terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Melhores Discos de 2011 do Rise From Your Grave - Hip Hop


Hip hop continua o gênero dominante na música jovem atual, para o bem e para o mau. O rock para a juventude dos anos 60 é o hip hop em 2000 para cá. Isso significa que tem muita gente fazendo grana com isso e atrai todo o tipo de oportunista em todas as posições da indústrias - de distribuidor, promoter, empresário até infelizmente o artista. Isso gerou um momento singular para mim - nunca se ouviu tanto hip hop e com raríssimas exceções nunca o hip hop que é realmente famoso foi tão horrível e formulaico. Por outro lado, gera naturalmente um contra ataque de gente que é boa no que faz e só para chutar o balde faz o questão de ir para o espectro oposto da forma mais criativa possível -  e aí você tem boas apostas como o Shabbazz Palaces.

Outros fenômenos interessantes: produtores interessados em hip hop mas focados no instrumental e que só ocasionalmente trabalham com vocais (tipo Flying Lotus e Clams Casino que estão entre os músicos mais interessantes da atualidade); e o uso liberal de mixtapes (que é basicamente um lançamento não comercial, ou seja, gravei umas músicas aqui sem muita frescura, baixa aí de graça).
A mixtape virou uma instituição do rap, todo rapper (do mais underground até o mais milionário) hoje lança seus discos e 5 mixtapes entre eles e tem gerado alguns dos melhores lançamentos do ano (A$ap Rocky por exemplo) - incrivelmente até o 50 Cent acertou (baixe The Big 10 de graça e confira).

Melhores Discos


Beastie Boys - Hot Sauce Committee Pt. 2


Sim, são os Beastie Boys fazendo mais do mesmo e de certa forma já está dando a sensação de que estão fazendo hora extra. Mas escute bastante e tente analisar friamente - é como reclamar que o Pelé estava fazendo mais do mesmo quando fez o milésimo gol. Quem tem batidas tão criativas e trabalhadas assim, principalmente no hip hop? Quem tem tanta personalidade e é tão divertido sem eforço, quem tem esse espírito solto de não te permitir antecipar como vai ser a próxima música porque pode sair um hardcore, um funk instrumental, um hip hop old school? Não surpreende mais perto da obra antiga deles (escutei de mais de uma pessoa "começo a escutar e gosto mas dou stop e coloco o Ill Comunication) mas dê uma chance real e você vai perceber que se a ordem de lançamento fosse inversa talvez você estivesse falando que dá stop no Ill Comunication para colocar o Hot Sauce.


Das Racist - Sit Down Man


Essa banda gera uma polêmica besta se eles são "sérios o suficiente". Parece a infinita discussão se determinada banda de metal é válida porque é ou não satanista o suficiente, para mim existe medo do Das Racist porque eles são mais criativos que você. É suficiente dizer que a banda é PHODA e não convencional no uso de humor, samplers inesperados (when you're strange dos Doors??), fazem referência a tudo possível - assuntos acadêmicos, coisa obscura que só nerd conhece, as viagens deles que são descendentes de indianos - mas mesmo se você estiver escutando somente a batida (perfeita) e os vocais para mim você é espancado pelo melhor disco de hip hop do ano fácil - prometa que se decidir ouvir somente UM disco dessa lista você vai para o Das Racist. Eles até lançaram um disco propriamente comercial (chamado Relax), este é uma mixtape, o que prova que o espírito não necessariamente habita onde está o dinheiro.

Danny Brown - XXX


Danny Brown é maluco, e eu adoro ele por causa disso. É um dos poucos discos atuais que geram o efeito Old Dirty Bastard - a sensação um pouco incômoda de "cara eu acho que esse camarada é louco de verdade". A começar pela voz - não tem ninguém com essa voz esganiçada fazendo rap e sendo levado a sério, parece que pegaram um mendigo louco na rua e pediram para ele falar da vida dele sem freios. O disco é bem pesado mas não soa forçado, nem sequer é gangsta, soa como deve ser se perder dentro de uma cabeça confusa piorada por um monte de drogas. As batidas são secas como as letras - o negócio funciona. Vou ficar de olho nesse camarada a partir de agora. Ah, e sente o visual absurdo:




Jay-Z e Kanye West - Watch The Throne


Guardadas as devidas proporções, Kanye West é o mais próximo de Michael Jackson que temos hoje - a onda dele é música pop, é possível que qualquer pessoa goste dele, toca na sua academia e é genial e excelente. Ele está num ápice de criatividade tem anos e este disco, apesar de dividido, é inegavelmente dele. E disco novo do Kanye West invariavelmente faz parte de toda lista de melhores do ano, mesmo que não focadas em hip hop.
Baixe também o GOOD FRIDAYS, as músicas que ele liberou de graça ano passado e que não tem em nenhum outro disco.

