quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Da Série Random Music - take a walk on the wild side

Mirian como eu te disse todas as pessoas legais tocam com Telecaster

Você já decorou todas as letras do Velvet Underground? A polícia da música parou meu carro ontem e me pediu para cantar The Gift, e eu apanhei porque a letra tem tipo umas 10 páginas. Fica esperto porque tão falando que eles estão pegando todo mundo. Eu só consegui sair porque subornei eles fazendo air guitar para as microfonias que tem no final do White Light White Heat, e ainda assim só em deixaram ir porque eu fiz de um jeito engraçado.

Quando terminar de viciar em Velvet, a sua obrigação moral passa a ser escutar a carreira solo do Lou Reed. O Lou Reed é um cara que eu gostaria de me relacionar somente pelos discos dele. Quem leu o Mate-me Por Favor sabe que ele é um dos caras mais escrotos do mundo da música. Ele realmente talvez tenha sido o primeiro punk: viciado em heroína por séculos (e escrevendo letras sobre como é legal ser viciado em heroína), só namorava travestis (!!!) e basicamente era o cara mais ácido, sarcástico e babaca do planeta. O Lou Reed me lembra o Miles Davis: eu lembro de quando eu vi o documentário sobre o Miles fiquei me perguntando como um cara tão tosco conseguia ter ao mesmo tempo uma sensibilidade absurda para música. Ou ele é um puta de um ator (tão bom que nem importa se é real ou não o que ele está passando nas músicas) ou ele no fundo é uma pessoa muito diferente do que mostra.

De qualquer maneira, a onda do Lou Reed é bacana porque é como as guitarras da Fender: sem firula nenhuma, nem frescura, sem adornação, só tem o que você precisa e nem um centímetro a mais: simples e perfeito. O disco Transformer consegue (além de conseguir ser um dos melhores discos de rock que eu já ouvi) ao mesmo tempo ser algo super minimalista (tem música que tem praticamente só baixo e voz) e tão trabalhado que tem anos que eu escuto ele - e muito - e ATÉ HOJE toda vez que eu escuto e reparo em alguma coisa que sempre esteve lá e eu nunca tinha percebido.

Tirando o fato de que o Lou Reed é um dos melhores letristas do rock e ponto final. Se você não fica melancólico escutando Perfect Day você tem um pedaço de papelão embrulhado no lugar do seu coração (lembra quando ela toca na cena da overdose no Trainspotting?). Tente não sentir calafrios ouvindo The Bed - a música que ele fez sobre a cama onde a mulher dele se matou (é ficção mas ainda assim - tenta). E o Lou Reed ainda tem o mérito de ter colocado no top 10 a música menos candidata a entrar no top 10 da história - Walk On The Wild Side, que é basicamente uma série de histórias (pesadas) sobre o submundo da américa, sobre travestis que oferecem favores sexuais em troca de carona para baixo. E tocava no rádio. O Lou Reed até hoje é uma espécie de poeta gangsta - basicamente um cara que escreve músicas lindas (mesmo) sobre temas muito pesados e com um ponto de vista que só pode realmente possuir quem realmente esteve lá naqueles buracos.

Agora sem brincadeira: independente de gostar de Velvet ou mesmo de gostar de rock, se você gota de música deve a si mesmo escutar pelo menos uma vez na vida pelo menos o Transformer, de preferência prestando atenção nas letras. Até minha irmã viciou nesse disco, e ela é fã de música baiana.

Nota: cuidado ao pegar discos do Lou Reed, ele é tipo o David Bowie, faz coisa perfeita mas faz coisa horrível. Tem discos dele que ele próprio zoa quem conseguiu ouvir todo (por exemplo, o Metal Machine Music é um disco INTEIRO de barulho de microfonia de guitarra)

Comece por - Transformer
Disco mais Lou Reed - Transformer
Depois de enjoar do Transformer (osso porque o Transformer não enjoa) - Berlin
Depois de enjoar do Berlin - New York

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