terça-feira, 20 de julho de 2010

Comentário bem rapidinho do que eu ando ouvindo direto...

...para compensar a longa falta de posts

2010 continua espancando!

Wavves – King Of The Beach
Já comentei sobre Wavves aqui quando estava ouvindo bastante o disco Wavvves. Na ocasião escrevi:
“Wavves é um doidinho americano com um cabelo esquisito que está tocando por aí - fica no palco ele tocando uma Fender Jaguar e um batera e mais nada. E é barulhento, avacalhado e tosco demais. O cd parece gravado no banheiro dele. Parece um Nirvana bem mais barulhento e com backing vocals fazendo uh-uh em falsete - sem saber cantar em falsete. Ou seja, legal demais. Pegue o segundo disco dele (chama Wavvves) e não me espanque se achar barulhento demais.”
O disco novo é exatamente isso + um bocado de pop. Um bocado grandão. E Wavves mostrou ser uma banda que melhora se fica mais pop (normalmente acontece o contrário). Era legal demais e ficou ainda mais (rimou). Um dos discos que mais fiquei com vontade de repetir esse ano.

Ariel Pink’s Haunted Graphitti – Before Today
O Ariel Pink está a um bom tempo por aí, é muito influente dentro do indie e normalmente é associado com músicas muito bonitinhas e extremamente lo-fi (o som que é mal gravado por querer). O mérito desse disco é soar como algo muito único e velho ao mesmo tempo. Parece alguma coisa que foi gravada para tocar na rádio nos anos 70, ou seja, de vez em quando fica muito Supertramp (não é um elogio) mas soa 2010 ao mesmo tempo, difícil de explicar, vale ouvir porque é realmente coisa nova e meio sem referência. E são muito boas músicas, que é o que importa.

Bitter:Sweet - Drama
Imagine um eletrônico fino com um bocado grande de pop (até um pouquinho 60), um pouco mais dançante e mais feliz, e mais, talvez, dramático. Banda interessante que descobri totalmente por acaso ouvindo last.fm, cai no clichê de “parece trilha sonora de filmes imaginários” mas seriam talvez filmes do 007 com o sexo e a birita ampliados a ponto de serem probidos para menores.

Caribou – Swin
Excepcional segundo disco desse produtor de música eletrônica que tem em mim um efeito parecido com o que os Chemical Brothers tinham na década de 90 – música empolgante, dá vontade de dançar, dá para ouvir sozinho no fone trabalhando e parece que o cara conseguiu destrinchar o eletrônico e aproveitar só o que presta. Muito recomendado e um dos melhores músicos da atualidade para mim. Disco que não precisa de esforço nenhum para gostar e pode colocar rolando em qualquer situação que agrada todo mundo presente.

Aliás, falando em produtores de música eletrônica, peguem o Further dos próprios Chemical Brothers (melhor disco deles desde o Surrender) e o mega viajado There Is Love In You do Four Tet.

Churrus – The Greatest Day
O camarada do Churrus sempre vai no show da minha banda e me aplicou no som deles, conheci e gostei muito. Indie na veia daquela variedade super melódica – imagine alguma coisa tipo Teenage Fanclub com o vocal do Jesus And mary Chain. Baixe do site da Midnight Summer –aliás melhor gravadora indie do Brasil.

Jenelle Monae - The Archandroid
Essa é a mina que está pirando a moçada do soul porque faz um som moderno e que não soa cansado nem repetido, a Mirian acha que é a mistura de tudo que está acontecendo ao mesmo tempo agora (e não gosta). Eu só acho um disco excelente e bem feitaço de soul com eletrônico pensado com a cabeça bem pop e dançante, e tem uma pancada de linha melódica que me lembra Michael Jackson. Estou recomendando para quem está sentindo falta do Michael - ok não comparem o cara é uma lenda - mas vai quebrar legal seu galho para dançar na sala. Ecute Locked Inside e vai entender o que estou falando.

Nachtmystium - Black Meddle 2: Addicts
Também já posteo sobre Nachtmystium aqui e apesar de isso ser um bocado polêmico entre a moçada da música pesada é simplesmente a banda que está fazendo coisas mais interessantes hoje dentro do metal (a ponto de serem uma banda de black metal que é frequentemente comparada com Pink Floyd) e está mostrando para onde esse estilo consegue ir. Escute para saber como seria Burzum para tocar na pista de dança.

