terça-feira, 7 de outubro de 2008

Guia Rise From Your Grave para a discografia do The Clash - parte 2/2

The Clash - o primeiro disco do Clash é lendário. Não é o melhor, mas é o mais revolucionário. Nesta época o Clash era basicamente os Ramones ingleses mas com personalidade própria, letras bem escritas que vão de cotidiano punk e cotidiano de gente pobre a cotidiano de gente que gosta de se divertir, e som punk direto na veia sem firula nem experimentação demais (no máximo um pouco de reggae da música Police And Thieves). Punk rock é exatamente isso. Clássico do punk e tão obrigatório quanto o primeiro dos Ramones.

Give'Em Enough Rope - quando se fala em Clash esse disco é frequentemente ofuscado porque não impactou como o primeiro que veio do nada nem é a segunda revolução que foi o London Calling. Pena, porque querendo ou não é facilmente um dos melhores discos da história do punk e acaba meio que esquecido. Esse disco é basicamente mais do mesmo - talvez um pouco menos pesado e mais aberto às influências de ska da banda - mas eu considero ainda melhor que o primeiro. Se quiser pode inclusive começar por ele.

London Calling - não existe mais nada a se dizer ou escrever sobre o London Calling. Caso raríssimo de banda que perdeu o caminho e estava meio sem saber o que fazer, atirou para todo lado e deu certo. O Clash não queria ficar mais preso nos limites do punk e provou que não precisava. Ainda é bem punk - e muito fácil de reconhecer que é o Clash - mas um punk relaxado, que não liga de pender para o rockabilly, para usar piano, para cair no reggae, para ficar mais pop, para ficar mais agressivo. O que marca no London Calling nem é isso: é pura e simplesmente a qualidade das músicas. Aparece rotineiramente nas listas dos melhores discos de rock da história. E merecidamente.

Saninista! - aqui foi aplicada a mesma idéia que o London Calling (vamos fazer tudo que der na telha), mas elevada à enésima potência. Resultado: tem desde hip hop até música árabe e coro de cirança. O consenso geral é que aqui o The Clash exagerou. É impossível esse disco não causar estranheza no início e é um disco muito fácil de não gostar - mas insista que as qualidades dele começam a aparecer. Hoje eu gosto (até bastante), mas só escute depois de se tornar fã e mesmo assim esperando tudo.

Combat Rock - Combat Rock destruiu o The Clash. Não porque é ruim (não sou muito fã mas não é um disco horrível), mas porque depois do Combat Rock (que tem uns clássicos dos anos 80 tipo Rock The Casbah e Should I Stay Or Should I Go) o Clash virou uma banda de milionários tocando em estádios lotados. E isso não encaixou com os punks de rua que eram no início, e a banda nunca soube conciliar isso. E literalmente foi para o saco. Não ache que é o disco popzinho FM vamos estourar agora woohoo - na verdade é até muito experimental em comparação com as músicas dele que estouraram. Mas tem coisa melhor deles para ouvir.

Cut The Crap - feito depois que todo mundo deixou a banda menos o Joe Strummer, é um disco do Clash zumbi - a banda já estava morta mas insistindo em continuar. Tentativa de fazer o punk que as bandas que imitaram o The Clash estavam fazendo - trocar de lugar de líder para seguidor é muito triste. E é retrocesso em relação ao tanto que o Clash tinha explorado e crescido. Se quer "cortar a baboseira" mesmo não escute esse disco.

Outros - O ao vivo Live From Here To Eternity é o melhor resumo da banda que qualquer coletânea (e as versões ao vivo são excelentes), e o Black Market é um disco de b-sides que são tão bons quanto as músicas que saíram nos discos (aliás, tem várias das minhas músicas preferidas do Clash).

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