terça-feira, 24 de junho de 2008

Da Série Random Music - Rosa da Vitória

O que um franzino islandês, cego de um olho, fã de metal, assumidamente gay que grava dentro de uma piscina e canta em uma língua inventada por ele mesmo faz quando grava um disco?
Faz uma banda que é ouvida em todo mundo (já tocou inclusive no Brasil), vive sendo citada pelos seus fãs - já vi Radiohead, Tom Cruise e Brad Pit falar deles em entrevistas - e faz música que é épica, bonita, inspiradora e consegue ser uma espécie de música instrumental com vocais.

Sigur Rós (que significa algo como "Rosa da Vitória") começou no fim da década de 90 na Islândia tocando o que hoje se chama de Post Rock - instrumentação de rock usada de uma maneira não rock, frequentemente bem viajante e abstrata - e encaixa no rótulo, porém faz um "abstrato" sem ênfase na cabeça e com bastante foco no seu coraçãozinho ;-).
A maioria das músicas são em Islandês ou "hopelandic" - a língua inventada por eles que não significa nada - o que na prática significa que o vocal é usado como mais um instrumento, você viaja na sonoridade sem se preocupar com uma mensagem. Não significa que Sigur Rós não passa nada - a resposta emocional para a música deles é quase que automática e muito intensa, conheço música do Sigur Rós que sempre que toca faz todo mundo entrar num silêncio contemplativo na mesma hora.

Isso sem falar no lado épico: uma típica música do Sigur Rós é lenta, grandona e vai crescendo absurdamente até começar a, sei lá, incomodar Deus lá em cima. Faça uma experiência legal um dia e coloque um disco do Sigur Rós bem alto no seu quarto e escute deitado no escuro - te garanto que você vai acordar em outro plano de existência ou então te dou seu dinheiro de volta. Se vocês está pensando "é mais uma das bandas malucas experimentais que o Leandro gosta" - nem tanto, não é música convencional (você já viu alguém tocar baixo com arco de violino??) mas não é inacessível de jeito nenhum, é tão bonito que rompe esses tipos de barreiras.
Sigur Rós enche a sua cabeça de imagens - de certa forma é "música cinematográfica" no sentido que é aquilo que falam de música instrumental muito expressiva: é a trilha sonora de filmes que não existem.

Esse post foi em homenagem ao bonito Með suð í eyrum við spilum endalaust ("com zumbidos nos ouvidos nós tocamos sem fim"), disco novo deles que saiu hoje.

Comece por - () (disco que as músicas não tem nome, todas as letras são em hopelandic e tem um espaço no cd para o ouvinte escrever as letras que ele decidiu que o disco tinha que ter)
Depois vá para - Ágætis byrjun
Não comece por - Takk (mais excêntrico, deixa esse para depois)
Mais pop/menos épico - este novo (Með suð í eyrum við spilum endalaust), ainda estou absorvendo mas me parece que vou gostar muito

Um comentário:

Anônimo disse...

O Takk é o mais lindo, pô!