terça-feira, 10 de junho de 2008

Os B-Sides do Radiohead

Como bom fã doente e obcecado por Radiohead, tomo café em uma caneca com uma caricatura da banda desenhada no estilo South Park, durmo com um cobertor que estampa a capa do Kid A, tenho um abajur no formato do ursinho mutação genética deles e tento ficar com um olho torto para ficar igual ao Thom Yorke (mentirada hein).E naturalmente escuto bastante tanto os b-sides da banda quanto as músicas de discos normais.Sendo um pessoal bastante prolífico - na prática significa que escrevem 50 músicas e selecionam umas 12 para entrar em cada disco - e também um pessoal bastante preocupado com o "espírito" e o "fluxo" dos discos - na prática signfica que "qualidade" não é o único critério para a música entrar no disco, ela tem que se "encaixar" com o resto - é uma banda que gera muitos b-sides e quase todos eles são ótimos.Quase todos os singles do Radiohead tem vários b-sides (uns 3 por single), normalmente eles favorecem músicas não lançadas e a banda também tem o hábito legal de colecionar os b-sides em eps (Extended Plays, que é o disco que em duração é maior que o single mas menor que o LP) para facilitar para quem quer ter essas músicas mas não quer comprar todos os singles. Normalmente estes eps são "semi raros" - frequentemente são lançamentos limitados a uma região (por exemplo, ep exclusivo para o Japão).Abaixo comento os b-sides mais legais do Radiohead, mas é claro que se me perguntar mesmo eu classifico todos como obrigatórios. Fã é um bicho chato demais.

Da época do Pablo Honey:
O Pablo Honey é universalmente (e por mim também) tido como, ã, o disco "menos espetacular" do Radiohead - ou seja, empalidece perto dos outros mas é muito melhor que a maioria dos discos da maioria das outras bandas. :-) Os b-sides dessa época são bem aquele espírito garagem-pixies-meio adolescente do disco, frequentemente mais "soltos", até um bocado mais "punk".Foram colecionados nos eps "Manic Hedgehog", "Drill" e "Itch".Meus preferidos:


Killer Cars: primeira música sobre um tema que voltaria algumas vezes nas músicas da banda, a fobia/pânico do Thom Yorke com meios de transporte em geral.É também a única música comovente que eu conheço sobre medo de morrer em acidente de carro.

Inside My Head: bem punk e maníaca para os padrões da banda, escrita sobre a sensação de culpa de deixarem de ser independentes e ter que sujeitar às vontades de uma grande gravadora.

Da época do The Bends:
Estão entre os melhores b-sides, e quem estava acompanhando os b-sides nesta época enxergou com clareza a transição entre "ótima banda pop" para "banda pop experimental maluca e destruidora" que eles se tornaram no próximo disco.Foram colecionados no ep My Iron Lung.Meus preferidos:


Talk Show Host: com um estilo jazz/eletrônico que não tem nada a ver com o estilo deles na época, é o melhor b-side (junto com Trans Atlantic Drawl) e é talvez a música mais paranóica que eu conheço. Te joga para dentro da mente do narrador.

Punchdrunk Lovesick Singalong: talvez a única música romântica de fato do Radiohead até o lançamento de House Of Cards.


Da época do OK Computer:
Os b-sides do Ok Computer sempre me parecerem as músicas que eles fizeram para "relaxar" nesta época - mantém o espírito básico mas são bem menos tensos e mais simples que as músicas que saíram no disco.Foram colecionados nos eps No Surprises/Runnig From Demons e Airbag/How Am I Driving. Meus preferidos:



A Reminder: só voz e piano, foi escrita pelo Thom Yorke quando eles começaram a estourar de verdade mesmo para "ser tocada para mim caso algum dia a fama comece a subir na minha cabeça". Tocante.
Palo Alto: Música bem feliz e otimista para o normal deles. Escrita quando fizeram uma visita ao pólo de tecnologia de Palo Alto e "todo mundo tratou a gente muito bem!". Repare no refrão.

