quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Apocalipse de Chelsea Wolfe

A última vez que conferi no iTunes ele me disse que estou escutando 859 artistas, e eu ainda não digitalizei todos os meus cds até hoje. Ou seja se eu escutar um disco por artista em sequência (a maioria deles eu tenho mais de um) durante 24 horas sem interrupção são mais ou menos 35 dias direto de música 24/7. Não é preciso dizer que dessa lista alguns são bem renegados para o fundo do armário e alguns ficam em alto giro no meu dia a dia.

Cada ano que passa consegue (juro que não é calculado, não sou tão Sheldon assim) injetar quase sempre pelo menos um artista que entra no meu rol de escuto tudo/sei as letras de cor/tirei as músicas na guitarra, não necessariamente alguma coisa nova. Minha grande "descobrida" de 2010 foi a Nina Simone, obviamente vou postar sobre essa dona depois, virou a terceira da relação porque minha mulher também ama. Em 2011 me tornei viciado em Chelsea Wolfe.

Nunca ouviu falar? Cara, mal eu consigo saber sobre essa mulher.
Fatos: americana, está em um selo pequeno (Pendu Sound, pretendo explorar mais no futuro), só dois (estupendos e chatos de achar) discos, tem um blog fechado, faz um som que me acertou no âmago na hora e não sei porque ninguém está ouvindo ou falando dela.

Basicamente é uma mina com uma guitarra que grava de forma densa (clássico baixo-guitarra-bateria com ocasional teclado e eletrônicos) e muito lo-fi (mal gravado teoricamente por querer). Ligar Chelsea Wolfe na sua casa é ligar a chuva lá fora, um céu preto, um domingo meio angustiado, não de forma muito clara e definida mas bagunçada, raivosa, barulhenta, gritada, porém às vezes bem etéreo e mesmo com momentos muito bonitos. Tem coisa bem punk e coisa bem maluca, a cara da Chelsea Wolfe são guitarras meio enlameadas tocando riffs repetitivos e interessantes e a voz dela desesperada por cima (sem contar barulhos não identificáveis). Não deixa a produção toscona te enganar, tem muita coisa muito bem feita e pensada acontecendo ali.

Não imagine um som caótico ou confuso: tem um gostão de anos 90 (com certeza um dos fatores que me fez virar fã), SIM MIRIAN PARECE SIM COM A PJ HARVEY, mas não é derivativo a ponto de não ter personalidade. Ela é talvez a PJ Harvey de um universo alternativo onde a PJ é gótica e abre shows para bandas de black metal - sim, ela tem aberto os shows do Liturgy, outra banda que vem fazendo coisa velha soar completamente nova e alienígena. Aliás, a doida gravou Burzum (!), a música se chama black spell of destruction (!!). Os poucos veículos que falam dela tem chamado o som de doom-folk, acho que capta a essência, e concordo que merece um nome novo. A volta do gótico? Ótimo, sou muito fã de Joy Division, Bauhaus e Echo And The Bunymen para conseguir achar isso ruim.

Chelsea Wolfe é musica para quem consegue acreditar que dá para espremer beleza do desespero. Se essa idéia é completamente bizarra para você, passe longe. Eu sempre gostei mais das músicas tristes.

Comece por - Ἀποκάλυψις (pronuncia Apokalypsis... acho!)







3 comentários:

Anônimo disse...

Humpf! Esta dona vai diretamente onde o senhor dono blog gosta, mas eu ainda acho ela um tanto copiona pra merecer minha atenção.

E tenho dito!

Mirian

@indexxp disse...

Puts cara Nina Simone é foda!!! Sinnerman é um puta classico!!! não sabia que vc curtia... anyway... curti bastante a critica... muito bem escrita mesmo cara! ideias muito bem alinhadas (não ficaram bagunçadas e nem confuso), deu um tom altamente profissional!!! parabens! cara!

Coruja disse...

Owww!

Gostei dessa mulher...

Vou atrás dos cds!

Coruja