sexta-feira, 30 de maio de 2008
O Túmulo dos Vagalumes
Quer ver uma animação, apesar de mais antiga, maravilhosa em todos os sentidos (olha essa imagem), feito pelo estúdio Ghibli - que é o estúdio TOP que fez Princesa Mononoque, Viagem de Chihiro, Castelo Encantado e outros clássicos indiscutíveis?
Quer ver talvez o filme mais triste que eu já vi na vida - animação ou não? Quer ficar deprimido por 3 dias depois de assitir? Quer ficar andando por aí (como eu) semanas depois de ver o filme com ele na cabeça?
O muito pesado Grave Of The Fireflies foi exibido em 1988 no Japão na sessão dupla mais sem noção da história, junto com o infantil Meu Amigo Totoro. Vale a pena ver como eu vi, sem conhecer muitos detalhes da história. Saiba apenas que se passa em Kobe no Japão quando a cidade estava sendo bombardeada durante a segunda guerra e é totalmente focado na vida de dois irmãos que vivem lá na época do conflito. Saiba também que NÃO é um filme clichê de guerra (no fundo, nem é um filme de guerra), e é considerado por muitos críticos famosos como um dos filmes anti-guerra mais poderosos da história. Depois fique mais deprê ainda quando descobrir que o filme é semi autobiográfico e que o autor não o considera um manifesto anti guerra mas um manifesto sobre os perigos do ORGULHO. Você vai entender quando assistir.
Só não venha depois chorar no meu ombro. ;-)
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Strogonoff com sorvete
Um deles foi o Gates Of Slumber. Não ando ouvindo muito metal mas PUTA QUE PARIU QUE BANDA DO CARALHO! Doomzão, leeeeeeeeento e sinistrão, o que eu mais agradei neles foi o tanto que eles adotaram a estética antiga sem dó nenhuma. O disco é produzido com um estilo totalmente velhão, nada hi fi, até os timbres das guitarras parecem com aquele timbre secão esquisito dos primeiros discos do Black Sabbath. E como a banda é legal demais e o som tem a ver, provocou uma sensação nítida de descobrir um disco antigão do Black Sabbath com o Ozzy que você ainda não conhecia. E, sinceramente, ninguém vai discordar de mim que não existe maior elogio para uma banda de metal. Se você não gosta de Black Sabbath velhão você tem problemas e devia procurar ajuda.
O disco se chama Awakening e até a capa dele é total vinilzão do Slayer empoeirado em uma prateleira da Cogumelo. Quando ele termina de tocar eu sou obrigado a colocar... Lady Soul da Aretha Franklin!! Por que ninguém nunca me avisou que Aretha Franklin era tão foda?
Não sou um fã especial de soul - gosto de algumas poucas coisas selecionadas e desgosto de muita coisa da Motown que é amada por todo mundo - mas como já comentei, não julgo nada por estilo. Soul, em especial, quando é feito com mais energia e pegada e não fica só nas baladonas lentas e choradas costuma me agradar. A voz da dona é DESTRUIDORA - não tem outra palavra - imagine a Tina Turner sem a rouquidão chata e exagerada e auto paródica que você vai imaginar o timbre dela. O disco é todo dançante e forte, você vê que a moçada tá espancando os instrumentos mas na verdade está tocando um estilo bem light e melódico ao mesmo tempo - é um disco light que tem intensidade. Quase mágica. O que eu mais venho aprendendo em relação à música ultimamente é a não julgar rápido ou desvalorizar esses intérpretes antigos - nós tendemos a lembrar do Stevie Wonder como o cara que fez "I Just Called To Say I Love You" (péssima) e quando vai conhecer a obra dele mesmo descobre porque ele é um clássico.
Então o dever de casa da semana é misturar Gates Of Slumber e Aretha Franklin... ou talvez Tim Maia e Slayer... se preferir, strogonoff com sorvete...
terça-feira, 27 de maio de 2008
Da série "Random Music" - I make a real good bread!
Já comentei aqui que se eu pudesse escolher qualquer banda do mundo para tocar eu seria do Fugazi. Mantenho, só que se eu tivesse crescido na década de 60 moço, dá para trocar pelos Beach Boys?
Os Beach Boys tinham todo o possível para serem horríveis. A banda foi formada numa casa suburbana em Inglewood (California) por três irmãos, um primo e um amigo que aprenderam a tocar piano com o pai - tipo, Hanson?? Começou a se apresentar com terninhos e cabelo cortadinho e imagem calculadíssimamente clean - uma espécie de boy band da época. Como diabos isso deu certo? Deu certo porque, por um acaso do destino, um dos irmão era (mais tarde de fato diagnosticado) esquisofrênico, ou seja, maluco de verdade. É a prova que gente doida se metendo com música sempre dá certo. Os outros membros da banda chegaram a declarar que "Brian Wilson é os Beach Boys, e nós somos seus mensageiros".
Naquela época em que a indústria fonográfica era extremamente diferente da atual, se lançava discos num frenesi - tipo 3 por ano. Como resultado, considerando que o primeiro disco saiu em 1963, no dia 23 de Desembro de 1964 Brian Wilson já capotou: teve um colapso nervoso e decidiu que os Beach Boys seriam ele no estúdio criando e os outros membros da banda tocando ao vivo. A banda já era bacana antes disso - para mim desde sempre é a que melhor utiliza backing vocals da história (falando sério, eu não canto as músicas dos Beeach Boys junto, eu canto junto com os backing vocals) - cheios de camadas e de complexidade, repare quando escutar o quanto aqueles vocais foram bem pensados e arranjados. O som totalmente divertido e as letras sobre carros e garotas e surf (meio que picaretagem porque só um dos irmãos surfava) é um juvenil sincero. Tente não ficar nostálgico por uma época que você NÃO viveu! Os Beach Boys do início criam na minha cabeça uma espécie de universo paralelo de uma vida mais simples de praia e diversão que provavelmente não tem nada a ver com a realidade deles, mas isso não tem importância nenhuma - dentro da minha cabeça ele já é o suficiente.
Depois do colapso saiu o "Beach Boys Today!" e a partir daí tudo que eles tinham de legal foi potencializado ao máximo. Deixou de ser uma ótima banda de rock divertida para ser uma ótima banda de rock divertida e genial, graças às obsessões do Brian Wilson no estúdio. É nessa época que entraram em uma "competição" amigável com os Beatles (que também estavam em uma fase excelente). Enquanto tentavam "vencer" o disco do "concorrente" os Beatles fizeram o Rubber Soul e o Revolver, enquanto os Beach Boys chegaram na sua obra prima total - Pet Sounds - e os Beatles tentaram derrubar ela com o Sgt. Peppers. E foi na tentativa de espancar o Sgt. Peppers que o homem pirou de vez tentando fazer o lendário Smile (que só foi completado 37 anos depois).
A partir daí é ladeira abaixo - drogas, dois irmãos mortos, discos cada vez piores, Brian Wilson virando um gordo gigantesco e passando a maior parte da década de 80 deitado numa cama e voltando recentemente como "tiozinho lesado que toca as músicas dos Beach Boys", brigas públicas dos ex-membros da banda e por aí vai. Mas não importa. Durante o período em que eles brilharam, trouxeram sol de verdade para a música. Sol engarrafado - coloque para tocar e deixe ele invadir sua casa.
Música para momentos difíceis
Eu não tenho regras para isso - quem poderia ter? - mas já reparei alguns padrões no que eu escuto quando estou passando algum aperto.
Essa lista é mais pessoal impossível, não que vá fazer sentido para alguém que não eu, aliás é até uma curiosidade minha - acho que isso funciona em um nível tão particular que provavelmente minha lista não vai bater com a de ninguém.
