segunda-feira, 28 de julho de 2008

Super Grupos

Eu normalmente detesto super grupos. A idéia é toda errada e quase sempre gera um som altamente desinteressante. Esse conceito de "dream team" - vamos colocar o guitarrista dessa banda com o vocalista daquela com o baterista daquela outra, normalmente todos "destaques" em sua respectiva área - quase sempre geram, ao contrário da expectativa, música meia boca.

As razões são claras para mim. Eu enxergo duas abordagens nestes super grupos da vida. Uma é a abordagem "profissional", que significa uma banda formada de uma maneira super racional, pessoas conversando numa mesa de reunião e planejando cada passo, mais provavelmente cada um com seu empresário do lado, tomando um cafezinho e assinando dois quilos de papel antes de tocar uma nota juntos. Nada mais anti música. Nasce disso uma música calculada e fria que tem um propósito: promover as carreiras dos envolvidos chamando atenção. E você escuta claramente a disputa por espaço, a disputa por destaque, as regrinhas do tipo "todo mundo tem que aparecer igual". Tirando que normalmente essas pessoas vão guardar seu melhor material para sua respectiva banda.

Horroroso. Na MELHOR das hipóteses, de você der muita sorte, vai soar EXATAMENTE como você esperava, tipo um mashup das bandas envolvidas (o som de guitarra da banda X com o vocal da banda Y, inovação zero).

Exemplos:
Traveling Wilburys - juntou George Harrison, Jeff Lynne, Roy Orbison, Tom Petty and Bob Dylan. Só cara foda. Não consegui chegar na quarta música do disco.

Audioslave
- adoro Rage Against The Machine, adoro Soundgarden, e Audioslave foi horrível porque soava nem um centímetro diferente de um arranjo do Rage com vocais do Soundgarden, tirando o fato de que é um mashup das duas bandas congeladas no tempo, sem nenhuma evolução, sem nenhuma experimentação de coisas novas, só repetindo o que fizeram no passado. Decepcionante artistas que eu admiro se entregarem de corpo e alma ao objetivo de tocar na FM.

Velvet Revolver - gosto de Stone Temple Pilots, não gosto de Guns And Roses, tinha alguma experança que o Scott conseguiria extrair algo bom daqueles caras, e descobri que sou um ingênuo. FM let's go!

Lard - mais um exemplo de banda que soma exatamente como um mashup, no caso arranjos do Ministry com vocais dos Dead Kennedys. Como se tratam de duas das bandas que eu mais gosto até consigo ouvir Lard, mas que não chega aos pés das bandas que o originaram é fato.

A outra abordagem, bem mais rara, é tratar o seu "supergrupo" como mais uma banda, tentar entender que tipo de som pode nascer da combinação desses caras e não da combinação das suas bandas anteriores. Bem mais raro mas acontece.

Broken Social Scene - total supergrupo indie do Canadá, e totalmente excepcional. Ainda vou postar sobre eles.

Mad Season - vocalista do Alice In Chains + guitarrista do Pearl Jam + batera do Screaming Trees e faz um som totalmente único (sem contar que é diferente de todas essas bandas) e é maravilhoso. Posto sobre eles talvez amanhã mesmo.

The Good, The Bad And The Queen - vocalista do Blur + baixista do The Clash + guitarrista do The Verve, mais um experimento que banda, mas deu certo.

Se eu mandasse em alguma coisa ia criar algo absurdo tipo colocar o Thom Yorke tocando com o Max Cavalera num projeto de Post Harcore com os caras do Fugazi fazendo os arranjos junto com o Nick Cave no piano e o Aphex Twin programando as batidas. E ia ficar horrível. :-)

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