quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Da Série Random Music - Os Potros

Tente imaginar algo mais distante do rock que matemática. Sério. Eu tentei e tudo que eu imaginei aqui era pelo menos um pouquinho rock. Até axé. Até carrosel de parquinho de diversão. Menos matemática. E como a vocação do rock é justamente confrontar e juntar e fazer o que não devia, é lógico que já existe o estilo que é conhecido como Math Rock. E, ainda por cima, anda um bocado popular.

Normalmente acaba com o rótulo de math rock a banda que é focada em técnica, em usar tempos ímpares esquisitos, em colocar nas músicas um monte de melodia maluca diferente acontecendo ao mesmo tempo e se entrelaçando de maneiras não óbvias. É um som complicado, sempre bastante experimental e frequentemente difícil de ouvir, mas muitas vezes inovador e interessante também. Isso não é progressivo? Minha interpretação é que o rótulo math rock acaba caindo para bandas que usam sua técnica para fazer música maluca de uma maneira interessante e o progressivo é técnica por técnica de um jeito chato. :-)
Talvez a banda mais conhecida que flerte com math rock seja Tool, e como eles várias bandas levam para o lado pesado - Dillinger Escape Plan ou Krallice, por exemplo. Já outras exploram o experimentalismo ao máximo (Battles, que merece seu próprio post) ou que aplicam esse conceito em outros estilos, por exemplo o eletrônico (Autechre).

E em algum momento, alguém teve a idéia bacaníssima de aplicar as idéias do math rock em um contexto mais acessível, pop, divertido e até dançante. Ou seja, música maluca cheia de linhas diferentes e interessantes tocando ao mesmo tempo endoidando sua cabeça mas dispostas em um tempo mais balançado com vocais pop e um espírito indie. Esse som é feito com guitarras + um bocadinho de techno minimalista por uma banda de Oxford conhecida por dar um show mega selvagem (peguei um pedacinho dele no Planeta Terra e constatei que é verdade) e por ter um vocalista recluso que vive meio quie isolado do mundo, aposto que criando música legal dentro da cabeça doida dele. Essa banda é os Foals, e com um (ótimo) disco só tem feito um bocado de barulho.

De início pensei que era mais um Rapture - banda de disco punk que gerou um milhão de imitadores que fazem esse som indie dançante - mas tinha alguma coisa a mais, e um primeiro indicador foi que as texturas são todas limpíssimas. É cantado com voz limpa, as guitarras são todas limpinhas e definidas, bem como os sintetizadores, o que meio que vai de frente com a maioria desse tipo de banda. Depois reparei no quanto é trabalhadaço e difícil de tocar - o que não é esfregado na sua cara o tempo todo como no progressivo. E ainda assim é divertido e não cerebral. Foals chegou em uma fórmula única, que pode ser uma faca de dois gumes. Daqui para frente eles vão ou crescer e expandir essa fórmula e se tornar uma banda relevante para valer ou vão (também vejo acontecer muito) se tornar escravos desse som novo que descobriram.

E até eles se decidirem, continuo me divertindo muito com o seu antídoto.

2 comentários:

fabs disse...

minimalista como parte de algo deve ser mesmo interessante. O que mais me irrita na velvet é dj metido a tocar minimalista obscura. Ô sonzinho ruim de ouvir e de dançar. Só merece ser trilha dos 300 mil filmes que imitaram beleza americana.

no mais vamo no Orishas? :D

Anônimo disse...

Vamos!!!!
:-) sua assanhada!
Humpf!

D. Miroca