Esse ano detonou de músicas soltas


Mr. Muthafucking eXquire - The Last Huzza

Além de ser um dos melhores vídeos do ano essa música tem o camarado do Das Racist e o Danny Brown, assista para sacar qual é a do (bom) hip hop atual:



Esse maluco Future faz um hip hop dos mais toscos e eu curto talvez por isso:

Comercial até o osso mas adoro essa música:




Decepção do ano - Lupe Fiasco

Melhor rapper do mundo na minha humilde opinião pessoal fudeu tudo porque decidiu ganhar dinheiro e fazer o que a gravadora mandou e não os fãs. Eu vou fingir que o disco Lazers não existiu.
Se ver algum vídeo escroto desse aborto rolando aí finja que é o irmão gêmeo do mal do Lupe Fiasco.

Melhores Discos de 2011 pelo Rise From Your Grave - PAU QUEBRANDO



Continuando o post anterior, a categoria PAU QUEBRANDO inclui punk, hardcore, metal, industrial e tudo o mais que seu pai chama de "rock pesado". Parando para escrever este post percebi que fiquei meio que desapontado este ano, pouco entrou no meu radar e ficou. De qualquer maneira o que passou no filtro vale o seu tempo:

Melhores Discos

Fucked Up - David Comes To Life


Eu gosto de bandas de hardcore pesadão tipo Sick of It All mas o que é que estraga essa moçada? São supostamente bandas formadas por pessoas rebeldes que não se importam com as regras, vivem de fazer um som que não tem a menos chance de apelo comercial e portanto não deveriam ter limites. Na prática são tão cercadas por milhões de regras sobre o que se pode ou não fazer criadas por elas próprias ou pelo seu público limitado que acabam se tornando construtos mais artificiais e pequenos que o pior do pop. Por isso ajoelhe todo dia e agradeça pelo Fucked Up, que superficialmente é mais uma banda de hardcore gritadão acelerado e com duas guitarras altíssimas mas no fundo são uns malucos que não se importam com o que estão fazendo (ou talvez se importem mais que os outros). Resultado? Injeção de criatividade num gênero que precisa demais disso e melhor banda punk da atualidade.

Backing vocals femininos docinhos? Violino? Samplers? Arranjos de guitarra muitas vezes mais Pixies que Biohazard? Disco conceitual duplo gigante contando a história de um trabalhador em uma fábrica de lâmpadas e sua namorada? E de quebra um disco (David's Town) onde eles gravam como se fosse uma coletânea de bandas punks imaginárias que esse David escuta? Expulsem eles do punk!


Blut Aus Nord - 777


Blut Aus Nord significa "sangue do norte" escrito errado em alemão e é um projeto de uma só pessoa de black metal francês. "Black metal" no seguinte sentido (declaração da própria banda):

"Blut Aus Nord is an artistic concept. We don’t need to belong to a specific category of people to exist. If black metal is just this subversive feeling and not a basic musical style, then Blut Aus Nord is a black metal act. But if we have to be compared to all these childish satanic clowns, please let us work outwards [from] this pathetic circus. This form of art deserves something else than these mediocre bands and their old music composed 10 years before by someone else."

Cabe o que eu disse anteriormente sobre o Fucked Up: o template é de metal-sinistro-pesadaço-com-vocais-de-gremlin, mas tem a cabeça aberta o suficiente para aumentar o conceito e deixar ele ir onde deve. Tem muito flerte com eletrônico e com música ambiente, aproximando o projeto de uma espécie de banda industrial/eletrônica do inferno. Com diversas passagens instrumentais repetitivas e que geram clima, o disco tem dinâmica, o que significa que o que deveria ser pesado é dez vezes mais pesado que o normal, e não um espancamento monótono sem fim. Apareceu em diversas listas de melhores discos de metal do ano, merecidamente.

Nota: 777 é uma trilogia, está no segundo disco, recomendo os dois principalmente o Desanctification.

