terça-feira, 20 de maio de 2008

Semana Top 2008 - Terça Feira

Alec Empire - The Golden Foretaste Of Heaven

Mais ou menos em 1992 os alguns alemães se encheram do tanto que a música eletrônica de Berlin estava dominada pelos neo-nazi e fizeram uma banda de punk-eletrônico-destruidor-de-dar-dor-de-cabeça chamada Atari Teenage Riot para iniciar um quebra pau com os carecas. Esse som eletrônico barulhentão anarquista foi chamado de digital hardcore pela própria banda e assustou até quem gosta de música pesada (dizem que show deles em Belo Horizonte foi o mais pesado da história, isso vindo de uns caras que já foram em show de black metal para baixo).Uma banda dessa intensidade nunca dura muito - os caras já foram presos por incitar a violência (a única coisa que eles estavam fazendo na verdade era tocar na caçamba de um caminhão no meio da rua mas o público sem noção deles provavelmente estava destruindo tudo por perto), começaram a se cortar no palco e um deles se tornou psicótico por uso prolongado de drogas (isso antes de morrer de overdose em 2001). A partir daí o Alec Empire (que para mim sempre foi o mais talentoso da banda) começou uma carreira solo muito interessante e segue bacana até hoje.Muito menos barulhento mas tão agressivo quanto (dê uma sacada depois no disco que ele fez remixando Elvis), os discos solo do Alec Empire foram gradualmente se afastando do rock e se aproximando do electro. Mais recentemente ele deu meio que uma acalmada mas como o sujeito é selvagem a música dele, agora muito mais sutil, sempre vai ter a presença de algo meio psicopata por trás, mesmo que seja algo meio subliminar - para não falar que é música eletrônica extremamente criativa e empolgante.

Esse Golden Foretaste of Heaven é meio o disco de electro-glam dele - pode colocar em uma festa tranquilamente que é muito dançante e não vai fazer as pessoas correrem da sua casa. Dançante porém irônico e retém o espírito punk - para mim esse é o melhor tipo de eletrônico. Recomendo! Nota: o disco saiu bem no finalzinho de 2007, mas como no fim do ano todos nós só podemos escutar as músicas de natal do Elvis eu decidi que ele é de 2008 ;-)



British Sea Power - Do You Like Rock Music?

O British Sea Power é uma ótima banda que não se revela nas primeiras audições. Eles são um bando de malucos da Inglaterra que tinham o hábito de tocar usando roupas de soldados da segunda guerra mundial. Quando você começa a escutar não desagrada. O som indie-pop-viajante deles, com os vocais bem chorosos e muita guitarra melódica bonitona, te tapeia e parece ser mais uma daquelas bandas épicas e emocionantes porém sem muito diferencial,o clássico "legalzinho" mas nada demais. Até que, sem perceber, você foi enganado por eles e tomado pura e simplesmente pela qualidade super sólida das composições.A banda só faz música muito memorável e bonitona, viciante, bem tocada e que fica na cabeça obssesivamente quando você passa a conhecer melhor. O problema é que toda vez que sai um disco novo deles você tem que passar pelo ciclo todo de novo: começa achando "legalzinho" e quando repara já caiu na armadilha de novo.Eu só consegui largar o vício do ótimo disco anterior deles (Open Season) quando absorvi esse (também ótimo) Do You Like Rock Music. Escute sem falta mas dê uma chance para as músicas assentarem na sua cabeça. Depois pode me culpar pelo seu novo vício.




Clark - Turning Dragon
Outro bom disco de música eletrônica, o Chris Clark é um produtor inglês que trabalha normalmente gravando uns pedaços de bateria real (acústica) e construindo com esses samplers umas batidas complicadas de IDM - aquele estilo Inteligent Dance Music que está mais para Impossible to Dance Music.Eu vejo ele como uma espécie de mistura entre o Aphex Twin e o Trent Reznor - não tem nada de rock (é bem barulho de sintetizador mesmo), é anti-convencional e um pouco marciano como o Aphex Twin mas tem uma veia um pouco mais agressiva e incorpora um monte de barulhos do nada como o Nine Inch Nails. Parece música feita por máquinas que estão estragando - o som do mundo digital se desintegrando.As músicas que tem vocal (como Volcan Veins) são caóticas, parece que tem uma pessoa perdida entre essas máquinas começando a pegar fogo querendo achar um caminho de saída. Algumas tem um pouco de influência de hip-hop, mas me parece um hip-hop estranho que um computador que foi programado para isso (e meio estragando também) fez sozinho. É difícil explicar este disco, mas eu diria que o sentimento dominante é ansiedade. Não escute isso trabalhando (ou seja não faça como eu).

Um comentário:

Luiz Augusto disse...

Lelê ú carái! Nunca tinha ouvido falar de nenhum dos três, mas os textos tão ducarái!!!