quinta-feira, 8 de maio de 2008

Da série "random music" - os discos ignorados dos Smashing Pumpkins

Escuto os Smashing Pumpkins desde a adolescência. Nunca foi uma de minhas bandas preferidas, por outro lado nem uma das que eu gosto menos: tem uma cadeira confortável junto com uma multidão de artistas que eu escuto ocasionalmente e tem momentos que eu curto demais, outros nem tanto, mas nunca passo muito tempo sem ouvir eles.

Como a grande maioria do público deles, meio que deixei eles um pouco de lado após o Mellon Collie, quando a banda mudou bem abruptamente de imagem (começaram a andar de um jeito total gótico e dark o que curiosamente não se refletiu na mudança do som deles, que não ficou necessariamente mais sinistro).O som mudou bastante também, incorporou muito mais eletrônico e ficou menos rock - mais para pop eletrônico com algumas músicas difíceis.O Billy Corgan, no fundo, é um puta guitarrista, um compositor muito bom que toca de tudo, faz músicas fortes quando quer (acho que todo mundo tem pelo menos uma música deles que gosta muito), não tem medo de experimentar e no geral leva a banda para o lado certo - ou no mínimo para lados interessantes. A onda do Smashing Pumpkins de um som pesado quase metal misturado com pop indie bem viajante e sonhador é meio que única; e a combinação das guitarras com o baterista ótimo deles é marcante pra caramba.

Mas ele também é um babaca arrogante, muitas vezes insuportável, fala muita merda desnecessária na imprensa (não me surpreende nada parte da banda não querer voltar a tocar com ele) e quando começa a se levar a sério demais é quando leva a banda para direções idiotas - tipo a mudança de imagem que eu citei ou a insistência em só fazer discos gigantescos, mesmo quando não tem necessidade.

Dito isso, só nas últimas semanas eu resolvi escutar os discos deles que eu não conhecia bem (entre o Adore e o Machina II) e, sinceramente, tive uma ótima surpresa.Todos eles se mostraram melhores que as minhas expectativas. Sinceramente? BEM melhores que minhas maiores expectativas. O mais triste é que o lançamento deles coincidiu com o declínio comercial da banda, o que acabou influenciando na separação.

O Adore é delicado, bonito, moderno, experimental e é excelente; o Machina é forte, marcante, variado, bem feito e é excelente; e o Machina II é direto, pauleira, também bem feito e em alguns momentos comovente; e também é excelente.Aliás, o Machina II, ainda em 2000, foi o primeiro disco de banda grande que eu tive notícia que foi feito com o propósito de ser liberado de graça na internet, até hoje não existe versão comercial dele. Estavam putos com a gravadora.

Adoro quando uma banda que eu achava já "mapeada" e "compreendida" na minha cabeça me surpreende. Ótima surpresa. Tem algumas semanas que tenho ouvido quase só esses 3 discos e tem me bastado.
Nota: gosto do Zeitgeist (disco da volta deles agora), partiram para uma onda "música direta pesadona sem firula olha o que eu e minha banda fizemos trancados num porão" que sempre me dá a maior vontade de tocar quando eu escuto.

De vez em quando acontece de compensar botar fé em coisas que você normalmente ignoraria. Fica a dica...

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