sexta-feira, 31 de outubro de 2008

RESUMINDO

Outubro/08 foi um inferno.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Top 5 Shows Onde Eu Mais Me Machuquei

Já que eu ando falando do relacionamento entre dor física e música...

Já presenciei:
- nego quebrando o nariz na minha frente tomando um socão na cara de soco inglês num mosh no show do Sepultura
- nego pulando do palco e a moçada abrindo e indo diretaço de cabeça no chão, entrando em convulsão na poça de sangue dele
- Nego subindo em cima de torre de amplificador tipo 5 ou 6 metros e se jogando de lá para resultados não muito bonitos
- nego rodando corrente, deitando no chão por querer, ficando em pé de olho fechado e outros comportamentos bizarros no mosh. Nenhum deu certo.

Hoje sou véio e comportado e vou no show do Interpol. No show do Interpol ninguém se machuca.

Meu top 5 pessoal é:

5 - Jon Spencer Blues Xplosion no Eletronika empatado com Guitar Wolf na Obra: nem tanto me machuquei mas foram os shows que mais demandaram fisicamente falando. Multidão insana te jogando de um canto para outro sem respirar pela duração inteira do show. Eu vi o palco desses dois shows de todos os ângulos que existem - acho que até de cima e de baixo. Vale pela energia de ir em uns 5 Sepulturas ou em uns 250 Chico Buarque.
4 - Raimundos na Gameleira - Raimundos na época em que era legal (segundo disco), lugar gigantesco de terra - poeira subindo e público louco quebrando tudo. Meu amigo Carlos Javali que é tipo 10 vezes maior que eu só me puxando para os moshs mais selvagens e o amigo dele Leandro bêbado idiota indo. Saí com um desenho de caveira do anel de alguém imprimido direitinho no meu braço. Meu estado geral impediu de moshar depois da quinta ou sexta música. Lá para sétima eu voltei :-)
3 - Losc em Geral - as histórias do Losc são infinitas então não vou me alongar, mas listando as duas piores, cair de costas retas igual bambu verde batendo a cabeça no chão e arrebentando duas cordas de uma só vez e ser jogado umas 4 vezes em cima do amplificador por um cara (em quem eu dei uma botinada na cara)
2 - Mukeka di Rato no Alcatraz - o vocalista do Mukeka é enorme e pesado. E literalmente caiu em cima de mim. E resolveu cantar o resto da música caído no chão. E eu juro que tentei sair mas não estava conseguindo respirar. Não foi bonito.
1 - Dog Eat Eat/DFL na Trash - Não são duas de minhas bandas preferidas, mas foi um dos melhores shows que eu fui na vida, tirando o fato de algum fdp pular do palco exclusivamente em cima de mim me fazendo arrebentar a língua e voltar para a casa com a camisa branca vermelha de sangue.

Nota: depois de uma semana de sofrimento tô começando a melhorar :-)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Música para ouvir doente

Desde sexta feira 3:00 da manhã - quando fui parar no hospital para só sair no outro dia de tarde - tenho alguma treta que ninguém sabe o que é. Parece muito com pedra no rim - inclusive com a dor de dar vontade de morrer e tudo - mas ao contrário da outra vez a dor é constante e já dura dias. Estou basicamente fazendo tudo à base de analgésico, e mesmo ele não segura o diabo da dor inteira. Amanhã vou no médico olhar isso com profundidade, torce para mim. Aposto que é consequência desse perído sujeira do projeto Conan.

Como estou constantemente medicado e com um incômodo físico fudido meu mundo está leeeento e devagaaaar e bem desanimado e cinzento e um pouco angustiante também. Pensei em registrar aqui como esse estado alterado está se traduzindo nos meus hábitos musicais já que esse afinal é o assunto desse blog.

Primeiro, minha falta de energia não me deixa produzir música. Não consigo pegar na guitarra e não consigo absorver muita coisa nova por agora. Consigo escutar algumas coisas que descem macio e devagar e que no geral me são familiares. Então fica a dica de discos para você escutar quando também estiver ferrado - aceito também suas sugestões:

The Cure - The Head On The Door - ápice da época pop do The Cure, em breve vou escrever sobre toda a discografia deles
Sigur Rós - () - um dos discos abstratos mais lindos que eu conheço, ou dos discos lindos mais abstratos do mundo
Velvet Underground - Loaded - um lado mais quente, leve e bem humorado do Velvet
Breeders - Mountain Battles - excêntrico e meio vira lata, mas também interessante e relaxado tipo o próximo da lista. Parece inofensivo nas primeiras vezes mas vicia muito mais que você esperava: deveria ser vendido como substância controlada
Walkmen - You And Me - excêntrico e relaxado no melhor sentido possível
Panda Bear - Person Pitch - eternamente recomendado em momentos de stress
Elvis Presley - basicamente tudo - Elvis é seu amigo e fala com você e te entende quando você está doente

É isso aí. Vou me retirar para meu sofrimento :-)
Me manda uma energia boa de onde você estiver

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Da Série Random Music - Eu Quero Ser Seu Cachorro

Desafio à ciência: por favor me explica como diabos esse cara sobreviveu.

Já saiu errado crescendo num trailer no subúrbio de Michingan. Andava com cabelo comprido até que foi obrigado pelos pais a cortar e mandou o barbeiro cortar o cabelo dele igual ao dos 3 patetas; foi batera de uma banda de blues (The Iguanas) de onde roubou seu nome artístico (Iggy). Foi viciado em heroína e orgulhoso disso basicamente a vida inteirinha. E quando no início da década de 70 formou os Stooges nascia uma espécie de monstro que nunca atingiu muita popularidade mas mudou para sempre a música.

O Iggy Pop disse só ter entendido o rock quando foi ver um show dos Doors numa universidade e o Jim Morrison chegou completamente bêbado/louco/caindo, insultou todo mundo, cantou todas as músicas num falsete irritante (uahauahuaha imagina ele fazendo uma vozinha de mulher no lugar daquele gravão dele) e foi expulso e quase espancado. A reação do garoto foi "YES"!
Quando iniciou os Stooges, a idéia era fazer uma espécie de rock diferente muito simples e primitivo baseado nos mínimos elementou possíveis que deveriam ser repetidos ao máximo para criar uma espécie de transe. Sem contar que isso era algo atingível para uns garotos que não sabiam tocar nem 3 acordes e nunca se importaram com isso. Você vê nos clássicos dos Stooges essa idéia - normalmente tem algo tipo 3 notas que se repetem de novo e de novo e isso é a música. Poderia ter saído horrível, mas por aquelas coisas que ninguém explica conseguiram fazer e realmente ficou um som meio esquisito e hipnótico - e a presença do Iggy fez essa base simples pegar fogo. Até Miles Davis mais tarde reconheceu ser fã de Stooges.

Iggy Pop é um cara que habita um mundo próprio - um mundo paranóico, violento, bizarro, confuso, engraçado, psicopata, tenso e muito rock. A referência para presença de palco imbatível até hoje é desse cara - quer exemplos? Tocava pelada batendo o pinto no microfone (e ainda dizem que é grande), quebrava garrafas no palco e rolava em cima dos cacos de vidro, andava em cima das mãos estendidas das pessoas lambuzado de manteiga de amendoin, arrumava brigas com membros da platéia (no último show dos Stooges desafiou uma gangue de motoqueiros inteira no rádio a ir no show - e foram - e ele tomou porrada demais), beijava as mulheres na boca, isso quando a heroína não fazia ele capotar no palco com 5 minutos de show e ele ter que sair de ambulância (aconteceu várias vezes). Tem um vídeo no youtube de um show que ele abriu para a Madonna e ela aparece pedindo para por favor não encha meu palco de vidro porque eu vou dançar nele. Na vida pessoal chegava ao ponto de amigos andarem com ele em uma coleira - de tão louco e fora do ar que estava.

Stooges era estranho demais para a década de 70 - ainda dominada pela palhaçada hippie - e era no fundo uma banda de outsiders. Frequentemente simplesmente escutar Stooges te deixava isolado na escola. Os caras dos Ramones se tornaram amigos pelo simples fato de serem todos eles fãs de Stooges. Demorou uns bons anos para as pessoas se tocarem que nessa brincadeira a banda basicamente inventou o punk rock. E muito anos antes de Ramones/Sex Pistols/The Clash.

O negócio é que esse tipo de banda sempre é fadada a auto destruição, e rápido. No caso deles durou 3 (maravilhosos) discos, entre eles o Fun House, batizado com o nome da mansão onde eles viviam ("viver" para eles provavelmente tinha um conceito um pouco mais extremo que o seu) e é para mim o caos em si capturado em poucos minutos (e todo gravado de uma vez só, sem overdub). Cansado da piração e sem banda, Iggy Pop se auto internou no hospício.

