terça-feira, 4 de maio de 2010

Viva o Ódio

Quem imaginava que o Morrisey, no contexto de sua carreira solo, poderia ser tão criativo e sem limites, muitas vezes completamente raivoso e violento e dissonante, outras com uma profunda delicadeza nascida de (acredito eu) sofrimento real (ou pelo menos muito bem fingido)? Quem imaginava que no mesmo disco você escutaria que no mesmo disco você escutaria alguma coisa barulhentona como Alsatian Cousin, depois viagens sinfônicas como Angel, Angel, Down We Go Together seguida de uma melancolia bonita como Late Night, Maudlin Street (aliás uma das músicas mais bonitas que escutei nos últimos tempos)? E logo na sequência você aprende como se faz pop de verdade (suedehead) e aí quem não se deixou ganhar pelo disco pode perder toda a esperança que tem na música.

Eu sinceramente esperava bem menos desse cara - que domina o formato pop eu já sabia, é ótimo letrista (praticamente criou a modalidade de música intensamente pessoal até doer que tem as raízes lá atrás mas com menos profundidade no Roy Orbison), que você pode esperar sarcasmo/alto depreciação/um pouco de esperteza e ironia funcionando num contexto pop levinho -mas mais intenso do que revela superficiamente - não me surpreende. Fazia sentido para mim tanta gente dever praticamente a vida aos Smiths. Mas que esse cara ia tão longe sem eles, realmente me pegou.

Teve uma época em que eu odiava o Morrisey (dá zero para mim), porém bastaria alguém me aplicar o Viva Hate. Zero agora para todos os meus amigos que tentavam me convencer que ele era foda e nunca me deram porrada, me trancaram num quarto e me obrigaram a ouvir esse disco.

Um comentário:

bruiser disse...

bah, a culpa é sua mesmo que não sabe nada! :P