quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Da Série Random Music - Joãozinho Trovão

Já ouviu falar do John Anthony Genzale Jr.? Garoto filho de italianos nascido no Queens, Joãzinho mexeu com música a vida inteira - desde sua primeira banda quando assumiu o título de Johnny Volume e sempre se dedicou com muito afinco à sair de noite, agitar e uma boa quantidade de drogas muito pesadas (heroína principalmente). E esse cara começou a ficar relevante quando se juntou a outros camaradas tão sujeira e sem noção quanto e formaram uma lenda chamada New York Dolls.

NY Dolls apareceu bem na época em que o rock progressivo e os pop setentótites estavam no auge absoluto (1971) e foi algo realmente único. Basicamente um bando de marginais que não eram gays mas só tocavam vestidos de mulher, a proposta musical foi o combustível e a ideologia que gerou o som do punk - aliás, enquanto o Velvet Underground é tipo como o avô tanto do punk quanto do indie, os NY Dolls e os Stooges são considerados os pais - que era: rock sujo, inescrupuloso, rasgado, simples e direto na veia, marginal e antes de tudo divertido. Apesar de desaprovar o termo "punk", estiveram largamente associados ao seu início e aliás foram a banda de onde os Sex Pistols tiraram tudo. Mas se você escutar hoje vai descer como uma espécie de Rolling Stones muito mais sujo e escancarado, com guitarras mais no talo e escandalosas e que não param de improvisar umas linhas muito rockão. Som energético e na veia, para ouvir em festas muito caóticas ou no carro no volume máximo quando você está dirigindo para algum lugar para se embebedar muito. Impossível eu recomendar mais (100% obrigatório para quem gosta de rock, independente do estilo). Pena que durou pouquíssimo - dois discos que viraram lenda mas não venderam droga nenhuma (NY Dolls e Too Much Too Soon) e a banda (como é sempre esperado deste tipo de banda) se auto destruiu. Ainda quero fazer um post só para eles.

Nessa altura Johnny - que se imortalizou com o nome de Johnny Thunders - já era um farrapo de gente. Conforme era descrito por pessoas próximas, era o junky dos junkies, com tudo que isso implica, desde as ligações com gente muito sujeira quanto a capacidade inesgotável de sugar pessoas. Mas o fdp era bom e andava com as pessoas certas - a música "Chinese Rocks" que você conhece dos Ramones foi feita por ele e pelo Dee Dee e chegou a ter uma outra boa banda, os Heartbreakers com outro cara lendário desta época (Richard Hell). E depois disso tudo, no meio à decadência física moral espiritual e mental, dentre seções de gravação que dizem à boca pequena (heheheh) que foram 100% caóticas e movidas por muitas drogas, nãop havia decadência musical - me grava um disco solo que eu tenho como um dos melhores discos da história do rock - cativante e divertido, forte mas leve ao mesmo tempo, músicas que tem duas camadas, uma superficial bem rock solto e despreocupado e energético e uma camada embaixo que não aparece de cara de uma certa tristeza e confusão que estavam presentes ali o tempo todo. Cheio de participações interessantes (Steve Jones e Paul Cook dos Sex Pistols, Chrissie Hynde dos Pretenders etc) So Alone não foi o último disco de Thunders, mas poderia ter sido o único - tem até um certo lado de "punk experimental".

Morreu em 1991 e até hoje a morte é meio inexplicada - ligada a drogas ou assasinato, até hoje se discute. Mas era certo que ia ter um fim podreira, tipo uma Amy Winehouse hoje.
O som do Johnny Thunders, apesar de simples, é difícil de explicar, e mais difícil ainda de captar o quanto é imperdível. Vai por mim. E escuta o "So Alone" hoje. E depois me agradece!!

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