Tem mais muita coisa... fica para o próximo post!!

sábado, 17 de julho de 2010

Me Trate Mal



Recentemente terminei a ótima leitura Treat me Like Dirt, mais um livro sobre música nos moldes do Mate-me Por Favor. Para quem não conhece, todo o texto do livro é baseado na edição de entrevistas feitas pelo autor pos pessoas que estavam lá e participaram daquilo, no caso, os músicos, jornalistas, promoters, fãs etc. Parece ter virado um padrão editorial para livros que tratam de música, nada contra, na verdade gosto muito do formato e funciona. Este livro trata especificamente da primeira geração do punk (76-81) de Toronto. Gosto muito da sensação de estar “abrindo uma nova porta” e me contextualizando com nova música que eu não conhecia antes, e como sempre achei novos favoritos e algumas coisas não tão legais.

A leitura vale até para quem não se interessa tanto por música, no fundo é uma história com muito drama, treta, facada, coisas engraçadas, e uma visão de como um momento cultural surge do nada, passa rápido mas muda uma cidade.

Diodes - Os Diodes são os Ramones de Toronto. É meio genérico falar isso de quase qualquer banda punk, mas os Diodes SÃO os Ramones, tem um som parecido e até o vocal em alguns momentos lembra o do Joey – na verdade se definiam como uma mistura de Ramones e The Clash, dá para perceber que eles tinham mais preocupação com harmonia (especialmente nos backing vocals) que acabava aproximando eles de fato. Derivativo? Sim, e isso é ponto negativo, mas derivativo muito bom e não completamente sem originalidade. Só escutei o primeiro disco (e viciei nele), se fosse um disco do meio da discografia dos Ramones hoje estaríamos listando ele como um dos mais legais. Sofreu bastante preconceito por ter suas raízes no mundo da arte (Faculdade de Arte de Toronto para ser exato) e não na rua, além de ter tido relativo sucesso comercial, mas sinceramente é talvez a primeira banda de punk verdadeiro da cidade, vou citar bandas mais velhas mas que possuem a raiz mais rock and roll do que punk na prática. Ah, e era a melhor banda. Na verdade a relação principalmente entre os Diodes e o The Ugly serve de reflexão de como o punk de forma geral (não só em Toronto) começou como um movimento de gente muito inteligente posando de adolescentes estúpidos e em determinado momento começou a atrair adolescentes estúpidos de verdade, que é quando perde a graça. Dizem que nos próximos discos ficaram mais pop/new wave, ainda não conferi. Mas se for escutar UM disco de punk de Toronto, fique com o The Diodes.

Teenage Head – é talvez a banda mais velha que tem ligação direta com o som punk de Toronto, é “punk” no sentido de fazer um rock and roll diretão na veia do que o que entendemos como punk de fato hoje, pense em Stooges e New York Dolls. Como passaram dois anos trancados na garagem antes de tentar fazer qualquer outra coisa tinha a fama de ser a banda que sabia tocar, e realmente é a que tem o som mais bem feito (sem punhetagem). Muito legal também e imagino que vai pirar demais quem tende a gostar de rockabilly. A coletânea deles é disco que dá para deixar rolando inteiro em festinha.

Viletones – do ponto de vista comercial era a que menos avançou (99% por causa de auto sabotagem – os caras literalmente mandavam as gravadores irem se fuder e jogavam cadeiras nos executivos) e é sem dúvida a banda mais legal de ler sobre, apesar de não ser a que mais me empolgou musicalmente. Esses eram os caras que queriam ser mais punks que os outros punks. Foram genios da publicidade – arrumaram umas jaquetas de couro escritas Viletones atrás antes de ter sequer uma música e saiam pela cidade arrumando brigas aleatórias, o nome espalhou (achavam que era uma gang) e no primeiro show já lotou de gente. O vocalista Steve Leckie é a figura mais bizarra do livro, morava na rua, se cortava no palco com caco de vidro, incitava a platéia a quebrar o lugar, mandava bater em hippies (e batiam), usava o nome de Nazi Dog, basicamente fazia qualquer coisa para mostrar que era mais punk que você – e de forma calculadíssima e até um pouco artificial. O som é aquele punk sujo básico sem muito o que acrescentar, não é o pior que já ouvir mas dá para viver sem. Mais legal ver os shows caóticos deles no YouTube. Não era burro, mas era manipulador e ao mesmo tempo em que era muito true – o cara morava na rua pô – era um bocado poser. E também foram os responsáveis por contaminar os show com muita violência e atrair gente sujeira de verdade, o que na verdade contribuiu para acabar com todo o negócio.

The Ugly - foi uma espécie de Viletones tardio com pessoas mais extremas e o som muito melhor, mas eu não consigo escutar uma banda sabendo que estou ouvindo um cara que invadia a casa de pessoas e estuprava quem estava lá dentro.

