser (exatamente como é tocado na garagem, pilha de Marshall e baixo, guitarra e batera sem efeito, sem nada, só os 3 acordes por música), fazem clipes divertidos e a batera tocava no Vivian Girls que é outra banda bacana e que deve aos Ramones. Acho que a Bethany namora o carinha do Wavves por coincidência, fizeram umas músicas legais e uma turnê juntos. Por hora só tem um disco (Crazy For You) começa a acompanhar logo para poder zoar quem começar a gostar da banda depois de se vender :-) .
Dá play abaixo e não se preocupe se não se impressionar de cara. Isso vai se entranhar dentro da medula do seu osso e em breve você vai tomar banho assobiando eles, e aí meu brother, perdeu sua alma para a banda (não vá reclamar).
Bônus: relendo meu post percebi que se eu fosse escrever sobre outra banda nova, os Vaccines, eu ia escrever praticamente o mesmo post, exceto que o vocalista é homem. Então fica a dica de duas bandas pelo preço de uma. Ou então taque foda-se para isso tudo e vá ouvir Ramones. Desopila o fígado.
Bônus 2: a mina é viciado em gatos, o gatinho dela é a capa do disco e aparece nos clipes e em tudo quanto é coisa relacionada à banda.
http://www.youtube.com/watch?v=8Sj5_WITMpA

sábado, 27 de agosto de 2011

The Buddha Machine

Já tinha ouvido falar nisso, é basicamente uma caixinha com cara de brinquedo que toca 9 loops diferentes de música eletrônica "espiritual" (criada pelo fm3 que são uns djs chineses) e de alguma maneira virou um fenômeno gigante e muito maior do que o previsto.
Pessoas carregam essa caixinha e usam para tudo durante o dia - no trabalho, na yoga, durante o nascimento dos filhos;
Pessoas compram várias caixinhas para combinar os loops;
Já apareceram mais de 200 remixes e já foram usados em mais de 10 filmes;
Bares estão comprando várias caixinhas e deixando os clientes combinarem os loops para fazer som ambiente.
O Kill Screen entrevistou os criadores, vale muito a leitura:
http://killscreendaily.com/articles/nirvana-noise-box
Isso é uma buddha machine:
http://www.amazon.com/Buddha-Machine-Fm3/dp/B000FGFCBG
É só isso que ela faz:
http://www.youtube.com/watch?v=Qp9-V3QSafA&feature=youtube_gdata_player
E essas são algumas coisas que fazem com ela:
http://m.youtube.com/#/results?q=buddha%20machine%20circuit%20bend

sábado, 20 de agosto de 2011

Aqui está sua encomenda dona

Estou escrevendo este post a pedido da Cláudia porque por algum motivo bizarro ela queria saber o que eu penso sobre o 30 Seconds To Mars. Depois de pensar um pouquinho e uma dosinha de Jack Daniels percebi que é um bom tema para se escrever e que no fundo é bom essa banda existir.

Segue uma lista de 5 utilidades para o 30 Seconds To Mars:

1-prova que egotrip de cocaína nunca dá em coisa boa.
Se alguém duvida que essa banda é basicamente a egotrip de um astro de cinema mais cara do mundo está lendo o blog errado.
E aliás foda-se a sua opinião sobre pó, já postei aqui antes que a minha opinião é essa aqui:

http://www.mitchclem.com/nothingnice/418/

2-prova que pensar em punk (tanto do ponto de vista visual como musical) em 2011 como algo transgressor é um grande erro.
Ponto de vista confirmado por aquele cantor de pagode que aparece em propaganda atrás de ônibus e tem um moicano vermelho (graças a Deus não sei o nome dele)

3-prova que basta exposição na mídia para tocar para um estádio lotado
E que para obtê-la basta $$$

4-prova que na cultura popularidade é muitas vezes inversamente proporcional à qualidade
Ver item #3

5-tomara que continuem passando muitos clipes deles e de bandas parecidas senão não teremos mais oportunidade de nos comportar como o Beavis e Butthead

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sombra Gêmea


Eu já tive minha fase adolescente rebelde radical cabeça fechada onde qualquer coisa de aproximasse do pop era um crime e só escutada por quem não consegue ter a mínima noção de música. A medida que a idade chega (e os fios de bigode branco, a miopia aumenta e acordar cedo no fim de semana não me dá mais vergonha) não venho me desinteressando por formas de música menos palatáveis e mais experimentais ou agressivas. Agora tenho que admitir que quem consegue (ênfase na palavra CONSEGUE porque é de fato uma missão dificílima - eu não sei se eu mesmo consigo) criar música:
  •  instantaneamente palatável
  • que desce fácil
  • é fácil de gostar
  • se canta junto na terceira vez que você escuta
  • é passível de ser colocada no carro com pessoas mais velhas ou em uma festa de família 


E não é farofeira, derivativa, enjoativa ou desinteressante são os verdadeiros mestres - pense no Michael Jackson.

