
O primeiro disco não vendeu bem (Generation Terrorists), segundo eles porque não era "tão bom quanto Guns And Roses". O segundo disco (Gold Against The Soul) ficou menos glam e mais grunge, menos festa e mais introspectivo, e até que foi bem. Mas até aí a banda não era nada de especial. Porém, no âmbito pessoal, atravessava um período comparável ao que fez o Kurt Cobain gerar o In Utero (para mim o melhor disco do Nirvana), especialmente o guitarrista Richey: drogas, anorexia e auto multilação. Vivia com uma maçã por dia. E escreveu um disco com a visão pessoal e política de mundo dele e dos outros membros da banda que foi tão brutalmente honesto, direto e frio (assim como o In Utero) que foi além de tudo que a banda era. Transcedeu o rock. Aliás, transcedeu a música com o tipo de obra que atinge as pessoas em um nível tão direto e intenso que passa a ser algo mais. E isso tudo numa embalagem pop feliz que ao ser ouvido sem atenção não revela o que está por baixo.
Esse disco é o The Holy Bible e para mim é um dos melhores discos da história do rock. E com certeza um dos mais dark. Nessa época a banda largou o visual rock e começou a tocar vestido de soldado. O som virou outra coisa, a banda se mostrou realmente "4 REAL". E não vendeu quase nada e nem chamou atenção (nem foi lançado nos EUA). E durante essa época o guitarrista Richey desapareceu. Seu carro foi encontrado na beira de um rio. E o corpo não apareceu até hoje.
A moçada poderia ter acabado, ou chutado o balde, ou perdido o que os faz bacanas. Em vez disso, incorporou a experiência, continuou na onda de honestidade brutal, jogou o som mais ainda para o lado do pop - mas pop excelente com pé no punk e letras políticas incendiárias - e fez um dos 5 melhores discos do britpop (e com certeza um dos que estabeleceu esse som), o Everything Must Go. Basicamente quem conhece o Manic Street Preachers normalmente os conhece através deste disco e se assusta com o quanto eles conseguem ser dark e diretos quando escuta o Holy Bible. Ou conhece através do Holy Bible e se assusta com o quanto eles conseguem fazer pop sereno, bonito e perfeito (mas ainda assim incendiário) quando escuta o Everything Mus Go. São como se fossem duas bandas diferentes. E duas bandas maravilhosas. E continuaram sem deixar a peteca cair, até pelo menos o disco Know Your Enemy.
Essa é a chave para entender os Manic Street Preachers. Primeiro, é uma das melhores bandas da década de 90. Segundo, é música que tem duas camadas simultâneas, e isso provoca um efeito muito estranho em quem está escutando: se focar no som superficial, é uma excelente banda pop com um som quente e bem feito bem na linha de frente das melhores bandas indie da década de 90. Se você aprofundar um pouco, vê que as estruturas não são tão sólidas e óbvias, mas aquele som pop esconde muita instabilidade e fogo de uma banda que apóia visões políticas radiciais e levou um estilo de vida extremo e passou por tudo. É como se fosse pessoas muito inquietas se esforçando para se segurar para tocar por alguns minutos naquele palco.
Pena que para mim a banda tem perdido o fogo. Os últimos dois discos (Lifeblood e Send Away The Tigers) tem mantido o talento para o pop, mas tem perdido essa intensidade que existia antes. Mas de qualquer maneira não deixe passar essa banda. É só para quem AGUENTA A TRETA. Embora não pareça.
Comece por - The Holy Bible
Um dos melhores discos do indie dos anos 90 - The Holy Bible
Escute na sequência (depois do Holy Bible) - Everything Must Go e This Is My Truth Tell Me Yours
o disco épico deles - Know Your Enemy
Não comece por - os dois primeiros nem os dois últimos
Um comentário:
Já escutei aqui de bobeira (ainda graças a ter copiado o seu iPod)e achei doido, mas não aprofundei muito. Escutarei mais.
Ou, esses dias conheci a Gogol Bordello, tô achando divertidasso!
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