The Curse – primeira banda punk de mulheres de Toronto, umas mulheres bem sujonas e podronas, moravam com os caras do The Ugly. Eu tinha uma fita cacete de uma banda punk de mina de BH chamada Histerical Pussy que dava a impressão que a gravação era a primeira vez na vida que cada uma via seu respectivo instrumento. The Curse é tipo isso daí. Existe uma linha frequentemente cruzada no punk entre fazer um som simples e direto e simplesmente não saber tocar porra nenhuma. As pessoas que cruzam essa linha são as que não entenderam nada.

Forgotten Rebels – punk 77 do melhor e com letras chocantes (tipo afundem os barcos dos imigrantes) porém feitas para serem absurdas e sarcásticas. Nego já foi preso e interrogado tendo que responder se não pertencia a nenhum grupo revolucionário radical. Veio um pouco tarde mas perigou tomar o posto dos Diodes na minha opinião.

Ah, e detalhe: Fucked UP (de Toronto) é a única banda punk da atualidade que vale a pena.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Redação sobre minhas férias para a professora

Um dos meus destinos de visita preferidos sempre foi e continua sendo São Paulo. Acabei de passar mais uma temporada lá e aos pouquinhos me pego fazendo algumas reflexões que representam um desenho que vai se tornando mais nítido a medida em que eu conheco a cidade um pouquinho melhor.

Antes de continuar, as precauções de praxe com esse tipo de texto antes que eu gere ofendidos e acusações de arrogância. Estou perfeitamente ciente que não existe generalização realmente válida para corpos de milhões de pessoas, entao se você é de lá/conhece gente de lá que não é assim, natural, porém irrelevante para o propósito do texto abaixo. Textos deste tipo - mais ainda sobre um assunto subjetivo desses - são por natureza opinativos (essa palavra existe sim), portanto não vou escrever as palavras "na minha opinião" antes de cada frase, simplesmente assuma que elas estão lá ok?

Eu sempre tive uma visão meio preto e branca do Rio como a cidade da superficialidade e São Paulo como o lugar onde algumas coisas menos rasas importa. Venho refinando essa visão e entendendo mais como isso não pode ser tão simples. Sempre tive um alinhamento mais forte com SP - inclusive o Rio é lindo mas eu moraria mesmo em São Paulo - porquê não consigo me livrar de uma sensação de que o Rio é dominado por uma espécie de ditadura da ninfomania. O seu valor como pessoa no Rio - homem ou mulher entre 12 e 55 anos - é calculado pela fórmula cientificamente comprovada valor = (o quanto voce é pegável + o quanto você é pegador). Esse reciocínio adolescente vale para os adolescentes de 45 anos também. Sério, o próximo passo do Rio será as pessoas se cumprimentarem cheirando a bunda igual os cachorros. Acho que ter qualquer medida de profundidade em qualquer tipo de relacionamento - nao só os de natureza sexual, seu relacionamento por exemplo com seus amigos ou seu trabalho - é um conceito alienígena lá. O Rio tende a valorizar e estourar o pior lado da cultura - as piores músicas por exemplo, ou cinema e literatura nível Zorra Total - não porque as pessoas sejam burras, mas porque é uma manifestação dessa onda de viva somente o momento sem aprofundar em nada e todo mundo tá muito preocupado em se tornar pegável/pegador o tempo todo para dar a mínima de qualquer maneira.

Perceba que não estou necessariamente julgando. É a onda da cidade - nao é a minha onda porém - muita gente acha isso a melhor coisa do mundo e respeito o Rio por se assumir assim o que é muito melhor que ficar se escondendo atrás de uma moralidade tacanha e mentirosa como os mineiros.

A minha ilusão em relação a São Paulo explico adiante. Eu achava que SP se ligava mais em cultura e em coisas que demandam mais de 2 neurônios para serem apreciadas. Fato. Porém meu erro foi achar que isso gerava mais pessoas com conteúdo interno que no Rio por exemplo. Não gera. A quantidade de pessoas superficiais em São Paulo é a mesma que em qualquer outro lugar - absoluta maioria - porém como a cidade tem outros valores as pessoas tem que fingir coisas diferentes. Por exemplo, São Paulo é muito mais suscetível à modinhas culturais passageiras que a maioria das outras cidades. Metade da população de São Paulo é emo e essas pessoas nao eram emo mês passado e no mês que vem a moda vai ser "crente" e eles estarão lá no show do Diante do Trono. Esteticamente, se jogam de cabeça - ao contrário de BH onde parece que a onda é "não ser" - quem quer assumir qualquer postura ou estilo em SP tem que fazer "all the way". Pelo menos na estética, porque você conversa com essas pessoas e elas não sabem de verdade o que estão tão entusiasticamente apoiando. Aqui eu consigo ver um dos pouquíssimos pontos positivos de BH: o mineiro tem uma espécie de cinismo saudável com algumas coisas. Extremamente comum sair em São Paulo e ver menininhas dançando pulando loucamente e com uma energia absolutamente forçada quando toca algo tipo Franz Ferdinand - mais energia para te mostrar que "eu gosto" ou "eu conheço" do que a proveniente de gostar e conhecer de fato. Em BH é preciso um pouco mais que isso para mover as pessoas.