Liturgy - Aesthetica


Este disco foi de certa forma a polêmica do ano no metal, porque foi lido como uma espécie de paródia do black metal: pessoas que não se importam com o cramunhão (e afirmam isso), não se vestem como zumbis saindo da tumba, a banda tem um instrumental completamente original e vocais gritados que aparentemente não tem letra (até acredito que tem mas...). Esqueceram de lembrar que são caras fodaços que fizeram um dos melhores discos de metal que eu já ouvi e com um som que apesar do pé no black metal no fundo é inclassificável. Verifique por si mesmo abaixo a capacidade de fazer uma música instrumental que além de ser bem bacana tem a característica interessante de ser a música de UMA NOTA mais difícil de tocar do mundo:





Don't believe the hype
Tombs - acho que é celebrado por ser uma espécie de ponto de encontro entre uma moçada que normalmente não se mistura tipo punk e metal, mas essa proeza sem fazer música boa não é suficiente para mim.
Iceage - tem tudo para ser legal no papel. É uma espécie de mistura de pós punk gótico com hardcore, formada por garotos que mal fizeram 20 anos mas cantam como se tivessem o peso de 100 - imagine uma mistura de Bauhaus com Cramps talvez. Lendo o que eu próprio escrevi me dá vontade de escutar, apareceu em diversas listas de melhores discos do ano, mas não consegui encontrar o que está ali. Quem sabe no futuro.

A banda mais pesada do mundo
Prurient - meu Deus e esse cara toca no Cold Cave que é basicamente um New Order dos anos 2010. Veja por si mesmo:


Melhores discos de 2011 pelo Rise From Your Grave - Indie Rock

(Note a definição ampla e inclusiva de "rock")

Direto na veia: são os discos que eu mais gostei e escutei durante o ano, sem nenhuma ordem particular de preferência. Durante os próximos dias vou postar os que se destacaram (pelo menos em meu ipod) em outros estilos - hip hop, eletrônico, e a categoria que vou chamar de "pau quebrando" onde vou incluir punk e metal.

Não entrou nesta lista o que não tem 5 estrelas para mim.

E aliás faço questão de citar um "don't believe the hype" - discos que estão sendo muito falados mas para mim não é isso tudo não.

Melhores Discos:

M83 - Hurry Up We're Dreaming


Ver post anterior.


Radiohead - The King Of Limbs (incluindo os singles e remixes)


Quando o novo do Radiohead saiu absolutamente do nada, de forma geral a reação foi de estranheza. Acabaram de vir de um disco bem orgânico (In Rainbows) e voltaram com um disco onde tudo é ritmo e só ritmo importa, bem eletrônico e experimental, e bastante curto (8 músicas). Eu gostei de cara e fizeram exatamente o que o Radiohead faz: qualquer coisa menos o que você estava esperando. Eu continuo fã incondicional. Para entender realmente este disco, você precisa penetrar no universo dele - explorar a extensa arte que vem com disco, ver as músicas serem executadas ao vivo no vídeo From The Basement, escutar o disco duplo de remixes, escutar os singles que saíram depois que já acrescentaram 4 músicas novas às 8 originais. Como a árvore que inspira seu título, foi uma espécie de semente de disco que vai crescendo e gerando outros ramos. E um disco pequeno que para mim já parece um mundo inteiro.


Wilco - The Whole Love


Este também ganhou seu post.
Ganhou a eleição de disco do ano entre meus amigos.


EMA - Past Life Martyred Saints


Um disco doído de ouvir mas que não soa exibicionista, artificial ou "tenham pena de mim" - soa ao mesmo tempo muito pesado mas muito sincero, como um exorcismo de demônios reais. Difícil explicar o som da EMA - a progressão do álbum me lembra uns clássicos como o Downward Spiral do Nine Inch Nails, onde o som é muito variado e pode atingir picos de barulho e de intensidade e do nada parar tudo em uma balada acústica. Mas não pense tanto em eletrônico, pense em uma artista que tem voz e personalidade próprias e fortíssimas e que busca o que a música pede para se expressar - seja o clássico baixo guitarra bateria, seja sintetizador, seja um simples violão. Prefiro que você assista a um dos vídeos mais bonitos do ano (e pertubadores se você estiver prestando atenção na letra):




TV On The Radio - 9 Types Of Light


Na minha humilde opinião pessoal, existem 3 bandas relevantes de verdade que fizeram um som que chamo de "isso é dos anos 2000" e que não podem ser confundidas com qualquer outra época (chega de 80 né): The Knife, Liars e TV On The Radio. Eu chamaria o TV On The Radio uma banda de funk mutante. O som é bastante original e ousado sem perder a facilidade de ouvir e processar, é inclusive bem dançante, o que é um milagre por si só. Imagine o que o Prince estaria fazendo se ele viesse do futuro e de outro planeta ao mesmo tempo. Gosto de todos os discos mas por alguma razão que não consigo explicar o desse ano me pegou de jeito e virou meu preferido. Escute no headphone - tem muito detalhezinho interessante que não pode passar.