E lá estaria até hoje se o David Bowie não literalmente entrasse lá e assinasse os papéis tomando Iggy como sua responsabilidade. De quebra botou ele para gravar, tocou no disco e ainda saiu em turnê junto. O som do Iggy Pop continuou com a mesma personalidade mas trocou lado pesado por um pop meio maluco e experimental, mas muito estiloso e divertido - não muito distante do som do próprio David Bowie. De tempos em tempos estoura uma música legal dele, o som foi ficando gradualmente mais pop na veia, muitas viraram clássicões inegáveis dos anos 80 daquelas que todas as pessoas do mundo conhecem - Lust For Life, Candy, The Passenger - e os anos foram passando e o homem continua louco. E por mais pop que seja o som dele sempre tem um vislumbre daquele mundo particular. Fui no show dele e o camarada (com quase 60 anos) foi o único do festival (que tinha Sonic Youth, Flaming Lips, Nine Inch Nails, Fantomas etc) a fazer stage dive na platéia.

Procure os shows dos Stooges da década de 70 no youtube. Dá medo.

Comece por, continue por etc - comece pelos Stoogese vá pela ordem cronológica, são só 3 discos curtos (mais um que saiu por agora porque eles voltaram, mas não compara com os antigos) e depois entre na carreira solo dele, as melhores coisas estão no início. Depois rola um modo "piloto automático"
Bom resumo - Nude And Rude (coletânea foda)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Ska é legal

Ska é o reggae dos punks?
Ska veio antes do reagge rapá! Ska é o estilo que depois de fumar maconha demais os jamaicanos deixaram mais lento e virou o reggae. Originalmente (entenda década de 50) era a mistura do mento e do calypso do caribe com jazz e blues americano.
Música simples e agitada, de protesto feita por gente pobre. Foram tantos os pontos de contato que as bandas punks acabaram se apropriando bastante do ska (e vice versa), desde os anos 70 até a terceira grande onda do ska (normalmente associado com o punk) que teve na década de 90.

Dançante, animado e baseada em guitarras e sopros, rápido e muitas vezes inescrupuloso e bem humorado, hoje tem poucos (bons) exemplos mas o que é bom sempre volta. Essas são as bandas de ska que eu mais gosto:

The Specials - começou em 77 - ano da explosão do punk - e influenciou todo mundo desde The Clash até Rancid. Começou simples e foi ficando gradualmente mais experimental e criativo. Simplesmente a banda clássica que você precisa começar por ela.
Disco bacana: More Specials

Hepcat - lançado pela gravadora do Rancid, jamaicano na veia e bem tradicional e próximo do reggae, mas super divertido e exótico. Nada de punk aqui - e nada de errado com isso.
Disco bacana: Right On Time

Might Might Bosstones - bem punk e agressivo e brincalhão ao mesmo tempo. Vocal roucão que parece de vocalista de metal - ou algum véio rouco do blues. Essa é a minha preferida. Se tiver que escolher uma, escolha essa.
Disco bacana: Let's Face It

Voodoo Glow Skulls - ska misturado não com punk mas com hardcore na veia - rápido e nervoso mas ainda bem ska e engraçado. E ainda tem um vocalista chicanão bizarro e umas músicas em espanhol.
Disco bacana: Baile de Los Locos

Operation Ivy - nomeada a partir de uma série de testes nucleares, a banda que se tornou mais tarde o Rancid foi uma das grandes responsáveis por fazer as pessoas perceberem que misturar ska com punk era boa idéia. Passei a década de 90 inteirinha escutando isso.
Disco bacana: Operation Ivy

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Da Série Playlist - o que anda queimando a bateria do meu Ipod

Pig Destroyer - Phantom Limb

Eternamente confirmando a minha teoria que só existe dois tipo de música - bom e ruim - abri as portas de mais um estilo que nunca gostei de nada, o Grindcore - uma espécie de punk + death metal que é conhecido por a) não ser muito variado b) ser o estilo de música mais rápido do mundo (tanto na velocidade que é tocado quanto na duração das músicas - tipo 50 músicas num cd de meia hora) , c) ser brutal e cabuloso ao extremo, além até do meu extremo e d) basicamente em 99% dos casos são umas bandas esfregando aleatoriamente os instrumentos muito rápido.
Acho que Pig Destroyer é a única banda grind legal do mundo. O nome (segundo eles) é um sinônimo de "Cop Killer" e, ao contrário dos outros grinds que eu conheço, em vez de esfregar os instrumentos tem realmente milhões de coisas realmente acontecendo muito rápido - cheio de nuances e de sacadas bacanas e de lances que tornam a música ainda mais pesada e legal, fora a falta de medo de experimentar (rola uns efeitos esquisitos no vocal, uns tempos quebrados bizarros e por aí afora). Acho que é o máximo que dá para esperar do estilo, e se você não se incomoda com coisa MUITO pesada e MUITO from hell recomendo conhecer.