E momentos difíceis-tristes-frágeis-complicados-solitários são os melhores para o seu gosto musical - normalmente não se aceita qualquer porcaria nessa hora! :-)
Quando eu estou mais para melancólico ou rola uma tristeza meia difusa, meio sem direção, só pode ser Radiohead, mas cuidado com a maneira que você escuta o OK Computer - não leve a sério demais senão você se perde dentro desse disco. Escute (não escute) Let Down quando estiver realmente se sentindo Let Down que você vai entender.
Se eu quero o sentimento mas não toda a complexidade que está por trás dele - tipo, só um deixa eu chorar aí vai, Roy Orbison comanda. Ainda vou postar sobre ele.
Agora, se eu quero o sentimento E a complexidade, um "me dá um soco na cara e fala logo como é que funciona", o único que desce é o Leonard Cohen. Aliás, tristeza de verdade mesmo pra valer, tristeza chorando sozinho dentro de um carro vazio parado na rua de noite, é só ele.
Se eu quero uma companhia de boteco ruim para virar a noite tomando uma bebida pior que eu e me ouvindo choramingar o que quer que seja só fazendo "sim" com a cabeça porque está bebaco, dou play em Tom Waits.
Estou triste e puto e quero chutar o balde porque esse mundo é podre e ninguém presta e morram todos, Nick Cave... tristeza "ninguém me entende mas foda-se vou continuar assim", Smiths... e tristeza neurótica e paranóica, com certeza Joy Division.
Mas se eu quero apoio, tipo alguém me consolando para não ficar triste, nada melhor que Beach Boys, que é uma banda milhões de vezes mais complexa que parece a princípio - também quero postar sobre eles ainda.
(acabei de perceber que eu classifiquei uma pancada de momento ruim meu diferente - estou ficando preocupado)
Ainda que na hora que passa toca Ramones...
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Da Série Random Music - Heaven restores you in life
Atrás de uma fachada externa bem sóbria, romântica e bonitona ("sóbria" significando uma onda mais séria e até um pouco dark), as músicas não conseguem conter a intensidade que está caminhando ali por baixo, como se você estivesse conversando com alguém que não te olha diretamente e está falando baixinho mas que pode explodir a qualquer momento. Como eu comentei sobre o Radiohead, o negócio aqui é carga emocional, mas enquanto o Radiohead é um "venha passear dentro da minha cabeça", te levando até nos lugares mais insanos dela, o Interpol é um "olhe mas não toque". Ajuda muito ter um dos melhores vocalistas da atualidade (bem o centro da banda, as músicas são claramente construídas para dar sustentação para a voz grave bonitaça dele). As guitarras do Interpol interagem de uma maneira interessante - antes de tudo são comprometidas 100% com melodia, deixando a parte rítmica só para baixo e bateria, e são usadas de uma maneira insistente que cria uma espécie de transe quando você está ouvindo - uma guitarra típica do Interpol é uma que fica repetindo a mesma nota milhões de vezes até você estar viajando nela sem perceber. E falando em baixo e bateria, a cozinha da banda também comanda, quando estiver escutando tente isolar a camada rítmica da melódica da música - que no Interpol é bem separada - e repare como o baterista nunca está fazendo alguma coisa óbvia. Depois tente reparar como isso eleva a música a um nível absurdo de legal.
Um grande amigo meu leitor deste blog me disse ter chorado no ônibus ouvindo Interpol :-)Imagino que quem foi no show deles que eu fui pode ter pensado que eles são arrogantes e/ou desinteressados, tocando bem parados e introspectivos como sempre fazem, mas meu amigo ali eu só consegui ver intensidade. Você sai do show deles e fica com todas as músicas martelando na sua cabeça para sempre, foi em março e acho que estão no repeat na minha cabeça até hoje.
Ultimamente eu tenho tido a impressão que o sucesso tem subido à cabeça deles, as letras do último disco sobre comer as groupies e cheirar cocaína para mim seriam legais em um disco do Motley Crue mas quebram toda a "mística" de últimos românticos do mundo que eu enxergo neles, mas a música ainda não decepcionou. Aproveite enquanto eles não deixam a viagem de "rockstar dos anos 80" destruir a banda.
E wooohoow fui a primeira pessoa da história que conseguiu escrever sobre Interpol sem citar aquela banda com a qual eles são sempre comparados... :-)
Comece por - Turn On The Bright Lights, que é o primeiro, e escute os outros dois na ordem cronológica - Antics e Our Love To Admire
sábado, 24 de maio de 2008
Breve pausa na música para te falar que nós não sabemos porra nenhuma
Tudo que nós sabemos que existe nós detectamos de algum jeito: vemos, ouvimos, cheiramos, tocamos, ou usamos algum dispositivo tipo raios x, ultravioleta ou o que seja. E toda a matéria do universo inteiro que nós sabemos que existe equivale a mais ou menos 4% da matéria que está lá.
Isso significa que 96% da matéria do universo é formada de alguma coisa desconhecida que nós não conseguimos detectar com nenhum método que temos hoje, mas os cientistas sabem que está lá (o apelido disso é "matéria escura"). Lê de novo: 96%. Você vive em um universo do qual quase 100% do que existe nele ninguém tem a MENOR IDÉIA do que seja.
Mais um aparte - dos ínfimos 4% que conhecemos, 0,4% são estrelas, planetas, etc. 3,6% é gás intergalático.
Hoje um cara me fechou no trânsito e eu nem fiquei nervoso. Lembrei que esse cara não conhece nem 5% do que existe. O que esperar afinal de uma criatura assim?
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Semana Top 2008 - Sexta Feira
A música Crazy do último disco chamou atenção à beça por ser (raríssimo) exemplo de música boa que fez um sucesso absurdo. Muita gente deve ter perdido é que o disco era bem sólido e bacana também. A combinação de soul bem cantado, uma voz original e forte com eletrônico, hip hop e pop mostrou tinha personalidade e criou uma fórmula nova - misturar elementos de música negra dos anos 60 com hip hop moderno. Funciona. O segundo disco não inovou muito em relação ao primeiro, mas vindo de dois caras criativos assim ainda vale muito o seu tempo. Vou discordar de toda a crítica e dizer que achei até melhor que o primeiro - não sei até quando esses caras vão se aproveitar dessa onda que eles criaram mas se continuar se repetindo bem assim eu tô dentro.
Nine Inch Nails - Ghosts
e Nine Inch Nails - The Slip
Pô Trent Reznor! 5 discos em um ano (Ghosts é quádruplo) ? Dá um tempo para a sua audiência conseguir absorver o som!
Assim como o In Rainbows do Radiohead, tanto o Ghosts como o The Slip perigam, no futuro, serem muito falados por causa do lançamento anti convencional (exclusivo na internet e com a possibilidade de ser baixado de graça - aliás, no caso do The Slip, de graça é a ÚNICA possibilidade) e não darem a atenção devida ao SOM que tem dentro dos discos. E são 3 exemplos de discos excelentes. Os dois lançamentos do Nine Inch Nails por ano - resultado da crise do Trent Reznor que sempre detestou publicamente as gravadoras com quem trabalhou e agora pela primeira vez se vê livre - foram meio que um o contrário do outro. O Ghosts é todo instrumental, ambiente, contemplativo, sereno, viajante, como ele mesmo disse, "a tentativa de musicar uma série de imagens abstratas". O The Slip é curtinho, diretaço na veia, e bem porrada - parte logo para te socar na cara e mantém o espancamento até (quase) o final. Por ser próximo (do ponto de vista temporal) do ótimo Year Zero, manteve mais ou menos a onda dele, mas com uma atitude mais "foda-se" que é super saudável para alguém perfeccionista como o Trent Reznor. Imagino ele no fim do dia de gravação toda meticulosa e trabalhada do Ghosts juntando a banda e falando "agora vamos nos divertir", aí começa os barulhão de Drum Machine rapidaça e sintetizador com distorção. Comandou.
