segunda-feira, 26 de maio de 2008

Da Série Random Music - Heaven restores you in life

Você já teve um momento de grande tumulto emocional interno mas que, para proteger os outros e até você, você ficou segurando tudo dentro e preferiu se fechar o máximo que pode, até para si mesmo?Você já conversou com alguém em uma festa e sacou que era isso que estava acontecendo com ele? Você viu nos olhos um monte de coisas que não estavam sendo ditas - uma aparência calma e contida no fundo se revela um muro tentando barrar um tsunami?Isso é o Interpol para mim.

Atrás de uma fachada externa bem sóbria, romântica e bonitona ("sóbria" significando uma onda mais séria e até um pouco dark), as músicas não conseguem conter a intensidade que está caminhando ali por baixo, como se você estivesse conversando com alguém que não te olha diretamente e está falando baixinho mas que pode explodir a qualquer momento. Como eu comentei sobre o Radiohead, o negócio aqui é carga emocional, mas enquanto o Radiohead é um "venha passear dentro da minha cabeça", te levando até nos lugares mais insanos dela, o Interpol é um "olhe mas não toque". Ajuda muito ter um dos melhores vocalistas da atualidade (bem o centro da banda, as músicas são claramente construídas para dar sustentação para a voz grave bonitaça dele). As guitarras do Interpol interagem de uma maneira interessante - antes de tudo são comprometidas 100% com melodia, deixando a parte rítmica só para baixo e bateria, e são usadas de uma maneira insistente que cria uma espécie de transe quando você está ouvindo - uma guitarra típica do Interpol é uma que fica repetindo a mesma nota milhões de vezes até você estar viajando nela sem perceber. E falando em baixo e bateria, a cozinha da banda também comanda, quando estiver escutando tente isolar a camada rítmica da melódica da música - que no Interpol é bem separada - e repare como o baterista nunca está fazendo alguma coisa óbvia. Depois tente reparar como isso eleva a música a um nível absurdo de legal.

Um grande amigo meu leitor deste blog me disse ter chorado no ônibus ouvindo Interpol :-)Imagino que quem foi no show deles que eu fui pode ter pensado que eles são arrogantes e/ou desinteressados, tocando bem parados e introspectivos como sempre fazem, mas meu amigo ali eu só consegui ver intensidade. Você sai do show deles e fica com todas as músicas martelando na sua cabeça para sempre, foi em março e acho que estão no repeat na minha cabeça até hoje.

Ultimamente eu tenho tido a impressão que o sucesso tem subido à cabeça deles, as letras do último disco sobre comer as groupies e cheirar cocaína para mim seriam legais em um disco do Motley Crue mas quebram toda a "mística" de últimos românticos do mundo que eu enxergo neles, mas a música ainda não decepcionou. Aproveite enquanto eles não deixam a viagem de "rockstar dos anos 80" destruir a banda.

E wooohoow fui a primeira pessoa da história que conseguiu escrever sobre Interpol sem citar aquela banda com a qual eles são sempre comparados... :-)

Comece por - Turn On The Bright Lights, que é o primeiro, e escute os outros dois na ordem cronológica - Antics e Our Love To Admire

2 comentários:

Luiz Augusto disse...

Interpol COMANDA DEMAIS mesmo! E eu conheci através desse blogueiro gente finassa aí!

Valeu demais pela menção honrosa! Chorei mesmo e não foi só uma vez, só q as outras não foram no busão! :-)

Diego Queiroz disse...

Ai,gostei desse blog!nós temos gostos musicais parecidos,mas tem algumas bandas q ainda não tive tempo pra ouvir.Me indica os melhores cds do Radiohead pra eu baixar, os do interpol eu já estou baixando.vlw... abraços!