Menções Honrosas:


Here We Go Magic - The January EP - onde o Here We Go Magic prova que embaixo de toda a doideira o que existe ali é muito talento para compor.
Girls - Father, Son, Holy Ghost - onde aprendemos que o Roy Orbison influencia positivamente o rock até hoje (a voz não tem nada a ver mas é espiritualmente bem parecido) e entendemos qual é a diferença entre um ÁLBUM e uma coleção de músicas qualquer.
My Morning Jacket - Circuital - onde o My Morning Jacket consegue ao mesmo tempo continuar fazendo o que fazia e não gerar uma sensação de repetição, e sim de "me dêem mais disso"
Dirty Beaches - Badlands - onde descobrimos que um Filipino que pensa que é o Elvis e grava na cozinha de casa é uma boa receita para fazer música legal.

Don't believe the hype:
Bon Iver - Bon Iver, Bon Iver - inegavelmente bem feito mas emocionalmente distante, intelectual demais e numa boa, um bocado chato na maior parte do tempo. Não consegui entender a histeria que esse disco gerou. Toda vez que eu escuto ele esse artigo que prega que o nosso gosto musical ficou muito maricas faz muito sentido para mim -> http://www.nydailynews.com/entertainment/music-arts/stop-sensitive-burly-men-girly-men-turning-pop-music-a-wuss-case-scenario-article-1.132664#ixzz1QUemcxxN

Quer ouvir um disco absurdamente foda?


A década musical que menos me interessa é 70 (tirando 77 para frente por causa do punk), mas ela tem elementos legais que não são mais usados, entre eles fazer música paciente, trabalhada, que não se preocupa em "perder" tempo construindo climas porque a audiência tem a capacidade de concentração de uma formiga. Outras coisas legais incluem dar um nome cósmico para a sua banda e não ter medo de colocar até a pia da cozinha nas suas músicas - não confunda com rock progressivo, por favor. Este morreu de deveria continua bem morto mesmo.

Outro conceito que quando bem feito é sempre interessante é o da falsa infância, a forma misto romanceada/maluca/exagerada/verdadeira com que lembramos da nossa infância mas que no fundo não foi bem assim. O meu caso em particular é bacana não porque eu sou aquele amigo do seu pai que diz que teve a melhor infância do mundo, porém:
1-eu tenho a memória esburacada
2-eu sempre tive a imaginação hiper-ativa

Memória com buracos + muita imaginação = mundo muito louco e cheio de mistérios. Eu realmente achava que dormia um saci dentro da última caixa que ficava na pilha de tranqueiras da casa da minha avó. Eu realmente achava que é possível construir uma nave espacial no quintal se você for muito inteligente e tiver um computador. Tem algumas obras que captam esse sentimento de mistério infantil bem, pense no Steven Spielberg quando acerta. E foi um dos pontos que tornaram o Hurry Up We're Dreaming maravilhoso.

Conhecia o M83 só de nome mas a atenção que o disco deles de 2011 chamou me fez ficar curioso o suficiente para experimentar e agora sou basicamente um fã que só conhece um disco (já já corrijo isso). Basicamente é o projeto de um francês maluco chamado Anthony Gonzalez que começou como uma banda mais shoegaze e foi tomando uma direção mais misturada com, talvez, chillwave (não acho uma música como Midnight City tão distante de algo do Washed Out). Há eras o rock não é feito primariamente de guitarras e o instrumento do M83 é definitivamente o sintetizador, então o som tem bastante de eletrônico mas uma atitude sem medo nenhum de usar o que precisa - desde guitarra distorcida até saxofone e tudo que está entre eles. Porém não é necessariamente dançante - é mais pop e com uma onda agradável (quente talvez seja uma boa palavra) e com esse senso de excitação das crianças.

E é épico para cacete. Para mim o estilo do M83 deveria se chamar "rock épico para cacete". Uma música pode começar com um dedilhado quietinho no violão mas você sabe que sempre vai terminar com uma barulheira gigantesca e estourando sua caixa, duzentos instrumentos sentando a lenha, eu ouvi esse disco dirigindo sozinho na estrada e toda hora eu me via dentro de um universo sonoro intenso que baixava e subia de novo. Ah, e o disco é duplo - então é uma experiência legal tentar atravessar ele todo de uma vez.