(para quem é fã de Nine Inch Nails - The Slip = Broken + Year Zero)
No aguardo de: Silver Jews - Lookout Mountain Lookout Sea
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Semana Top 2008 - Quinta Feira
Já vou alinhando a expectativa de todo mundo e avisando que isso é bem gay :-)Agora que você já está avisado, saiba que também é bem legal. Hercules And Love Affair é mais um exemplo de música que é sem dúvida ultra moderna e ao mesmo tempo parece coisa velha, mas o "velho" aqui é mais especificamente disco music setentona / oitentona. Nunca tive muita simpatia por disco, mas vejo esse o Hercules And Love Affair particularmente como uma espécie de banda de um universo alternativo onde a era disco foi mais bacana que a nossa e as músicas eram bem feitas e de bom gosto, sem perder o "espírito" do estilo.Tirando que tem o que nada desse estilo tem - variedade e complexidade emocional. A banda foi muito falada por ter muitas músicas cantadas pelo gordinho-chato Anthony do Anthony And The Johnsons (banda indie que está fazendo sucesso), mas como eu acho ele um saco isso não me importou; porém de fato é indiscutível que ele elevou as músicas que ele cantou para um nível excepcional (escute "Blind", vai por mim). Ao vivo quem canta é um travecão (!)
Como eles não tem a cabeça quadrada não são do planeta bizarro, mas eu acho que se você fizer algum deles falar "Mxyzptlk" ao contrário eles voltam para a dimensão deles.
Já comentei neste blog que eu adoro música deprê. Essa é mais uma banda que é formada por uma garota e um cara, a onda desses dois é teclados e violão e melancoliiiiia... Apesar do nome da banda a casa de praia deles deve ser uma casa abandonada numa praia pedregosa e chuvosa. Não foi um disco que eu gostei de cara, inclusive no início cheguei a achar a estética deles de pop levinho e tristonho meio anos 60 um pouco hippie, mas a qualidade das músicas me venceu e acabei viciado.Ótimo para ouvir solitário num quarto de hotel azul em Volta Redonda.
Crystal Castles - Crystal Castles
Essa banda é formada por (adivinha) um rapaz e uma garota! O que está acontecendo esse ano para a melhor música só estar sendo lançada por casais? Ou será que eu que cismei de gostar disso?Crystal Castles é um cara fazendo techno no sintetizador e uma vocalista meio desesperada/agressiva. É bem nova - começaram em dezembro de 2003 e ficaram conhecidos, antes de tudo, pelos remixes que fizeram de outras bandas. A onda da banda é fazer música eletrônica com sons digitais primitivos - por "sons digitais primitivos" imagine algo que o Atari (o videogame não a banda) faria. Parece ruim? É (por incrível que pareça) MUITO bem feito e divertido e os vocais punk da menina encaixam legal.Techno com barulhinho de videogame antigo funciona tanto que já está deixando de ser novidade e virando tendência. Falando nisso, eles não tem medo de fazer bastante barulho quando não estão sendo absurdamente dançantes. Foi um dos discos que eu mais ouvi este ano fácil. Escute antes que alguém acabe te convencendo a odiar eles - como eu comentei sobre o Vampire Weekend.
No aguardo de - Weezer - Red Album
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Em homenagem à semana que eu tive até aqui...
SEMANA TOP 2008 - Quarta Feira
No aguardo de: Ladytron - Velocifero
terça-feira, 20 de maio de 2008
Semana Top 2008 - Terça Feira
Mais ou menos em 1992 os alguns alemães se encheram do tanto que a música eletrônica de Berlin estava dominada pelos neo-nazi e fizeram uma banda de punk-eletrônico-destruidor-de-dar-dor-de-cabeça chamada Atari Teenage Riot para iniciar um quebra pau com os carecas. Esse som eletrônico barulhentão anarquista foi chamado de digital hardcore pela própria banda e assustou até quem gosta de música pesada (dizem que show deles em Belo Horizonte foi o mais pesado da história, isso vindo de uns caras que já foram em show de black metal para baixo).Uma banda dessa intensidade nunca dura muito - os caras já foram presos por incitar a violência (a única coisa que eles estavam fazendo na verdade era tocar na caçamba de um caminhão no meio da rua mas o público sem noção deles provavelmente estava destruindo tudo por perto), começaram a se cortar no palco e um deles se tornou psicótico por uso prolongado de drogas (isso antes de morrer de overdose em 2001). A partir daí o Alec Empire (que para mim sempre foi o mais talentoso da banda) começou uma carreira solo muito interessante e segue bacana até hoje.Muito menos barulhento mas tão agressivo quanto (dê uma sacada depois no disco que ele fez remixando Elvis), os discos solo do Alec Empire foram gradualmente se afastando do rock e se aproximando do electro. Mais recentemente ele deu meio que uma acalmada mas como o sujeito é selvagem a música dele, agora muito mais sutil, sempre vai ter a presença de algo meio psicopata por trás, mesmo que seja algo meio subliminar - para não falar que é música eletrônica extremamente criativa e empolgante.
Esse Golden Foretaste of Heaven é meio o disco de electro-glam dele - pode colocar em uma festa tranquilamente que é muito dançante e não vai fazer as pessoas correrem da sua casa. Dançante porém irônico e retém o espírito punk - para mim esse é o melhor tipo de eletrônico. Recomendo! Nota: o disco saiu bem no finalzinho de 2007, mas como no fim do ano todos nós só podemos escutar as músicas de natal do Elvis eu decidi que ele é de 2008 ;-)
British Sea Power - Do You Like Rock Music?
O British Sea Power é uma ótima banda que não se revela nas primeiras audições. Eles são um bando de malucos da Inglaterra que tinham o hábito de tocar usando roupas de soldados da segunda guerra mundial. Quando você começa a escutar não desagrada. O som indie-pop-viajante deles, com os vocais bem chorosos e muita guitarra melódica bonitona, te tapeia e parece ser mais uma daquelas bandas épicas e emocionantes porém sem muito diferencial,o clássico "legalzinho" mas nada demais. Até que, sem perceber, você foi enganado por eles e tomado pura e simplesmente pela qualidade super sólida das composições.A banda só faz música muito memorável e bonitona, viciante, bem tocada e que fica na cabeça obssesivamente quando você passa a conhecer melhor. O problema é que toda vez que sai um disco novo deles você tem que passar pelo ciclo todo de novo: começa achando "legalzinho" e quando repara já caiu na armadilha de novo.Eu só consegui largar o vício do ótimo disco anterior deles (Open Season) quando absorvi esse (também ótimo) Do You Like Rock Music. Escute sem falta mas dê uma chance para as músicas assentarem na sua cabeça. Depois pode me culpar pelo seu novo vício.
