terça-feira, 17 de março de 2009

O Gerente e a revogação dos direitos

A palavra gerente é quase mítica, quase mística. Provoca sempre algum tipo de reação - ambição, inveja, antipatia, respeito, admiração. Provoca algumas associações genéricas parcialmente (ou em alguns casos) nada verdadeiras - respeito, competência, muito trabalho, muito dinheiro. O gerente é uma espécie de padre do capitalismo que reza a única missa que realmente importa ($).

O gerente existe em uma espécie de outro plano. Para quem está abaixo, o gerente é uma espécie de santo-ninja-salvador que vai organizar sua área, sua vida, suas idéias, suas roupas, vai resolver todos os seus problemas e os de todos os que estão do seu lado, mais os problemas corporativos e não deixar que nem uma mosca escape de sua onipotência absoluta na sua busca pelo funcionamento perfeito e infalível. Cadê a porcaria do gerente? Onde está a onipotência natural de todos os gerentes que dexiaram passar o mais ínfimo detalhe do meu dia-a-dia? Afinal ele ganha mais que eu. O gerente resolve.

Para quem está acima, a palavra gerente é um código para a partir do momento em que se aumenta o salário (ou pior, nem isso) todos os seus direitos básicos são revogados. Precisa de uma apresentação complexa para amanhã de manhã? E daí que são 9 da noite, o cara é gerente. O gerente não tem vida própria, o gerente não tem que reclamar, o gerente tem domínio absoluto de todas as esferas de conhecimento humano. Gerente, você não se atualizou no jornal?? Virou a noite trabalhando? Porque não trabalhou com a TV ligada? Todo gerente é uma espécie de Hiro Nakamura - manipula o tempo e espaço.

O que o gerente nunca é - simplesmente um cara humano, que como você tem um trabalho para fazer - muitas vezes de volume maior e stress nem se fala - que também está sempre aprendendo, que erra (você se permite errar mas nunca perdoa o gerente), que não sabe tudo, que tem limites e fraquezas e que quer sim, assim como você, ter uma vida fora do serviço (e ainda te digo que na maioria das vezes ganha menos que você pensa). A trajetória da maioria dos gerentes é a de um cara que simplesmente fazia seu trabalho direito. E agora tem que fazê-lo infalivelmente, maravilhosamente, sobre-humanamente, desumanamente. Afinal ele ganha um pouco mais não é? Você associa a palavra gerente com liberdade? Muitas vezes você é muito mais livre que seu gerente.

Mas o que esse carinha está reclamando de barriga cheia? Ele é gerente, ganha bem... fica quieto e vai trabalhar.

PS.: não te agonia perceber que nossas únicas escolhas são entre passar aperto de grana, se matar de trabalhar ou viver de forma desonesta?

4 comentários:

fabs disse...

sim

Luiz Augusto disse...

Putz, q TRETA!

Usando o que vc mesmo falou aí, o problema não é ser gerente, o "PROBLEMA" é fazer seu trabalho direito... Pq isso acaba te levando a um cargo "executivo".

Mas o negócio é mandar quem tá enchendo o saco enfiar o pastelão no cu e trabalhar direito tb, principalmente quem é subordinado a vc.

shibuya disse...

Você é gerente!!! num reclama!

André Carneiro disse...

Foda é que antes de ser gerente você ainda acredita que pode fazer algo pela empresa. Depois você saca que tava viajando.