terça-feira, 22 de julho de 2008

Da Série Random Music - Alimente os animais

Imagine estar dançando por aí na noite e começa a tocar uma espécie de hip hop que está sampleando uma música do Metallica com o vocal da Sinead O'Connor por cima, emenda um pedaço de uma música do Prince enquanto o Chuck D manda um rap e a música se tansforma num hitzinho da Avril Lavigne só que com batida de techno e guitarras do Nirvana. Detalhe - isso não é feito de maneira brusca e sem sentido mas fluida e bem feita, ou seja, não parece um maluco colando pedaços de música aleatoriamente. As músicas fluem e FUNCIONAM desse jeito. Parece que nasceram assim.
Tenta imaginar:
  • a confusão de respostas emocionais que cada trecho desse provoca
  • a diversão de identificar a cada poucos segundos outro trecho de uma música que você conhece
  • o espírito de caotiqueira que está rolando
  • e o tanto que você está se divertindo
A cultura do mashup - samplear músicas totalmente diferentes e criar novas músicas que de alguma forma fazem isso funcionar - é extremamente recente, justamente porque só temos tecnologia para fazer isso de maneira decente agora. Aliás, tem essa tecnologia na casa de qualquer um. E acho que reflete bem nossa época, já que hoje quem gosta de música pop está em cima de uma pilha gigantesca de décadas de música bacana que é muito facilmente alcansável pela internet. Cada vez menos vejo gente que por exemplo "gosta de metal" e tem milhões de discos só disso - e cada vez mais vejo gente botando shuffle no ipod e tocando uma música do Gorgoroth seguida por um mpb seguida por weezer.

O mashup é isso - uma enorme confusão de muita informação processada junto tudo ao mesmo tempo agora que estamos vivendo a mal aprendendo a lidar com isso. E é (pelo menos por enquanto) necessariamente marginal - pelo menos enquanto a lei do copyright funcionar como funciona. O dj de mash up mais bem sucedido (e de fato o melhor para mim) é o mr. Greg Gillis, que toca com o nome de Girl Talk. Como para a lei ele é um criminoso - já que usa samplers de tudo quanto é coisa sem pedir permissão, inclusive de coisa muito famosa e encrenca - é um milagre que já tenha conseguido lançar dois (ótimos) discos e estar fazendo sucesso tocando em tudo quanto é festival por aí.

Ao contrário de muitos outros djs de mashup, ele é um fã assumido de música pop e trabalha quase sempre com música MUITO conhecida, e é realmente esquisofrênico - mistura dezenas de músicas em uma só fugindo da rota fácil de "vou colocar o vocal dessa no arranjo dessa outra e tá pronto". E não sei como ele faz funcionar, mas funciona. Tente dar uma festa na sua casa deixando rolar um disco dele e veja todo mundo rachando o bico e dançando até cair (bebida ajuda). E aproveite logo antes que a polícia do pensamento invada sua casa porque você está dando uma festa com música ilegal.

Qual disco - os dois discos são bacanas, mas pegue o Feed The Animals para curtir uns samplers de músicas mais recentes (mas não dispense o Night Ripper)

Um comentário:

Luiz Augusto disse...

Putz! Nunca tinha ouvido falar disso! Parece ducarái demais! Escutar-hei!