Clark - Turning Dragon
Outro bom disco de música eletrônica, o Chris Clark é um produtor inglês que trabalha normalmente gravando uns pedaços de bateria real (acústica) e construindo com esses samplers umas batidas complicadas de IDM - aquele estilo Inteligent Dance Music que está mais para Impossible to Dance Music.Eu vejo ele como uma espécie de mistura entre o Aphex Twin e o Trent Reznor - não tem nada de rock (é bem barulho de sintetizador mesmo), é anti-convencional e um pouco marciano como o Aphex Twin mas tem uma veia um pouco mais agressiva e incorpora um monte de barulhos do nada como o Nine Inch Nails. Parece música feita por máquinas que estão estragando - o som do mundo digital se desintegrando.As músicas que tem vocal (como Volcan Veins) são caóticas, parece que tem uma pessoa perdida entre essas máquinas começando a pegar fogo querendo achar um caminho de saída. Algumas tem um pouco de influência de hip-hop, mas me parece um hip-hop estranho que um computador que foi programado para isso (e meio estragando também) fez sozinho. É difícil explicar este disco, mas eu diria que o sentimento dominante é ansiedade. Não escute isso trabalhando (ou seja não faça como eu).
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Semana Top 2008 - Segunda Feira
sábado, 17 de maio de 2008
No meu tempo é que era bom
Realmente fiquei de cara.
Olha quem tocou na sexta feira do Reading em 1971:
Arthur Brown
Warm Dust
Bell & Arc
Daddy Loglegs
Armada
Anno Domini
Clouds Universe
Ricotti/Alberquerque
Accrington Stanley
QUEM É ESSE POVO??????
Olha quem tocou no sábado em 1971:
East Of Eden
Lindisfarne
Ralph McTell
Hardin and York
Pete York Percussion Band
Wishbone Ash
Audience
Terry Reid
Stud
Renaissance
Audience
Genesis
Gillian McPherson
Sha-Na-Na
Ok, conheço (e não gosto de) Genesis e Wishbone Ash... e o domingão:
Colosseum
Rory Gallagher
Ian Matthews
Medicine Head
Van Der Graaf Generator
Osibisa
Stray
Demick And Armstrong
Clark-Hutchinson
C.M.J.
Colonel Bagshot
Al Kooper
"E aí cara vamos no show do Van Der Graaf Generator?" "Eu vou mas é para ver o Colonel Bagshot!"
Parece zoeira não é? Fala se não parece que eu estou inventando um monte de nome de banda?
Só para comparação olha alguns dos que tocam no Reading 2008:
Rage Against the Machine
Queens of the Stone Age
Metallica
Tenacious D
Slipknot
Serj Tankian
Dizzee Rascal
The Killers
Bloc Party
The Raconteurs
Editors
British Sea Power
Será que daqui a uns anos o pessoal que ler isso também vai pensar QUEM É ESSA MOÇADA??
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Da série "Música do Cramunhão" - What makes us tick
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Breve pausa na música para te avisar quando vamos todos morrer
Eu acho que no máximo às 00:15 de 1/1/2045 eles vão perceber que os humanos tem que morrer.
Single X Álbum
As pessoas singles são frívolas, rasas, demandam satisfação imediata, não param para analisar nada, são entregues para os prazeres da carne sem controle das suas impulsões heréticas indesejadas e as mães delas são preocupadas com elas.
Mentira moçada. As pessoas single são divertidas, bacanas, não gostam de firula, são exigentes e não dão mole para coisa meia boca. São as melhores para fazer playlist para tocar na sua festa.Ruins são as pessoas álbum que são chatas, aborrecidas, intelectualóides que ficam procurando sentido onde tem e onde não tem, são racionais demais e reprimidas e dão créditos para viagens errada tipo "essa é minha obra prima de 19 cds que contém uma história conceitual que ninguém entende".Ou não...?
O parágrafo acima é obviamente um monte de baboseira :-)
As "pessoas single" são aquelas que normalmente se fixam em músicas particulares, que escutam 3 músicas que gostam e ignoram o resto do disco, que são cheias de bandas que "só gostam de uma música deles", que escutam músicas no repeat, que escutam uma música de um disco e pulam pra outro e outro e outro (aliás bem facilitado isso hoje com ipod e etc).
As "pessoas álbum" gostam de ouvir a música no contexto do disco, onde ela se encaixa, qual é a relação dela com as outras faixas e o sequenciamento do disco, normalmente quando gostam de uma música baixam sempre o disco inteiro para conhecer, e sempre escutam os discos fazendo questão que seja na ordem original.
(Só um aparte: não desconsidere nem desvalorize a sequência em que as músicas tocam em um disco. Isso é algo muito mais pensado (e difícil) do que parece. Repare bem como alguns discos que você gosta ficariam chatos ou sem sentido se determinadas músicas viessem em sequência - exemplos super óbvios, juntar muita música parecida ou muita música lentinha de uma vez só. Tem muito disco que você gosta quase que só por causa da sequência. Todo mundo que já fez uma playlist para tocar numa festa sabe que sequenciamento é mais que essencial.)
Eu sou, com certeza, uma pessoa álbum. Só sei se eu gostei de uma música de verdade quando eu escuto o disco e saco ela no contexto do disco inteiro. Quando algo me interessa sempre baixo o disco inteiro (quando não a discografia) e escuto na ordem. Que coisa mais chata e nerd né. Mas não consigo evitar :-( me ajudem
Eu tenho meus dias de pessoa single também... as pessoas single são também legais, só fique ligado se você for uma dessas para aprender a dar chance para os discos, você perde coisas boas... ou talvez eu que acabe dando crédito demais a músicas que não deveria... sei lá... mil coisas...
Alguns discos que eu considero exemplos do sequenciamento perfeito - se você escuta uma música deles solta ela faz muito menos efeito que no meio do disco:
Nine Inch Nails - The Downward Spiral e The Fragile
Radiohead - Kid A
Arcade Fire - Neon Bible
Manic Street Preachers - The Holy Bible
Smashing Pumpkins - Mellon Collie And The Infinite Sadness
Blur - Blur
Can - Tago Mago
Gorillaz - Gorillaz
Dizzee Rascall - Maths + English
Red Hot Chili Peppers - Blood Sugar Sex Magic
Migala - Arde
Queens Of The Stone Age - Rated R
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Mais um... ou menos um
Da Série Random Music - My older brother bit by a vampire
No fundo acho que essa é toda a onda do Arcade Fire. Muito forte e emocional (mas não choradeiro nem chato!), a música do Arcade Fire é muitas vezes grandiosa e transforma qualquer sentimento em algo enorme, dominante, acho que épico mesmo. Vindo do lado francês do Canadá, a banda chamou a atenção por usar além da instrumentação normal-baixo-guitarra-bateria de rock quis incluir todos os amigos da turma ("Ei! Vamos fazer uma banda? O que você quer tocar?" "Também quero!" "Eu também!") e tem gente tocando piano, cordas, sanfona, harpa, um monte de percussão e até o amigo lesado picareta que a única coisa que faz na banda é ficar correndo no palco espancando um tambor gigante, isso quando ele não faz isso no meio da platéia.
O som é pop, mas como pop deveria ser para mim, bem feito e forte, e apesar da bagunça dos mil instrumentos não soa chato, nem auto-indulgente ou forçado, conseguem integrar tudo de uma maneira natural e fluída, bem bonita até, isso quando não fica bem rock. Cantam em inglês e francês (e como eu não sei nada de francês não consigo cantar junto essas) :-). Esse som "até a pia da cozinha" já está sendo chamado de pop barroco e tem outras bandas começando a ser influenciadas por isso.
Quem foi no show deles no Brasil disse que foi um dos shows mais intensos que já rolaram aqui. Música de chorar e de decorar todas as letras. Sempre fico feliz de saber que ainda aparecem bandas únicas até hoje.