Sly And The Family Stone - Greatest Hits

Tão importante para o funk quanto o George Clinton e o James Brown, sem contar que é uma das melhores bandas da década de 60, é um crime não conhecer bem Sly And The Family Stone - e eu só me redimi tem pouco tempo. A primeira coisa que chama atenção é o groove mesmo - música espancantemente dançante na época em que ainda se admitia fazer isso com gente tocando em vez de computador, e as pessoas conseguiam mesmo. A segunda é a criatividade e variação - Sly vai de rockzinho 60 a funk rasgado a pop a baladão com naturalidade, daquele jeito que é igual ver o Dave Lombardo tocar batera ou uns caras fodas mandar uns street skate - olhando até parece que é fácil. É um daqueles camaradas que colocaram tudo na música, então você saca as fases feliz dançante até as épocas de paranóia e problemas com drogas se refletindo na músicas de uma maneira estranhamente pessoal ao mesmo tempo em que funciona em uma festa de gente chapando birita e querendo fazer dancinhas divertidas. Demora para acustumar com esse lance esquisofrênico mas eu garanto que é imperdível.

TV On The Radio - Dear Science



Para mim uma das melhores e mais relevantes bandas da atualidade, e uma das poucas que faz um som que eu entendo como "não é a milionésima derivação de alguma outra coisa". TV On The Radio é super difícil de se classificar, não sei que diabo de estilo é aquilo - acho que é algo que só vai receber um nome daqui a vários anos quando finalmente derem valor a quem está inovando agora. O som que na minha cabeça é o do início dos anos 00 é aquele derivado de Strokes, mas o do fim da década é dessa moçada - TV On The Radio, Liars, The Knife, Ladytron e por aí vai.
O que essas bandas tem em comum? Além da vontade de experimentar, uma certa noção de que cada membro da banda é um produtor, e não "esse é o baixista, esse é o guitarrista, esse é o batera". Na verdade todas pessoas que participam da banda são "criadores de música" - e que utilizam qualquer ferramenta, instrumento e influência à disposição. Essas bandas são rock? Sim. Eletrônico? Também. Pesadas? Dançantes? Ás vezes. O que é constante é que todas tem estilo próprio e sepre te surpreendem. No caso específico do TV On The Radio, a onda tende para o funk (funk George Clinton e não funk carioca!!) - mas é uma espécie de funk futurista dançante eletrônico experimental, se você conseguir imaginar isso. Ah, e eles tem um dos melhores vocalistas da atualidade - parece um cantor de soul louco e viciado em David Bowie. O último disco deles - Return To Cookie Mountain - para mim é um dos melhores da década e esse novo conseguiu ser melhor ainda. Se quiser entender o que está acontecendo com o rock hoje, para mim este é o caminho. E também pela milionésima vez: escute Liars!!!!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mushishi

Na escala da vida, partindo do que é que seja a sua fonte, as criaturas mais distantes somos nós (os homens). Descendo, os mamíferos; descendo mais os répteis; insetos; protozoários; bactérias. E se descermos mais começamos a chegar em um nível onde as criaturas são mais abstrações que seres vivos, são mais espirituais que físicas. Como tal, são frequentemente incompreensíveis para nós e interagem também com abstrações - desde seres que comem som até os que se alimentam de sentimentos. Essas criaturas são chamadas Mushis e os seus estudiosos, Mushishis, que no fundo são uma espécie de mistura entre médico e padre (pajé??).

Como na maior parte das vezes o Mushishi é uma pessoa que vê e tende a atrair Mushis, é incomum que um deles fique em uma área muito tempo (para que ela não se torne um ninho). A maioria dos Mushis é viajante e passa de cidade em cidade ajudando a solucionar questões estranhas causadas por estas criaturas. Pessoas que começam a congelar mas não morrem, criaturas feitas de escuro que fazem você se esquecer do passado; um arco íris vivo ou uma ponte (que também vive) que só aparece uma noite a cada muitos anos.