Resumindo ->
1- apesar de tudo ainda fico do lado de SP.
2- O mundo é um poço de superficialidade sem escapatória que pode ser até divertida ou muito irritante dependendo do seu estado de espírito. 3- BH eh a cidade mais nula do mundo em relação à identidade.

Ah, e apesar de alguns sonhos partidos (DJ da FunHouse tocando Black Eyed Peas?) curti pra caramba a visita.

sábado, 15 de maio de 2010

Overdose de música nova

Ok moçada muito bonito tudo que vocês fizeram mas ando ouvindo demasiadas músicas novas. Estou tendo espinhas musicais. Estou tendo tontura musical, ressaca musical, vomitei um pouco de música com linguiça ontem. Vou passar um mês inteiro só ouvindo Ramones. E vai se fudister.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Projeto 1001 Discos - morte ao pop setentóide

Estou neste momento no 355. Falta bastante ainda. Isso é ótimo.

A experiência continua bacana. Quanta mais música você escuta em um curto período de tempo mais seletivo você fica - precisam fazer mais esforço para chamar sua atenção. Desde minha útlima atualização ouvi discos clássicos que nunca tinha parado para ouvir e não decepcionaram (Highway 61 do Bob Dylan, 5 Leaves Left do Nick Drake), novos favoritos (Viva Hate), bandas legais que eu só conhecia de nome e passei agostar muito (The The) e um monte de "maizomeno", que passa batido mas também não tortura o ouvinte.


O que de vez em quando desanima e dá vontade de desistir é ter que encarar os Steely Dan da vida. Steely Dan é o exemplo máximo de pop setentóide sem alma que temos que agradecer no fundo porque foi por causa deste tipo de banda que o punk surgiu - para destruir exatamente isso. Eu sofri por um disco inteiro deles (Pretzel Logic) e fiquei aliviado porque passei pelo Steely Dan. Até meu sorteio aleatório me fazer sofrer de novo com um disco pior ainda (Countdown to Ecstasy). Conferi no livro e tem quatro para ouvir. (!) (!)

Serve para mim declarar o Steely Dan como pior banda que fui forçado a ouvir nesse experimento. Ganhou da Britney Spears. Prefiro ouvir um disco épico triplo misturado com jazz e world music da Somália e uma cantora genérica de R&B cantando músicas do Abba.

Morais da história:
1-tem que ser macho para encarar os 1001, ou como o Shibuco disse gostar de viver perigosamente;
2-mesmo uma mega seleção de discos se for grande o suficiente não consegue fugir de ser um mar de mediocridade com pérolas flutuando (mediocridades importantes mas ainda assim desnecessárias)
3-os caras do Steely Dan devem ter comido alguém que escreveu esse livro

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Mundo Bizarro ou ainda posso ser surpreendido

Indo contra todas as conversas de boteco (inclusive uma tão recente quanto semana passada), descobri que EXISTE UM DISCO BOM EM QUE O ROD STEWART CANTA !!!!

Vou repetir:

existe
um
disco

bom

com
o
Rod
Stewart

Próximo passo vai ser começar a gostar de Fábio Jr. imagino.
Tudo bem que o disco não é exatamente dele mas...


Essas coisas começaram a acontecer comigo depois que eu entrei na casa dos 30.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Viva o Ódio

Quem imaginava que o Morrisey, no contexto de sua carreira solo, poderia ser tão criativo e sem limites, muitas vezes completamente raivoso e violento e dissonante, outras com uma profunda delicadeza nascida de (acredito eu) sofrimento real (ou pelo menos muito bem fingido)? Quem imaginava que no mesmo disco você escutaria que no mesmo disco você escutaria alguma coisa barulhentona como Alsatian Cousin, depois viagens sinfônicas como Angel, Angel, Down We Go Together seguida de uma melancolia bonita como Late Night, Maudlin Street (aliás uma das músicas mais bonitas que escutei nos últimos tempos)? E logo na sequência você aprende como se faz pop de verdade (suedehead) e aí quem não se deixou ganhar pelo disco pode perder toda a esperança que tem na música.

Eu sinceramente esperava bem menos desse cara - que domina o formato pop eu já sabia, é ótimo letrista (praticamente criou a modalidade de música intensamente pessoal até doer que tem as raízes lá atrás mas com menos profundidade no Roy Orbison), que você pode esperar sarcasmo/alto depreciação/um pouco de esperteza e ironia funcionando num contexto pop levinho -mas mais intenso do que revela superficiamente - não me surpreende. Fazia sentido para mim tanta gente dever praticamente a vida aos Smiths. Mas que esse cara ia tão longe sem eles, realmente me pegou.

