terça-feira, 19 de agosto de 2008

Da série random music - Eu te amo mas escolhi as trevas


Eu detesto academia e acho que todos os esportes (exceto mexer o gelo no copo de whisky) deveriam ser proibidos. Porém, caminhar é bacana. Ótimo momento do dia para escutar música nova é caminhando perdido nos seus pensamentos (na verdade isso é muito romântico né, na maior parte do tempo você está pensando sobre nada e fingindo estar profundamente meditando). Teve uma época longa em que eu andava pelo menos por uma hora - muitas vezes mais - na praça da liberdade em BH e essa era minha hora de descobrir coisa nova legal.

O lance é que, vai saber porque, passei uma fase maluca nesta época em que eu meio que larguei o rock, que por bem ou por mal no fundo sempre foi o centro de gravidade do meu gosto musical. Não queria ouvir Radiohead. Não queria ouvir Sonic Youth, nem Pixies, nemRamones. Não queria ouvir The Clash nem Interpol. Estava viciado em eletrônico, jazz e hip hop. Escutava Squarepusher, John Coltrane e cloudDead. Escutava Gorillaz mas não escutava Blur. Não me passou despercebido. Eu reparei que entrei numa zona de estranheza com o rock, tentava sair e não conseguia. O desespero se apossou de minha alma enquanto eu lutava contra os pesados grilhões que me mantinham distante das minhas velhas paixões (uahauhauahauhaua trecho gótico de graça do dia em homenagem ao Príncipe Elfo).

Bastou uma música para me trazer de volta.

Quando eu comecei a ouvir essa banda nova de nome legal no Ipod (I Love You But I've Chosen Darkness) eu dei stop. Lembro de ter percebido de cara que isso TINHA que ser ouvido num som bom e bem alto. Cheguei em casa, coloquei o som na altura de tremer o vidro da janela e deixei rolar The Ghost. Começa bem devagar e bem climática, tem um clima bem soturno, um vocal meio enterrado embaixo dos instrumentos como se fosse alguém tentando falar de baixo de escombros. E cresce sem parar, e cresce sem perder o clima. Aliás, tudo na banda é clima, desde as guitarras lentinhas com os timbres bonitões e frios até a bateria meio percurssiva e os teclados que NÃO barangam o negócio. O papo aqui é frieza e deprê, mas também é muito bonito e envolvente. Se quiser, imagine um Interpol mais lento e mais deprezão.

E depois das duas primeiras frases do disco (A fire swept through/Everyone rushed for the door) eu estava de volta, o rock começou a dominar de novo, e todos foram felizes para sempre.

Essa banda foi meio tipo um furacão. Surgiu do nada (lá de Austin, no Texas), fez um disco em 2006 (Fear Is On Our Side) que chamou a atenção de todo mundo e também sumiu do nada, ninguém mais ouviu falar. Acho que voltaram para o planeta deles. Mas estou aqui na esperança de ouvir mais coisa, fica de olho. E escuta alto.

2 comentários:

Luiz Augusto disse...

BAIXANDO!

Anônimo disse...

Bonitão esse texto!

Sou obrigado a baixar.