Comece por - só tem dois discos por hora, os dois ótimos (Funeral e Neon Bible) pode ouvir em qualquer ordem mas escuta os dois!
terça-feira, 13 de maio de 2008
Cocaine
Mas se alguém perguntar qual é a minha opinião pessoal é exatamente essa, poderia ter sido escrito por mim.
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PS nada a ver com o assunto: eu sou 100% viciado na webcomic novelinha Questionable Content. Todo dia eu ligo o PC e a primeira coisa que eu faço, antes de ler email, antes de abrir o itunes, antes de tudo é ler a tira do dia. No site dá para ler da primeira até hoje. Recomendo!
Da série "Minha Ilha Deserta Privativa" - The City Sun Sets Over Me
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Sabedoria Popular Musical
Gosto não se discute = eu gosto de um monte de porcaria (:-D nada contra gostar de porcaria na verdade mas por favor saiba que é porcaria)
Eu gosto só no carnaval ou eu gosto só para dançar = eu gosto mas estou com vergonha de admitir
Eu não escuto muito mas é legal = eu odeio mas não quero te dizer com medo de te ofender
Se é ruim como vendeu X milhões? = dê uma sacada na tabela de mais tocados no Brasil (Wanessa Camargo, Sorriso Maroto, Aviões do Forró, Belo, MC Créu, Callipso etc)
Boa era a música do meu tempo = eu parei de acompanhar música em 1976 e a culpa é da música não minha
Mas eles tocam pra caralho! = não tem nenhuma música que presta mas o cara sabe tocar guitarra rápido
Você é brasileiro tem que gostar de samba e mpb = então eu sou mineiro e tenho que gostar de clube da esquina e sou belohorizontino e tenho que gostar de J Quest e agora que eu mudei de bairro eu só posso escutar músicas feitas no São Lucas?
Mas isso é de raiz! = beterraba também
Da série Random Music - Tanz Debil
Tive uma experiência parecida com o Einstürzende Neubauten (pronúncia: !%$¨#$¨&** Nóibáuten - não conheço ninguém que sabe falar a primeira palavra direito). Ouvi pela primeira vez numa fita VHS que eu vi na casa de um amigo quando eu tinha uns 15 anos. A fita tinha um show da Diamada Galas (basicamente uma vampira que faz música só com voz e piano muito mais black metal que as bandas de black metal) e um show deles. O show do Neubauten consiste em uns alemães gritando em um palco espancando todo tipo de objetos (carrinho de supermercado, serrando madeira, sacudindo um monte de areia, já usaram até turbina de avião). Às vezes tinha um pouco de baixo acompanhando tudo isso de uma maneira super minimalista.
"Neubauten" significa algo como "prédios novos". Lá em Berlin eu vi o que são os Neubauten: são conjuntos de prédios que existem pela cidade que foram construídos após a segunda guerra para repor parte dos que foram destruídos. O alemão entende "neubauten" como "prédios de qualidade inferior feitos de qualquer jeito na pressa". Na semana em que a banda começou um deles inclusive havia desabado, daí batizaram a banda de "prédios novos caindo". Começaram em 1980 com a missão declarada de "destruir a música". E tentaram bastante.
A primeira concepção errada sobre a banda é que é só uma porção de barulho para ser escutada por gente sem noção. Se fosse só barulho eu próprio não iria querer escutar isso de jeito nenhum. O que eles fazem nos primeiros discos é levar para a música, de maneira extrema, o conceito que existe na pintura de "textura". Sabe quando você vê um quadro impressionista que não tem nenhum desenho definido, somente o uso de cores e pinceladas que gera uma textura mesmo, como se aquilo fosse um material ou uma parede que ao passar a mão vai te passar alguma sensação bem definida? Você não precisa tocar, visualmente o quadro é capaz de te expressar essa sensação, e esse conceito também pode funcionar na música: sem "direção" ou "estrutura" aparente aqueles sons estão te transmitindo uma sensação muito definida. Só que as "texturas" utilizadas pelo Neubauten são definitivamente estranhas, desconfortáveis, intensas e pesadas; por isso não é uma banda que qualquer um vai gostar, e aliás "qualquer um gostar" nunca foi o objetivo deles. Eu andei bastante por Berlin escutando a banda no Ipod e vi que é um som que combina com a cidade, principalmente quando você vê os pedaços um pouco mais dark - estamos falando de uma cidade que já foi completamente arrasada por bombardeios.A banda junto com algumas outras da época que faziam algo parecido - o Throbbing Gristle por exemplo - vieram a definir o som que ficou conhecido como "industrial", que era música que se utiliza de barulhos de indústria mesmo (aliás foram das primeiras bandas e se utilizar muito de música eletrônica também). Hoje esse termo foi totalmente recontextualizado e quando alguém fala de industrial normalmente quer dizer "música pesada eletrônica", alguma coisa como Nine Inch Nails.
De qualquer maneira gradualmente na carreira eles foram sim se tornando mais musicais - cada disco um pouco menos "barulhento" que o anterior" - o hoje o Neubauten é algo completamente diferente. Ainda é e sempre será aventuroso, minimalista e interessante, sempre utilizará sons não convencionais e não terá medo de errar, mas agora os utiliza de maneira mais sóbria e bem feita, muitas das músicas mais BONITAS (a palavra é essa mesmo) que eu conheço são do Neubauten. Recomendo muito a todos, eu gosto bastante de todos os discos - mas não vou ficar sentido se voce não conseguir gostar. :-)
Comece por - Ende Neu
Disco mais Neubauten - como a banda mudou muito fica difícil, mas como um bom "meio termo" eu diria o Tabula Rasa
Disco bonitão - Silence Is Sexy
Não comece de jeito nenhum - pelo Kollaps ou pelo Zeichnungen des Patienten O. T.
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Semana Trilha Sonora - Sexta Feira
"Trainspotting " é uma gíria que significa "à toa", no sentido de "não estou fazendo nada". Olhando os trens. Um dos melhores filmes que eu já vi tem uma das melhores trilhas que eu já ouvi. Antes de tudo é a cara do filme - música que um bando de viciados em heroína marginais europeus fãs de Iggy Pop da segunda metade da década de 90 escutaria. Metade rock indie e metade eletrônico, com um foco na Europa (mais umas aberturas para NY), mesmo sem o ótimo filme é simplesmente um disco detonante de ouvir - poderia ser uma playlist que você fez para colocar numa festa ou para ouvir sozinho, funciona do mesmo jeito. Tem todos os classicões - Iggy Pop, Brian Eno, New Order, Lou Reed, Pulp, Undeworld - se eu citar tudo que eu gosto que tem na trilha vou ter que escrever aqui faixa por faixa. Tem 2 cds - no mínimo obrigatórios.
Stubbs The Zombie
Mais outra trilha de videogame ("viciado", ok), essa pode até não ser a minha preferida das que eu citei mas é com certeza a que eu mais escuto hoje, e por um tempo foi obrigatória em toda festa que eu fui. Primeiro você é obrigado a respeitar um jogo em que VOCÊ é o zumbi e deve comer cérebros dos humanos idiotas - que caem mortos e depois viram mais um zumbi para te ajudar. Segundo a idéia da trilha foi ótima - (boas) bandas novas tocando só músicas da década de 50. Mesmo se não conhecer as bandas você com certeza conhece as músicas, desde Cake tocando Frank Sinatra, passando por Flaming Lips tocando a música do espantalho, Death Cabbie For Cutie (que eu nã sou muito fã) fazendo uma ótima versão da música do bailinho do De Volta Para o Futuro e outras coisas que eu gosto muito - Dandy Warhols, Raveonettes, Walkmen etc. Dá uma ouvida pelo menos por curiosidade (e o pessoal do XBOX devia jogar isso!).