O último camarada que conseguiu me dobrar neste quesito foi um maluco com cara de indiano-mais-negão-que-o-normal-dos-indianos (na verdade ele nasceu na república dominicana) chamado George Lewis Jr. que grava com o nome de Twin Shadow. Ele lançou o primeiro disco ano passado (chama-se Forget) e junto com Best Coast foi provavelmente a banda nova que mais ouvi em 2010. O que esse maluco tem de especial?

Primeiro: a voz do sujeito lembra muito a do David Bowie. E não é qualquer vocal do Bowie, é daquelas músicas pop mas com um toque dark/melancólico/austero e porque não, sexy (a música!! não a pessoa!!!) que o Bowie não faz mais. Dizer que o disco dele parece um disco novo do David Bowie só que MUITO FODA é ao mesmo tempo uma crítica (não tem como falar que é completamente inovador) e um puta elogio. Tem outra coisa que parece ser um saco no papel mas aqui de alguma maneira deu muito certo: é mais uma banda nova com pé nos anos 80. Apesar de isso já ter me dado no saco (os anos 80 são os novos 60, viraram a música default que todo mundo gosta), neste caso foi feito com tanto bom gosto que não me incomodou. Pelo contrário, me pareceu o que seria do pop dos anos 80 se ele tomasse um rumo mais sério, bonito e menos ridículo como em grande parte das vezes. 

Então, é um som mais feito em sintetizador do que tudo, apesar de soar razoavelmente orgânico; tem tudo no exato lugar e gera um clima muito gostoso de se ouvir em casa tomando um Jack Daniel's conversando com amigos ou dirigindo no carro com a cabeça cansada de fim do dia. Mas o melhor que eu posso dizer do disco é que é aqueles discos raríssimos em que eu gostei MUITO de TODAS as músicas logo na PRIMEIRA vez em que ouvi. E faz parte daqueles mais raros ainda em que voltei a ouvir ele (muitas e muitas vezes) e não perdeu nada da novidade e do clima. Não deixe de dar um play ali embaixo, claro que posso estar muito enganado mas não consigo imaginar ninguém não gostando dessa banda. 

A não ser que você seja um adolescente rebelde radical cabeça fechada que acha que qualquer coisa que se aproxima do pop é um crime e só escutada por quem não consegue ter a mínima noção de música.




sábado, 13 de agosto de 2011

Pombos


Não sei quanto à você, mas em relação à música eu sempre acho mais bacana trajetórias do que pontos.

Eu sempre acho bacana a sensação de acompanhar alguma banda (estilo/movimento/tendência) que você gosta, ver aquilo  mudar com o tempo, crescer (ou não), tomar direções inesperadas, fazer um disco com uma guinada que você não imaginou, ou que era exatamente o que você queria, ou que você detestou de início mas com o passar do tempo passou a fazer sentido - principalmente quando você vê um disco como um ponto de parada em um caminho e não somente como algo isolado em si mesmo - ou mesmo os casos tristes em que você percebe que desceu a ladeira mesmo (estou olhando para o Weezer agora).

E as trajetórias mais bacanas são as que geram algum tipo de salto maluco e difícil de ser antecipado. Radiohead no Ok Computer (e de novo no Kid A), Beach Boys no Pet Sounds, Blur no Modern Life, New Order no Low Life, a lista é infinita e infinitamente satisfatória.

O último caso super interessante foi o do Here We Go Magic, sem dúvida uma das bandas que mais ouvi desde a parada deste blog. Começou como um projeto onde um camarada chamado Luke Temple podia pegar sua guitarra e compor algumas músicas indie-folk bonitas e um bocado psicodélicas, acrescentando algumas camadas de eletrônico por cima. Nada de errado com isso, mas se parece com a descrição de 99% das bandas indie surgidas de 2000 para cá. O disco Here We Go Magic não passou despercebido nem criou nenhum grande furacão.

Até ele começar a tomar algo diferente e trabalhar com a melhor palavra que Deus criou para os músicos: FODA-SE. Estive em Atlanta este ano e pude pegar um show, principalmente focado no Pigeons (o segundo disco, que comprei na mão do baixista deles). Eu sou guitarrista e fiquei olhando para o guitarrista deles pensando "mas que diabos esse cara está fazendo", não porque era impossivelmente técnico (não era) mas porque aqueles arranjos malucos não deveriam fazer sentido, mas faziam, ou seja, não é assim que se toca guitarra, mas é exatamente aquilo que a música pedia.

O conceito é o mesmo (indie-folk hora feliz frenético hora melancólico com umas camadas de eletrônico) só que esticado ao máximo, exagerado, bagunçado. Imagine algumas músicas em que tem milhares de coisas acontecendo ao mesmo tempo que parecem que não vão encaixar mas se encaixam, e não só não ficam confusas como soam bastante acessíveis sim, até mesmo pop. Pop do futuro ou do planeta marte, mas sem dúvida pop.

Aguardando ansiosamente o que esses caras ainda vão fazer. Recomendo muito para quem tem o espírito inquieto.

Comece por - Pigeons, por favor
Continuação da maluquice - The January EP