segunda-feira, 21 de novembro de 2011

DIG

Uma banda formada por pessoas mal ajustadas da cabeça, viciados em drogas pesadas, completamente confrontacionais (saem na porrada entre eles no palco na metade dos shows, na outra metade é com o público mesmo), que grava 3 discos por ano, tem um tocador de pandeiro (tem nome isso?) e escrevem música boa como se fosse fácil. Revisionistas dos anos 60 mas não ignorando que o Jesus And Mary Chain existiu depois, enfiando distorção na guitarra mas sem perder a melodia e com ótimas letras, eterna promessa mas nunca estourou. Porém, como um Velvet Underground moderno, influenciou um bom pedaço do indie atual e ninguém percebeu. Continuam obscuros tocando para 40 pessoas por noite e sempre que uma gravadora encara arrumam tanta merda que desanimam de trabalhar com eles. "Não estou à venda" - Anton Newcombe, guitarrista, vocalista e pincipal (ótimo) compositor declara o tempo tempo, normalmente poucos segundos antes de chutar alguém. Falta saber se ele se auto sabota por isso mesmo ou porque não quer carregar o peso de não levar uma vida completamente sem noção. Essa banda é o Brian Jonestown Massacre, e fora alguns poucos pedaços que de vez em quando vêm para a superfície (a música de abertura da série Boardwalk Empire, ou o fato do fundador do Black Rebel Motorcycle Club ter vindo desta banda) eles estão por aí fazendo música boa sem ninguém notar.

Eles começaram mais ou menos juntos com os amigos Dandy Warhols, uma banda que sempre adorei. Para mim os Dandy Warhols fazem uma espécie de Glam Rock (pense em T Rex e David Bowie e não em Motley Crue) irônico e divertidaço com letras bacanas e um som que é daçante e divertido sem perder o punch. E são compositores fodas, consigo te apontar para ótimas músicas deles para empolgar e músicas muito bonitas também. Um bocado mais obcecados com a fama a ponto de quebrarem o pau com o diretor do vídeo deles porque eles não ficaram bonitos o suficiente, também junkies mas com a cabeça no lugar o suficiente para não serem 100% auto destrutivos (ver a moçada acima) saíram da mesma obscuridade para se erguer violentamente na fama e deixarem os amigos-depois-rivais-depois-ninguém-sabe-o-quê bem para trás.

Conhece alguma dessas bandas? Se importa em conhecer? Gosta de música indie? Costuma assitir documentários? Nada disso importa meu amigo. Se você simplesmente gosta de cinema ou tem o mínimo interesse por música (qualquer tipo de música), assista o excelente Dig! de 2004. O diretor Ondi Timoner passou 7 anos com essas duas bandas - e foram os 7 anos iniciais, onde todo mundo apostava que as duas seriam enormes nos anos 90 e ninguém sabia no que ia dar e compilou um filme tão bem montado, contado e dirigido que extrapolou a promessa e ficou um programa bacana mesmo para quem não se importa nada com esse povo. Excelente oportunidade de acompanhar a indústria da música funcionando por dentro, com altíssimas doses de drama - sacaneadas de gravadora, bastidores de shows, viagens jambradas de turnês improvisadas, milhões de brigas e acima de tudo música foda. 5 estrelas.

Trailer abaixo:



E de quebra uma música dos Dandy Warhols que não sai da minha cabeça tem uma semana


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