A estrutura é um pouco repetitiva (chega em algum lugar, avalia um caso estranho, tenta resolvê-lo, vai embora) mas o conteúdo é tão criativo e bizarro e viajante que Mushishi se tornou fácil um dos melhores animes que eu já vi. É bem lento - na verdade tem um ritmo próprio que você precisa de um tempo para se adaptar - mas depois que você aprende a não dormir assistindo você percebe que ele é um universo paralelo que anda mais devagar que o seu e que o absorve no seu ritmo - e graças a Deus por isso. É o tipo de śerie que te deixa curioso para saber o que de mais estranho vai aparecer e que sempre consegue te surpreender.

Mushishi é um bocado poético - a animação é LINDA, as músicas japonesas de fundo são completamente viajantes e a história muitas vezes é adulta e pesada. Você não vai querer mostrar para seus filhos. É um anime puxado para o lado artístico, original, raro, e foda. Quem dera se 1% deles fossem assim. Aliás, quem dera se 1% da produção cultural no geral fosse assim.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O quê se passa na sua cabeça agora?

wish away your nightmare
you got a light you can feel it on your back
muitos quebra cabeças caindo nos seus lugares

Jimi Hendrix morreu mais novo que eu sou hoje
Garoto pobre comprou uma guitarra fudida com dinheiro de jardinagem
Aprendeu sozinho e se matou depois de uma carreira de 3 anos que foi suficiente para colocar o cara na história como melhor guitarrista do mundo
Foi suficiente para afetar até o mercado de vendas de guitarra - que quadruplicou
Foram tantos urubus querendo sugar um cara que conseguiu fazer dinheiro que sugaram ele até a morte
O baterista da banda queria fazer uma exibição do corpo cobrando ingresso
Quando a melhor amiga dele ligou para o pai de Hendrix pedindo para ele intervir e impedir isso ele só perguntou no telefone "você sabe de quanto dinheiro eles estão falando?"

minha mulher me disse que talvez o melhor caminho seja esconder das pessoas os seus sucessos
eu queria não ter entendido o que ela falou

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Da Série Random Music - I Am Trying To Break Your Heart

Boa banda alternativa, formada por remanescentes de outra boa banda que fez um sucesso respeitável no circuito indie, lança 3 discos mantendo a linha básica - que é um rock indie baseado no country com um estilo interessante e original que é contido e classudo ao mesmo tempo em que é bastante emocional e bonito - incorporando gradualmente mais elementos experimentais. Apresenta o quarto disco para a gravadora (Reprise records, subsidiária da Warner), mais TUDO que os 3 anteriores - mais maluco e experimental e viajeira, mais bonito, mais country, mais rock, mais deprê, mais forte no geral. Gravadora odeia e se recusa a lançar o disco, e ainda apela e manda a banda embora. Para compensar a quebra de contrato deixa a banda ficar com os direitos do disco, que coloca de grátis no website.

Esse disco é o Yankee Hotel Foxtrot e ele quase sozinho foi praticamente responsável pelo estouro das bandas de rock indie baseadas no country (estilo que ganhou até nome, alt country). Procure qualquer lista de melhores discos da década de 90 e ele vai estar lá fácil. Foi o disco mais vendido da banda e ate hoje considerado a sua obra prima. Wilco é o melhor exemplo que eu conheço de quanto gravadoras e o negócio da música é ferrado - e ainda podem rir de (mais uma) ironia que é o fato de outra subsidiária da Warner os ter acolhido e ficado com os louros do disco.

E o som? Numa boa: é bom mesmo. Foi o disco que eu mais ouvi quando minha mulher estava na Alemanha - e quando ela voltou acabou viciando também porque eu tocava as músicas dele o tempo todo no violão. E nem é tão experimental, nem tão maluco nem tão difícil assim. Aliás, é até bem pop - pop do bom, muito criativo e original, tem o espírito do lado legal do country quando é bom - confessional, soa sincero e humano como se você conhecesse aqueles caras e eles estão tocando violão no seu quarto - mas leva as sensações longe. As músicas deprê são deprês mesmo, outras incorporam barulhos esquisitos que ilustram a confusão que se passa na cabeça do Jeff Tweedy (um dos melhores guitarras da atualidade na minha opinião - e um cara que corre para vomitar no banheiro sempre que seu humor se altera por causa de um problema de saúde esquisito). Outras são puras e simples, e honestas e simplesmente boas. Quem foi o idiota que dispensou esse disco deve ter tido sua banda chutada.

