terça-feira, 6 de maio de 2008

Semana Trilha Sonora - Terça Feira

A Estrada Perdida

Um dos meus filmes preferidos do meu diretor preferido (já deu para perceber que é o David Lynch né), tive que ver Lost Highway umas 15 vezes e passar muitas noites discutindo ele em mesa de bar para conseguir entender direito o filme (ou me iludir que eu entendi).O David Lynch disse ter tido toda a idéia do filme nas sensações que ele sente dirigindo por auto estradas vazias à noite, experiência que eu tenho passado bastante já que estou em deslocando 900 km por semana para trabalhar. A outra viagem que foi incorporada no filme é a vontade de ser outra pessoa e/ou de recriar sua vida do zero, especialmente entre quem está com algum grande problema nas mãos.O filme é um dos mais noir do David Lynch, é bem dark (para mim é um filme de terror) e muitíssimo surreal.Junte essas idéias e você pode imaginar a trilha: ansiosa, misteriosa, dark, surreal, etérea, criativa e excelente. Talvez a minha trilha sonora preferida.Quem compilou ela foi (novamente) o Trent Reznor. Diz ele que o David Lynch chamou ele num canto do set e mostrou para ele um pedaço de carne que havia caído no chão e um monte de formigas e outros insetos que estavam rastejando e devorando ele. "Assim que eu quero que seja a trilha desse filme".O Trent Reznor usou desde Tom Jobim (Insensatez, puta música melancólica) até Rammstein,e novamente fez uma das melhores músicas do Nine Inch Nails para um filme (neste caso, The Perfect Drug); tem uma das melhores músicas do Smashing Pumpkins na minha opinião (Eye). Tem bastante Angelo Badalamenti, que é compositor de quase todas as trilhas do David Lynch e um dos melhores compositores de trilhas sonoras no geral para mim. Trabalha principalmente com jazz surreal e para mim ele faz na música algo próximo que o Lynch faz no cinema.O início do filme, enquanto toca I'm Derranged do David Bowie (maravilhosa) é uma das aberturas de filme mais marcantes que eu já vi.PS: eu tenho um gigantesco ódio particular de imbecis que dirigem de maneira sem noção na estrada, por isso a cena do filme em que o Mr. Eddy (um mafioso) é colado e depois fechado e se vinga do motorista fdp é uma das minhas cenas preferidas da história do cinema. Pqp agora me deu vontade de ver esse filme de novo!

A História Real

Já que estou falando de David Lynch, vou aproveitar e mencionar outra trilha que eu amo. A História Real (The Straight Story) chama atenção por três pontos principais: primeiro, porque apesar de surreal é de fato uma história real, de um fazendeiro que atravessou do Iowa até o Wisconsin dirigindo um cortador de grama. Segundo, porque é um filme bonitaço e excelente. E terceiro, porque é com ele que o David Lynch prova que não precisa se repetir e que ele consegue fazer um filme bom seja qual for a temática ou o estilo; esse filme não tem as marcas dele (surrealismo, clima dark etc) e é tão bom quanto os seus outros filmes.A trilha sonora é toda do Angelo Badalamenti, que eu já elogiei acima. Em vez de trabalhar com jazz ele entra na viagem do filme e faz um trilha bem rural e tanquila, muito bonita, intrspectiva e acima de tudo imersiva. Basta ouvir a sanfoninha que ele usa na música que toca enquanto o velho viaja pela estrada que você - onde estiver, e fazendo o que estiver fazendo - se transporta na hora para um lugar mais calmo, tranquilo e bonito. Você sai da sua cadeira no trabalho e vai sentar num cortador de grama que está viajando na estrada.Como Blade Runner, essa trilha não vai ter um décimo do significado para você se não ver o filme antes - e como Blade Runner, se não viu, você está errado. :-)

