segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Projeto Conan Again

Pequena pausa no blog enquanto o meu projeto Conan se aproxima do seu pico de stress :-(
Vorto semana que vem!!!

Aliás tem alguém aí??

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Guia Rise From Your Grave para a discografia do The Clash Parte 1/2

Eu cresci ouvindo punk acima de tudo, e naquela época sem internet tudo que é muito óbvio e básico hoje nem sempre era tão óbvio e básico naquela época. É claro que todo mundo já tinha ouvido falar de The Clash, e sabia da importância (para quem não sabe, visualize assim: punk é a santíssima trindade - Ramones, Sex Pistols e The Clash - todo o resto é subproduto desses 3 - entendido?). Só que na prática discos do Clash no Brasil não eram tão fáceis e eu não conhecia muita gente que tinha. Então todo mundo tinha vontade de conhecer mas pouca gente conhecia de fato. E quando finalmente eu sentei e escutei um disco inteiro deles - eu detestei.

O baterista da minha banda na época conseguiu o Sandinista! e queria vender (também detestou). Minha primeira reação foi ficar completamente confuso porque aquilo era chamado de punk - não tinha NADA de punk além do contéudo das letras. O Sandinista tem pop, rockabilly, música com coro de criança, gospel, música com influência árabe, hip hop, alguns rockinhos bem próximos do punk mesmo (que depois eu descobri que é a interpretação do The Clash do que é punk - músicas como Police On My Back, que eram minoria) mas não tem nada que se parece nem um pouco com Ramones.

Só quebrei minha birra com Clash - que durou anos - quando me passaram um piratão ao vivo mal gravado da época do segundo disco e insistiram muito para ouvir. Aí eu descobri porque chamavam eles de um dos pais do estilo. E depois conhecendo bem a banda eu descobri que tudo que o The Clash faz é punk - sendo punk musicalmente ou não. E que, basicamente, eles eram os líderes, não os seguidores. Por isso nunca se amarraram nem tiveram medo nenhum de experimentar e fazer qualquer coisa que achassem relevante. Não acertaram sempre - risco que quem tem coragem de experimentar sempre corre - mas foram honestos e vitais até (quase) o final.

Basicamente, se você gosta de rock, você vai gostar de The Clash. Os 3 primeiros discos deviam ser tocados na escola para ajudar a entender a história cultural do século 20. E se você tem um mínimo interesse em punk e não conhece The Clash - esconde isso dos outros senão a polícia da música te prende.

Grande feito para uns moleques pobres e marginais de Londres, viciados em rock e reggae e que foram varridos pela revolução do rock de 76-77 (mais especificamente impactados pelo primeiro disco dos Ramones e por um show dos Pistols onde, soprando meleca em um lenço, Johnny Rotten iniciou o show dizendo "tudo bem seus bêbados vamos tocar umas músicas e vocês vão gostar delas"). Deixou de ser uma banda de pub que tocava rockabilly (The 101'ers) para ser uma versão inglesa dos Ramones misturada com reggae para ser uma banda essencial que foi chamada por um tempo de "a única banda que importa" (já vi o David Lee Roth falando no palco que "bandas como The Clash não deviam se levar tão a śerio"). E depois disso a importância e relevância do Clash (sem falar na qualidade) estrapolou mesmo a dos Pistols. A partir do The Clash, rock não era mais entretenimento. Era alguma coisa de verdade. Por um tempo, o Clash foi a banda para quem todo mundo estava ouvindo, eram as pessoas que iam mostrar o caminho. E então ficou enorme. E então se autodestruiu quando descobriu que se tornou aquilo que eles surgiram para destruir - uma banda de rock gigante, milionária, viciada em drogas. Clichê. E um tempo depois ficamos sabendo que Joe Strummer chorou quando viu os militares americanos jogando uma bomba no Iraque onde estava escrito "Rock The Casbah". História triste a do Clash.

Anyway - desde o Bono comentando que eles "abriram o mundo para as pessoas" porque eram radicalmente políticos e não tinham medo de escrever sobre nada, qualidade que não se aplica para qualquer banda mesmo dessa época - até gente comentando que tinham medo de ir no show do Clash porque era muito selvagem, a história do Clash é completamente visceral (assistam o Westway To The World ou mais legal ainda o filme The Future Is Unwritten).