Pulp Fiction
e
Kill Bill
e
Deathproof
Já reparou como as trilhas do Tarantino fazem a mesma coisa que os filmes? Como os filmes, são obcecadas com a década de 70, mais especificamente com coisas obscuras, esquisitas e acima de tudo esquecidas setentonas - isso vale tanto para os atores que ele usa, para os estilos que se apropria (filme de kung fu, pulp, grindhouse) quanto para as escolhas das trilhas - desde surf music até Nancy Sinatra. E quando não é 70 é alguma coisa muito moderna que lembra muito algo da época - a música Chick Habit que toca no fim de Deathproof é de uma garotinha indie francesa (April March) que só tem 2 discos. E o homem tem bom gosto - quem não escutou pra caramba a trilha do Pulp Fiction? Eu já vi ele declarar que normalmente pensa os filmes através da trilha, ou seja, primeira começa a imaginar as músicas que quer usar e depois cria cenas para essas músicas. E a jukebox que aparece no Deathproof é dele, com os nomes das músicas anotadas à mão e tudo.
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Ficam aí 25 sugestões de trilhas que eu gosto bastante... quem lembrar de alguma legal que eu não conheço fala pra mim, quando eu largar o Adore/Machina/Machina II eu escuto :-D
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Da série "random music" - os discos ignorados dos Smashing Pumpkins
Como a grande maioria do público deles, meio que deixei eles um pouco de lado após o Mellon Collie, quando a banda mudou bem abruptamente de imagem (começaram a andar de um jeito total gótico e dark o que curiosamente não se refletiu na mudança do som deles, que não ficou necessariamente mais sinistro).O som mudou bastante também, incorporou muito mais eletrônico e ficou menos rock - mais para pop eletrônico com algumas músicas difíceis.O Billy Corgan, no fundo, é um puta guitarrista, um compositor muito bom que toca de tudo, faz músicas fortes quando quer (acho que todo mundo tem pelo menos uma música deles que gosta muito), não tem medo de experimentar e no geral leva a banda para o lado certo - ou no mínimo para lados interessantes. A onda do Smashing Pumpkins de um som pesado quase metal misturado com pop indie bem viajante e sonhador é meio que única; e a combinação das guitarras com o baterista ótimo deles é marcante pra caramba.
Mas ele também é um babaca arrogante, muitas vezes insuportável, fala muita merda desnecessária na imprensa (não me surpreende nada parte da banda não querer voltar a tocar com ele) e quando começa a se levar a sério demais é quando leva a banda para direções idiotas - tipo a mudança de imagem que eu citei ou a insistência em só fazer discos gigantescos, mesmo quando não tem necessidade.
Dito isso, só nas últimas semanas eu resolvi escutar os discos deles que eu não conhecia bem (entre o Adore e o Machina II) e, sinceramente, tive uma ótima surpresa.Todos eles se mostraram melhores que as minhas expectativas. Sinceramente? BEM melhores que minhas maiores expectativas. O mais triste é que o lançamento deles coincidiu com o declínio comercial da banda, o que acabou influenciando na separação.
O Adore é delicado, bonito, moderno, experimental e é excelente; o Machina é forte, marcante, variado, bem feito e é excelente; e o Machina II é direto, pauleira, também bem feito e em alguns momentos comovente; e também é excelente.Aliás, o Machina II, ainda em 2000, foi o primeiro disco de banda grande que eu tive notícia que foi feito com o propósito de ser liberado de graça na internet, até hoje não existe versão comercial dele. Estavam putos com a gravadora.
Adoro quando uma banda que eu achava já "mapeada" e "compreendida" na minha cabeça me surpreende. Ótima surpresa. Tem algumas semanas que tenho ouvido quase só esses 3 discos e tem me bastado.
Nota: gosto do Zeitgeist (disco da volta deles agora), partiram para uma onda "música direta pesadona sem firula olha o que eu e minha banda fizemos trancados num porão" que sempre me dá a maior vontade de tocar quando eu escuto.
De vez em quando acontece de compensar botar fé em coisas que você normalmente ignoraria. Fica a dica...
Semana Trilha Sonora - Quinta Feira
Excelente filme sobre a Factory, gravadora montada em Manchester no início dos anos 80 que era totalmente sem noção - contrato garantia 50% pro artista e liberdade total, assinavam em um papel com sangue - e que veio a lançar o Joy Division e o New Order, os Happy Mondays e um montão de coisa bacana.Além disso é também a história do Haçienda, clube noturno fundado pelo dono da gravadora (Tony Wilson) que foi um dos berços da cultura do dj-música eletrônica-ecstasy na Inglaterra. Recomendo demais o filme para quem não viu.E a trilha também. Basicamente resgata as bandas da Factory, que se mostrou ser uma gravadora foda, na sua maioria música eletrônica - Durutti Column, A Guy Called Gerald, o próprio New Order ou os Chemical Brothers fazendo remix deles.Presta homenagem ao punk inglês que deu origem a essa confusão toda - tem Sex Pistols, Clash e Buzzcoks, fora os classicões (muito Joy Division e Happy Mondays). Ótimo ponto de partida para começar a gostar de "Madchester".
Donnie Darko
Um dos filmes recentes que entrou na minha lista de favoritos - filme adolescente + surrealismo + terror + física quântica (!) - nem precisava ter uma trilha boa, mas esse fez uma coisa que não é tão fácil quanto parece: mostrar que o pop dos anos 80 não foi feito feito só de porcaria.Começa com Echo And The Bunnymen então você já sai sabendo que o filme deve ser bom e a trilha já é. Daí tem até Notorious do Duran Duran (tá, eu gosto hehehe), INSX, Oingo Boingo e o Joy Division de novo. E ainda fez a proeza incrível de gerar uma versão boa para uma música do Tears For Fears.Mereceram né?
Purple Rain
Falando em pop dos anos 80, vi Purple Rain recentemente (não havia visto quando criança como todo mundo). É legal ver só depois de adulto e horrorizar como o cinema mudou de lá para cá - a onda de caretice dos gringos piorou e não deixaria esse filme sair hoje nem fudendo, pelo menos não sem mudar muito.As cenas de sexo são bem hardcore para hoje (mão na precheca!) e o personagem do Prince é um escroto, basicamente o que ele faz no filme é bater na namorada (ato que não gera consequências e ele ainda fica com a menina no final), ver o pai bater na mãe e ficar mandando os membros da banda dele calarem a boca e só tocarem o que ele manda ("não vamos tocar essa música estúpida sua, já disse!").Aliás, já mencionei que eu acho o Prince foda (o músico não o personagem do filme)? Puta guitarrista e tem a cara de ser inescrupuloso o que sempre dá pontos extras. As músicas do Purple Rain foram compostas para o filme para a banda dele tocar, e acabaram nessa brincadeira gerando se não o melhor disco dele um dos top 5. Prince comanda e quem ainda não aprendeu isso ainda acaba admitindo no leito de morte :D
Batman
Outro que eu (neste caso revi) recentemente. Pô, a trilha do Batman é ótima! Outra do Danny Elfman, música orquestral sinistra e super marcante, mil anos depois de ver o filme (eu tinha 9 anos!) quando começaram a tocar as músicas eu lembrei de todas na mesma hora.Reza a lenda que os produtores queriam que o Prince e Michael Jackson compusessem as músicas, mas o Tim Burton não deixou dizendo que os filmes dele "não são Top Gun". Acabou que os próprios produtores gostaram tanto que iam para o estúdio só para colocar o telefone perto da orquestra e mostrar para os amigos.
