terça-feira, 3 de junho de 2008

Música da minha rua - Parte 1/4

Já comentei nesse blog que eu acho uma concepção totalmente ridícula achar que existe alguma espécie de obrigação moral em escutar música brasileira ou ler literatura brasileira ou assistir a cinema nacional porque eu sou brasileiro.Antes de tudo, isso equivale a dizer que o mineiro tem que ouvir música mineira, o Belohorizontino tem que escutar música de BH, o cara que mora no São Lucas só pode escutar música do bairro e se mudar de rua vai ter que trocar suas bandas preferidas.Além disso, acho patriotismo um sentimento idiota e alimentado pelas pessoas erradas pelas razões erradas. Algo como faça uma cerca em torno de você e odeie quem está fora dela. Não vejo motivo nenhum para achar brasileiro superior a argentino (só para ficar num exemplo fácil) a não ser assumir umas birras sem sentido por causa de rivalidade no futebol (coisa com que eu nem me importo na verdade, por mim podiam proibir os esportes que minha vida não mudava nada). Não me importo com a nacionalidade de ninguém, acho que todo mundo é cidadão do mundo e acho que você tem que ler, escutar, assistir e vestir o que gosta ou o que captura seu interesse.

Da mesma maneira, é tão infantil quanto se recusar a ouvir/ler/assistir algo porque é brasileiro. Simplesmente não é critério. Conheço pessoas que "detestam cinema nacional" ou "música nacional" como se isso fosse algum indicador automático de qualidade ou falta de. O cinema brasileiro é como qualquer cinema do mundo: a grande maioria é porcaria e tem algumas coisas ótimas no meio. Música, idem. Literatura, escultura, pintura - idem. Isso vale para qualquer nacionalidade.Só por favor me deixa de fora de regionalismo forçado ou regionalismo por regionalismo: você vai em uns eventos tipo que teve em Belo Horizonte da Vivo (fui só para ver o Ragna) e tem que ficar aguentando um milhão de músicos "culturais" que fazem música relevante que só é cultural em teoria. Cultural para mim é o que se vive, e ninguém vive aquilo, só nos livros de história do colégio, e ainda assim é uma história manipulada e aproximada. Ninguém se veste daquele jeito, se interessa por aqueles temas e escuta aquelas músicas, a não ser alguns alunos de faculdade empolgados que acham que estão fazendo alguma coisa relevante por ser "regional". Sinceramente: que saco. Isso é igual colocar um gaúcho de bombachas tomando chimarrão no palco fingindo que ele vive daquele jeito e que usa aquelas coisas em qualquer contexto que não seja para gringo ver.

3 comentários:

Luiz Augusto disse...

Concordar tudo q vc disse, mas (ou seja, na verdade não é tudo hehe) não acho q patriotismo e regionalismo seja só negativo, tem um lado "bão tamém".

Anônimo disse...

Bravo!

Mirian Silveira disse...

Para mim este lado bão apareceu no dia que eu sai de casa, e vi alguns elementos, típicos, que me deixaram com saudade de casa.

Aí sim, foi até gostoso.