sábado, 15 de maio de 2010

Overdose de música nova

Ok moçada muito bonito tudo que vocês fizeram mas ando ouvindo demasiadas músicas novas. Estou tendo espinhas musicais. Estou tendo tontura musical, ressaca musical, vomitei um pouco de música com linguiça ontem. Vou passar um mês inteiro só ouvindo Ramones. E vai se fudister.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Projeto 1001 Discos - morte ao pop setentóide

Estou neste momento no 355. Falta bastante ainda. Isso é ótimo.

A experiência continua bacana. Quanta mais música você escuta em um curto período de tempo mais seletivo você fica - precisam fazer mais esforço para chamar sua atenção. Desde minha útlima atualização ouvi discos clássicos que nunca tinha parado para ouvir e não decepcionaram (Highway 61 do Bob Dylan, 5 Leaves Left do Nick Drake), novos favoritos (Viva Hate), bandas legais que eu só conhecia de nome e passei agostar muito (The The) e um monte de "maizomeno", que passa batido mas também não tortura o ouvinte.


O que de vez em quando desanima e dá vontade de desistir é ter que encarar os Steely Dan da vida. Steely Dan é o exemplo máximo de pop setentóide sem alma que temos que agradecer no fundo porque foi por causa deste tipo de banda que o punk surgiu - para destruir exatamente isso. Eu sofri por um disco inteiro deles (Pretzel Logic) e fiquei aliviado porque passei pelo Steely Dan. Até meu sorteio aleatório me fazer sofrer de novo com um disco pior ainda (Countdown to Ecstasy). Conferi no livro e tem quatro para ouvir. (!) (!)

Serve para mim declarar o Steely Dan como pior banda que fui forçado a ouvir nesse experimento. Ganhou da Britney Spears. Prefiro ouvir um disco épico triplo misturado com jazz e world music da Somália e uma cantora genérica de R&B cantando músicas do Abba.

Morais da história:
1-tem que ser macho para encarar os 1001, ou como o Shibuco disse gostar de viver perigosamente;
2-mesmo uma mega seleção de discos se for grande o suficiente não consegue fugir de ser um mar de mediocridade com pérolas flutuando (mediocridades importantes mas ainda assim desnecessárias)
3-os caras do Steely Dan devem ter comido alguém que escreveu esse livro

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Mundo Bizarro ou ainda posso ser surpreendido

Indo contra todas as conversas de boteco (inclusive uma tão recente quanto semana passada), descobri que EXISTE UM DISCO BOM EM QUE O ROD STEWART CANTA !!!!

Vou repetir:

existe
um
disco

bom

com
o
Rod
Stewart

Próximo passo vai ser começar a gostar de Fábio Jr. imagino.
Tudo bem que o disco não é exatamente dele mas...


Essas coisas começaram a acontecer comigo depois que eu entrei na casa dos 30.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Viva o Ódio

Quem imaginava que o Morrisey, no contexto de sua carreira solo, poderia ser tão criativo e sem limites, muitas vezes completamente raivoso e violento e dissonante, outras com uma profunda delicadeza nascida de (acredito eu) sofrimento real (ou pelo menos muito bem fingido)? Quem imaginava que no mesmo disco você escutaria que no mesmo disco você escutaria alguma coisa barulhentona como Alsatian Cousin, depois viagens sinfônicas como Angel, Angel, Down We Go Together seguida de uma melancolia bonita como Late Night, Maudlin Street (aliás uma das músicas mais bonitas que escutei nos últimos tempos)? E logo na sequência você aprende como se faz pop de verdade (suedehead) e aí quem não se deixou ganhar pelo disco pode perder toda a esperança que tem na música.

Eu sinceramente esperava bem menos desse cara - que domina o formato pop eu já sabia, é ótimo letrista (praticamente criou a modalidade de música intensamente pessoal até doer que tem as raízes lá atrás mas com menos profundidade no Roy Orbison), que você pode esperar sarcasmo/alto depreciação/um pouco de esperteza e ironia funcionando num contexto pop levinho -mas mais intenso do que revela superficiamente - não me surpreende. Fazia sentido para mim tanta gente dever praticamente a vida aos Smiths. Mas que esse cara ia tão longe sem eles, realmente me pegou.