Pausa aleatória e sem sentido: sempre achei baboseira esse papo de "Batman e Robin são gays" até ver o quadrinho abaixo de uma revista de 1954:
UAHUAHAUAUAHHAUAHUHAH
Trilhas de Anime
Tenho muitos amigos que gostam das músicas dos animes que assistem, baixam e escutam e tal. Eu acho 99% delas um lixo. Normalmente é pop japonês (Jpop) bonitinho e açucarado e mal feito e infantilóide e chatérrimo.Mas existem exceções que valem ser citadas:
Cowboy Bebop - toda feita de jazz, muito bacana. Os capítulos do anime eram pensados para acompanhar a música e não o contrário.
Furi-Kuri - o desenho em si já é todo rock and roll e a música é quase toda dos The Pillows, banda japonesa de punk pop divertidaça.
Ghost In The Shell - música japonesa tradiconal etérea e viajante misturada com eletrônico
Hellsing - bastante rock também, foi a primeira trilha de anime que me interessou o suficiente para baixar
Death Note - a música de abertura do início era de uns japa farofeiros chamados Nightmare e se encaixa na descrição do início desse post, mas depois colocaram uns japa death-metal-core malucos chamados Maximum The Hormone, valeu por eu ter descoberto a banda.
Ergo Proxy - só porque toca Radiohead
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Mas... não eram as letras deles que eram burras?
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ninguém nunca pensou que esse ia sobreviver
garoto indefeso vai andar com uma batida por trás
te prendo em um sonho e nunca te deixo ir
nunca te deixo rir ou sorrir, você não
Eu só quero andar para fora desse mundo
porque todo mundo tem um coração venenoso
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cada gota de sangue pode ser tão bonita
e eu tenho certeza que estava sangrando baldes
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intoxidado pelas orquídias que sobraram no jardim
lábios pintados de espinhos provam as últimas gotas de vida
às vezes acho que minha alma é incansável como o vento
espalhei cocaína no chão quando não tinha ninguém olhando
fechei os olhos e me deixei dormir
não existe escolha nem diferença
ninguém parece notar
talvez eu tenha nascido para morrer em Berlin
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Semana Trilha Sonora - Quarta Feira
Filme bacanaço do Bernardo Bertolucci, Beleza Roubada acompanha a viagem da Lucy (Liv Tyler) à Itália depois da morte da mãe onde tenta descobrir, entre artistas que moram numa espécie de casa de campo, quem era seu pai.Os filmes do Bernardo Bertolucci são acima de tudo bonitos: você pode pausar a imagem em qualquer momento, imprimir e colocar como um quadro na sua parede. Esse filme vai ser sempre inesquecível também porque se dependesse da Mirian eu teria que assistir ele umas 4 vezes por dia (acho que ela faz isso quando eu estou longe). A trilha é super legal porque se parece com o "mundo da Lucy", ouvir as músicas do disco é como passear dentro da cabeça dela. Por isso começa com jazz (tem Nina Simone e Billie Holiday), passa por rock (Hole e Liz Phair), funk (Stevie Wonder) e termina em eletrônico (Portishead).Recomendo demais (a trilha e o filme), e a Mirian não vai mais ser sua amiga se você não ouvir.
A Noiva Cadáver
Detesto musicais. É imcompreensível para mim como alguém acha divertido ver um filme qualquer em que até para comprar um pão você tem que cantar na padaria e ver um monte de padeiro fazendo uma coreografia para te entregar ele. Mais incompreensível ainda é que eu nunca conheci ninguém na vida que diz gostar de musicais e o genêro não morre.Dito isso, A Noiva Cadáver deve realmente ter alguma coisa, porque além de ser um musical que eu gostei é o único que me fez querer ouvir a trilha. Composta pelo Danny Elfman (lembra do Oingo Boingo?) um dos compositores mais fodas de hollywood - pô ele que fez a música dos Simpsons - gosto da onda macabro-divertida do Tim Burton, as músicas são carismáticas porque os personagens também são (e porque o Elfman comanda) e as letras comandam:
Die, die we all pass away
But don't wear a frown cuz it's really okay
And you might try 'n' hide
And you might try 'n' pray
But we all end up the remains of the day
Grand Theft Auto
Videogame é a mídia que recebe a maior carga de preconceito - são coisa de criança, são coisa de viciado (passe duas horas vendo tv e isso é normal, passe duas horas jogando videogame e você é um "viciado"), é isolacionista, te deixa sedentário e simplesmente mal feito.Depois que eu joguei Xenogears (jogo do Playstation 1), que tinha um enredo mais profundo que tudo que eu vi no cinema naquele ano, me convenci que videogame pode ser até arte; o advento da internet deixou videogames com o foco hoje até mais social do que solitário; o Wii provou que podem ser usados até contra o sedentarismo; e eu nunca vou conseguir fazer meus pais entenderem já deixou de ser coisa de criança faz uns 20 anos (a idade média atual do jogador de videogame é algo em torno de 30 anos).Essa é mais uma trilha de videogame que comanda, mas dessa vez feita só de músicas licenciadas.Todo GTA se passa em uma época diferente e as estações de rádio que você pode ouvir no jogo acabam funcionando como uma ótima coletânea da época em que se passa o jogo - é tanta coisa que as trilhas do GTA são vendidas em caixas de vários cds, normalmente divididos pelas estações de rádio (country, pop, eletrônico, rock etc).Recomendo especialmente a do Vice City (anos 80) e San Andreas (anos 90). O GTA novo ainda não conheço...
Juno
Não quis deixar de citar a trilha de Juno, mas justamente porque eu não gosto dela. Ela está em evidência, vendeu pra caramba e cumpriu a nobre missão de mostrar para uma pancada de gente que nem suspeitava que existe todo um "universo paralelo" de música atrás da cortina de onde as bandas emo e as milhões de "muiesinha do R&B" estão tocando.Pena que selecionou exatamente o tipo de indie rock chatinho e sonolento que justamente afasta as pessoas da música alternativa - numa boa, Belle & Sebastian e Moldy Peaches são um pé no saco.Mas tem coisa que salva - Sonic Youth tocando Carpenters no cover mais genial do mundo, Velvet Underground (outra banda que merece um post para ela), Kinks e Buddy Holly.
9 Songs
Já 9 Songs tentou fazer o mesmo que Juno (botar na luz bandas de rock indie que mais gente devia conhecer) mas com escolhas muito melhores - Dandy Warhols (muito foda e usa uma da melhores músicas deles), Primal Scream, Black Rebel Motorcycle Club e mais coisa legal.Boa introdução para quem ainda não conhece bem e quer sacar o que é esse lance de indie rock.O mundo ainda não estava preparado para o lance de "filme pornô que não é pornô" e não foi hit - na verdade o filme também não é mesmo grande coisa. Vale pelas performances das bandas, no fundo é um filme para ver depois que você já gosta delas. Escute a trilha antes.
terça-feira, 6 de maio de 2008
Da Série WTF? - Dee Dee King
1988. Dee Dee Ramone, que sempre foi o mais junky, o mais louco e não por coincidência o melhor letrista dos Ramones deixa a banda e decide ser rapper. De novo: Dee Dee Ramone decide ser RAPPER. Adota o nome de Dee Dee King e sai cantando contra as drogas.
"Mas eu não era muito bom nisso" - palavras do próprio.
http://www.youtube.com/watch?v=_MVU09o0fPY
Depois o cara me morre com mais de 50 anos de overdose de heroína. É tipo, seu pai morrer de overdose de heroína.
Resumo desse post: não.