Teve uma época em que eu odiava o Morrisey (dá zero para mim), porém bastaria alguém me aplicar o Viva Hate. Zero agora para todos os meus amigos que tentavam me convencer que ele era foda e nunca me deram porrada, me trancaram num quarto e me obrigaram a ouvir esse disco.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

2010 comanda - de novo

Duvida que 2010 vai ser (já está sendo) espancante em relação à música, principalmente em relação à 2009? Olha o que ainda rola esse ano:

The Fall Your Future Our Clutter
Flying Lotus Cosmogramma
Hold Steady Heaven Is Whenever
Mike Patton Mondo Cane
Foals Total Life Forever
Dead Weather Sea Of Cowards
The National High Violet
Stone Temple Pilots Stone Temple Pilots
The Melvins The Bride Screamed Murder
Chemical Brothers Further
Hot Hot Heat Future Beeds
The Roots How I Got Over
Teenage Fanclub Shadows
Tokyo Police Club Champ
Foals Total Life Forever [Digital: May 11th]
Herbie Hancock The Imagine Project
M.I.A. Ainda sem título
Three 6 Mafia Laws Of Power
Andre 3000 Ainda sem título
Aphex Twin Ainda sem título
Arcade Fire Ainda sem título
Atoms of Peace [Thom Yorke and Flea] Ainda sem título
Bad Religion Ainda sem título
Battles Ainda sem título
Beastie Boys Hot Sauce Committee Part 1
Blondie Ainda sem título
Cake [Tiitle TBA]
Common The Believer
Depeche Mode [live-album] Recording the Universe
DOOM, Ghostface Swift & Changeable
Fleet Foxes Ainda sem título
Franz Ferdinand Ainda sem título
Gang Of Four Ainda sem título
Interpol Ainda sem título
Justice Ainda sem título
Kraftwerk Ainda sem título
Lupe Fiasco Lasers
N.E.R.D Instant Gratification
Of Montreal False Priest
OutKast Ainda sem título
Panda Bear Tomboy
R.E.M. Ainda sem título
Royksopp Senior
Rusko Ainda sem título
The Strokes Ainda sem título
U2 Songs Of Ascent
The Walkmen Ainda sem título
Kanye West Good Ass Job
Neil Young Ainda sem título

sexta-feira, 30 de abril de 2010

2010 continua detonando

2010 até março já tinha espancado 2009 na música e em muitos outros fatores também. Concordam?
Já tivemos mais coisa boa de 3 das melhores bandas da atualidade:

Crystal Castles - Crystal Castles (2010) - é talvez a banda mais recente que entrou na minha lista de favoritos absolutos, fizeram um segundo disco com o mesmo nome que o primeiro, que por sua vez é somente o nome da banda (preguiça?). A fórmula de somar uma mina completamente punk (aliás que cantava de fato em bandas punks e dá uns shows selvageria) com um produtor interessado em eletrônica primitiva e em placas de som de 8 bits - música de videogame velho tipo o Nintendinho) não mudou, talvez tenham somente extremado os extremos: o vocal dela é cada vez mais manipulado e tem horas que chega a dar medo (o som deles frequentemente é bastante desumano, é um elogio); os momentos pop são mais pop, os momentos calmos mais bonitos, a gritaria mais gritada, os arranjos eletrônicos esquisitos mais alienígenas. Para quem não conhece, é muito mais escutável do que eu estou fazendo parecer - de fato um dos melhores discos do ano com certeza. - escutando no repeat -

LCD Soundsystem - This Is Happening - LCD Soundsystem é o que a meu ver é o que a música pop deveria ser. Concorre com Daft Punk no título de "banda mais infalível para colocar TODO MUNDO para dançar em qualquer festa de qualquer tipo de público". Num mundo perfeito, você ligaria o rádio do seu carro e escutaria essa banda enquanto dirigiria de dentro de uma ofurô bebendo um Jack Daniels (de banana). No nosso mundo corrompido e distorcido uma das bandas mais divertidas e acessíveis que eu conheço inclui uma música chamada "You Wanted a Hit" no disco que diz que "sempre tentamos fazer mas sempre sai errado" - e que é muito melhor que todo o universo de música que vira de fato top alguma coisa (aliás confira o naipe do nosso top 40). O LCD Soundsystem continua com a base totalmente eletrônica dançante, porém está um pouco mais orgânico (mais guitarras), continua passando a sensação de ser música "solta" e "leve" e "natural" - principalmente nos vocais que são bem irônicos e meio falados - cantados - estilo estou-improvisando-isso-agora mas no fundo é intensamente nem feito e trabalhado (mais músicas longas que demoram a se desenvolver também). Estão dizendo que este é O DISCO que vai estourar eles - não é. Vão continuar fazendo ótima música mas só para quem se importa. E talvez seja melhor assim.

