quarta-feira, 7 de setembro de 2011
CUIDADO COM O ECLIPSE
domingo, 4 de setembro de 2011
Ramones vivem
Tem uma gravação ao vivo famosa da versão do Joey Ramone de what a wonderful world em que o anunciador começa dizendo "aqui está o cara que inventou vocês". Se você observar o quanto o punk é influente até hoje para o bem e para o mal, especialmente seus dois valores mais fortes - faça você mesmo e não se preocupe se você é perfeitamente técnico - não parece tão exagero. Nada na indústria cultural e da moda permaneceu o mesmo até hoje. Eu acho que o Bob Dylan inventou os anos 60 e os Ramones inventaram o fim do século 20 (e início do 21 pelo jeito).
Musicalmente, o punk como todo estilo é feito de 99% de porcaria e 1% de música realmente relevante. Essa abominação do emo está fazendo esse percentual passar para 99,9% de porcaria, na minha cabeça está acontecendo com o punk o que aconteceu com o metal na década de 90, virou mais uma forma de música pop rádio fm onde o que realmente importa é seu cabelo. Claro que tem coisas maravilhosas atualmente, já citei algumas aqui - esse ano saiu o melhor disco da melhor banda punk da atualidade, o Fucked Up do Canadá, procurem também essa banda nova chamada Iceage. Repare também como uma banda como o Bad Religion (que eu gosto) tem um trilhão de clones. Os Ramones como conceito influenciaram o mundo, mas musicalmente eu dificilmente vejo uma banda fazendo juz verdadeiro ao espírito deles.
Daí minha gratíssima surpresa no ano passado quando eu estava com vontade de ouvir mais bandas na onda do Wavves (também já falei deles aqui no blog) e taquei o nome deles na last.fm. Depois de passar umas boas horas escutando uma porção de coisas que variam entre irrelevante e legalzinho eu escutei uma banda bem punkzinho chiclete com uma vocalista mulher naquele espírito direto na veia - não gritava, não tinha muita técnica, mas era super simpática e as melodias ficavam na sua cabeça até o seu leito de morte depois da segunda vez que você ouvia. O som era COMPLETAMENTE Ramones - 4 acordes é muito, não tem firulas na produção, o som é exatamente como soa na garagem do pai dela (tenho absoluta certeza que eles gravaram na garagem ou em uma casa da árvore) mas não é sujo e é altamente viciante. Sabe aquela onda do primeiro disco dos Strokes ou do Vampire Weekend? É um som simples e até difícil de explicar no papel o que é que tem demais ali, na verdade porque não tem nada. Não é uma banda que você recomenda para os amigos dizendo "ouvi um negócio fooooooda, melhor disco do ano, mudou minha vida"; é capaz de você nem se lembrar deles quando te perguntarem o que você anda ouvindo. Mas toda hora que você põe um fone na orelha você distraidamente coloca ele de novo. E sutilmente, sem você perceber, quando dá por si foi o som que você mais quis ouvir durante todo o ano. Essa banda se chama Best Coast, deram uma estourada depois que eu descobri eles por acaso nesse dia (deve ter sido eu hehehe) e listei eles junto com o Twin Shadow como as duas melhores bandas novas de 2010.
A banda tem alguns outros detalhes simpáticos e que também remetem aos Ramones: a minha mulher diz que as letras levaram ela direto para a adolescência dela (são todas escritas pela Bethany Cosentino, a mina que canta e toca guitarra, basicamente reclamando do namorado), o show é como todo show de rock tinha que ser (exatamente como é tocado na garagem, pilha de Marshall e baixo, guitarra e batera sem efeito, sem nada, só os 3 acordes por música), fazem clipes divertidos e a batera tocava no Vivian Girls que é outra banda bacana e que deve aos Ramones. Acho que a Bethany namora o carinha do Wavves por coincidência, fizeram umas músicas legais e uma turnê juntos. Por hora só tem um disco (Crazy For You) começa a acompanhar logo para poder zoar quem começar a gostar da banda depois de se vender :-) .
Dá play abaixo e não se preocupe se não se impressionar de cara. Isso vai se entranhar dentro da medula do seu osso e em breve você vai tomar banho assobiando eles, e aí meu brother, perdeu sua alma para a banda (não vá reclamar).
Bônus: relendo meu post percebi que se eu fosse escrever sobre outra banda nova, os Vaccines, eu ia escrever praticamente o mesmo post, exceto que o vocalista é homem. Então fica a dica de duas bandas pelo preço de uma. Ou então taque foda-se para isso tudo e vá ouvir Ramones. Desopila o fígado.
Bônus 2: a mina é viciado em gatos, o gatinho dela é a capa do disco e aparece nos clipes e em tudo quanto é coisa relacionada à banda.
sábado, 27 de agosto de 2011
The Buddha Machine
Pessoas carregam essa caixinha e usam para tudo durante o dia - no trabalho, na yoga, durante o nascimento dos filhos;
Pessoas compram várias caixinhas para combinar os loops;
Já apareceram mais de 200 remixes e já foram usados em mais de 10 filmes;
Bares estão comprando várias caixinhas e deixando os clientes combinarem os loops para fazer som ambiente.