O homem está frenético
http://dl.nin.com/theslip/
Pessoas espertas como ele já sacaram que as gravadoras já morreram. Nada mais que questão de tempo.
UPDATE
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Escutei hoje o dia inteiro no repeat. :-)
Semana Trilha Sonora - Terça Feira
Um dos meus filmes preferidos do meu diretor preferido (já deu para perceber que é o David Lynch né), tive que ver Lost Highway umas 15 vezes e passar muitas noites discutindo ele em mesa de bar para conseguir entender direito o filme (ou me iludir que eu entendi).O David Lynch disse ter tido toda a idéia do filme nas sensações que ele sente dirigindo por auto estradas vazias à noite, experiência que eu tenho passado bastante já que estou em deslocando 900 km por semana para trabalhar. A outra viagem que foi incorporada no filme é a vontade de ser outra pessoa e/ou de recriar sua vida do zero, especialmente entre quem está com algum grande problema nas mãos.O filme é um dos mais noir do David Lynch, é bem dark (para mim é um filme de terror) e muitíssimo surreal.Junte essas idéias e você pode imaginar a trilha: ansiosa, misteriosa, dark, surreal, etérea, criativa e excelente. Talvez a minha trilha sonora preferida.Quem compilou ela foi (novamente) o Trent Reznor. Diz ele que o David Lynch chamou ele num canto do set e mostrou para ele um pedaço de carne que havia caído no chão e um monte de formigas e outros insetos que estavam rastejando e devorando ele. "Assim que eu quero que seja a trilha desse filme".O Trent Reznor usou desde Tom Jobim (Insensatez, puta música melancólica) até Rammstein,e novamente fez uma das melhores músicas do Nine Inch Nails para um filme (neste caso, The Perfect Drug); tem uma das melhores músicas do Smashing Pumpkins na minha opinião (Eye). Tem bastante Angelo Badalamenti, que é compositor de quase todas as trilhas do David Lynch e um dos melhores compositores de trilhas sonoras no geral para mim. Trabalha principalmente com jazz surreal e para mim ele faz na música algo próximo que o Lynch faz no cinema.O início do filme, enquanto toca I'm Derranged do David Bowie (maravilhosa) é uma das aberturas de filme mais marcantes que eu já vi.PS: eu tenho um gigantesco ódio particular de imbecis que dirigem de maneira sem noção na estrada, por isso a cena do filme em que o Mr. Eddy (um mafioso) é colado e depois fechado e se vinga do motorista fdp é uma das minhas cenas preferidas da história do cinema. Pqp agora me deu vontade de ver esse filme de novo!
A História Real
Já que estou falando de David Lynch, vou aproveitar e mencionar outra trilha que eu amo. A História Real (The Straight Story) chama atenção por três pontos principais: primeiro, porque apesar de surreal é de fato uma história real, de um fazendeiro que atravessou do Iowa até o Wisconsin dirigindo um cortador de grama. Segundo, porque é um filme bonitaço e excelente. E terceiro, porque é com ele que o David Lynch prova que não precisa se repetir e que ele consegue fazer um filme bom seja qual for a temática ou o estilo; esse filme não tem as marcas dele (surrealismo, clima dark etc) e é tão bom quanto os seus outros filmes.A trilha sonora é toda do Angelo Badalamenti, que eu já elogiei acima. Em vez de trabalhar com jazz ele entra na viagem do filme e faz um trilha bem rural e tanquila, muito bonita, intrspectiva e acima de tudo imersiva. Basta ouvir a sanfoninha que ele usa na música que toca enquanto o velho viaja pela estrada que você - onde estiver, e fazendo o que estiver fazendo - se transporta na hora para um lugar mais calmo, tranquilo e bonito. Você sai da sua cadeira no trabalho e vai sentar num cortador de grama que está viajando na estrada.Como Blade Runner, essa trilha não vai ter um décimo do significado para você se não ver o filme antes - e como Blade Runner, se não viu, você está errado. :-)
Legend of Zelda - The Twilight Princess
E uma vez que estou falando de trilhas imersivas, vou chutar o balde e não vou deixar de mencionar essa triha feita para um jogo de videogame. Isso mermo!Quando eu joguei Zelda estava numa fase ruim de indefinição na vida, foi quando eu estava transicionando de tentar com minha empresa, que não estava dando muito certo, para voltar a trabalhar para os outros. É claro que foi confuso e um pouco deprimente e meu refúgio para esquecer minha vida um pouquinho era Zelda.Não quero ficar fazendo review de videogame aqui, para entender porque eu coloco essa trilha entre as trilhas de cinema basta saber que é o jogo mais imersivo do mundo. Sério. Foi o único jogo de videogame na minha vida que eu por vezes ligava não para avançar com a história mas só para montar no cavalo e sair cavalgando pelo mundo, vendo as paisagens e as criaturas que vivem lá e conversando com os personagens. Até hoje eu tenho vontade de fazer isso.A trilha, além de ser formada de músicas orquestradas maravilhosas, é tão imersiva quanto o jogo. Eu gostava de trabalhar ouvindo as músicas do Zelda e entrava dentro do mundo de Hyrule na mesma hora.Resta saber se ela vai ser relevante e bonita mesmo para alguém que não jogou. Se alguém animar a tentar me avise qual foi o resultado.
Party Monster
(Ótimo) filme do Macaulay Culkin que mostra a história (real) dos amigosa bicha loucas Michael Alig e Seth Green, que eram promotores de festa em Nova Yorke e foram (parcialmente) responsáveis pelo surgimento (ou pelo menos da definição do que hoje entendemos por) a cultura rave, as festas exageradas e o culto à música eletrônica.O uso de drogas desses dois no filme em níveis absurdos (eles colocavam uma bandeja cheia de pílulas no forno e esse era o "jantar") foi diminuído em relação ao real por medo do público achar que o mostrado no filme era irreal. Quando teve uma de suas overdoses Michael Alig saiu da cama do hospital carregando o soro no braço e deu uma festa em que todo mundo tinha que ir vestido de médico e enfermeira.Hoje está na prisão porque matou seu traficante. A trilha acompanha essa época de abusos surreais e festas sem controle do fim da década de 80/início da 90 e tem muito eletrônico excelente, não necessariamente desta época - usaram muita coisa mais moderna que veio depois também.Na verdade funciona como ótima coletânea para quem quer conhecer alguns dos destaques do eletrônico dos últimos anos - Vitalic, Felix Da Housecat, Ladytron, Miss Kittin, Scissor Sisters - e tem umas coisas mais velhas dançantes tb - Dead Or Alive, Pet Shop Boys (que eu não gosto), até Nina Hagen.
Spawn
Um personagem legal, um filme não tão legal e uma trilha com uns 50% de acerto como a do Matrix. Mas quando acerta, acerta muito.A idéia da trilha do filme do Spawn era misturar sempre uma banda de metal com produtores famosos de música eletrônica e ver no que dá. Gosto da idéia e poderia ter dado mais certo se as escolhas fossem melhores, mas tentando acumular o que era popular na época acabaram selecionando algumas coisas meia boca ou ruins mesmo - Incubus (meia boca), Silverchair (lixo total), Metallica (eu sei que tem muita gente que gosta, eu só gosto do primeiro disco), Korn (mesmo caso).Mas quando acerta detona - é o único cd em que você pode ouvir coisas absurdas como Slayer tocando junto com Atari Teenage Riot, Butthole Surfers com Moby, Prodigy com Rage Against The Machine, Henry Rollins com Goldie ou a melhor música "Can't You Trip Like I Do" que acabou sendo talvez a melhor música do Filter, feita junto com o Crystal Method. Escuta pelo menos essa.