Depois disso o Wilco ganhou moral, e aí sim fez um disco experimental mesmo, com músicas de 10 minutos e incorporando umas influências nada a ver (tipo de rock alemão da década de 70), e dando uns show estilo Sonic Youth destruindo tudo e mandando uma barulheira infernal. Eu adoro. Pena que atualmente estão perdendo essa veia e virando "rock de tio". Mas, sei lá, se seu tio escuta Wilco você tem um tio legal.

Comece por - Yankee Hotel Foxtrot
Bom resumo da banda - Kicking Television
Maluquice - A Ghost Is Born
Não comece por - Sky Blue Sky
Outra banda se você gostar de Wilco - Okkervil River

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Heavy Metal In Bagdah

Assisti um documentário interessante, sobre uns malucos que tentam ter uma banda de metal em Bagdá. Sim, Bagdá, Iraque, tanque, tiro, guerra, fanatismo religioso. Sim, metal, ocidente, rock, capeta. Os caras usam camisa do Dimmu Borgir (black metal - presta atenção - banda satanista). Em Bagdá.

Em Bagdá tem toque de recolher. 21 horas todo mundo em casa. Melhors amigos que moram a 5 quarteirões ficam 6 meses sem se ver. Não se pode parar 15 minutos no mesmo lugar. Turistas (não oficialmente) pagam 50 dólares por dia por um carro blindado, dois atiradores, um motorista e um tradutor - única maneira de andar na cidade. Os caras da banda vão ensaiar com armas de fogo na mão e se forem pegos com camisas de bandas de metal americanas correm risco. De vida. Conseguiram dar tipo 5 shows em 6 anos. Para um público de umas 30 pessoas. Foram obrigados a fazer uma música para o Sadam Hussein na época dele. Tiveram o lugar de ensaio bombardeado (assim como vários lugares onde tocaram). Você acha que a banda de metal que você gosta é hardcore???

ELes vivem tentando mudar de país com a banda, mas ninguém dá visto para Iraquiano. Infelizmente termina bem triste com eles conseguindo se mudar para a Síria (onde Iraquiano é menos que lixo) e tendo que vender os instrumentos para pagar aluguel. Fiquei feliz porque vi no site tosco e sem recursos deles que a banda continua e agora está na Turquia. A banda deles é a Acrassicauda - nome de um escorpião preto da região.

Tem gente que morre pela música,e não é jeito de falar.

domingo, 12 de outubro de 2008

Projeto Conan - report de dentro das trincheiras do inferno

Sexta feira de 08:00 até 23:30
Sábado de 07:40 até 4:00 da matina
Domingão aqui estou eu de volta
eu sou um zumbi


Mas me parece que vai dar tudo certo. E o projeto Conan milagrosamente vai acabar bem.
Torçam para mim.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Pausa para um momento fã

O quê??? Radiohead tocando Smiths?

Como assim? Radiohead tocando Bjork??

Yes!! Radiohead tocando New Order?

Só para dar uma reguingada: Gnarls Barkley tocando Reckoner!

Death Magnetic

Atendendo ao pedido do Luiz, escutei o Death Magnetic do Metallica.

Este é o disco em que os caras do Metallica, hoje velhos pais de família milionários, tentaram declaradamente fazer o som de quando eles eram uns garotos meio punks e marginais e pobretões e beberrões. Acho que o Luiz me pediu para escutar porque eu sempre disse só gostar do Metallica do Kill'Em All.

Então fica três questões: uma é se eles conseguiram, outra é se isso é uma boa idéia, e a terceira é se afinal o disco é bom.

Respondendo à pergunta 1, na minha opinião, conseguiram. Fizeram tudo certinho: os timbres, a produção (excelente produção inclusive), desde a afinação das guitarras até as quebras das músicas e os estilos dos riffs e dos solos de guitarra (que voltaram). O Metallica novo provou que consegue emular o Metallica velho, se eles queriam provar isso parabéns para eles. Note que "Metallica velho" aqui não é bem "Metallica do Kill'Em All", é mais talvez Metallica do And Justice For All. Então as músicas são rápidas e pesadonas, mas também são para mim excessivamente longas e complicadas, motivo pelo qual eu NÃO gosto do And Justice For All.