Melhor disco de 2011.

Saca só:

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Minha playslist de hoje

Estou devendo uns posts vou postar até esses dias para compensar! :-)

Todo ano na semana de natal eu escuto essa playlist:

Elvis Presley - Blue Christmas
Elvis Presley - White Christmas
Elvis Presley - Here Comes Santa Claus
Elvis Presley - Silent Night
Elvis Presley - O Little Town Of Bethlehem
Elvis Presley - Santa Bring My Baby Back
Elvis Presley - Santa Claus Is Back In Town
Elvis Presley - I'll Be Home For Christmas

Bandas legais que também fizeram discos de natal:
Beach Boys
Squirrel Nut Zippers
Phil Spector
Sufjan Stevens
James Brown
...mas o mestre é o Elvis...

Disco de natal que foi a idéia mais errada do mundo:
Scott Weiland - vocalista do Stone Temple Pilots - está em turnê apresentando isso agora. Tipo, uma turnê junkie e lesada de um cara tropeçando no palco e cantando músicas de natal, Winehouse style. Eu vi o show do Stone Temple Pilots este ano e apesar de gostar da banda - não.

Quase empatou com a Simone.

Música imortal de natal que tocou em Jerusalém a 2011 anos atrás e tenho que ouvir depois das do Elvis:



Feliz natal you biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitch!!




terça-feira, 29 de novembro de 2011

Mais documentários musicais legais

Ando empolgado com documentários musicais e aproveitando o gancho do post passado seguem os últimos que gostei:


From The Sky Down

"Para aceitar uma nova versão de uma banda, você precisa primeiro rejeitar a anterior; e, entre as duas, você não é nada".

A citação acima (não completamente literal) define muito bem o quê exatamente torna esse filme interessante. Em 1990, o U2 ainda habitava aquela primeira encarnação super-séria, super-careta, super-vamos-salvar-o-mundo com muito pouco humor e senso de diversão. Percebendo que se tornou O INIMIGO (palavras deles próprios), ou seja, mais uma banda de rock chata, exagerada, gigante e que se leva a sério demais - perfeitamente o tipo de banda que o U2 foi formado para combater e numa versão que nunca me interessou particularmente - a banda entra em crise criativa. Sabem que tem que mudar, o problema é mudar para onde, mudar para se tornar o quê. Embarcam para Berlim inspirados pelos discos que o David Bowie gravou lá (ótima trilogia) quando passava por uma crise parecida e encontram - nada. Mas iniciam um processo esforçado e doloroso de descobrirem uma novo lado do seu trabalho e saem triunfantes com o melhor disco da carreira e um dos melhores discos da história do rock - o Achtung Baby. E não se restringe à música - muda tudo, visual, show, até declarações em entrevistas. É quando o Bono se torna uma espécie de paródia de rockstar que expõe todos os excessos do mundo do entretenimento no próprio ridículo, uma ironia que MUITA gente até hoje nunca entendeu. Esse filme documenta exatamente esse período turbulento e muito bacana de assistir. Chore vendo a primeira sequência de acordes que o Edge havia pensado para Mysterious Ways se transformar em One e se tornar o momento chave que salva a banda.

I am Trying to Break Your Heart

Sou fã desavergonhado de Wilco e esse documentário tem pontos em comuns com o acima - capta exatamente um momento chave de transformação que apesar de doloroso gerou um dos melhores discos da sua geração. Neste caso, é o Yankee Hotel Foxtrot, que deveria se chamar "Wilco chuta o balde do seu folkzinho" e sem dúvida é um dos 10 melhores discos da década de 2000. Para mim foi muito bacana ver o Wilco funcionando por dentro, e descobri-los como uma moçada meio tímida, até mais para baixo que para cima, mas geniais em relação à música. Toda hora que alguém pega um violão largado num canto de bobeira e improvisa qualquer coisa sai alguma coisa maravilhosa. Bônus para a história "porque as grandes gravadoras devem morrer" contida aqui, à medida que vemos um bando de executivos imbecis rejeitarem um disco brilhante por ser pouco comercial, basicamente pagar a banda pro gravá-lo e deixá-los ficar com o disco para depois ser vendido para outra gravadora que pertence ao mesmo grupo (!). Crássico!