Broken Social Scene - Forgiveness Rock Record - essa é um dos raríssimos exemplos de "super banda" que funciona, faz música boa de verdade e é maior que a soma de suas partes (reúne uma espécie de super seleção de músicos indies do Canadá e acho a música do Broken Social Scene muito melhor que qualquer um deles em outro contexto, que me perdoem meus muitos amigos fãs de Feist). Depois de um segundo disco absolutamente perfeito e já clássico (You Forgot It In People), nunca consegui empolgar muito com o último (chamado simplesmente de Broken Social Scene). Tenho impressão que a força de um é a fraqueza de outro: a banda tem tipo 19 pessoas que tocam tudo quanto é instrumento e quando sabem colocar foco na coisa sai discos variados, viajantes, com músicas completamente diferentes entre si mas com um sentimento coerente e força. Quando dá errado, me parece que é um monte de gente atirando cada um para um lado gerando uns arranjos super intrincados e cheio de detalhes (mas chatos).O disco novo remediou isso, é super focado e bem direcionado, tem pau quebrando e músicas simplesmente maravilhosas (minha mulher já pirou com The Sweetest Kill) e quando passar a fase de absorção dele eu respondo se ele é o que está me parecendo - melhor disco deles.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Grunge is Dead

Estou lendo um bom livro chamado Grunge is Dead, que é basicamente a aplicação do conceito tornado famoso pelo Mate-me Por Favor para a breve explosão do rock de seattle no início da década de 90. Para quem não conhece, o Mate-me Por Favor é um livro escrito 100% a partir de depoimentos dos participantes e pessoas chave que editados de uma maneira que faça sentido contam a história do punk pelo lado de dentro. A leitura muito me interessa porque tenho uma conexão emocional muito real com a música desta época e como eu suspeitava tem muito a cavar ali.
O que dá para compreender é que uma explosão daquela tem muito valor cultural por ter sido de fato orgânica. São de fato bandas de moleques da cidade que começaram a tocar nos clubes sujos para público local. Chamou atenção pela combinação rara de talento real + esgotamento do mercado de rock da época pelo metal farofa (já tinha dado o que tinha para dar e gerou um vácuo de ânsia pelo novo) + atuação da imprensa inglesa que criou o mito e decidiu que um monte de banda da mesma época do mesmo local são a mesma coisa + uma gravadora (sub pop) com uma intensa incompetência administrativa mas grande talento para vender como novo o que na verdade era mais uma manifestação de tendências que já existiam no underground do país. Aliás some Sonic Youtn + Pixies + Replacements + Butthole Surfers e veja se não sai o som grunge. Porém, ainda bem que venderam boas bandas que revitalizaram o rock sim, não eram meras cópias e que levaram as influências para cima junto.

O template de fato é o Soundgarden. Começou cedo, influenciou todo mundo, estourou menos porém mais cedo que o Nirvana e era a banda que as pessoas queriam ser quando queriam fugir do rock tradicional da época. Para ter noção do impacto, quando o baixista saiu Kurt Cobain - que disse para eles se considerarem sua maior influência - pensou em se candidatar, e isso depois do Bleach. Soundgarden foi o responsável pelo Alice in Chains largar a onda farofeira e virar o monstro dark que se tornou.

O Mudhoney (e em grau menor a banda mais antiga do Mark Arm com os caras que viriam a se tornar o Pearl Jam, Green River) injetou um bocado de caos criativo na cena. Para mim ele é uma espécie de Iggy Pop de Seattle - incluindo a heroína - só que com o vocal mais psicopata e um espírito muito mais experimental. Vá atrás das coisas velhas dele - Mr. Epp fazia música com objetos tipo o Neubauten e os Throw Ups tinham como regra somente não ensaiar nunca e inventar as músicas na hora do show. Escute Mudhoney muito alto - dá para ver nitidamente que foi dali que veio o som das bandas grunge mais punks. Note que seus vizinhos vão achar que você está quebrando sua casa.