Já se é isso é boa idéia, se pergunte: se o Metallica nunca tivesse crescido e estivesse em 2008 fazendo o mesmo som que fazia em 88 isso seria uma boa idéia? Se a resposta é sim para você, esse é um dos melhores discos do Metallica. Quando eu defendo o Kill'Em All como o disco que eu gosto eu nunca quis dizer que eles deveriam repeti-lo eternamente, eu gostaria que a banda crescesse e mudasse, mas mudasse para melhor e fizesse de maneira cada vez mais bacana o que fazem bem. Minha birra com Metallica é que para mim não souberam crescer - não é a posição radical dos fãs que criticam a banda simplesmente pelo fato de ter mudado ou por ficar "menos metal", é que para mim as mudanças que o Metallica sofreu não fizeram da banda uma banda mais interessante. E nessa altura, para mim, andar para trás é pior ainda.

Afinal de contas, o disco é bom? Cara, é Metallica de meio da carreira (de novo, And Justice For All ou coisa parecida). Tem guitarras excelentes - Kirk Hammet é foda - tipo as que ele tocou em Juda's Kiss, tem aquelas músicas com 200.000 trechos diferentes que muda toda hora, tem aqueles riffs clássicos deles (bem bacana), tem aquela bateria com o melhor timbre do mundo e um baterista muito sem imaginação (c0mo sempre). Se você é fã, deve amar. Para mim, aquilo ali é meio "metal default" - não me incomodou ouvir o disco, gostei muito de algumas guitarras, mas as músicas não ficaram na minha cabeça e eu particularmente acho que tem coisa muito mais criativa e interessante dentro do metal para ouvir.

Luiz: não sei se é o que você esperava ouvir mas foi sincero :-)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Da Série Random Music - Cão Homen Estrela

Lá para 1993, uma banda formada em 1989 em londres por: um cantor afetado viciado em David Bowie e de voz nasal (Brett Anderson), que escrevia sobre a vida marginal do lado sujeira da noite de Londres (que ele adorava); um guitarrista excepcionalmente criativo e de estilo próprio que tocava uma guitarra totalmente glam e totalmente rock e bacana (Bernard Butler); a namorada do vocalista na outra guitarra (Justine Frischmann), seu amigo baixista (Mat Osman) e o quinto membro da banda (uma drum machine) tocaram no Brit Awards e catapultaram para o topo da parada da Inglaterra um disco que trazia na capa duas figuras se beijando que ninguém consegue saber se são um homem e uma mulher (ou dois homens ou duas mulheres), colocaram músicas tão glams que viram gay (ou tão gays que viram glam, tanto faz) feito por heterosexuais nas paradas e de quebra iniciaram sozinhos o que depois chamaram de britpop - aquele estilo que estourou na década de 90 com Oasis, Blur, Elastica, Verve e etc.

Suede não parece com Oasis. Suede é o som da decadência, som para se escutar após acordar 6 horas da tarde de ressaca e meio deprê na cama enquanto você espera animar para ir para arua de novo. Suede é a banda que o David Bowie fez depois de perder a voz grave para um problema na garganta e chamar o Jimi Hendrix para tocar com ele nos intervalos entre algumas coisas impublicáveis. O primeiro disco te choca e te irrita, porque é ABSURDAMENTE afetado mas ao mesmo tempo é lindo e sujo. Assim como o London Calling do The Clash que eu comentei a pouco tempo, é presença garantida nas listas de melhores discos da história do rock. O segundo disco é totalmente sinfônico, é trabalhadaço, cheio de instrumentos e experimentações malucas e tem uma onda deprê que me faz pensar no Holy Bible. Aí a relação entre os dois compositores da banda - o vocalista e o guitarrista - que nunca tinha sido boa ruiu e a banda me arruma outro gênio da guitarra - Richard Oakes, um moleque de 17 anos (!) - e faz um disco corretamente chamado de Coming Up - porque estava deixando a onda deprê para trás - e a partir daí faz outros discos de música boa até o final (2002).

As pessoas de Londres tem um carinho especial por Suede, e dizem que ninguém que não é inglês consegue entender completamente a banda. A lenda é que Suede é exatamente o som da noite de Londres, das drogas e do sexo de Londres, do metrô de Londres de madrugada, de pegar um táxi em Londres para ir de um bar para outro. Talvez por isso nunca tenha estourado muito no mercado americano ou talvez seja porque o mundo é dominado por música ruim mesmo.