Teve uma época em que eu odiava o Morrisey (dá zero para mim), porém bastaria alguém me aplicar o Viva Hate. Zero agora para todos os meus amigos que tentavam me convencer que ele era foda e nunca me deram porrada, me trancaram num quarto e me obrigaram a ouvir esse disco.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

2010 comanda - de novo

Duvida que 2010 vai ser (já está sendo) espancante em relação à música, principalmente em relação à 2009? Olha o que ainda rola esse ano:

The Fall Your Future Our Clutter
Flying Lotus Cosmogramma
Hold Steady Heaven Is Whenever
Mike Patton Mondo Cane
Foals Total Life Forever
Dead Weather Sea Of Cowards
The National High Violet
Stone Temple Pilots Stone Temple Pilots
The Melvins The Bride Screamed Murder
Chemical Brothers Further
Hot Hot Heat Future Beeds
The Roots How I Got Over
Teenage Fanclub Shadows
Tokyo Police Club Champ
Foals Total Life Forever [Digital: May 11th]
Herbie Hancock The Imagine Project
M.I.A. Ainda sem título
Three 6 Mafia Laws Of Power
Andre 3000 Ainda sem título
Aphex Twin Ainda sem título
Arcade Fire Ainda sem título
Atoms of Peace [Thom Yorke and Flea] Ainda sem título
Bad Religion Ainda sem título
Battles Ainda sem título
Beastie Boys Hot Sauce Committee Part 1
Blondie Ainda sem título
Cake [Tiitle TBA]
Common The Believer
Depeche Mode [live-album] Recording the Universe
DOOM, Ghostface Swift & Changeable
Fleet Foxes Ainda sem título
Franz Ferdinand Ainda sem título
Gang Of Four Ainda sem título
Interpol Ainda sem título
Justice Ainda sem título
Kraftwerk Ainda sem título
Lupe Fiasco Lasers
N.E.R.D Instant Gratification
Of Montreal False Priest
OutKast Ainda sem título
Panda Bear Tomboy
R.E.M. Ainda sem título
Royksopp Senior
Rusko Ainda sem título
The Strokes Ainda sem título
U2 Songs Of Ascent
The Walkmen Ainda sem título
Kanye West Good Ass Job
Neil Young Ainda sem título

sexta-feira, 30 de abril de 2010

2010 continua detonando

2010 até março já tinha espancado 2009 na música e em muitos outros fatores também. Concordam?
Já tivemos mais coisa boa de 3 das melhores bandas da atualidade:

Crystal Castles - Crystal Castles (2010) - é talvez a banda mais recente que entrou na minha lista de favoritos absolutos, fizeram um segundo disco com o mesmo nome que o primeiro, que por sua vez é somente o nome da banda (preguiça?). A fórmula de somar uma mina completamente punk (aliás que cantava de fato em bandas punks e dá uns shows selvageria) com um produtor interessado em eletrônica primitiva e em placas de som de 8 bits - música de videogame velho tipo o Nintendinho) não mudou, talvez tenham somente extremado os extremos: o vocal dela é cada vez mais manipulado e tem horas que chega a dar medo (o som deles frequentemente é bastante desumano, é um elogio); os momentos pop são mais pop, os momentos calmos mais bonitos, a gritaria mais gritada, os arranjos eletrônicos esquisitos mais alienígenas. Para quem não conhece, é muito mais escutável do que eu estou fazendo parecer - de fato um dos melhores discos do ano com certeza. - escutando no repeat -

LCD Soundsystem - This Is Happening - LCD Soundsystem é o que a meu ver é o que a música pop deveria ser. Concorre com Daft Punk no título de "banda mais infalível para colocar TODO MUNDO para dançar em qualquer festa de qualquer tipo de público". Num mundo perfeito, você ligaria o rádio do seu carro e escutaria essa banda enquanto dirigiria de dentro de uma ofurô bebendo um Jack Daniels (de banana). No nosso mundo corrompido e distorcido uma das bandas mais divertidas e acessíveis que eu conheço inclui uma música chamada "You Wanted a Hit" no disco que diz que "sempre tentamos fazer mas sempre sai errado" - e que é muito melhor que todo o universo de música que vira de fato top alguma coisa (aliás confira o naipe do nosso top 40). O LCD Soundsystem continua com a base totalmente eletrônica dançante, porém está um pouco mais orgânico (mais guitarras), continua passando a sensação de ser música "solta" e "leve" e "natural" - principalmente nos vocais que são bem irônicos e meio falados - cantados - estilo estou-improvisando-isso-agora mas no fundo é intensamente nem feito e trabalhado (mais músicas longas que demoram a se desenvolver também). Estão dizendo que este é O DISCO que vai estourar eles - não é. Vão continuar fazendo ótima música mas só para quem se importa. E talvez seja melhor assim.