Legend of Zelda - The Twilight Princess

E uma vez que estou falando de trilhas imersivas, vou chutar o balde e não vou deixar de mencionar essa triha feita para um jogo de videogame. Isso mermo!Quando eu joguei Zelda estava numa fase ruim de indefinição na vida, foi quando eu estava transicionando de tentar com minha empresa, que não estava dando muito certo, para voltar a trabalhar para os outros. É claro que foi confuso e um pouco deprimente e meu refúgio para esquecer minha vida um pouquinho era Zelda.Não quero ficar fazendo review de videogame aqui, para entender porque eu coloco essa trilha entre as trilhas de cinema basta saber que é o jogo mais imersivo do mundo. Sério. Foi o único jogo de videogame na minha vida que eu por vezes ligava não para avançar com a história mas só para montar no cavalo e sair cavalgando pelo mundo, vendo as paisagens e as criaturas que vivem lá e conversando com os personagens. Até hoje eu tenho vontade de fazer isso.A trilha, além de ser formada de músicas orquestradas maravilhosas, é tão imersiva quanto o jogo. Eu gostava de trabalhar ouvindo as músicas do Zelda e entrava dentro do mundo de Hyrule na mesma hora.Resta saber se ela vai ser relevante e bonita mesmo para alguém que não jogou. Se alguém animar a tentar me avise qual foi o resultado.

Party Monster

(Ótimo) filme do Macaulay Culkin que mostra a história (real) dos amigosa bicha loucas Michael Alig e Seth Green, que eram promotores de festa em Nova Yorke e foram (parcialmente) responsáveis pelo surgimento (ou pelo menos da definição do que hoje entendemos por) a cultura rave, as festas exageradas e o culto à música eletrônica.O uso de drogas desses dois no filme em níveis absurdos (eles colocavam uma bandeja cheia de pílulas no forno e esse era o "jantar") foi diminuído em relação ao real por medo do público achar que o mostrado no filme era irreal. Quando teve uma de suas overdoses Michael Alig saiu da cama do hospital carregando o soro no braço e deu uma festa em que todo mundo tinha que ir vestido de médico e enfermeira.Hoje está na prisão porque matou seu traficante. A trilha acompanha essa época de abusos surreais e festas sem controle do fim da década de 80/início da 90 e tem muito eletrônico excelente, não necessariamente desta época - usaram muita coisa mais moderna que veio depois também.Na verdade funciona como ótima coletânea para quem quer conhecer alguns dos destaques do eletrônico dos últimos anos - Vitalic, Felix Da Housecat, Ladytron, Miss Kittin, Scissor Sisters - e tem umas coisas mais velhas dançantes tb - Dead Or Alive, Pet Shop Boys (que eu não gosto), até Nina Hagen.

Spawn

Um personagem legal, um filme não tão legal e uma trilha com uns 50% de acerto como a do Matrix. Mas quando acerta, acerta muito.A idéia da trilha do filme do Spawn era misturar sempre uma banda de metal com produtores famosos de música eletrônica e ver no que dá. Gosto da idéia e poderia ter dado mais certo se as escolhas fossem melhores, mas tentando acumular o que era popular na época acabaram selecionando algumas coisas meia boca ou ruins mesmo - Incubus (meia boca), Silverchair (lixo total), Metallica (eu sei que tem muita gente que gosta, eu só gosto do primeiro disco), Korn (mesmo caso).Mas quando acerta detona - é o único cd em que você pode ouvir coisas absurdas como Slayer tocando junto com Atari Teenage Riot, Butthole Surfers com Moby, Prodigy com Rage Against The Machine, Henry Rollins com Goldie ou a melhor música "Can't You Trip Like I Do" que acabou sendo talvez a melhor música do Filter, feita junto com o Crystal Method. Escuta pelo menos essa.

Um comentário:

Luiz Augusto disse...

"A estrada perdida" lembro q aluguei quando tinha tipo 15 anos e me arrependi demais na época! Tava total no clima de ver um filme de mistério/ação daqueles bem "padrão" e alugo um filme desses HAUAHUAH!