quarta-feira, 30 de abril de 2008

Da série "Random Music" - It Fit Whean I Was A Kid

Já dei minha reclamada sobre a idéia clichê de "não existe música nova boa" no meu post sobre o The Knife. Nesse dia acabei me lembrando que sempre que eu escuto essa baboseira vem sempre uma banda na minha cabeça: Liars.

Eu escuto música o tempo todo. Eu escuto música praticamente o dia inteiro, todos os dias. Trabalho com ipod no ouvido e a primeira coisa que eu faço quando chego (atualmente no meu solitário hotel) é colocar mais música.Eu escuto no mínimo uns 4 discos novos por semana se eu estiver devagar; pode chegar a uns 10 se eu estiver empolgado com algumas coisas novas. Eu sou um viciado doente e devia ser internado em uma clínica.Bandas como Liars não aparecem todo dia. Dessa quantidade de discos novos que eu escuto, acho que uns 95% não resistem comigo à época em que eu estou conhecendo - no máximo umas 6 ou 7 audições. Se me perguntarem o que apareceu de novo de 2000 para cá que vai ficar para sempre no meu ipod, Liars vai estar na lista numa boa posição.

O começo deles não me interessou muito. Começaram em NY como (mais uma) banda de disco-punk, estilo que gerou uma ou outra coisa divertida (o mais famosinho é o Rapture) mas me dá certa preguiça. Os dois primeiros discos eu mal conheço.Aí os caras chutaram o balde, mudaram para Berlin (essa cidade faz alguma coisa com as pessoas, porque fica todo mundo meio doido lá?), resolveram mudar tudo e fazer música insana com o que der na cabeça, gravaram um disco inteiro e jogaram tudo fora, recomeçaram e fizeram um disco comandante do batatal.

Eles começaram a viajar na idéia de microfonar a bateria e colocar o som dela passando por um monte de efeito maluco, que normalmente é usado em guitarra. Fizeram o disco todo Drum's Not Dead explorando essa viagem, por isso é um disco muito percussivo que não tem nenhuma instrumentação convencional (as guitarras e os vocais são tão viajantes quanto, tem algumas coisas eletrônicas no meio), me lembrou inclusive um Neubauten mais moderno.Depois fizeram um disco na mesma onda só que mais rock e mais direto (chamado somente Liars) que também entrou direto na minha lista de melhores de 2007. O que me empolga no Liars é que são só 3 caras, quando eu vi eles num vídeo ao vivo me assustei em descobrir que são 3 moleques novinhos com camisa do Nirvana, são 3 caras tocando baixo, guitarra e bateria (com alguns lances eletrônicos ocasionais) que ainda conseguem provar que 50 anos depois do início do rock ainda tem como explorar só com isso.Eu sou fascinado com essa idéia: é fácil colocar um cara tocando oboé e outro tuba na sua banda de rock e falar que você está inovando. Eu quero ver o que você consegue extrair de novidade de poucos elementos simples que já foram usados até a exaustão. É um som ambíguo, muitas vezes você não sabe o que está sentindo, é meio claustrofóbico e agressivo, só que ainda assim é um pouco etéreo e viajante; o mais legal é que eles não se levam tão a sério, você vê que existe ironia e bom humor ali.

Se você tiver oportunidade de ir num show do Liars, vá, porque é rara; os caras vivem se quebrando no palco e indo parar no hospital, o negócio é selvagem.Não deixe a estranheza que você sentir no início te confundir: tem que escutar várias vezes. E lá na quinta audição cai a ficha e você descobre que esse disco vai ficar no seu ipod.

Comece por - Liars, depois vá para o Drum's Not Dead
Depois rache o bico no http://pitchfork.tv/ no programa Juan's Basement dos caras agitando tocando no porão de um cara
Não conheço bem os dois primeiros, escute ao seu próprio risco...

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