Broken Social Scene - Forgiveness Rock Record - essa é um dos raríssimos exemplos de "super banda" que funciona, faz música boa de verdade e é maior que a soma de suas partes (reúne uma espécie de super seleção de músicos indies do Canadá e acho a música do Broken Social Scene muito melhor que qualquer um deles em outro contexto, que me perdoem meus muitos amigos fãs de Feist). Depois de um segundo disco absolutamente perfeito e já clássico (You Forgot It In People), nunca consegui empolgar muito com o último (chamado simplesmente de Broken Social Scene). Tenho impressão que a força de um é a fraqueza de outro: a banda tem tipo 19 pessoas que tocam tudo quanto é instrumento e quando sabem colocar foco na coisa sai discos variados, viajantes, com músicas completamente diferentes entre si mas com um sentimento coerente e força. Quando dá errado, me parece que é um monte de gente atirando cada um para um lado gerando uns arranjos super intrincados e cheio de detalhes (mas chatos).O disco novo remediou isso, é super focado e bem direcionado, tem pau quebrando e músicas simplesmente maravilhosas (minha mulher já pirou com The Sweetest Kill) e quando passar a fase de absorção dele eu respondo se ele é o que está me parecendo - melhor disco deles.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Grunge is Dead

Estou lendo um bom livro chamado Grunge is Dead, que é basicamente a aplicação do conceito tornado famoso pelo Mate-me Por Favor para a breve explosão do rock de seattle no início da década de 90. Para quem não conhece, o Mate-me Por Favor é um livro escrito 100% a partir de depoimentos dos participantes e pessoas chave que editados de uma maneira que faça sentido contam a história do punk pelo lado de dentro. A leitura muito me interessa porque tenho uma conexão emocional muito real com a música desta época e como eu suspeitava tem muito a cavar ali.
O que dá para compreender é que uma explosão daquela tem muito valor cultural por ter sido de fato orgânica. São de fato bandas de moleques da cidade que começaram a tocar nos clubes sujos para público local. Chamou atenção pela combinação rara de talento real + esgotamento do mercado de rock da época pelo metal farofa (já tinha dado o que tinha para dar e gerou um vácuo de ânsia pelo novo) + atuação da imprensa inglesa que criou o mito e decidiu que um monte de banda da mesma época do mesmo local são a mesma coisa + uma gravadora (sub pop) com uma intensa incompetência administrativa mas grande talento para vender como novo o que na verdade era mais uma manifestação de tendências que já existiam no underground do país. Aliás some Sonic Youtn + Pixies + Replacements + Butthole Surfers e veja se não sai o som grunge. Porém, ainda bem que venderam boas bandas que revitalizaram o rock sim, não eram meras cópias e que levaram as influências para cima junto.

O template de fato é o Soundgarden. Começou cedo, influenciou todo mundo, estourou menos porém mais cedo que o Nirvana e era a banda que as pessoas queriam ser quando queriam fugir do rock tradicional da época. Para ter noção do impacto, quando o baixista saiu Kurt Cobain - que disse para eles se considerarem sua maior influência - pensou em se candidatar, e isso depois do Bleach. Soundgarden foi o responsável pelo Alice in Chains largar a onda farofeira e virar o monstro dark que se tornou.

O Mudhoney (e em grau menor a banda mais antiga do Mark Arm com os caras que viriam a se tornar o Pearl Jam, Green River) injetou um bocado de caos criativo na cena. Para mim ele é uma espécie de Iggy Pop de Seattle - incluindo a heroína - só que com o vocal mais psicopata e um espírito muito mais experimental. Vá atrás das coisas velhas dele - Mr. Epp fazia música com objetos tipo o Neubauten e os Throw Ups tinham como regra somente não ensaiar nunca e inventar as músicas na hora do show. Escute Mudhoney muito alto - dá para ver nitidamente que foi dali que veio o som das bandas grunge mais punks. Note que seus vizinhos vão achar que você está quebrando sua casa.

Melvins é muito interessante porque não se parece com nada. Começou como uma banda de hardcore que queria ser a mais rápida e depois resolveu ser a mais lenta do mundo. As referências estão lá - Black Sabbath do início, doom metal, vocal meio doente estilo Mudhoney - mas são usadas de uma maneira única. Melvins não tem limites - é capaz de fazer uma música cuja guitarra só repete uma nota o tempo inteiro ou de largar o batera tocando 5 minutos a batida da música sozinho. É muito pesado e chega a ser estressante de um jeito legal. O som do Melvins reflete muito no metal moderno - as bandas que tocam ultra lento e sinistro tipo Sunn O))). Melvins é cheio de projetos malucos - o disco Chicken Switch possui uma música para cada disco inteiro do Melvins, mixado em 5 minutos por gente tão louca quanto eles (tipo os caras do Boredoms). Respect!

Tem muito mais coisa para explorar ainda - Malfunkshow, U-Men, Posies - vou postando as que eu gostar. Por hora deixo 4 dicas básicas não tão obscuras mas frequentemente esquecidas (e retomadas por mim com empolgação ultimamente):

Mudhoney - Superfuzz Bigmuff
Green River - Dry as a Bone
Melvins - Bullhead
Screaming Trees - Sweet Oblivion