Da época do KID A/Amnesiac:

O Kid A não teve nenhum single - a intenção da banda é que ele só funcionaria se ouvido em conjunto e não isolando suas músicas.Os do Amnesiac foram, em geral, ainda mais eletrônicos e experimentais que as músicas que saíram no disco. Estão entre as músicas mais viajadas do Radiohead (e alguns estão entre minhas músicas preferidas).Não foram colecionados em eps mas na época lançaram um ep ao vivo (chamado I Might Be Wrong) que só tinha músicas do Kid A/Amnesiac em ótimas versões bem mais porrada que as originais.

Trans Atlantic Drawl: bem eletrônica e a música mais agressiva do Radihead. É o melhor b-side junto com Talk Show Host. Todo mundo que escuta essa música solta um "mas isso é Radiohead???".
Kinetic: outro experimento eletrônico bem dark e pertubador.

Da época do Hail To The Thief:
Esta época hoje é vista meio como uma época em que a banda "se perdeu", não porque tenha ficado ruim ou nada parecido (adoro o disco), mas porque eles estavam brigando muito internamente e não sabiam muito que rumo tomar, e acabaram tomando todos os rumos ao mesmo tempo.Por isso nos b-sides tem de tudo (desde blues até b-side que parece música eletrônica do Kid A).Foram colecionados no ep COM LAG que só saiu no Japão.

I Am a Wicked Child: Radiohead tocando blues. Pela primeira e única vez. Tem até gaita. Imperdível né.

Where Bluebirds Fly: era a música que eles deixavam tocando no palco antes de entrar na turnê do Hail To The Thief. Dá para sentir a expectativa da galera que foi no show.


Da época do In Rainbows:
Sendo o disco que voltou a tornar eles uma banda "acessível" (tô vendo todo mundo escutar o In Rainbows, até quem não gostava de Radiohead), os b-sides são um pouco mais pop e tranquilos (pelo menos o tanto de "pop" que a banda consegue ser hoje).Dos singles que saíram até agora, todos os lados b vieram do disco 2 do In Rainbows (que vem incluso com a edição de luxo do disco).
Down Is The New Up: uma espécie de soul distorcido, não entendi porque não entrou no In Rainbows. Tão excelente quanto qualquer música do disco.

Bangers + Mash: gosto mais da versão ao vivo (a que foi gravada no estúdio é muito contida perto da outra), mas permanece uma das músicas mais punks do Radiohead. Adoro a letra.

5 comentários:

Mirian Silveira disse...

Eu iria amar a caneca!!!!
Bejokas!

Luiz Augusto disse...

CABEÇADERÁDIO COMANDA!!!

Confesso q tenho todos os b-sides pq vc me passou (menos os do In Rainbows), mas ainda não prestei muita atenção neles... Prestar-hei!

Roginho disse...

Uai, por quê todo mundo mete o pau no Pablo honey, hein?! É o CD que eu mais ouço!

Niesga!

Prazer revê-lo, Lelê! :D

André Carneiro disse...

Lembro de quando você me aplicou Radiohead, nem tem tanto tempo, em 2005. De lá pra cá virou minha banda preferida, embora os solos do Thom Yorke também andam junto no meu gosto. Realmente o primeiro disco é o que menos me interessa e o Hail é meio estranho como álbum. In Rainbows pra mim foi muito especial, agora quero ver o que eles vão arrumar pra frente. Eu considero fazer viagem internacional com objetivo principal de pegar um show deles em algum lugar. Objetivos intermediários seriam descontrair, conhecer um lugar novo, cultura diferente e gastronomia local.

Roginho disse...

Uai.. então o Lelê apresentou o Radiohead pro André na mesma época que eu? Lembro desse cara levando os CD's lá na B8 pra eu copiar as músicas, hehehe!

E olha que eu conhecia só Fake plastics trees!