
George Clinton é conhecido por suas duas ótimas bandas clássicas e pela carreira solo dos anos 80. As bandas são Parliament e Funkadelic - que na verdade são basicamente a mesma banda (com um suporte de muitos músicos rotativos) gravando discos com nomes diferentes por questões bizarras comercias de relacionamento com a gravadora. Por causa do Parliament, Clinton declarou que o estilo que elas tocavam se chamava "P-Funk" e acabou pegando porque foram influenciais para cacete, ou seja, todo mundo que tocava algo parecido com esses camaradas toca "P-Funk". E porque isso é tão importante?
Ficou muito claro para mim qual é a onda um dia que tentei compor com a banda uma música estilo Parliament. No fundo funciona em um nível bem viajante mas é mega dançante ao mesmo tempo, e é muito mais difícil de fazer do que parece. Sabe aquela onda da música eletrônica de repetição infinita para gerar uma espécie de transe? Eu imagino um ensaio do Parliament onde o baixista mostrava uma linha de baixo bem bacana e dançante e o George Clinton dizendo "beleza, agora toca isso aí por 10 minutos", o baterista acompanhando, os metais improvisando em cima, as backing vocals jogando aqueles "give up the funk" (aliás os arranjos vocais são super ricos) e por cima Mr. Clinton pirando - tudo que ele canta parece improvisado na hora por alguém que tomou todo tipo de substâncias, o que provavelmente é verdade. Quando gravavam com o nome de Parliament, o foco era no funk, nos metais, no lado dançante; quando gravavam como Funkadelic (a minha preferida) era a mesma onda só que mais rock, muita guitarra, distorção, solos e barulheira.
E quando tocava com qualquer um a temática sempre é meio maluca - as letras variavam de
invasões alienígenas a protesto social a mulheres bonitas a "expandir a mente" a clones e por aí vai. Os músicos tocavam sempre vestidos da maneira mais exdrúxula que conseguiam - imagina um monte de velho barbudo tocando funk vestidos com fraldas geriátricas. No fundo é música única e malucaça construída a partir de um monte de elementos simples e repetitivos que se combinam para formam alguma coisa complexa e incrivelmente bem feita - o wikipedia lista 32 músicos que já foram parte da banda.
Me lembro quando eu comecei a me aprofundar em Funkadelic e ficar numa espécie de êxtase porque a banda te passa uma espécie de energia e vontade pura (ou prazer puro) simplesmente de estarem tocando por tocar que eu não consigo evitar ficar contagiado - simplesmente pelo som. É uma banda que você pode trancar por 5 dias seguidos em um estúdio que imagino que eles não sairiam nem para comer. E 5 dias depois ainda estariam improvisando. E saindo coisa boa.
Funkadelic - comece por: Maggot Brain - o mais viajeira de longe e guitarras absurdas
Parliament - comece por: Mothership Connection - essência deles muito na veia
Coletânea brutal e definitiva do Funkadelic - Motor City Madness
Fun Fun Fun com Parliament (soca nas suas festas) - Chocolate City
ps: a voz que fala "see the turtle go" no início da Yertle The Turtle dos Red Hot Chili Peppers é do trafica que vendia cocaína para o George Clinton (!) e a aparição dele no disco foi o pagamento da dívida que estava sendo enrolada até aquele dia e foi ser cobrada no estúdio.
ps2: George Clinton é (não por coincidência) o artista mais sampleado da história, tanto que ele lançou um cd só com pequenos pedacinhos de músicas justamente para você samplear
ps3: rola pensar em comprar um porque agora tenho uma tv full hd :-)
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