segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mushishi

Na escala da vida, partindo do que é que seja a sua fonte, as criaturas mais distantes somos nós (os homens). Descendo, os mamíferos; descendo mais os répteis; insetos; protozoários; bactérias. E se descermos mais começamos a chegar em um nível onde as criaturas são mais abstrações que seres vivos, são mais espirituais que físicas. Como tal, são frequentemente incompreensíveis para nós e interagem também com abstrações - desde seres que comem som até os que se alimentam de sentimentos. Essas criaturas são chamadas Mushis e os seus estudiosos, Mushishis, que no fundo são uma espécie de mistura entre médico e padre (pajé??).

Como na maior parte das vezes o Mushishi é uma pessoa que vê e tende a atrair Mushis, é incomum que um deles fique em uma área muito tempo (para que ela não se torne um ninho). A maioria dos Mushis é viajante e passa de cidade em cidade ajudando a solucionar questões estranhas causadas por estas criaturas. Pessoas que começam a congelar mas não morrem, criaturas feitas de escuro que fazem você se esquecer do passado; um arco íris vivo ou uma ponte (que também vive) que só aparece uma noite a cada muitos anos.

A estrutura é um pouco repetitiva (chega em algum lugar, avalia um caso estranho, tenta resolvê-lo, vai embora) mas o conteúdo é tão criativo e bizarro e viajante que Mushishi se tornou fácil um dos melhores animes que eu já vi. É bem lento - na verdade tem um ritmo próprio que você precisa de um tempo para se adaptar - mas depois que você aprende a não dormir assistindo você percebe que ele é um universo paralelo que anda mais devagar que o seu e que o absorve no seu ritmo - e graças a Deus por isso. É o tipo de śerie que te deixa curioso para saber o que de mais estranho vai aparecer e que sempre consegue te surpreender.

Mushishi é um bocado poético - a animação é LINDA, as músicas japonesas de fundo são completamente viajantes e a história muitas vezes é adulta e pesada. Você não vai querer mostrar para seus filhos. É um anime puxado para o lado artístico, original, raro, e foda. Quem dera se 1% deles fossem assim. Aliás, quem dera se 1% da produção cultural no geral fosse assim.

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