terça-feira, 15 de julho de 2008

Reclamações de um véio chato

Mesmo quem não é muito ligado em música consegue perceber que o rock é cíclico, e alterna períodos quando é mais ou menos dominante e períodos em que cai, para voltar a ficar relevante de novo, e dormir novamente. O rock é uma espécie de Mum-Ra, só que não fica estático, sempre volta com uma cara nova, e é o que mantém o estilo interessante (se você olhar algo mais tradicional como, hmmm polka, toca-se as mesmas coisas que séculos atrás para sempre).

Dito isso, claramente estamos numa fase de "baixa" do rock. O estilo dominante hoje na música pop é o hip hop/R&B (infelizmente a variação ruim destes estilos que já produziram muita coisa boa), repare nos carros que passam na rua, nas boates, na MTV/Multishow etc. Aliás, já estou enxergando saturação neste domínio também - todo dia você vê MAIS UMA "mulherzinha do R&B" cantando sobre como ela bomba na boate com uma participação de um rapper e arranjos parecidos com todas as outras músicas que estão tocando - mas isso é outro assunto.

A última mudança progressiva no rock aconteceu na virada dos anos 00 entre as bandas que receberam várias classificações (New NY, New Rock, Neo New Wave etc.) mas que eu vejo todo mundo chamando de "rockinho novo". É aquele som que ficou relevante com Strokes, White Stripes, The Hives, Franz Ferdinand, Libertines, Artic Monkeys etc. Depois teve outra virada e o estilo de "rock" dominante hoje é o EMO - como nem eu nem ninguém considera essa aberração rock vamos somente ignorá-lo até que ele vá embora. Então, para todos os efeitos a última virada foi essa dos anos 00. E esse estilo também já deu tudo que tinha que dar - considero todas as bandas que eu citei boas (fazendo um esforcinho para o Franz Ferdinand, mas enfim), depois delas tudo é repetição e subproduto do subproduto.

O que isso muda para quem segue as correntes mais alternativas e não se importa com o quê está "na moda"? Aparentemente nada, porém tem um efeito chato sim: não consigo mais me divertir saindo para dançar. Você vai nos lugares que tocam música boa e os DJs estão perdidos: tem o bom senso de não tocar emo, mas ficaram presos neste sonzinho que não evoluiu mais, então tenho que dançar uma música boa (o single novo do Weezer) seguida de 17 "singles novos de mais uma bandinha subproduto de Strokes mas é novidade e tem que tocar". Aí toca uma mias velha (Pixies talvez) e vem 18 músicas novas de bandas de "rockinho novo" que ninguém ouviu falar e que soam todas iguais.

Alternativas: ir para Djs que tacam foda-se para isso e tocam o que é bom independente de novidades (Ramones, Pixies, The Clash, Fugazi, Liars, quem não se diverte numa noite assim?), que são cada vez mais raros, ir nas festas de eletrônico (nada contra mas de vez e quando preciso de uma dose de rock) ou esperar o rock virar de novo. :-(

Ah, e eu sei que esse post parece uma velho chato reclamando. Se alguém animar a comentar por favor me informe se isso é impressão só minha.

2 comentários:

Mirian Silveira disse...

Olha eu vou reclamar também, e vou parecer um velha decrépita falando... eu até gosto de strokes, e fico felz quando o dj toca isso, seguido de toda balela nova, mas fico torcendo para tocarem L7. O que acontece de vez em quando e me deixa muito feliz.

O problema desses caras novos é que eles são muito fofos, e a cada dia que passa eles ficam mais fofos, deviam ser chamados de new bublegum strawberry extra!

daí surge a minha necessidade de L7old riot girrrrrrrrl acid extra.


Bjokas! :-)

Luiz Augusto disse...

Vc tá igual um velho chato reclamando sim, mas eu concordo com tudo q cê falou. Então acho q tb sou um velho chato. :)

Conversa de velho sempre me lembra aquela máxima, vc passando de carro numa avenida movimentadassa com seu pai/vô e ele diz: "Na minha época isso aqui era tudo mato!"