Melvins é muito interessante porque não se parece com nada. Começou como uma banda de hardcore que queria ser a mais rápida e depois resolveu ser a mais lenta do mundo. As referências estão lá - Black Sabbath do início, doom metal, vocal meio doente estilo Mudhoney - mas são usadas de uma maneira única. Melvins não tem limites - é capaz de fazer uma música cuja guitarra só repete uma nota o tempo inteiro ou de largar o batera tocando 5 minutos a batida da música sozinho. É muito pesado e chega a ser estressante de um jeito legal. O som do Melvins reflete muito no metal moderno - as bandas que tocam ultra lento e sinistro tipo Sunn O))). Melvins é cheio de projetos malucos - o disco Chicken Switch possui uma música para cada disco inteiro do Melvins, mixado em 5 minutos por gente tão louca quanto eles (tipo os caras do Boredoms). Respect!

Tem muito mais coisa para explorar ainda - Malfunkshow, U-Men, Posies - vou postando as que eu gostar. Por hora deixo 4 dicas básicas não tão obscuras mas frequentemente esquecidas (e retomadas por mim com empolgação ultimamente):

Mudhoney - Superfuzz Bigmuff
Green River - Dry as a Bone
Melvins - Bullhead
Screaming Trees - Sweet Oblivion

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A outra mina legal também tem música nova

M.I.A. fazendo punk rock comanda o batatal... esperando o disco novo dela um bocado!

http://musick1.blogspot.com/2010/04/new-mia-track.html

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Da Série Playlist - o que anda queimando a bateria do meu ipod


jj - jj n° 3: a (não tão mais) enigmática banda lançou o segundo disco rapidinho (o jj n° 1 é um single) e fez o movimento sábio de não tentar fazer a mesma coisa tudo de novo. jj - minúsculo mesmo - é uma das bandas que como já mencionei encaixo na categoria "não consigo absolutamente explicar porque eu amo isso". Talvez seja a combinação de uma voz etérea muito bonita quase Enya em cima de instrumental muito leve que você nunca sabe se é extremamente acústica ou totalmente eletrônica cantando sobre ter uma overdose de heroína e outros temas normalmente gritados. Acho que sou atraído sempre por música que parece ser tão natural que nasceu sozinha, ainda mais porque sei que é o tipo de música mais difícil de fazer. Este disco tem um tom bem mais triste que o anterior o que o faz ser um pouco mais lento de absorver, mas conserva a descida fácil e as propriedades relaxantes-hipnotizantes e outros antes. Dá para ouvir até com a sua mãe.


Besnard Lakes - Are The Roaring Night: muito fácil definir os Besnard Lakes ao mesmo tempo em que é a coisa mais impossível do mundo. Indie rock moderno com um lado pop e outro bem experimental, backing vocals trabalhados devendo aos Beach Boys, voz masculina e feminina alternando nas músicas, falta de medo de falsete, falta de medo de colocar guitarra alta e de fazer música compridona e que demora a se desenvolver, até uma pitada de leve de Pink Floyd mas sem a parte chata. Parece uma das boas bandas que poderia ser da Elephant 6. E agora isso tudo que você leu não te passou uma boa idéia do que a banda é, porque você pode ter imaginado tudo isso na sua cabeça e pensado em algo como os Yo la Tengo ou o Of Montreal e essas bandas não se parecem em nada. Sabe quando você tenta explicar para alguém porque ele deveria ver uma determinada série de tv e não consegue colocar em palavras o que ela tem de especial, percebendo que na verdade não existe nada de realmente novo ali, apenas o velho porém extremamente bem feito e satisfatório? Faz o seguinte, em vez de ficar lendo aqui escuta a música "and this is what we call progress" que eu até aqui declaro a melhor de 2010 e depois a gente conversa.


Deftones - Diamond Eyes: sempre foram uma das minhas bandas preferidas e estão passando por um momento complicado - o baixista sofreu um acidente de carro a mais de um ano e está em coma desde então; haviam gravado um disco inteiro com ele que não querem lançar porque "não reflete o que a banda é agora" e gravaram outro, que é este Diamond Eyes. Não gosto da desgraça dos outros mas momentos difíceis sempre geram boas obras de arte e PQP, não precisavam humilhar! Disco diretaço na veia que lembra o Around The Fur, basicamente tudo que o Deftones é ampliado para 11 e com espírito "corta a baboseira", foi um ótimo movimento para uma banda que estava se tornando abstrata demais. Se você tem qualquer nível de interesse em metal (apesar de ser um rótulo discutível para eles) vá sem dó.



