quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Da Série Random Music - I Could Be Right I Could Be Wrong

Os Sex Pistols não morreram em uma explosão. Morreram em uma agonia triste e lenta, mais desapareceu que queimou. A última frase do último show dita por Johnny Rotten - "já tiveram a sensação de estar sendo enganados?" virou um dos epitáfios mais famosos do rock, dito por uma pessoa ao mesmo tempo intensa, perturbada, controversa e inteligente demais para se limitar a ser um "rock star" convencional e que se sentia um outsider na sua própria banda. E assim depois de dois curtos anos acabou os Pistols e ele ficou livre para fazer o que quiser.

Depois de quase virar o vocalista do Devo (!?), e de passar meses na Jamaica ajudando a gravadora e achar boas bandas de reggae (estilo que sempre amou) o agora John Lydon seguiu em frente com a idéia de ter uma porta para fazer o tipo de música que queria, sem limites, e com gente que se sentia tão outsider quanto ele. Essas pessoas foram Keith Levene (que tocou guitarra com o The Clash) e um baixista (Jah Woble) que não sabia tocar baixo, mais um batera que conseguiram com um anúncio. E se juntaram para fazer uma das bandas mais complicadas e problemáticas da história, que acabou sendo uma das poucas que merecem de fato serem chamadas de única. O som não é rock, e eu simplesmente não sei o que é.

A maioria das coisas do PIL (Public Image Limited) é densa, paranóica, esquisita, claustrofobica, mais improvisada que ensaiada. Uma música típica do início do PIL é uma viagem muito longa e improvisada de letras abstratas feitas em fluxo de consciência e cantadas fora do tom (o que dá um efeito bizarrão e meio desconcertante), baixo completamente de dub/reggae, guitarras também abstratas tocadas de um jeito agudo e climático que quase que criou sem querer a guitarra dos anos 80 - o The Edge do U2, por exemplo, se diz totalmente influenciado pela guitarra do PIL - e bateria de marcha militar. Isso quando tem guitarra na música, ou mesmo quando tem baixo. Dá para esperar tudo. Escutar um disco do PIL é uma experiência estranha: é um som meio sem dó de você, pesadaço sem ser rápido/bater forte/socar distorção ou tudo que se espera de "música pesada" e de certa forma deixa ouvinte exausto. Quando termina o disco parece que você passou por uma viagem ruim e difícil e que sua energia foi sugada.

Isso é bom??????????

Na verdade, é muito bom. São pouquíssimas - basicamente, quase nenhuma - bandas que conseguem fazer música que mexe assim com as pessoas, consegue te sugar tanto para dentro da viagem deles (estranha, mas é uma viagem) e realmente nessa brincadeira gerar música que é de fato nova e que não se enquadra em - pô, em NADA. Não tem muito mais que um artista pode querer.

Fora do palco a banda era mais difícil ainda. Estamos falando de uma banda que já deu show com baterista de jazz recrutado 5 minutos antes que nunca tinha ouvido a banda, que já provocou centenas de quebra quebra em show por insultar o público (teve um em que eles estavam tocando atrás de uma projeção e o púbico derubou eles puxando o tapete do palco, uhauahuahaua), insultava apresentadores de programas de tv em pleno ar, tacaram fogo em um cara do The Fall, gastavam metade do orçamento do disco em drogas e colocaram o segundo disco em 3 mini-discos que vinham dentro de um cilindro de metal de uma forma que era praticamente impossível retirar os discos da embalagem sem danificar eles - e isso foi feito por querer. Vai ser anti comercial assim lá na casa do Throbing Gristtle. Pelo menos no início da carreira, porque até eles ficaram mais pop depois.

Não é para qualquer um, mas se você estivesse gravando no estúdio e o Miles Davis aparecesse de repente e começasse a tocar trompete com você surgido do nada e sem falar uma palavra, você deve estar fazendo alguma coisa certa.

comece por - First Issue
estranho - Second Edition
mais estranho ainda - Flowers Of Romance
pop (??!?!?) - Happy?
meio metal (?!?!?) e com solos do Steve Vai (!!?!?) (que ele disse ser o melhor trabalho dele) - Album

Um comentário:

bruiser disse...

eu quase nao conheço, mas tem uma deles q eu acho um super hit :D acho q chama 'Rise'... muito boa! acho q vou dar uma conferida em mais coisas... bem lembrado, lele!