Até hoje você vê umas pichações enormes por Londres com o nome deles. E atualmente eu amo até mesmo o Sandinista.

No próximo post comento minha visão particular dos discos do Clash.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Da Série Random Music - Halloween

Vocês já viram o Sid e Nancy, ou o Filth And The Fury, ou qualquer outra reportagem/filme/documentário sobre os Sex Pistols? A famosa entrevista com os Pistols onde eles tiveram a audácia chocante de falar palavrões na tv e que entrou para a história porque chamou uma temenda atenção da imprensa - e como consequência foi o ponto exato em que o mundo descobriu que existia o punk - é sempre mostrada com a banda misturada com um monte de punk de rua e umas garotas com cara de marginais.

Uma dessas garotas (com a qual o entrevistador tentou flertar) era a Susan Janet Ballion. Essa menina cresceu em Londes com um pai que morreu de birita quando ela tinha 14 anos e uma mãe completamente ausente, de uma maneira solitária e esquisita, vivendo meio que sem amigos e viciada em Roxy Music, David Bowie, Velvet Underground e, mais tarde, nos Sex Pistols. Era conhecida por chocar a Londres da década de 70 - andava com roupas inspiradas em prostitutas e sadomasoquistas e frequentava só os bares gays da cidade. Já apanhou na rua por sair de sutiã com uma suástica no braço (não, ela não é nazista). E quando uma banda faltou a um show organizado pelo empresário dos Pistols, pediram para essa garota fazer algo de improviso para encher o tempo - ela colocou o Sid Vicious na bateria (na época ele ainda era John Simon Ritchie) e um guitarrista emprestado e ficaram 20 minutos improvisando em cima de poemas e orações que ela conhecia. A partir desse dia ela era a Siouxsie Sioux. E quando foram pedidos para repetir o show, a banda agora era Siouxsie and the Banshees.

Siouxsie and the Banshees é uma das bandas mais originais (para não dizer mais bacanas) que eu conheço. Nascida no meio do fogo do punk inglês com certeza eles devem muito para esse som, mas eram criativos e diferentes demais para serem mais uma banda punk - e nessa brincadeira se tornaram uma das primeiras bandas de post-punk. Apesar de terem passados diversos guitarristas pela banda - inclusive o Robert Smith do The Cure, que diz ter mudado sua visão de mundo e desistido de ser os novos Beatles depois que ele tocou com a Siouxsie - a banda sempre manteve um estilo coerente de guitarras super agudas e estridentes com um som mega esquisito, arranjos diretos que parecem estar errados de alguma maneira difícil de explicar (mas que gera um efeito bem desconcertante e tenso na música), baixo melódico tomando o lugar da guitarra e bateria percussiva. Isso foi a base de toda música que foi chamada de gótica depois - sim, influenciou Joy Division, Bauhaus, Echo e aquele pessoal todo - na época em que gótico era algo legal (uma espécie de punk dark bem confrontador e deprê) - e não era associado com palhaçadas de gente tirando onda de vampiro tipo Type O Negative.

Mas é lógico que o que chamava mais atenção era o vocal esquisito e melodramático da Siousxie. Até hoje não se parece com nenhuma outra vocalista, e é agressivo para caramba. Pode colocar na lista de vozes que vcoê vai achar muito estranha no início e depois que acustumar vai adorar. Tirando a presença de palco foda. Sério.

Começou goticaço, com o tempo o som mudou (e deu uma abrandada) mas de forma geral mantiveram-se fiéias à idéia de confrontar e de experimentar e serem originais e criativos (tirando umas escorregadas ocasionais tipo um cover muito pop farofa de The Passenger do Iggy Pop). Para mim é uma das vocalistas mulheres mais interessantes da histórias e uma das melhores bandas da década de 80 - e influencia um bocado até hoje (veja um pessoal tipo Garbage, Morrisey, LCD Soundsystem, Jane's Addiction e Scissor Sisters falando que só tocam hoje por causa dessa banda). Tente sacar também The Creatures - projeto paralelo ainda mais experimental da garota.