O Kill Screen entrevistou os criadores, vale muito a leitura:
http://killscreendaily.com/articles/nirvana-noise-box
Isso é uma buddha machine:
http://www.amazon.com/Buddha-Machine-Fm3/dp/B000FGFCBG
É só isso que ela faz:
http://www.youtube.com/watch?v=Qp9-V3QSafA&feature=youtube_gdata_player
E essas são algumas coisas que fazem com ela:
http://m.youtube.com/#/results?q=buddha%20machine%20circuit%20bend
sábado, 20 de agosto de 2011
Aqui está sua encomenda dona
Estou escrevendo este post a pedido da Cláudia porque por algum motivo bizarro ela queria saber o que eu penso sobre o 30 Seconds To Mars. Depois de pensar um pouquinho e uma dosinha de Jack Daniels percebi que é um bom tema para se escrever e que no fundo é bom essa banda existir.
Segue uma lista de 5 utilidades para o 30 Seconds To Mars:
1-prova que egotrip de cocaína nunca dá em coisa boa.
Se alguém duvida que essa banda é basicamente a egotrip de um astro de cinema mais cara do mundo está lendo o blog errado.
E aliás foda-se a sua opinião sobre pó, já postei aqui antes que a minha opinião é essa aqui:
http://www.mitchclem.com/nothingnice/418/
2-prova que pensar em punk (tanto do ponto de vista visual como musical) em 2011 como algo transgressor é um grande erro.
Ponto de vista confirmado por aquele cantor de pagode que aparece em propaganda atrás de ônibus e tem um moicano vermelho (graças a Deus não sei o nome dele)
3-prova que basta exposição na mídia para tocar para um estádio lotado
E que para obtê-la basta $$$
4-prova que na cultura popularidade é muitas vezes inversamente proporcional à qualidade
Ver item #3
5-tomara que continuem passando muitos clipes deles e de bandas parecidas senão não teremos mais oportunidade de nos comportar como o Beavis e Butthead
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Sombra Gêmea
- instantaneamente palatável
- que desce fácil
- é fácil de gostar
- se canta junto na terceira vez que você escuta
- é passível de ser colocada no carro com pessoas mais velhas ou em uma festa de família
sábado, 13 de agosto de 2011
Pombos
Não sei quanto à você, mas em relação à música eu sempre acho mais bacana trajetórias do que pontos.
Eu sempre acho bacana a sensação de acompanhar alguma banda (estilo/movimento/tendência) que você gosta, ver aquilo mudar com o tempo, crescer (ou não), tomar direções inesperadas, fazer um disco com uma guinada que você não imaginou, ou que era exatamente o que você queria, ou que você detestou de início mas com o passar do tempo passou a fazer sentido - principalmente quando você vê um disco como um ponto de parada em um caminho e não somente como algo isolado em si mesmo - ou mesmo os casos tristes em que você percebe que desceu a ladeira mesmo (estou olhando para o Weezer agora).
E as trajetórias mais bacanas são as que geram algum tipo de salto maluco e difícil de ser antecipado. Radiohead no Ok Computer (e de novo no Kid A), Beach Boys no Pet Sounds, Blur no Modern Life, New Order no Low Life, a lista é infinita e infinitamente satisfatória.
O último caso super interessante foi o do Here We Go Magic, sem dúvida uma das bandas que mais ouvi desde a parada deste blog. Começou como um projeto onde um camarada chamado Luke Temple podia pegar sua guitarra e compor algumas músicas indie-folk bonitas e um bocado psicodélicas, acrescentando algumas camadas de eletrônico por cima. Nada de errado com isso, mas se parece com a descrição de 99% das bandas indie surgidas de 2000 para cá. O disco Here We Go Magic não passou despercebido nem criou nenhum grande furacão.
Até ele começar a tomar algo diferente e trabalhar com a melhor palavra que Deus criou para os músicos: FODA-SE. Estive em Atlanta este ano e pude pegar um show, principalmente focado no Pigeons (o segundo disco, que comprei na mão do baixista deles). Eu sou guitarrista e fiquei olhando para o guitarrista deles pensando "mas que diabos esse cara está fazendo", não porque era impossivelmente técnico (não era) mas porque aqueles arranjos malucos não deveriam fazer sentido, mas faziam, ou seja, não é assim que se toca guitarra, mas é exatamente aquilo que a música pedia.
O conceito é o mesmo (indie-folk hora feliz frenético hora melancólico com umas camadas de eletrônico) só que esticado ao máximo, exagerado, bagunçado. Imagine algumas músicas em que tem milhares de coisas acontecendo ao mesmo tempo que parecem que não vão encaixar mas se encaixam, e não só não ficam confusas como soam bastante acessíveis sim, até mesmo pop. Pop do futuro ou do planeta marte, mas sem dúvida pop.
Aguardando ansiosamente o que esses caras ainda vão fazer. Recomendo muito para quem tem o espírito inquieto.
Comece por - Pigeons, por favor
Continuação da maluquice - The January EP
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Quer ouvir um disco bom?