1991: The Year Punk Broke

Este não pode ser chamado de documentário, aqui são poucas cenas de bastidores e rock and roll baby! Basicamente registra muitas cenas da turnê feita pelo Sonic Youth e Nirvana juntos em 1991, ou seja, basicamente Sonic Youth no auge total e o Nirvana ainda não destruído por dentro pela fama absurda e pelas tendências autodestrutivas. Ou seja, PQP!! Imagem tosca (acho que foi gravado em VHS) até a pouco tempo era meio difícil de achar e meio que lendário (aqueles filmes que são trocados por todo mundo e cada um tem uma cópia pior que o outro). De quebra vemos outras bandas que acompanharam tocando de forma absurda - Dinosaur Jr., Babes In Toyland, e Deus (também conhecido como Ramones). Como um camarada muito mais conectado à música dos anos 90 do que qualquer outra época, esse filme me fez pensar que 1991 foi o auge da história da música mundial e não venha defender o ano em que Mozart gravou sei lá o quê ou o ano do Sgt. Peppers. Vale a pena ver só para lembrar o quanto Kurt Cobain era maníaco - é desse filme a cena clássica em que ele se joga com força com guitarra e tudo dentro da bateria, que é basicamente um monte de ferro. Dói!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

DIG

Uma banda formada por pessoas mal ajustadas da cabeça, viciados em drogas pesadas, completamente confrontacionais (saem na porrada entre eles no palco na metade dos shows, na outra metade é com o público mesmo), que grava 3 discos por ano, tem um tocador de pandeiro (tem nome isso?) e escrevem música boa como se fosse fácil. Revisionistas dos anos 60 mas não ignorando que o Jesus And Mary Chain existiu depois, enfiando distorção na guitarra mas sem perder a melodia e com ótimas letras, eterna promessa mas nunca estourou. Porém, como um Velvet Underground moderno, influenciou um bom pedaço do indie atual e ninguém percebeu. Continuam obscuros tocando para 40 pessoas por noite e sempre que uma gravadora encara arrumam tanta merda que desanimam de trabalhar com eles. "Não estou à venda" - Anton Newcombe, guitarrista, vocalista e pincipal (ótimo) compositor declara o tempo tempo, normalmente poucos segundos antes de chutar alguém. Falta saber se ele se auto sabota por isso mesmo ou porque não quer carregar o peso de não levar uma vida completamente sem noção. Essa banda é o Brian Jonestown Massacre, e fora alguns poucos pedaços que de vez em quando vêm para a superfície (a música de abertura da série Boardwalk Empire, ou o fato do fundador do Black Rebel Motorcycle Club ter vindo desta banda) eles estão por aí fazendo música boa sem ninguém notar.

Eles começaram mais ou menos juntos com os amigos Dandy Warhols, uma banda que sempre adorei. Para mim os Dandy Warhols fazem uma espécie de Glam Rock (pense em T Rex e David Bowie e não em Motley Crue) irônico e divertidaço com letras bacanas e um som que é daçante e divertido sem perder o punch. E são compositores fodas, consigo te apontar para ótimas músicas deles para empolgar e músicas muito bonitas também. Um bocado mais obcecados com a fama a ponto de quebrarem o pau com o diretor do vídeo deles porque eles não ficaram bonitos o suficiente, também junkies mas com a cabeça no lugar o suficiente para não serem 100% auto destrutivos (ver a moçada acima) saíram da mesma obscuridade para se erguer violentamente na fama e deixarem os amigos-depois-rivais-depois-ninguém-sabe-o-quê bem para trás.

Conhece alguma dessas bandas? Se importa em conhecer? Gosta de música indie? Costuma assitir documentários? Nada disso importa meu amigo. Se você simplesmente gosta de cinema ou tem o mínimo interesse por música (qualquer tipo de música), assista o excelente Dig! de 2004. O diretor Ondi Timoner passou 7 anos com essas duas bandas - e foram os 7 anos iniciais, onde todo mundo apostava que as duas seriam enormes nos anos 90 e ninguém sabia no que ia dar e compilou um filme tão bem montado, contado e dirigido que extrapolou a promessa e ficou um programa bacana mesmo para quem não se importa nada com esse povo. Excelente oportunidade de acompanhar a indústria da música funcionando por dentro, com altíssimas doses de drama - sacaneadas de gravadora, bastidores de shows, viagens jambradas de turnês improvisadas, milhões de brigas e acima de tudo música foda. 5 estrelas.

Trailer abaixo:



E de quebra uma música dos Dandy Warhols que não sai da minha cabeça tem uma semana