Comece por - Juju
Bem punk - Once Upon A Time
Bem estranho - The Scream
Também bom para começar - Seven Year Itch

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Da Série WTF? - In The News

Post rápido porque vi notícias legais demais hoje para deixar de comentar -

Primeiro: a Kim Deal (baixista do Sonic Youth) começou uma linha de moda.
Repito: a punk psicopata assustadora maluca que canta as músicas mais doentias e from hell do Sonic Youth - e dá cambalhotas com o baixo no palco - está fazendo ROUPA para as pessoas vestirem. A linha se chama Mirror/Dash e embora eu achei que ela ia fazer nas roupas alguma coisa tão maluca quanto ela faz na música rolou uma jaqueta até bonita. "Clothes for cool moms" diz ela.

Segundo: não sei se você acompanhou o projeto Nude do Radiohead - eles venderam os arquivos com as diferentes faixas de instrumentos da música Nude para os fãs remixarem como quiserem e criar novas versões. Essas versões eram enviadas de volta para a banda escolher a melhor. Receberam tipo duas mil (!!!). E agora vão fazer o mesmo com Reckoner - que embora não tenha sido escolhida para single se tornou de forma natural uma espécie de "mega hit não oficial do In Rainbows". Dizem que é uma das músicas que mais DESTROEM o lugar quando é tocada ao vivo. E só para dar uma reguingada: Radiohead já está compondo o próximo disco. :-D Depois dessa nem reclama da segunda feira.

Mais uma: saiu o disco novo do TV On The Radio. E TV On The Radio comanda o batatal do além. E eles cantam sobre ser Lobisomens. Depois de escutar faço um post sobre eles.

sábado, 20 de setembro de 2008

Novidade

Adicionei ali do lado direito a parada Billboard dos discos mais vendidos da semana. Assim sempre que você entrar nesse blog pode constatar que, vem semana vai semana, o mundo continua (e continuará) sempre dominado por música ruim.

Melhor ainda se pudesse adicionar a parada brasileira, sente só a dessa semana:
01 James Blunt - Same Mistake 6.87%
02 Wanessa Camargo - Me Abrace 5.84%
03 Bruno & Marrone - Não Faz Mais Isso Comigo 5.5%
04 Daniel - Difícil Não Falar de Amor 5.15%
05 Cláudia Leite - Extravasa 4.81%
06 Leonardo - Coração Bandido 4.47%
07 João Marcio E Fabiano - Pistoleira 4.12%
08 Victor & Léo - Tem Que Ser Você 4.12%
09 Alexandre Pires - Pode Chorar 3.78%
10 Hugo Pena E Gabriel - Fora Do Eixo 3.78%
11 Zezé De Camargo E Luciano - Chega 3.44%
12 Victor & Léo - Fotos 3.44%
13 Bruno & Marrone - Ficar Por Ficar 2.75%
14 D Black - Sem Ar 2.41%
15 Edson & Hudson - Fala 2.41%
16 Latino E Daddy Kall - Amigo Fura Olho 2.41%
17 Aviões Do Forró - Chupa Que É De Uva 2.06%
18 Kely Key - Super Poderosa 2.06%
19 Mc Créu - Dança Do Créu 2.06%
20 Edson & Hudson - Eu Quero Mais 2.06%

Dá MEDO.
Mostra isso sempre que alguém argumentar que popluaridade = qualidade em qualquer contexto.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Planeta Terra

Dia 8/11, sabadão, em SP, vai ter Jesus And Mary Chain. E no mesmo festival (Planeta Terra) Breeders, Bloc Party, Kaiser Chiefs, Mylo, Felxi Da Housecat, e ainda periga confirmar o Spoon.

Já comprei ingresso para mim e a gatinha e um iapa de quebra (SP e os iapas se atraem). Eu estou indo pelo Jesus And Mary Chain, o resto é bônus (apesar de gostar muito de Mylo, Felix, Breeders e Spoon e razoavelmente de Bloc Party e Kaiser Chiefs).