Mesmo não entendendo 100% segundo os ingleses, escute Suede. Não é garantido que vai gostar de cara, mas se você for o tipo de pessoa que gosta de Suede vai acabar gostando muito. Eu viciei tem pouco tempo (para loucura da minha mulher) e acho que ainda vou ficar muito tempo viciado. :-D

Comece por - escute todos na ordem cronológica, é o tipo de banda que TEM que fazer isso

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Guia Rise From Your Grave para a discografia do The Clash - parte 2/2

The Clash - o primeiro disco do Clash é lendário. Não é o melhor, mas é o mais revolucionário. Nesta época o Clash era basicamente os Ramones ingleses mas com personalidade própria, letras bem escritas que vão de cotidiano punk e cotidiano de gente pobre a cotidiano de gente que gosta de se divertir, e som punk direto na veia sem firula nem experimentação demais (no máximo um pouco de reggae da música Police And Thieves). Punk rock é exatamente isso. Clássico do punk e tão obrigatório quanto o primeiro dos Ramones.

Give'Em Enough Rope - quando se fala em Clash esse disco é frequentemente ofuscado porque não impactou como o primeiro que veio do nada nem é a segunda revolução que foi o London Calling. Pena, porque querendo ou não é facilmente um dos melhores discos da história do punk e acaba meio que esquecido. Esse disco é basicamente mais do mesmo - talvez um pouco menos pesado e mais aberto às influências de ska da banda - mas eu considero ainda melhor que o primeiro. Se quiser pode inclusive começar por ele.

London Calling - não existe mais nada a se dizer ou escrever sobre o London Calling. Caso raríssimo de banda que perdeu o caminho e estava meio sem saber o que fazer, atirou para todo lado e deu certo. O Clash não queria ficar mais preso nos limites do punk e provou que não precisava. Ainda é bem punk - e muito fácil de reconhecer que é o Clash - mas um punk relaxado, que não liga de pender para o rockabilly, para usar piano, para cair no reggae, para ficar mais pop, para ficar mais agressivo. O que marca no London Calling nem é isso: é pura e simplesmente a qualidade das músicas. Aparece rotineiramente nas listas dos melhores discos de rock da história. E merecidamente.

Saninista! - aqui foi aplicada a mesma idéia que o London Calling (vamos fazer tudo que der na telha), mas elevada à enésima potência. Resultado: tem desde hip hop até música árabe e coro de cirança. O consenso geral é que aqui o The Clash exagerou. É impossível esse disco não causar estranheza no início e é um disco muito fácil de não gostar - mas insista que as qualidades dele começam a aparecer. Hoje eu gosto (até bastante), mas só escute depois de se tornar fã e mesmo assim esperando tudo.

Combat Rock - Combat Rock destruiu o The Clash. Não porque é ruim (não sou muito fã mas não é um disco horrível), mas porque depois do Combat Rock (que tem uns clássicos dos anos 80 tipo Rock The Casbah e Should I Stay Or Should I Go) o Clash virou uma banda de milionários tocando em estádios lotados. E isso não encaixou com os punks de rua que eram no início, e a banda nunca soube conciliar isso. E literalmente foi para o saco. Não ache que é o disco popzinho FM vamos estourar agora woohoo - na verdade é até muito experimental em comparação com as músicas dele que estouraram. Mas tem coisa melhor deles para ouvir.

Cut The Crap - feito depois que todo mundo deixou a banda menos o Joe Strummer, é um disco do Clash zumbi - a banda já estava morta mas insistindo em continuar. Tentativa de fazer o punk que as bandas que imitaram o The Clash estavam fazendo - trocar de lugar de líder para seguidor é muito triste. E é retrocesso em relação ao tanto que o Clash tinha explorado e crescido. Se quer "cortar a baboseira" mesmo não escute esse disco.

Outros - O ao vivo Live From Here To Eternity é o melhor resumo da banda que qualquer coletânea (e as versões ao vivo são excelentes), e o Black Market é um disco de b-sides que são tão bons quanto as músicas que saíram nos discos (aliás, tem várias das minhas músicas preferidas do Clash).

Projeto Conan - update

Depois de meses de uma jornada épica estou exatamente no momento mais crítico, em que o Conan entra dentro da torre para dar porrada em todo mundo. Pico de stress, trabalho, dificuldade, cansaço, raiva de gente sem noção que atrapalha seu trabalho e etc. Até quarta que vem estou nessa, depois começa a melhorar. Até lá poucos posts mas vou tentar dar as caras.