Outras recomendações recentes que exploro melhor nos próximos posts:



Zola Jesus - Spoils -> o gótico ainda existe, ainda é ridículo, e ainda é foda

Warpaint - Exquisite Corpse -> indie-pop épico com vocais bonitinhos de menininha distorcidos sem dó

Gorillaz - Plastic Beach -> pop + hip hop + eletrônico + lou reed + bom gosto

The Knife - Tomorrow, In a Year -> The Knife fazendo ópera baseada na vida de Darwin é para amar e odiar alternadamente

Hot Chip - One Life Stand -> eletrônico de pista para ouvir em casa com a namorada por menos sentido que isso faça

Fucked Up - Couple Tracks -> o que seria do filho do Sick Of It All com Pixies, ou seja, hardcore brutal com preocupação em ter guitarras e melodias interessantes e diferentes (apesar deste disco em particular meio que largar essas idéias para lá e vamos só sentar a porrada) - ah, e é também a melhor banda punk da atualidade ok?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Let England Shake

Pj Harvey tocando música do disco novo ainda não lançado... diz ela que pelo menos metade foi composto na harpa (!). Fatos:
1-a PJ Harvey é uma louca
2-a PJ Harvey é uma louca prolífica que lança muito disco (ótimo!)
3-a PJ Harvey é uma louca prolífica que lança muito disco e sabe tocar tudo quanto é instrumento
4-a PJ Harvey é uma louca prolífica que lança muito disco, sabe tocar tudo quanto é instrumento e normalmente usa todos eles para fazer música intensamente distorcida e doentiamente emocional (ou seja, a PJ Harvey comanda)

http://www.youtube.com/watch?v=64C6Ih4QlrE&feature=player_embedded

terça-feira, 20 de abril de 2010

Projeto 1001 Discos

Já mencionei aqui algumas vezes que eu tenho o 1001 Discos Para Se Ouvir Antes de Morrer, já todo detonado por ser muito manuseado. Eu de vez em quando sorteava um disco randômico para ouvir (random.org) e o escutava desprovido de preconceitos (ou pelo menos tento me enganar acreditando que estou realmente fazendo isso). Não vale conhecer a banda, ou mesmo as músicas, tem que pegar AQUELE DISCO e escutar INTEIRO. E sem reclamar. Seja o que for. Britney Spears, come on. Ainda bem que não tem fascinação nem Marina Lima no livro.

Recentemente resolvi transformar isso em um projeto de fato e marcar em uma planilha quais eu já ouvi inteiros, sem compromisso de tempo mas com compromisso de terminar. Estou no 338 e já estou bastante grato por fazer isso. Entre várias outras descobertas que eu poderia não ter feito caso eu não tivesse começado isso:
  • O primeiro disco do N.E.R.D. é tão infalível para fazer as pessoas dançarem quanto Daft Punk
  • O primeiro disco do Röyksopp é a perfeição do equilíbrio entre diversão e introspeção
  • T. Rex é algo muito longe do rockão burrão que eu achava que era e na verdade é bem a frente do seu tempo
  • Moby Grape é hippie mas é bacana (podem jogar pedra, manda ver)
  • Captain Beefheart é hippie e chato (ao contrário da minha expectativa porque gosto de Frank Zappa)
  • Paul Revere & the Raiders pode talvez ter criado o punk muito antes de Stooges
  • Música africana disputa com Kraftwerk o título de melhor música para trabalhar (escutem Baaba Maal ou Miriam Makeba)
  • King Crimsom só pareceria com Tool se Tool fosse MUITO CHATO
  • A minha mulher é fã de Lynyrd Skynyrd! :-)
  • Kate Bush não é meu som mas pô até que merece respeito
  • Fleetwood Mac provou ser pior do que o pouco que eu já conhecia
  • The Police não é nada mais que pop medíocre e incompreensível a quantidade de pessoas que ama isso
  • Grandmaster Flash é um puta gênio que atirou para todos os lados e acertou quase todos os tiros
  • Se eu pudesse fazer uma banda com 5 Leandros ela seria o Drive Like Jehu
E por aí mais... posto mais à medida em que eu fizer mais descobertas boas. Ou decepcionantes.

No dia em que eu escutar o último disco vou segurar a última música e dar uma festa no meu apartamento para ouví-la na presença de amigos! Me cobrem!

Turnê americana dos Pistols

Reportagem interessante enviada pelo Shibuco sobre a turnê americana dos Pistols:

http://theselvedgeyard.wordpress.com/2010/02/20/vicious-white-kids-the-sex-pistols-take-on-rock-n-roll-the-south/

Não tem NADA hoje que provoca reações iguais eles na época, acho isso muito admirável, puta coragem dos caras. Esse é o ponto interessante dos estilos extremos tipo black metal, incomoda as pessoas caretas DE VERDADE (hoje nem isso choca mais) não tem nada parecido e eu ia achar foda se tivesse, é o que o Rotten falou, " a gente não estava lá para destruir o modo de vida deles, era um meio refrescante de transceder a rotina e eles entenderam a piada que era para ser".

Pistols era uma espécie de caricatura muito bem pensada de uma banda de rock e muito pouca gente entendeu isso (até hoje).

Ah e lembra que a carreira deles durou, no total, UM ANO.