Quem anima???

Da Série Random Music - Só Os Solitários


O Bob Dylan escreveu sobre esse cara:
"Transcendeu todos os gêneros... ele cantava suas composições em 3 ou 4 oitavas que faziam você querer dirigir seu carro para um precipício... cantava como um criminoso profissional... sua voz poderia sacudir um cadáver... suas músicas tinham músicas dentro de músicas... não existia nada no rádio como ele."

O Elton John descreveu assim:
"muito à frente do tempo, quebrava todas as regras de composição, quebrava todas as tradições".

Esse é o mesmo cara de quem o Elvis Presley comprava pilhas do mesmo disco simplesmente para dar uma cópia a cada pessoa que entrava na casa dele. E que ele via todos os shows na primeira fila. E que ele declarou que é o melhor cantor do mundo.

Esse é um cara que já tinha uma banda em 1949 (ele tinha 13 anos) chamada The Wink Westerners e que conseguiu um programa de televisão onde até o Jonny Cash foi tocar. Começou fazendo rockabilly - aliás, um dos melhores cantores de rockabilly fácil, lá no topo junto com Elvis e Jerry Lee Lewis e Chuck Berry e Little Richard - mas não foi longe. Começou a fazer sucesso DE VERDADE quando percebeu que podia transformar as letras que escrevia sozinho dentro do carro debaixo de chuva em música de verdade. Nessa brincadeira, ele quebrou uma antiga barreira - homens podem fazer músicas tão emocionais quanto as mulheres, inclusive no jeito de cantar. Ele inventou a balada rock dramática. E foi reconhecido até o fim da vida como o grande mestre disso. E muito mais, porque como diz Bob Dylan ele transcendeu todos os gêneros.

Não entenda "balada de rock dramática" como algo que o Waldik Soriano faria. O papo aqui é fino. Fazer música emotiva é fácil. Fazer música emotiva só que honesta, romântica sem ser clichê ou derramada, sem ser chorada ou brega - e sim lindona e arrepiante, com uma certa melancolia de solidão e até algum senso de humor - aí sim é sujeira. Esse cara fazia isso sem nem tentar. E melhor que todo mundo.

Esse é um cara pequeno com os óculos maiores que o rosto. Ele sobe no palco com uma guitarra semi acústica que também parece maior que ele. Para cantar, mal se mexe, e, engraçado, mal abre a boca. Parece não fazer esforço nenhum enquanto um vozeirão brutal varre a platéia. Parece não notar que tem uma das vozes mais bonitas da história da música popular. Parece não saber que ao cantar Only The Lonely, ou Blue Angel, ou Crying, ou qualquer outra muito provavelmente está realmente arrancando lágrimas de muita gente.

Esse é um cara que derramou suas lágrimas também. Deu uma moto de presente para primeira esposa - e a mulher me morre andando nessa moto. Sai em turnê e sua mansão pega fogo - morrem dois dos três filhos. E injustamente é esquecido pelo mundo entre a metade da década de 60 e mais ou menos 1986 quando David Lynch usou sua música In Dreams no Blue Velvet (aliás, David Lynch vive usando músicas dele). Mal pôde aproveitar porque morreu em 1988 - e teve inclusive alguns hits póstumos como You Got It e I Drove All Night.

Você conhece só como aquele carinha que canta Pretty Woman? Então pegue para ouvir direito e passe a conhecer como um dos caras mais geniais que já passaram pela música.
Descanse em paz Roy Orbison.

Comece por - a coletânea dupla The Essential

Só para dar uma reguingada: o visual do Dr. Octopus (aquele mesmo, inimigo do Homem Aranha) foi criado por um fã dele e é baseado no Roy Orbison. Existe alguma coisa mais legal que ter inspirado o visual de um inimigo do Homem Aranha?
Reguingada 2 - um dos músicos preferidos (declarado) dos Beatles e dos Stones. Todos os Beatles compraram um óculos igual ao dele. Tirando os já citados aqui - Bob Dylan, Elton John, Elvis etc.
Reguingada 3 - o Jaguar do Roy Orbison é um dos meus poucos sonhos de consumo.