terça-feira, 23 de setembro de 2008

Da Série Random Music - Halloween

Vocês já viram o Sid e Nancy, ou o Filth And The Fury, ou qualquer outra reportagem/filme/documentário sobre os Sex Pistols? A famosa entrevista com os Pistols onde eles tiveram a audácia chocante de falar palavrões na tv e que entrou para a história porque chamou uma temenda atenção da imprensa - e como consequência foi o ponto exato em que o mundo descobriu que existia o punk - é sempre mostrada com a banda misturada com um monte de punk de rua e umas garotas com cara de marginais.

Uma dessas garotas (com a qual o entrevistador tentou flertar) era a Susan Janet Ballion. Essa menina cresceu em Londes com um pai que morreu de birita quando ela tinha 14 anos e uma mãe completamente ausente, de uma maneira solitária e esquisita, vivendo meio que sem amigos e viciada em Roxy Music, David Bowie, Velvet Underground e, mais tarde, nos Sex Pistols. Era conhecida por chocar a Londres da década de 70 - andava com roupas inspiradas em prostitutas e sadomasoquistas e frequentava só os bares gays da cidade. Já apanhou na rua por sair de sutiã com uma suástica no braço (não, ela não é nazista). E quando uma banda faltou a um show organizado pelo empresário dos Pistols, pediram para essa garota fazer algo de improviso para encher o tempo - ela colocou o Sid Vicious na bateria (na época ele ainda era John Simon Ritchie) e um guitarrista emprestado e ficaram 20 minutos improvisando em cima de poemas e orações que ela conhecia. A partir desse dia ela era a Siouxsie Sioux. E quando foram pedidos para repetir o show, a banda agora era Siouxsie and the Banshees.

Siouxsie and the Banshees é uma das bandas mais originais (para não dizer mais bacanas) que eu conheço. Nascida no meio do fogo do punk inglês com certeza eles devem muito para esse som, mas eram criativos e diferentes demais para serem mais uma banda punk - e nessa brincadeira se tornaram uma das primeiras bandas de post-punk. Apesar de terem passados diversos guitarristas pela banda - inclusive o Robert Smith do The Cure, que diz ter mudado sua visão de mundo e desistido de ser os novos Beatles depois que ele tocou com a Siouxsie - a banda sempre manteve um estilo coerente de guitarras super agudas e estridentes com um som mega esquisito, arranjos diretos que parecem estar errados de alguma maneira difícil de explicar (mas que gera um efeito bem desconcertante e tenso na música), baixo melódico tomando o lugar da guitarra e bateria percussiva. Isso foi a base de toda música que foi chamada de gótica depois - sim, influenciou Joy Division, Bauhaus, Echo e aquele pessoal todo - na época em que gótico era algo legal (uma espécie de punk dark bem confrontador e deprê) - e não era associado com palhaçadas de gente tirando onda de vampiro tipo Type O Negative.

Mas é lógico que o que chamava mais atenção era o vocal esquisito e melodramático da Siousxie. Até hoje não se parece com nenhuma outra vocalista, e é agressivo para caramba. Pode colocar na lista de vozes que vcoê vai achar muito estranha no início e depois que acustumar vai adorar. Tirando a presença de palco foda. Sério.

Começou goticaço, com o tempo o som mudou (e deu uma abrandada) mas de forma geral mantiveram-se fiéias à idéia de confrontar e de experimentar e serem originais e criativos (tirando umas escorregadas ocasionais tipo um cover muito pop farofa de The Passenger do Iggy Pop). Para mim é uma das vocalistas mulheres mais interessantes da histórias e uma das melhores bandas da década de 80 - e influencia um bocado até hoje (veja um pessoal tipo Garbage, Morrisey, LCD Soundsystem, Jane's Addiction e Scissor Sisters falando que só tocam hoje por causa dessa banda). Tente sacar também The Creatures - projeto paralelo ainda mais experimental da garota.

Comece por - Juju
Bem punk - Once Upon A Time
Bem estranho - The Scream
Também bom para começar - Seven Year Itch

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